segunda-feira, 31 de maio de 2010

Primeiro Ano
Capítulo 5
Sociedade e vida cotidiana na América Portuguesa

"Não existe pecado do lado de baixo do Equador!" Este ditado que corria na Europa no século XVII e que se tornou verso de Chico Buarque é quase lugar comum quando se fala de liberdade sexual nos tempos coloniais. Acompanhe no video abaixo a referida canção, na interpretação vibrante de Ney Matogrosso.





Não Existe Pecado ao Sul do Equador
Ney Matogrosso

Composição: Chico Buarque / Ruy Guerra
Não existe pecado do lado de baixo do equador

Vamos fazer um pecado rasgado, suado, a todo vapor

Me deixa ser teu escracho, capacho, teu cacho

Um riacho de amor

Quando é lição de esculacho, olha aí, sai de baixo

Que eu sou professor
Deixa a tristeza pra lá, vem comer, me jantar

Sarapatel, caruru, tucupi, tacacá

Vê se me usa, me abusa, lambuza

Que a tua cafuza

Não pode esperar

Deixa a tristeza pra lá, vem comer, me jantar

Sarapatel, caruru, tucupi, tacacá

Vê se esgota, me bota na mesa

Que a tua holandesa

Não pode esperar
Não existe pecado do lado de baixo do equador

Vamos fazer um pecado, rasgado, suado a todo vapor

Me deixa ser teu escracho, teu cacho

Um riacho de amor

Quando é missão de esculacho, olha aí, sai de baixo

Que eu sou embaixador

Primeiro Ano
Capítulo 5
Sociedade e vida cotidiana na América Portuguesa
Problematização do tema
A sociedade da América Portuguesa foi muito complexa. Os modos de viver, de morar, de festejar e de expressar a religiosidade foram muito diversos. Esta teleaula procura mostrar o caráter heterogênio da socidedade da América Portuguesa e o hibridismo que a caracterizou. Foi, por excelência uma sociedade mestiça, fruto das três diferentes culturas que a formaram.



1. Como pode ser caracterizada a sociedade da América Portuguesa?
A sociedade colonial foi, por excelência, muito complexa e híbrida, um resultado da mistura dos hábitos e dos costumes dos nativos, dos africanos e dos portugueses.
2. O que os estudos da História Cultural trazem de novo para a análise da sociedade colonial?
Os estudos da História Cultural trouxeram à tona dois temas cruciais para o entendimento da dinâmica e da sociedade colonial: o papel das mulheres e o do controle da sexualidade pela Igreja como forma de controle social.
3. Como enquadrar as mulheres na sociedade da Améria Portuguesa?
Muito embora se tenha destinado um papel submisso para elas e pouco espaço para sua ação, não foi bem isso que aconteceu. Como afirma a historiadora Mary del Priore, "as mulheres souberam estabelecer formas de sociabilidade e de solidariedade que funcionavam em diversas ocasiões, como uma rede de conexões capazes de reforças seu poder individual ou de grupo, pessou ou comunitário".
4. Qual foi o papel cumprido pela Igreja na colônia?
A Igreja Católica tratou de normatizar a vida na América Portuguesa por meio dos preceito do Concílio de Trento, condenando aquilo que pode ser chamado de sexualidade ilícita, ou seja, uma vida sexual voltada para o prazer, atos sodomitas, adultério, concubinato entre outros delitos da carne.
Primeiro Ano
Capítulo 5
Sociedade e vida cotidiana na América Portuguesa


Objetivos específicos


* Conhecer as novas posições historiográficas sobre o tema;

* Analisar a sociedade açucareira: suas formas de morar e vida familiar;

* Analisar a sociedade mineradora: suas formas de viver;

* Reconhecer a força da religiosidade na América Portuguesa;

* Relacionar o Concílio de Trento e a reorganização da Inquisição;

* Definir barroco mineiro;

* Definir sexualidade ilícita.
Primeiro Ano
Capítulo 5
A Sociedade e vida cotidiana na América Portuguesa

Esse capítulo procura mostrar a heterogeneidade da sociedade da América Portuguesa e o hibridismo que a caracterizou. Foi, por exelência, uma sociedade mestiça, fruto das três diferentes culturas que a formaram. Cabe ressaltar, com já se fez na Problematização do Tema, que quando se fala em cultura africana, está se pensando nas diferentes culturas de diferentes grupos, vindos de diversas partes daÁfrica, assim como nossos diferentes grupos indígenas também possuíam culturas diferentes.
Procurou-se, nesse capítulo, apresentar, em primeiro lugar, as formas de morar e de viver no nordeste açucareiro. Na seção Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas há um documento sobre o que é ser um senhor de engenho no Brasil, da lavra do jesuíta Antonil, que o considera como se fora um fidalgo do Reino, e um texto de Mary del Priore que mostra a vida difícil e sem brilho do senho de engenho no Nordeste açucareiro, numa perspectiva inovadora.



A seção O tema em foco apresenta um texto de Stuart Schwartz sobre a heterogeneidade da elite baiana, muito além da mera prsença de senhores de engenhos. Este é um texto que quebra a velha bipolaridade pretensamente existente na área açucareira entre o senhor de engenho X escravo.



O capítulo trata a seguir da sociedade na região mineradora, especialmente as formas de viver. Na seção Análise e interpretaçao: versões, opiniões e fontes diversas trata-se das mulheres na sociedade mineradora e é apresentado um documento do Conde de Galvêas que mostra a coerção sobre as mulheres do Distrito Diamantino. Na seção O tema em foco, examina-se um trecho do verbete de marco Antônio Silveira sobre a sociedade mineradora no qual ele analisa os três aspectos fundamentais que determinam sua feição.

No capítulo, trata-se, a seguir, de examinar a intromissão da Igreja, pela via do Santo Ofício, na vida das pessoas, por meio do controle da sexualidade e da imposição dos sacramentos do casamento e da confissão, como determinado no Concílio de Trento.

Na Seção Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas são apresentados dois textos para que os alunos cheguem a conclusão de como a Igreja Católica via e tratava a sexualidade dos colonos na América Portuguesa.

Já na seção O tema em foco, pede-se uma pesquisa sobre o barroco mineiro (arquitetura, especialmente a religiosa, pintura, música).

Na seção Construindo habilidades e competências, seguindo recomendação do MEC contra a homofobia nas escolas, sugere-se que seja convidado um especialista pra falar sobre a homossexualidade masculina e feminina e previamente elaborado, em grupo, um roteiro de perguntas e dúvidas para ser submentido ao palestrante.

domingo, 30 de maio de 2010

Visões do paraíso
Nesta teleaula você vai viajar com Pedro Álvares Cabral e Pero Vaz de Caminha. Verá que, com os portugueses, aconteceu a mesma coisa que havia acontecido com os espanhóis: quando eles chegaram à terra onde hoje é o Brasil, pensaram que tinham chegado no paraíso. Além disso, saberá quais foram os primeiros experimentos de ocupação da terra e vai conhecer os motivos, que determinaram a efetiva colonização dessa parte portuguesa da América.
Confira também a segunda parte desta teleaula
Os portugueses estavam interessados também em descobrir o que havia para aproveitar na nova terra do ponto de vista econômico, ou seja, eles queriam saber como é que poderiam encontrar riquezas, metais preciosos, ouro na América Portuguesa.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Momento de Humor
Comício da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) para surdos nas ruas da capital moçambicana
O Predomínio Ibérico
Nesta teleaula você aprenderá que, durante os reinados de Carlos V e Filipe II no século XVI, a Espanha foi o mais poderoso país da Europa. Verá que a riqueza acumulada por esse país foi usada para financiar guerras na Europa, o que, junto com a intolerância religiosa que expulsou os não-católicos de lá tornou a Espanha dependente. Além disso, saberá que a França, além de seguir contra as guerras contra a Espanha, viveu uma guerra civil entre protestantes e católicos, que começou com o massacre da noite de São Bartolomeu.
Veja mais detalhes desta teleaula no video abaixo
Segundo Ano
Capítulo 4
Sociedade, cultura e cotidiano no Brasil Imperial

Construindo habilidades e competências
A tradicional figura do malandro carioca do início do século passado




Leia o texto




[...] No Rio de Janeito, a imensa maioria das pessoas que vivia na pobreza era constituída de negros e mulatos, originários da própria cidade ou vindos principalmente do Vale do Paraíba. Desde a decadência da produção cafeeira naquela região, por volta de 1860, um número considerável de negros se dirigia à capital em busca de trabalho. Assim, no Rio Rio de Janeiro, a pobreza era logo identificada com a cor da pele dos ex-escravos, criando na cidade uma íntima relação entre pobreza e população negra.


As condições de trabalho para essa gente, mesmo para quem tinha emprego regular na indústria ou no setor terceário, eram extremamente difíceis e penosas. Por isso, de acordo com Fernando Henrique Cardoso, "o negro livre tinha de optar entre continuar trabalhando nas mesmas condições que antes, com status formal de cidadão, ou reagir a tudo o que o trabalho desqualificado pela própria escravidão significava, passando a viver na ociosidade e no desregramento". Assim, muitos iriam optar justamente pelo desregramento e pela ociosidade, produzindo uma espécie de "marginal" tipicamente carioca do início do século, o malandro. Sem trabalho formal, esse sujeito, vivendo de pequenos expedientes (jogos, carteados, bicho, pequenos golpes, etc) foi cantado de diversas maneiras por inúmeros compositores da nossa música popular [...]




MORAES, José Geraldo V de. Cidade e cultura na Primeira República. São Paulo: Atual, 1994. p. 42-3.










Elza Soares - Malandro
Composição: Jorge Aragão e Jotabê

Malandro, eu ando querendo falar com você
Você tá sabendo que o Zeca morreu por causa
De brigas que teve com a lei, malandro
Eu sei que você nem se liga no fato
De ser capoeira moleque mulato
Perdido no mundo morrendo de amor
Malandro, sou eu que te falo em nome
Daquela que na passarela é porta estandarte
E lá na favela tem nome de flor
Malandro, só peço favor de que tenhas
Cuidado as coisas não andam tão
Bem pro seu lado assim você mata
A Rosinha de dor
Lá, laiá, laiá, laiá, laia laia
Malandro

Esse malandro que vivia nos morros do Rio de janeiro, cantado em prosa e verso, personagem que foi inclusive apropriada pela nacionalidade estadonovista, se contapõe aos traficantes que controlam os morrros cariocas na atualidade, amedrontando a população do Rio de janeiro, mas que também são cantados pelas músicas do movimento hip hop.


Rap das Armas
Cidinho e Doca

Parapapapapapapapapa
Paparapaparapapara clack bum
Parapapapapapapapapa
Morro do Dendê é ruim de invadir
Nós, com os Alemão, vamo se diverti
Porque no Dendê eu vo dizer como é que é
Aqui não tem mole nem pra DRE
Pra subir aqui no morro até a BOPE treme
Não tem mole pro exército civil nem pra PM
Eu dou o maior conceito para os amigos meus
Mais Morro Do Dendê
Também é terra de Deus
Fé em Deus, DJ
Vamo lá
Parapapapapapapapapa
Parapapapapapapapapa
Paparapaparapapara clack bum
Parapapapapapapapapa
Morro do Dendê é ruim de invadir
Nois, com os alemão, vamo se divertir
Porque no Dendê eu vo dizer como é que é
Aqui não tem mole nem pra DRE
Pra subir aqui no morro até a BOPE treme
Não tem mole pro exército civil nem pra PM
Eu dou o maior conceito para os amigos meus
Mas morro do Dendê também é terra de Deus
Vem um de AR15 e outro de 12 na mão
Vem mais um de pistola e outro com 2 oitão
Um vai de URU na frente escotando o camburão
Tem mais dois na retaguarda mas tão de Glock na mão
Amigos que eu não esqueço nem deixo pra depois
Lá vem dois irmãozinho de 762
Dando tiro pro alto só pra fazer teste
De ina-ingratek, pisto-uzi ou de winchester
É que eles são bandido ruim e ninguém trabalha
De AK47 e na outra mão a metralha
Esse rap é maneiro eu digo pra vocês,
Quem é aqueles cara de M16
A vizinhaça dessa massa já diz que não agüenta
Nas entradas da favela já tem ponto 50
E se tu toma um pá, será que você grita
Seja de ponto 50 ou então de ponto 30
Mas se for Alemão eu não deixo pra amanhã
Acabo com o safado dou-lhe um tiro de pazã
Porque esses Alemão são tudo safado
Vem de garrucha velha dá dois tiro e sai voado
E se não for de revolver eu quebro na porrada
E finalizo o rap detonando de granada
Parapapapapapapapapa, valeu
Paparapaparapapara clack bum
Vem um de AR15 e outro de 12 na mão
Vem mais um de pistola e outro com 2 oitão
Um de URU na frente escotando o camburão
Tem mais dois na retaguarda mas tão de Glock na mão
Amigos que eu não esqueço nem deixo pra depois
Lá vem dois irmãozinho de 762
Dando tiro pro alto só pra fazer teste
De ina-ingratek, pisto uzi ou de winchester
A vizinhaça dessa massa já diz que não aguenta
Nas entradas da favela já tem ponto 50
E se tu toma um pá será que você grita
Seja de ponto 50 ou então de ponto 30
Esse rap é maneiro eu digo pra vocês
Quem é aqueles cara de M16
Mas se for Alemão eu não deixo pra amanhã
Acabo com o safado dou-lhe um tiro de pazã
Porque esses Alemão são tudo safado
Vem de garrucha velha dá dois tiro e sai voado
E se não for de revolver eu quebro na porrada
E finalizo o rap detonando de granada

Entenda como ocorreram as reformas religiosas
Nesta teleaula você verá porque a Igreja Católica começou a ser criticada com o fim da Idade Média. Além disso, aprenderá quem foi Martinho Lutero e como a Igreja reagiu e se reorganizou com a Contra-Reforma.
Veja como ocorreu a reação da Igreja Católica diante do avanço do protestantismo na Europa

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Segundo Ano
Capítulo 4
Sociedade, cultura e cotidiano no Brasil Imperial
página 63


Observe os quadros.








5. Apresente as conclusões sobre a distribuição da população brasileira a que se é possível chegar pela análise dos dados constantes dos quadros.




Pela análise dos dados constantes nos quadros nota-se que a população brasileira apresentou um grande crescimento entre 1770 e 1825. A população das capitanias/províncias de Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Pernambuco e Rio de Janeiro concentravam cerca de 75% do total da população do país em 1772-82, e apresentou um decréscimo pra aproximadamente 63%, em 1823, ainda assim continuaram a concentrar a maioria esmagadora da população brasileira no período mencionado.
A Internacionalização das Empresas Brasileiras

Pio Penna Filho*

O Brasil é um país em plena transformação. Nos últimos anos, além do crescimento econômico e da nossa projeção política, assistimos também a um fenômeno novo: a internacionalização de empresas brasileiras. É cada vez maior a quantidade de empresas que se projetam para o exterior, abrindo novos mercados e gerando riquezas tanto para o Brasil quanto para os países que recebem essas empresas.
A internacionalização é diferente do mero comércio direto. Ou seja, significa ir muito além de “simplesmente” exportar produtos. Trata-se de uma tendência geral que responde a vários estímulos, dentre eles a necessidade de ampliar a participação das empresas no mercado expandindo seu campo de atuação. Isso exige muito planejamento, ousadia e capacidade de inovação, uma vez que a economia mundial é cada vez mais competitiva e os consumidores mais exigentes. Em suma, não é uma tarefa para amadores.
Estima-se que existam hoje cerca de 877 empresas brasileiras atuando no exterior, em diversos segmentos e continentes. Essas empresas, entre as quais se destacam Vale do Rio Doce, Petrobras, Braskem, Coteminas, Embraco, Natura, Perdigão, Sadia, Marcopolo, Grupo Gerdau, Embraer, Grupo Votorantim, Companhia Siderúrgica Nacional, Camargo Corrêa, Grupo Odebrecht, Aracruz e Weg, constituem o núcleo da primeira geração de multinacionais brasileiras.
Com capacitação notória e reconhecida competência em suas respectivas áreas de atuação, elas estão competindo com as tradicionais empresas norte-americanas e européias, que até bem pouco tempo praticamente mantinham uma espécie de monopólio do mercado mundial destinado a atuação internacionalizada.
Para que uma empresa consiga internacionalizar-se é preciso que ela possua qualidade com padrão internacional nos seus produtos ou serviços, capacidade técnica de gestão e, claro, inovação. No caso brasileiro, algumas empresas antes quase totalmente restritas ao mercado interno tiveram tanto sucesso em sua projeção para o mundo que atualmente parte substancial de suas receitas provem de mercados externos. Podemos citar como exemplos a Sadia e a Embraer. Metade da receita total da Sadia é obtida por meio de sua atuação no exterior. A Embraer é outra empresa que conseguiu um nível tão elevado de participação no mercado internacional que já é a 3a maior fabricante de aviões do mundo e a 1a no segmento de jatos regionais.
De acordo com dados do Banco Central, em 2008 os investimentos brasileiros no exterior cresceram 185%, atingindo a cifra aproximada de US$ 20 bilhões. Esse valor só é menor do que o verificado em 2006, quando se registrou um montante de US$ 28 bilhões de investimentos no exterior. Outro dado relevante é que o estoque de capitais brasileiros em outros países já ultrapassa a casa dos US$ 100 bilhões.
Em suma, semelhante ao fenômeno verificado no fator humano, haja vista que nas últimas décadas o Brasil virou um exportador de mão de obra, estamos também internacionalizando as nossas empresas, o que é bom para o país.



* Professor do Instituto de Relações Internacionais da USP e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com
Terceiro Ano Capítulo 6 -
A independência das colônias afro-asiáticas

página 170
Assembleia dos países participantes da Conferência de Bandung (1955), na Indonésia.
Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas

1. Leia o texto a seguir.
"A Assembleia do Terceiro Mundo elaborou um documento em que condenava o colonialismo, a discriminação racial e a corrida armamentista. No parágrafo 62 da declaração final, pedia 'a abstenção de toda a participação em acordos de defesa coletiva que sirvam aos interesses de uma grande potência'. Num mundo dividido pela guerra fria, os povos da Ásia e da África proclamaram sua neutralidade, sua equidistância entre os sistemas sociais que se mostravam antagônicos e a vontade de manter-se afastados de controvérsias alheias a seus interesses (...) . Os povos que agora conquistaram sua liberdade sabem que existe um neocolonialismo que o mundo desenvolvido exerce atraves de seus interesses econômicos. Já não basta a independência política. O direito de poder dispor dos recursos econômicos é mais importante que o uso de um hino ou de uma bandeira."
PERNAUL, José. História Mundial desde 1939, Rio de Janeiro: Salvat, 1979, p. 127. (fragmento)

a) Identifique as situações condenadas pela Assembleia do Terceiro Mundo.
Condenava o colonialismo, a discriminação racial e a corrida armamentista.

b) De que maneira a Assembleia do Terceiro Mundo justificava a 'política de não alinhamento'.
Proclamavam sua neutralidade em relação ao antagonismo da guerra fria, controvérsias alheias aos seus interesses.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Segundo Ano
Cap. 4 Sociedade, cultura e cotidiano no Brasil Imperial

página 60

a) Explique por que a música e as danças afro-brasileiras apresentavam-se como resultantes de uma prática social.

Porque quase todas essas atividades eram realizadas pelos negros ao som de suas músicas. A onipresença dos ritmos afro-brasileiros derivava da onipresença da escravidão afro-brasileira.

b) Pesquise os instrumentos utilizados nas baterias das escolas de samba. Eles são os mesmos e/ou parecidos com aqueles utilizados no Império na músia afro-brasileira?
Sim, são instrumentos de percussão tais como tambores, agogôs, cuícas e outros.

domingo, 23 de maio de 2010

Terceiro Ano
Capítulo 6

A independência das colônias afro-asiáticas e os movimentos de inspiração socialista

Crianças fogem dos bombardeios promovidos pelos norte-americanos contra os guerrilheiros vietcongs.

O líder Mahatma Gandhi, defensor da resistência pacífica durante o processo de independência da Índia

Problematização do tema


1. Que fatores estão associados ao processo de independência das colônias afro-asiáticas?
O enfraquecimento das metrópoles europeias após a II Guerra Mundial, o apoio decisivo da ONU na legitimação dos novos países, a geopolítica da Guerra Fria e o crescimento do sentimento nacionalista nas colônias.

2. Através de quais estratégias os povos afro-asiáticos asseguravam a independência de seus respectivos territórios?
As estratégicas dos povos afro-asiáticos na luta pela independência ocorreram através de acordos diplomáticos, como o caso da Índia, e através de movimentos militarizados, à exemplo da Indochina.
3. O que permitiu a incorporação das regiões do Oriente Médio ao domínio europeu?
Historicamente, a região do Oriente Médio era parte integrante do Antigo Império Turco Otomano. Durante a I Guerra Mundial, o Império Turco aliou-se ao II Reich alemão e ao Império Austro-Húngaro, na luta contra a Tríplice Entente. Derrotado na guerra, o império turco foi fragmentado em áreas de influência britânicas e francesas, que se estabeleceram no Oriente Médio atraídos pelo rico potencial petrolífero.
4. De que maneira os conflitos dessa região impactam nas relações políticas internacionais?
Devido à importância estratégica que a região do Oriente Médio possui em virtude de suas ricas jazidas petrolíferas.




Terceiro Ano
Capítulo 6

A independência das colônias afro-asiáticas e os movimentos de inspiração socialista


Este capítulo tem como tema central o processo de independência das colônias afro-asiáticas e os movimentos de inspiração socialistas. Na primeira seção do capítulo, 'Problematização do tema', como elemento presente motivador, são apresentadas imagens relacionadas às estratégias de luta desenvolvidas pelas colônias afro-asáticas, como forma de estimular a atitude crítica e investigativa do aluno em relaçao à abordagem do tema.

Observe na apresentação das imagens a distinção das respectivas estratégias, estabelecendo um paralelo entre a luta armada travada na guerra de unificação do Vietnã e o processo de resistência pacífica desenvolvido por Gandhi para a independência da Índia.

No subtítulo "Raízes do processo: Do sentimento nacionalista à Conferência de Bandung" percebemos o sentimento nacionalista como elemento deflagrador do processo, enquando resposta política ao secular domínio e exploração das potências europeias sobre os povos do continente.

Fundamental nesse processo foi o posicionamento da ONU em favor do princípio da 'autodeterminação dos povos' e os interesses das potências protagonistas da Guerra Fria, que percebiam nesse contexto, a possibilidade de ampliação de suas respectivas áreas de influência.

Adquire grande importância a Conferência de Bandung (1955), enfocada por meio do texto de José Pernaul a política de 'não-alinhamento', defendida pelos povos afro-asiáticos em relação à conjuntura deflagrada pela Guerra Fria.

A luta contra o domínio estrangeiro foi conduzida por setores da elite colonial, que inspirada no sentimento nacionalista chamaram para si o comando do processo separatista. Não obstante, a vitória dos movimentos separatistas, e os novos dirigentes não conseguiram alterar alterar a infraestrutura herdada do período colonial e nem tampouco o quadro de dependência econômica que os uniam anteriormente às antigas metrópoles.

Nesse sentido, aprofunda-se a abordagem por meio da análise e da reflexão sobre o texto de Letícia Bicalho Canedo, que adverte para o viés neocolonialista remanescente nas relações entre os novos países e as antigas metrópoles europeias.

O subtítulo "Estratégias do processo: dos acordos diplomáticos às guerrilhas socialistas", por sua vez, explora por meio do texto da Revista Paz e Terra, os fundamentos da resistência pacífica adota por Gandhi para a independência da Índia em relação ao Império Britânico.

Situações que estão historicamente diretamente relacionadas à essa estratégia, por exemplo, o movimento pelos direito civis nos Estados Unidos, conduzidos na década de 1960 por Martin Luther King.

Como contraponto à estratégica pacífica de Gandhi, podemos mencionar a rebelião nacionalista conduzida pela guerrilha socialista comandada por Ho Chi Min, para a independência do Vetnã.

Aprofundando-se o foco dessa estratégia, o capítulo explora também a posterior guerra pela unificação do país, destacando o confronto com as tropas norte-americanas, que sem sucesso tentaram assegurar a manutenção do governo capitalista de Saigon.

A partir do texto de Nelson Bacic Olic, é explorada a importância dos movimentos protagonizados, em especial, pela juventude que, em favor do término do conflito, conseguiram articular a opinião pública contra a permanência dos soldados norte-americanos na região.

Nesse sentido, é reforçada a importância do protagonismo juvenil, enfocado também em outras situações onde o engajamento da juventude foi oportuno e saudável para a afirmação dos valores dos direitos humanos, da ética e da cidadania.

No subtítulo "Oriente Médio: Nacionalismos e Disputas Territoriais", o enfoque inicial são nas raízes contemporâneas do domínio europeu sobre a regiões do Oriente Médio.

Nesse sentido, reporte-se aos resultados da I guerra mundial, onde através do Tratado de Sèvres, assinado em 10 de outubro de 1920, Inglaterra e França, potências vitoriosas no conflito, promoveram o desmembramento do Império Turco Otomano, instituindo a tutela europeia, sobre as estratégicas regiões do petróleo do Oriente Médio.

Na luta contra a tutela europeia, destaca-se inicialmente, nas décadas de 1920 e 1930, a independência do Egito, Iraque e da Jordânia. Ressalte-se a importância fundamental da criação da Liga Árabe, que entre 1945 e 1960, empenhou-se em proteger e reafirmar a soberania e os interesses dos povos dessa região.

Outro aspecto relevante é que a região tornou-se no pós II Guerra, palco de diferenciados tipos de conflitos, que refletem ainda hoje, questões de disputas fronteiriças, envolvendo o controle sobre os estratégicos espaços petrolíferos ali situados (Guerra Irã X Iraque; Guerra do Golfo) além de questões de ordem nacionalista, envolvendo as 'nações sem pátria' (curdos; armênios; árabes palestinas).

Atenção para o agravamento do clima de tensão no Oriente, a partir do 11 de setembro de 2001, atribuído ao grupo terrorista Al Quaeda, dirigido pelo saudita Osama Bin Laden. Destaque nesse sentido a deflagração da politica de 'ataques preventivos' defendida pelo governo norte-americano responsável pela operação militar anglo-americana que sem a devida autorização das Nações Unidas, invadiu o Iraque, suposto fabricante de armas de destruição em massa, provocando a queda do governo de Saddam Hussein.

A comparação entre a Guerra do Iraque e a Guerra do Vietnã, enfocando a nova situação de 'atoleiro' da política externa norte-americana, e as repercussões internas e externas da presença norte-americana no território iraquiano.

Na abordagem da Independência das colônias francesas, é fundamental a desconstrução da ideia de passividade no que se refere à conduta dos povos africanos em relação aos conquistadores europeus. Reflita a partir do texto de Márcio Senne de Moraes, a polêmica questão relativa ao tráfico negreiro e as possíveis propostas de reparação por parte do mundo ocidental.

A estratégia de guerrilhas nacionalis teve forte influência no processo separatista das ex-colônias africanas. Destaque, nesse sentido, foi o processo de independência da Argélia, principal colônia francesa no continente além dos movimentos guerrilheiros deflagrados em Angola e Moçambique, comandados por lideranças comprometidas com a proposta socialista de governo.

Digno de enfoque também, é o quadro atual marcado pelas disputas intertribais e guerras civis, decorrentes historicamente da divisão promovida pelas potências que imperializaram o continente, que não levaram em consideração os agrupamentos étnicos do território.

A importância da luta desenvolvida na África do Sul contra o regime do 'Apartheid', conduzida, entre outras lideranças, por Nelson Mandela, bem com o significado dessa luta para os povos africanos, secularmente dominados pelos grupos de minoria branca europeia.

Concluindo a a reflexão sobre a independência das colônias africanas, há uma análise com base na matéria jornalística que encerra a seção, a realidade presente na África Subsaariana, destacando as relações de permanência e de ruptura do processo histórico do continente.

Finalizando o capítulo, temos a atividade 09, que exige que o aluno redija um texto conclusivo sobre a 'Independência das colônias afro-asiáticas e os movimentos de inspiração socialista", por meio de questões apresentadas na seção 'Problematização do Tema'.

Na seção, "Construindo competências e habilidades", o enfoque é a vitória do movimento pacifista conduzido pro Mahatma Gandhi que se coloca sobre um leão, símbolo do imperialismo britânico, tendo a bandeira da Índia ao fundo (Atividade 10). A exploração da imagem que apresenta em Washigton, ciceroneados pelo presidente Bill Clinton, o primeiro ministro de Israel, Ytzak Rabin e o líder da OLP, Yasser Arafat, celebrando o acordo de Oslo.

Há também no capítulo um gráfico para análise dos índices de expectativa de vida dos povos sul-africanos.

A última seção, 'De olho no vestibular', encerra o capítulo, permitindo o aprofundamento do tema analisado por meio da apresentação de questões objetivas e abertas de diferentes instituições universitárias do país.


Filmografia

* A batalha de Argel (ITA - 1965)

* Antes da chuva (FRA/ING - 1994)

* Apocalipse now (EUA - 1979)

* Bom dia, Vietnã (EUA - 1987)

* Bopha, à flor da pele (EUA - 1993)

* Corações e mentes (EUA - 1975)

* Exodus (EUA - 1960)

* Gandhi (ING - 1982)

* Indochina (FRA - 1992)

* O ano que vivemos em perigo (Austrália - 1983)

* O poder de um jovem (FRA/ALE/EUA - 1992)

* Platoon (EUA - 1986)

* Tempos de viver (CHI - 1993)

* Um grito de liberdade (EUA - 1987)

sábado, 22 de maio de 2010

Terceiro Ano
Capítulo 8

A independência das colônias afro-asiáticas e os movimentos de inspiração socialista


Objetivos específicos

* Caracterizar as condições responsáveis pelo processo de independência das colônias afro-asiáticas.
* Relacionar os interesses políticos das potências protagonistas da Guerra Fria no processo de independência das colônias afro-asiática.
* Comprovar, com fatos e dados, as explicações referentes ao estudo da independência das colônias afro-asiáticas.
* Analisar as estratégias propostas no contexto do processo de independência da região afro-asiática.
* Analisar as condições históricas responsáveis pela emergência do conflito entre os árabes do território da Palestina e os judeus do Estado de Israel.
* Discutir os princípios propostos pelos povos afro-asiáticos a partir da Conferência de Bandung.
* Discutir o quadro político e econômico da África atual, relacionando-o às diversas deixadas pelo sucular domínio europeu na região.
* Avaliar as realidades decorrentes do processo de descolonização a partir da análise de situações atuis.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Conheça alguns aspectos importantes da Guerra dos Emboabas


Primeiro Ano - Capítulo 4 - Motins, sedições e resistência escrava
A guerra dos Emboadas ocorrida em Minas Gerais
A palavra emboaba, de origem tupi, significava “pinto calçudo”, aquele que usava calçado. Era a alcunha empregada pelos paulistas constituíam um grupo muito peculiar, dotado de uma identidade cultural formada ao longo de dois séculos. Naturais das vilas de São Paulo, orgulhavam-se de ter descoberto as primeiras minas de ouro em ao sertão inóspito, e por essa razão reivindicavam para si o direito de conquista – isto é, a posse e o domínio sobre a região mineradora. Em meio à multidão de forasteiros vindos de todas as partes da América Portuguesa, os paulistas preservavam a identidade de grupo. Falavam a língua geral, de origem indígena, tinha práticas culturais mestiças, como a arte de sobrevivência nos matos, vestiam-se de forma estranha, recusando-se a usar calçados, e mais importante, pautavam-se por um código de valores assentado em ideais de bravura e honra.
Isolados pela Serra do Mar, desligados do circuito da economia açucareira e voltados para o apresamento de índios, os homens da vila de São Paulo e Campo de Piratininga se organizavam em clãs e parentelas, que disputavam entre si a honra e o prestígio social.
Mas não era só isso que fazia dos paulistas um grupo à parte. Desde o início do século XVIII, eles encarnavam a mais formidável máquina de guerra da América portuguesa, acionada nos momentos em que a Coroa necessitava de sertanejos, experientes nas artes de sobrevivência e luta no mato. Adeptos das técnicas de guerrilhas, apreendidas com os índios, sabiam como poucos derrotar inimigos insidiosos como quilombolas de Palmares e bárbaros das Guerras do Açu – grande levante de índios, ocorrido no Nordeste durante a segunda metade do século XVII.

ROMEIRO, Adriana. Uma guerra no sertão. Revista Nossa História. Rio de Janeiro: Ed. Vera Cruz, nº 25, Nov. 2005. P. 71 (fragmento)
5.
a) Defina o "direito de conquista" reivindicado pelos paulistas.
Os paulistas reivindicavam a posse e o domínio da região das minas uma vez que eles a haviam descoberto.
b) Apresente os traços definidores da identidade cultural peculiar dos paulistas.
Os paulistas falavam a língua geral do Brasil, de origem indígena, tinham práticas culturais mestiças, como a arte da sobrevivência nos matos, vestiam-se de forma estranha, recusavam-se a usar calçados e pautavam-se por códigos de valores assentados em iedais de bravura e honra.
c) Em que circunstâncias os paulistas eram requisitados pela Coroa Portuguesa?
Eles eram requisitados pela Coroa no momento em que esta precisava de sertanejos, experientes nas artes de sobrevivência e lutas no mato.
Mouros, cristãos e povos do Oriente


Nesta teleaula você vai testemunhar a importância que tiveram, para a humanidade, os viajantes árabes e mouros. Vai entender como eles espalharam pelo mundo muitas informações da região que hoje chamamos Oriente. E vai se surpreender ao constatar como essas informações acabaram por enriquecer culturas tão distantes, chegando ao nosso Brasil, através de Portugal. Vai, ainda, reconhecer a grande importância e a riqueza das civilizações do Oriente.
Confira a parte final desta teleaula

Origens dos povos indígenas das Américas

Esta teleaula abre a primeira unidade do curso de História, que estudará a história dos povos indígenas da América, do seu encontro com os europeus no século XV, das relações que, a partir daí, se estabeleceram. Vamos conhecer a importância dos povos da África e do oriente na formação de Portugal e a história desses europeus antes de chegarem à América Portuguesa, o futuro Brasil. Entenderemos, também, o que trouxe os portugueses aqui e aprenderemos sobre a formação do Brasil quando ainda era América Portuguesa.



Assista a segunda parte da teleaula nº 2 sobre a História dos povos indígenas da América


Que História é essa?
Este é o tema da primeira teleaula do curso de História.
Você vai aprender qual é o método utilizado pelos historiadores para estudar a História e vai ver ainda como o curso se dividirá em Unidades.
Confira também a segunda parte da teleaula

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Primeiro Ano - Capítulo 4
Motins, sedições e resistência escrava
O tema em foco




2. Leia o texto a seguir.
Quem eram os mascates?
Da expulsão dos holandeses (1654) até o fim do século, muitos portugues imigraram para o Brasil. Alguns vinham morar na colônia a conselho de parentes que já estavam aqui. Outros vieram como comissários volantes, isto é, como comerciantes temporários que, ao fim de várias viagens, resolveram fixar residência no Brasil. Muitos também chegavam como funcionários da Coroa, empregados na cobrança de impostos e em outras funções da administração colonial. Havia ainda, aqueles que se transferiram para cá como militares de tropas pagas pela metrópole.
Aos poucos, essas pessoas foram ocupando posições de destaque na sociedade colonial, sobretudo através do comércio. Muitos desses comerciantes portugueses passaram a financiar a produção açucareira e vender açúcar para a Europa. Outros começaram a trazer produtos de Portugal para revendê-los na Colônia. E outros ainda, passaram a explorar o tráfico de escravos africanos para o Brasil.
3. Em que medida essas novas funções dos comerciantes portugueses foram determinantes para a eclosão da Guerra dos Mascates?


A importância cada vez maior adquirida pelos comerciantes moradores do Recife que desejavam a elevação à condição de Vila. Os olindenses não concordavam com isso pois poderiam perder a condição de centro de poder em Pernambuco. Esse foi um dos principais motivos da eclosão da chamada Guerra dos Mascates.

Primeiro Ano - Capítulo 4


Motins, sedições e resistência escrava




Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversos

Aldeia dos tapuias, Rugendas.

1. Um dos resultados da Revolta de Beckman está representado na imagem acima. Apresente a leitura da imagem, destacando qual foi o resultado da revolta.

A imagem mostra os índios em uma redução (missão) sob a tutela dos padres jesuítas. Após a Revolta de Beckman, os jesuítas que haviam sido expulsos do Maranhão pelos revoltosos retornaram e continuaram fiéis aos seus princípios de não escravização dos indígenas pelos colonos.

Primeiro Ano - Capítulo 4
Motins, sedições e resistência escrava

Guerra dos Emboabas, obra de Carybé.

Problematização do tema

1. Quais as motivações das revoltas que eclodiram na América Portuguesa?

Algumas das revoltas que eclodiram na América Portuguesa estão intimamente ligadaa às políticas metropolitanas adotadas para a colônia. Outras derivaram de interesses específicos dos colonos, tais como disputas de terras, por territórios de mando, enfrentamento de grandes potentados, reações às políticas das câmaras, entre outros motivos.

2. Quais são as interpretações historiográficas acerca das relações entre colônia e metrópole?

Na visão reducionista acreditava-se que que a colônia estava totalmente submissa em relação à metrópole e não possuía vida própria. Essa interpretação dizia que as colônias só faziam responder os interesses econõmicos metropolitanos, essa tese torna difícil explicar a razão da eclosão das revoltas. Uma outra versão revisionista aponta que havia interesses específicos dos colonos em jogo, ou seja, a colônia possuía uma dinâmica interna baseada nas relações de poder, de trabalho e na socialidade entre as populações coloniais, essa perspectiva torna fácil explicar a ocorrência de revoltas. Ainda, há uma outra versão historiográfia que aponta para a existência de uma espécie de convenção entre o Rei de Portugal e seus vassalos na América Portuguesa com o objetivo de manter a paz na colônia, entretanto muitas vezes, essas convenções foram desrespeitadas.

3. Na sua opinião, qual dessas interpretações historiográficas explica melhor a eclosão das revoltas na América Portuguesa?

Resposta pessoal, entretando espera-se que o aluno argumente que a visão revisionista das revoltas coloniais é a que melhor explica a ocorrência das mesmas.

4. Por que não se usa mais opor movimentos de constestação dos movimentos de oposição?

Todas as revoltas coloniais tiveram muitas faces. Elas não foram só de contestação ou só de oposição. É importante estudar os movimentos nas suas especificidades, sem contruir tipologias que engessem a análise de cada um deles.

5. Por que a análise da resistência escrava é diferente daquela feita para as revoltas dos vassalos?

No que se refere à resistência escrava, a análise é bem diferente. Não havia convenções entre o soberano e os cativos que, embora tivessem direitos, muitas vezes eram vítimas de extrema violência de seus senhores. Não obstante seja preciso relativizar a posição de vítima que a historiografia marxista conferiu ao escravo e relevar as negociações e as acomodações entre os cativos e seus senhores, muitos escravos negaram o sistema escravista e procuraram formas de escapar da escravidão ou enfrentá-la de forma violenta.

Primeiro Ano - Capítulo 4
Motins, sedições e resistência escrava


Objetivos específicos

* Conhecer as novas posições historiográficas sobre o tema;

* Analisar as revoltas do norte e nordeste da América Portuguesa;

* Analisar a violência e as revoltas nas regiões mineradoras;

* Caracterizar as principais medidas do Regimento de 1702;

* Conhecer a política tributária das Minas;

* Definir revoltas antifiscais;

* Avaliar as peculiaridades dos paulistas;

* Definir direito de conquista;

* Definir quilombo;

* Definir formas individuais de resistência escrava;

Motins, sedições e resistência escrava

Primeiro Ano

Capítulo 4

Motins, sedições e resistência escrava


Integra esse capítulo, em primeiro lugar, uma análise das resistências dos vassalos a determinadas medidas metropolitanas, como a Revolta de Beckman e a Guerra dos Mascate, no norte da América Portuguesa. Na seção Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas há duas atividades. A primeira é uma leitura iconográfica na qual se pede que o aluno deduza da imagem que um dos resultados da Revolta de Beckman foi a redução do gentio pelos jesuítas e a segunda uma questão a partir da leitura de um texto sobre quem eram os mascates.

Segue-se a análise da violência e das revoltas nas regiões mineradoras. A Guerra dos Emboabas está intimamente ligada ao ethos paulista e a firme convicção do povo de São Paulo de seu direito de conquista das minas da região da extração do ouro. Na região mineradora, predominaram as revoltas antifiscais, fruto do apetite metropolitano em relação aos tributos. Examina-se, portanto, essa política tributária da Minas de uma voracidade sem precedentes que levou sistematicamente ao levantamento dos povos. Na seção Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas, apresenta-se um texto sobre fiscalidade na América portuguesa e pede-se atividades sobre a carga tributária e a reforma tributária no presente. A seção O tema em foco trata da tese revisionista de Adriana Romeiro sobre a Guerra dos Emboabas e coloca questão para os aluno a partir do texto apresentado.

Examina-se, também, nesse capítulo, a resistência escrava, que atesta a negação da escravidão por parte do plantel de cativos. A resistência escrava odia tomar diversas formas como os quilombos, as tentativas de revolas, a feitiçaria, os batuques e os tumultos. Todas essas formas são examinadas no capítulo. Na seção Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas é examinado um fragmento de um texto de Ronaldo Vainfas sobre o Quilombo dos Palmares, que trata das tentativas de negociação dos atores coloniais com os quilombolas. Já na seção O tema em foco, é apresentado um texto de Douglas Cole Libby e Eduardo França Paiva sobre a resistência escrava.

Na seção Construindo habilidades e competências, é tratado o racismo, nas suas ambiguidades. O tema é introduzido por um texto de Lilia Moritz Schwarcz e, a partir dele, são colocadaas questões para os alunos. Contudo, a atividade de fundo é a pesquisa que deve ser feita acerca da presença dos negros em altos cargos no Brasil, com a elaboração de um relatório e debate em sala de aula.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Segundo Ano - Capítulo 4 pp. 59-60

Leia o texto a seguir.
Tela produzida pela Expedição Langsdorff no interior do Brasil.

"Em 1808, abrem-se os portos da colônia portuguesa na América do Sul e, consequentemente, ocorre a derrocada do antigo sistema colonial. Superado o exclusivismo português, inúmeros estrangeiros podem finalmente visitar a desconhecida terra, tão promissora em riquezas naturais. Sérgio Buarque de Holanda refere-se a um "novo descobrimento do Brasil" empreitado por comerciantes, artistas, imigrantes, naturalistas, diplomatas, mercenários, educadores vindos de diferentes regiões do Velho Mundo e dos Estados Unidos.

Trata-se, pois, de um dos aspectos do processo de "internacionalização" pelo qual o Brasil estava passando, chegando a emprestar aos principais centros da ex-colônia, especialmente os portuários, um "caráter cosmopolita". Entre os estrangeiros, a presença dos ingleses é a mais expressiva, em decorrência dos privilégios comerciais que desfrutavam no Brasil, desde o Tratado de 1810. Não é difícil compreender que eles exerceram significativa influência tanto sobre a economia quanto sobre o campo da ideias, estando, nesse momento, entre os primeiros a lançar publicações sobre o Brasil no Velho Mundo. Apesar do predomínio inglês, que se estende ao longo do século, outras nacionalidades voltaram seus interesses ao país e deixaram igualmente importantes registros de suas viagens ou estadias em forma de releto, compêndio, estatística, epístola, conferência, diário e material iconográfico, contribuindo para a produção de imagens sobre o país e para a sua inserção no concerto das nações europeias (...)

Em suma, nos escritos desses forasteiros estão sendo avaliados as potencialidades econômicas, sociais e naturais do país. Em jogo estão a conquista, a ampliação e a manutenção de novos mercados e coleta de amostras da natureza. Daí uma das razões da variedade temática que caracteriza a literatura de viagem. De comerciantes, aventureiros, diplomatas, artistas a mercenários, todos estudavam, com maior ou menor afinco, a fauna e a flora, os recursos naturais; observavam a vida social, tanto rural quanto urbana; investigavam as relações de trabalho, de produção, a economia e as questões escravistas e indígenas. E, dependendo dos objetivos da viagem, a ênfase nos assuntos é diferente. É evidente que os naturalistas, particularmente, aprofundaram os temas da história natural: botânica, zoologia, geografia, mineralogia, paleontologia, astronomia, meteorologia (...). "


LISBOA, Karen Macknow. Olhares estrangeiros sobre o Brasil do século XIX. IN: MOTA, Carlos Guilherme, org. Viagem incompleta. A experiência brasileira. Formação: histórias. São Paulo: Senac, 2000. p. 267-9 (Fragmento).


2. b) Relacione a presença dos viajantes com a inserção do Brasil no concerto das nações europeias no século XIX.

Foram os viajantes que apresentaram o Brasil à Europa, no que se refere à sua população, hábitos, costumes e tradições, e ainda as riquezas naturais e as potencialidades da fauna e da flora. A partir daí, as nações europeias voltam as suas atenções para o que mais lhes interessava no Brasil.
Segundo Ano

Capítulo 4
O tema em foco

Observe a tela "Autorretrato em aquarela, numa estalagem, 1816", de Jean-Baptiste Debret.

2. a) A partir da pintura faça uma leitura da visão do artista acerca da sociedade imperial. Identifique elementos que podem ser relacionados aos argumentos que você pretende defender.
O exercício de se fazer uma leitura iconográfica é bastante subjetivo, contudo alguns elementos podem ser apontados, por exemplo, repare no escravo ao fundo da tela, demonstra que se trata de uma sociedade escravista, o mobiliário é bastante escasso denotando a falta de conforto nessa estalagem, a religiosidade é outro traço marcante presente na obra, o santo na pilastra confirma essa tese.
Segundo Ano

Capítulo 4



Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas


Leia o texto.

É difícil saber se a "missão artística" foi um plano estratégico da Corte de D. João ou uma espécie de afastamento compulsório de artista ligados a Napoleão. Parece ter existido uma convergência de interesses. De um lado, artistas formados pela Academia francesa inesperadamente desempregados.

De outro, uma monarquia estacionada na América e carente de representação oficial. Foi a partir da conjucação dessas situações que surgiu aquela que é hoje conhecida como a "Missão Francesa de 1816".

A versão oficial sustenta que em 1815 o governo encarregou D. Pedro José Joaquim Vito de Menezes Coutinho (c. 1775-1823) o marquês de Marialva, embaixador extraordinário de Portugal na França, de contratar diversos artistas reconhecidos em seu meio, a fim de criar uma escola para a formação artística e de trabalhadores industriais. Mas por que a Corte selecionaria justamente os franceses, ainda mais os ligados a Napoleão, responsável direto pela tranferência da família real para o Brasil? Mesmo que as relações entre os dois países fossem oficialmente amigáveis desde 1814, havaia no mercado artistas italianos, paisagistas holandeses, retratistas ingleses e pintores portugueses e nacionais à disposição. Com certeza, trariam menos embaraços políticos.

Além do mais, o marquês de Marialva mal teve tempo de se inteirar do tema, uma vez que deixou o cargo em 1815, sendo substituído por Francisco José Maria de Brito. Sabe-se qua o novo ministro trocou intensa correspondência com Joachim Lebreton (1760-1819), administrador das obras de arte no Museu do Louvre e secretário perpétuo da Classe de Belas-Artes do Instituto de França. A iniciativa de formar um grupo de artistas para servir à Corte portuguesa pode ter sido toda do influente Lebreton, e não do Estado português.

De onde veio, então, a teoria de uma "missão" convocada por D. João? Começou com um membro do grupo, Jean-Baptiste Debret, que no terceiro volume da Viagem pitoresca e histórica ao Brasil se refere a um "convite". A versão virariam tese quando Araújo Porto Alegre, discípulo dileto de Debret, sustentou a interpretação do mestre. Em diversos textos mencionou a "colônia artística", inspirando outras análises consagradas, como o artigo de Araújo Viana "Das artes plásticas no Brasil em geral e na cidade do Rio de Janeiro em particular" (1915).

Mas o grupo ainda não era definido como uma "missão". Foi Afonso Taunay quem adotou a expressão em seu longo artigo "A Missão Artística de 1816", na edição de 1912 da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Bisneto de Nicolas Taunay, o historiador afirma que "a colônia americana vivia abandonada, esquecida e ignorada pelo mundo culto", e só contava com pintores e escultores "medíocres". A vinda dos pintores franceses tiraria "a colônia da modorra secular". Em 1916, o próprio IHGB promoveria uma série de comemorações por conta do centenário da chegada do grupo. Juntava-se o prestígio da família Taunay com a tradição do IHGB, e a "colônia de artistas" passou a ser entendida como uma "missão". Tal interpretação receberia estatuto de verdade com a publicação do ensaio de Taunay em livro, em 1956.


SCHWARCZ, Lília. Eram os franceses mercenários? Revista de História. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, nº 36, set. 2008.

1. A historiografia tem afirmado que a "Missão Francesa" veio para o Brasil contratada por D. João. Hoje, essa tese é discutida.

a) Apresente quais eram as razõe para que D. João não contratasse ou convidasse artistas franceses para vir ao Brasil.

Com tantos artistas no mercado - italianos, holandeses, ingleses, portugueses - era inexplicável que D. João fosse convidar ou contratar logo franceses, próximos de Napoleão, responsável direto pela transferência da família real para o Brasil.

b) Explique de onde veio a ideia de uma "missão" convocada por D. João.

Essa ideia começou com Debret que se referiu a um "convite" no 3º volume da Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. A versão virou tese, quando seu discípulo Araújo Porto Alegre, sustentou a interpretação do mestre, inspirando outras análises consagradas como a de Araújo Viana.

Segundo Ano


Capítulo 4

Sociedade, cultura e cotidiano no Brasil Imperial


D. João e sua esposa Carlota Joaquina
Problematização do tema

1. Por que a cidade do Rio de Janeiro não estava preparada para receber a Corte Portuguesa, em 1808?
O Rio de Janeiro naquela época era ainda um centro urbano com características coloniais, assim como a maioria das cidades brasileiras, com ruelas estreitas, frequentadas por negros de ganho, muita sujeira e pouco conforto para os que para lá se dirigiam e para os que lá viviam.

2. Como se deu a acolhida dos nobres da comitiva de D. João?
D. João e sua família se intalaram na Casa dos Governadores. Os nobres foram instalados no prédio da Cadeia e no Convento do Carmo. Entretanto, esses prédios eram claramente insuficientes pra abrigar toda a comitiva de D. João que, então, ordenou que as melhores residências da cidade fossem desapropriadas para acolher os portugueses.

3. Quais as mudanças mais marcantes puderam ser observadas na região Sudeste?
A presença da Corte contribuiu para a difusão de hábitos mais sofisticados entre os da elite da cidade, ainda que esses novos hábitos convivessem com a pobreza, a desordem e a crimanilidade. As cidades cresceram e se modernizaram, os progressos urbanos se avolumaram, tais como os bondes, iluminação à gás, praças, chafarizes, hotéis, teatros, bibliotecas, confeitarias, lojas em estilo parisiense, etc.

4. Qual a importância do desenvolvimento das ferrovias?
As ferrovias diminuiram as distâncias e aumentaram a circulação de mercadorias e ideias.

5. Em que medida a estrutura populacional se tornava mais complexa no Brasil?
Nas cidades a população se diversificava: negros libertos, homens livres pobres, imigrantes, proprietários rurais e empresários de ramos variados.

terça-feira, 18 de maio de 2010



Segundo Ano


Capítulo 4


Sociedade, cotidiano e cultura no Brasil Imperial



Objetivos específicos

* Conhecer as condições do Rio de Janeiro na conjuntura da chegada da Corte portuguesa nessa cidade.

* Analisar as mudanças culturais no Brasil após a chegada da Corte portuguesa no país.

* Definir Missão Francesa.

* Avaliar o desenvolvimento da imprensa no Brasil.

* Identificar estilos literários importados da Europa no século XIX.

* Diferenciar os gostos culturais das elites letradas daqueles das classes populares.

* Avaliar as mudanças ocorridas na transformação do entrudo no carnaval.

* Analisar as permanências e mudanças no processo de urbanização e no cotidiano das cidades do Brasil imperial.

* Analisar transgressões cometidas no Brasil imperial, principalmente a capoeira e os jogos de azar.

Segundo Ano
Capítulo 4

Sociedade, cultura e cotidiano no Brasil Imperial


Este capítulo apresenta as mudanças e permanências na sociedade, cultura e no cotidiano brasileiro, sobretudo no Rio de Janeiro, após a instalação da Corte Portuguesa, em 1808. Nessa medida, aborda as características da cidade do Rio de Janeiro antes da chegada da Corte; o cotidiano dessa cidade com a presença de D. João VI; as mudanças culturais com a importação de estilos literários, criação da imprensa, desenvolvimento do teatro, da música erudita e dos ritmos populares. Analisa-se, ainda no capítulo, o processo de urbanização do Brasil imperial, destacando-se também, as permanências coloniais das cidades do país.

O capítulo trata ainda, da desordem na corte, enfatizando os capoeiras, que amedrontaram a população carioca durante décadas e os jogos de azar, realizados nos chamados public houses , lugar da prostituição, da vadiagem, da desordem, combatida de forma tenaz pelas autoridades policiais da capital do império.

As atividades, além de buscar desenvolver habilidades cognitivas mais sofisticadas, tratam também de introduzir novas teses como. por exemplo, na seção "Análise e interpretação", relativa oa subtítulo "Mudanças culturais após a chegada da Corte Portuguesa", que examina a inovadora questão de que a Missão Artística Francesa não foi trazida ao Brasil por D. João. Nesse mesmo subtítulo, pede-se, na seção "O tema em foco", uma análise iconográfica do auto-retrato de Debret e solicita-se a leitura de um texto sobre os viajantes, que vieram para o Brasil após a chegada da Corte. Pede-se, ainda, a leitura de um texto de Luiz Felipe de Alencastro sobre a música no Império, onde predominou os ritmos afro-brasileiros.

No subtítulo "O desenvolvimento da urbanização", tratou-se, na seção "Análise e interpretação", das permanências coloniais nas cidades brasileiras, além da apresentação de quadros com números da população brasileira para serem analisados pelos alunos. Essas atividades acessam habilidades cognitivas operacionais, fugindo da mera evocação. Na seção "O tema em foco", um texto de Mário Maestri analisa os aspectos da urbanização e da arquitetura do Império, com ênfase nas mudanças nos conjuntos arquitetônicos.

No subtítulo "A desordem na Corte", trata-se de examinar, na seção Análise e interpretação, o verbete "capoeira". A seção "O tema em foco" aborda o jogo, outra forma de contravenção no Império, praticado nas chamadas public houses onde se generalizava a prostituição e o crime.

Na seção "Construindo habilidades e competências", apresenta-se um texto sobre o "marginal" da cidade do Rio de Janeiro, morador dos morros, que foi cantado em prosa e verso naquela época. Pede-se ao aluno que compare os malandros daquela época com os traficantes de hoje, também cantados pelo hip hop. Analisadas as músicas de ambas as épocas, os alunos deverão debater, em sala de aula, as mudanças no conceito de marginalidade.

Fonte: Rede Pitágoras - ANASTÁCIA, Carla Maria Junho, História: ensino médio, 2º ano, livro 1. 1ª ed. - Belo Horizonte: Editora Educacional, 2010. (Manual do Professor, pp. 29-30)


A Diplomacia Brasileira e a questão Nuclear do Irã

Pio Penna Filho*

A diplomacia brasileira está comemorando o acordo envolvendo o polêmico programa nuclear iraniano. Como amplamente noticiado, Brasil e Turquia conseguiram o que parecia impossível, ou seja, fazer com que o Irã aceite enriquecer o seu urânio nos países credenciados pela Agência Internacional de Energia Atômica, abrindo mão da plena autonomia do seu programa de enriquecimento.
Mas mesmo esse acordo parece insuficiente para aplacar a ira do “Ocidente” contra o Irã. Poucas horas após a divulgação do acordo entre as autoridades dos três países envolvidos, os céticos ocidentais já estavam com o discurso pronto para acusar Teerã de buscar tão somente ganhar tempo com essa iniciativa, como se o esforço e a participação brasileira e turca fossem dignas de desconfiança. O fato é que as mais graduadas autoridades norte-americanas e os seus subordinados tradicionais não querem admitir sequer a possibilidade de que o Irã pode tratar com responsabilidade o seu programa nuclear.
Chama atenção do fato de que quase ninguém questiona o fato de que tropas norte-americanas estão estacionadas em dois países que fazem fronteira com o Irã (no Iraque e no Afeganistão). Afinal de contas, quem está ameaçando quem? Os norte-americanos, que estão com suas tropas circundando o Irã, ou o incipiente programa nuclear iraniano? O Irã, é preciso dizer, é um dos poucos países do mundo que não aceita a hegemonia norte-americana global e, muito menos, no contexto do Oriente Próximo.
O fato de o Brasil ter disponibilizado a sua diplomacia para buscar uma solução pacífica e negociada com os iranianos é um verdadeiro contraste com a política deliberadamente agressiva e pouco construtiva que os Estados Unidos desempenham naquela região.
É notório que as barbaridades cometidas por Israel, por exemplo, contra os palestinos, só acontecem na escala que o mundo assiste por conta do apoio que o governo israelense recebe dos Estados Unidos. Se os norte-americanos estivessem, de fato, comprometidos com a paz, como querem fazer crer as suas suspeitas autoridades, eles deveriam começar por quem de fato é uma ameaça real e concreta para a estabilidade regional.
Outro ponto importante é observar que o Brasil não tem nada a perder colocando os seus bons ofícios a serviço da paz mundial. A diplomacia brasileira agiu com lisura em todo esse processo e sua atitude não busca apenas projetar a imagem do país no contexto internacional. No fundo, há também uma preocupação, mesmo que não explicitada, com as imperfeições do sistema internacional e as injustiças derivadas da estrutura de poder mundial. Quem pode garantir que daqui alguns anos não será a nossa vez de enfrentar os tradicionais “donos do mundo” e sua sede infinita de poder?
Enfim, mesmo que o ceticismo das potências ocidentais prevaleça sobre o arranjo conseguido pelo Brasil e pela Turquia com relação ao programa nuclear iraniano e que os Estados Unidos consigam impor suas almejadas sanções contra o Irã, pelo menos agora ficará mais evidente de onde parte a boa vontade e de onde parte o desejo de vingança e do exercício desmedido do poder.