segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Anarquistas, Graças a Deus, de Zélia Gattai



Em seu livro Anarquistas, Graças a Deus, publicado em 1979, a escritora Zélia Gattai conta a história de um grupo particularmente interessante de imigrantes que vieram ao Brasil, os anarquistas, que influenciaram muito a luta antifascista, antirracista e antiimperialista no país, principalmente em São Paulo, durante a Revolução Tenentista de 1924. Um relato emocionante da vida dos imigrantes italianos na São Paulo do começo do século XX. Mas não é só isso. Nesse romance Zélia narrou a saga da família Gattai e os desdobramentos de sua vinda para o Brasil com o ideário de "fazer a América", sonho partilhado por milhares de seus conterrâneos. Filha de imigrantes italianos que chegaram a São Paulo no começo do século passado, Zélia conta histórias da sua família, composta por anarquistas que pregavam a fundação de uma sociedade sem leis, sem religião ou propriedade privada, em que mulheres e homens tivessem os mesmos direitos e deveres. Como pano de fundo, a descrição do cotidiano de uma cidade em desenvolvimento. Anarquistas, graças a Deus nos coloca em contato com a saga de muitos imigrantes, com a chegada destes ao Brasil no início do século XX.
A fuga da Itália, o caminho percorrido, as dificuldades em chegar a um país estranho, e ser um estrangeiro em outro país saído recentemente da escravidão. É uma história familiar, um álbum de memórias, de lembranças, de recordações de uma família italiana como qualquer outra, mas que, também como toda família, tem uma história especial, cercada de alegrias e preocupações, com questões ideológicas e valores particulares. Retrata também o movimento ideológico dentre os imigrantes - um grupo forte, unido, familiar - e a ajuda mútua que prevalece entre eles, a amizade, o companheirismo, a luta em favor de viver bem, e que isso seja mérito de todos, sem exceção. Uma história que simples e comovente, e que nos faz pensar em tantas situações que fizeram muitas famílias saírem de sua terra e tentarem sobreviver em outro país. Mas que conseguiram, além da sobreviver, viver com dignidade.
Livro Anarquistas, graças a Deus, de Zélia Gattai, Companhia das Letras







Descrição da obra:

Publicado em 1979 e transformado em minissérie da rede Globo em 1984, Anarquistas, graças a Deus é o livro de estréia de Zélia Gattai e seu primeiro grande sucesso.
Filha de anarquistas chegados de Florença, por parte do pai Ernesto, e de católicos originários do Vêneto, da parte da mãe Angelina, a escritora trazia no sangue o calor de seus livros. Trinta e quatro anos depois de se casar com Jorge Amado, a sempre apaixonada Zélia abandona a posição de coadjuvante no mundo literário e experimenta a própria voz para contar a saga de sua família.
É assim que ficamos conhecendo a intrépida aventura dos imigrantes italianos em busca da terra de sonhos, e o percurso interior da pequena Zélia na capital paulista - uma menina para quem a vida, mesmo nos momentos mais adversos ou indecifráveis, nunca perdeu o encanto. A determinação de seu Ernesto e a paixão pelos automóveis, a convivência diária com os irmãos e dona Angelina, os sábios conselhos da babá Maria Negra, as idas ao cinema, ao circo e à escola, as viagens em grupo, o avanço da cidade e da política - nestas crônicas familiares, vida e imaginação se embaralham, tendo como pano de fundo um Brasil que se moderniza sem, contudo, perder a magia.
Exímia contadora de histórias, Zélia as transforma em instrumento privilegiado para o resgate da memória afetiva. Foi Jorge Amado quem, um dia, lendo um conto de qualidade duvidosa que Zélia rascunhava, pescou essa veia de documental. Apontou-lhe o caminho e mostrou que ela se alimentava de sua rica ascendência familiar. Surge assim a Zélia memorialista, para quem a literatura provém não tanto da invenção, mas do trato apurado da memória e do desfiar cuidadoso, mas sem melindres, da intimidade.
Em suas mãos, a literatura se torna, mais que confissão, auscultação do mundo. É tendência para o registro e o testemunho, que cimentam não só um estilo quase clínico de observar a existência, mas uma maneira de existir. Pois é da persistência do espanto que Zélia, em resumo, trata. Se Jorge Amado foi uma espécie de biógrafo involuntário do Brasil, Zélia Gattai se afirma como a grande narradora de nossa história sentimental.
Posfácio Lilia Moritz Schwarcz

Um comentário:

  1. NUSS CARA VLW PELA SINOPSE EU TAVA PROCURANDO ESSE LIVRO E NAUM ACHEI AI LENDO A SINOPSE EU TENHO UMA IDEIA DE COMO É . COM ISSO TENHO MAIS TEMPO PARA ENTENDER E LER O LIVRO DEPÓIS VLW

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