sexta-feira, 29 de abril de 2011

Saiba mais sobre a religiosidade na América Portuguesa

Aprenda as diferenças entre o Colonialismo e o Neocolonialismo

Colégio Notre Dame de Lourdes - CNDL

Coleção Pitágoras
Segundo Ano - Segundo Bimestre
História Geral

Aprenda as diferenças entre o Colonialismo e o Neocolonialismo

O professor de história do CPV Eduardo Duique dá uma aula em vídeo sobre as diferenças entre colonialismo e neocolonialismo.

"Estamos falando de momentos diferentes da história, o colonialismo tem seu grande momento no século 16. O neocolonialismo se concentra nos séculos 19 e 20", diz. Enquanto o primeiro surge dentro do contexto do capitalismo comercial e mercantil e é estruturado e apoiado pelos estados absolutistas europeus da idade moderna, o neocolonialismo está relacionado à segunda revolução industrial e ao capitalismo financeiro e monopolista. O apoio, neste segundo, vem dos estados burgueses e liberais da Europa contemporânea, dos Estados Unidos da América e do Japão.

Confira a aula em vídeo.

O Neocolonialismo

A industrialização do continente europeu marcou um intenso processo de expansão econômica. O crescimento dos parques industriais e o acúmulo de capitais fizeram com que as grandes potências econômicas da Europa buscassem a ampliação de seus mercados e procurassem maiores quantidades de matéria-prima disponíveis a baixo custo. Foi nesse contexto que, a partir do século XIX, essas nações buscaram explorar regiões na África e Ásia.

Gradativamente, os governos europeus intervieram politicamente nessas regiões com o interesse de atender a demanda de seus grandes conglomerados industriais. Distinto do colonialismo do século XVI, essa nova modalidade de exploração pretendia fazer das áreas dominadas grandes mercados de consumo de seus bens industrializados e, ao mesmo tempo, pólos de fornecimento de matéria-prima. Além disso, o grande crescimento da população européia fez da dominação afro-asiática uma alternativa frente ao excedente populacional da Europa que, no século XIX, abrigava mais de 400 milhões de pessoas.

Apesar de contarem com grandes espaços de dominação, o controle das regiões alvo da prática neocolonial impulsionou um forte acirramento político entre as potências européias. Os monopólios comerciais almejados pelas grandes potências industriais fizeram do século XIX um período marcado por fortes tensões políticas. Em conseqüência à intensa disputa dos países europeus, o século XX abriu suas portas para o primeiro conflito mundial da era contemporânea.

Somado aos interesses de ordem político-econômica, a prática imperialista também buscou suas bases de sustentação ideológica. A teoria do darwinismo social, de Hebert Spencer, pregava que a Europa representava o ápice do desenvolvimento das sociedades humanas. Em contrapartida, a África e a Ásia eram um grande reduto de civilizações “infantis” e “primitivas”. Influenciado por esse mesmo conceito, o escritor britânico Rudyard Kipling defendia que o repasse dos “desenvolvidos” conceitos da cultura européia aos afro-asiáticos representava “o fardo do homem branco” no mundo.

Com relação à África, podemos destacar a realização da Conferência de Berlim (1884 – 1885) na qual várias potências européias reuniram-se com o objetivo de dividir os territórios coloniais no continente africano. Nessa região podemos destacar o marcante processo de dominação britânica, que garantiu monopólio sob o Canal de Suez, no Norte da África. Fazendo ligação entre os mares Mediterrâneo e Vermelho, essa grande construção foi de grande importância para as demandas econômicas do Império Britânico. Na região sul, os britânicos empreenderam a formação da União Sul-Africana graças às conquistas militares obtidas na Guerra dos Bôeres (1899 – 1902).

Na Índia, a presença britânica também figurava como uma das maiores potências coloniais da região. Após a vitória na Guerra dos Sete Anos (1756 – 1763), a Inglaterra conseguiu formar um vasto império marcado por uma pesada imposição de sua estrutura político-administrativa. A opressão inglesa foi alvo de uma revolta nativa que se deflagrou na Guerra dos Sipaios, ocorrida entre 1735 e 1741. Para contornar a situação, a Coroa Inglesa transformou a colônia indiana em parte do Império Britânico.

Resistindo historicamente ao processo de ocupação, desde o século XVI, o Japão conseguiu impedir por séculos a dominação de seus territórios. Somente na segunda metade do século XIX, que as tropas militares estadunidenses conseguiram forçar a abertura econômica japonesa. Com a entrada dos valores e conceitos da cultura ocidental no Japão, ocorreu uma reforma político-econômica que industrializou a economia e as instituições do país. Tal fato ficou conhecido como a Revolução Meiji.

Com tais reformas, o Japão saiu de sua condição econômica feudal para inserir-se nas disputas imperialistas. Em 1894, os japoneses declararam guerra à China e passaram a controlar a região da Manchúria. Igualmente interessados na exploração da mesma região, os russos disputaram a região chinesa na Guerra Russo-Japonesa, de 1904. Após confirmar a dominação sob a Manchúria, os japoneses também disputaram regiões do oceano Pacífico com os EUA, o que acarretou em conflitos entre essas potências, entre as décadas de 1930 e 1940.

Outras guerras e conflitos foram frutos do neocolonialismo. Entre elas, podemos inclusive destacar a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Por fim, percebemos que a solução obtida pelas nações industriais frente à questão de sua superprodução econômica teve conseqüências desastrosas. O imperialismo foi responsável por uma total desestruturação das culturas africanas e asiáticas. Na atualidade vemos que as guerras civis e os problemas sócio-econômicos dessas regiões dominadas têm íntima relação com a ação imperialista.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Saiba mais sobre a Independência da América Espanhola


CNDL - Colégio Notre Dame de Lourdes

Segundo Ano - História Geral

Segundo Bimestre

A independência da América Espanhola






O processo de independência da América Espanhola ocorreu em um conjunto de situações experimentadas ao longo do século XVIII. Nesse período observamos a ascensão de um novo conjunto de valores que questionava diretamente o pacto colonial e o autoritarismo das monarquias. O iluminismo defendia a liberdade dos povos e a queda dos regimes políticos que promovessem o privilégio de determinadas classes sociais.


Sem dúvida, a elite letrada da América espanhola inspirou-se no conjunto de idéias iluministas. A grande maioria desses intelectuais era de origem criolla, ou seja, filhos de espanhóis nascidos na América desprovidos de amplos direitos políticos nas grandes instituições do mundo colonial espanhol. Ao estarem politicamente excluídos, enxergavam no iluminismo uma resposta aos entraves legitimados pelo domínio espanhol, ali representado pelos chapetones.


Ao mesmo tempo em que existia toda essa efervescência ideológica em torno do iluminismo e o fim da colonização, a pesada rotina de trabalho dos índios, escravos e mestiços também contribuíram para o processo de independência. As péssimas condições de trabalho e a situação de miséria já havia, antes do processo definitivo de independência, mobilizando setores populares das colônias hispânicas. Dois claros exemplos dessa insatisfação puderam ser observados durante a Rebelião Tupac Amaru (1780/Peru) e o Movimento Comunero (1781/Nova Granada).


No final do século XVIII, ascensão de Napoleão frente o Estado francês e a demanda britânica e norte-americana pela expansão de seus mercados consumidores serão dois pontos cruciais para a independência. A França, pelo descumprimento do Bloqueio Continental, invadiu a Espanha desestabilizando a autoridade do governo sob as colônias. Além disso, Estados Unidos e Inglaterra tinham grandes interesses econômicos a serem alcançados com o fim do monopólio comercial espanhol na região. É nesse momento, no início do século XIX, que a mobilização ganha seus primeiros contornos. A restauração da autoridade colonial espanhola seria o estopim do levante capitaneado pelos criollos. Contando com o apoio financeiro anglo-americano os criollos convocam as populações coloniais a se rebelarem contra a Espanha. Os dois dos maiores líderes criollos da independência foram Simon Bolívar e José de San Martin. Organizando exércitos pelas porções norte e sul da América, ambos seqüenciaram a proclamação de independência de vários países latino-americanos.


No ano de 1826, com toda América Latina independente, as novas nações reuniram-se no Congresso do Panamá. Nele, Simon Bolívar defendia um amplo projeto de solidariedade e integração político-econômica entre as nações latino-americanas. No entanto, Estados Unidos e Inglaterra se opuseram a esse projeto que ameaçava seus interesses econômicos no continente. Com isso, a América Latina acabou mantendo-se fragmentada.


O desfecho do processo de independência, no entanto, não significou a radical transformação da situação sócio-econômica vivida pelas populações latino-americanas. A dependência econômica em relação às potências capitalistas e a manutenção dos privilégios das elites locais fizeram com que muitos dos problemas da antiga América Hispânica permanecessem presentes ao logo da História latino-americana.







Saiba mais sobre o processo de emancipação política da América Espanhola




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Conheça os aspectos da Independência política da América Espanhola








O professor de história do cursinho pH, Igor Vieira, dá uma aula sobre a independência da América Espanhola que ocorre nas primeiras décadas do século 19.


Segundo o professor, o movimento ocorre por uma sucessão de fatores: influência do pensamento iluminista que traz a ideia de liberdade, a Revolução Americana de 1776, a Revolução Francesa de 1789, o apoio da Inglaterra que almejava aumentar seu mercado consumidor e as Guerras Ibéricas. Vieira diz que o movimento foi liderado por duas importantes figuras históricas: San Martín, que liberta a parte sul do continente sul-americano; e Simón Bolívar, que atua na independência da região norte.


Confira aula completa em vídeo.





quarta-feira, 27 de abril de 2011

Aprenda mais sobre a Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

CNDL - Colégio Notre Dame de Lourdes
Terceiro Ano - História Geral
Segundo Bimestre

A competição imperialista e a Primeira Guerra Mundial
Introdução


Entre os anos de 1870 e 1914, o mundo vivia a euforia da chamada Belle Epóque (Bela Época). Do ponto de vista da burguesia dos grandes países industrializados, o planeta experimentava um tempo de progresso econômico e tecnológico. Confiantes de que a civilização atingira o ápice de suas potencialidades, os países ricos viviam a simples expectativa de disseminar seus paradigmas às nações menos desenvolvidas. Entretanto, todo esse otimismo encobria um sério conjunto de tensões.

Com o passar do tempo, a relação entre os maiores países industrializados se transformou em uma relação marcada pelo signo da disputa e da tensão. Nações como Itália, Alemanha e Japão, promoveram a modernização de suas economias. Com isso, a concorrência pelos territórios imperialistas acabava se acirrando a cada dia. Orientados pela lógica do lucro capitalista, as potências industriais disputavam cada palmo das matérias-primas e dos mercados consumidores mundiais.

Um dos primeiros sinais dessa vindoura crise se deu por meio de uma intensa corrida armamentista. Preocupados em manter e conquistar territórios, os países europeus investiam em uma pesada tecnologia de guerra e empreendia meios para engrossar as fileiras de seus exércitos. Nesse último aspecto, vale lembrar que a ideologia nacionalista alimentava um sentimento utópico de superioridade que abalava o bom entendimento entre as nações.

Outra importante experiência ligada a esse clima de rivalidade pôde ser observada com o desenvolvimento da chamada “política de alianças”. Através da assinatura de acordos político-militares, os países europeus se dividiram nos futuros blocos políticos que conduziriam a Primeira Guerra Mundial. Por fim, o Velho Mundo estava dividido entre a Tríplice Aliança – formada por Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália – e a Tríplice Entente – composta por Rússia, França e Inglaterra.

Mediante esse contexto, tínhamos formado o terrível “barril de pólvora” que explodiria com o início da guerra em 1914. Utilizando da disputa política pela região dos Bálcãs, a Europa detonou um conflito que inaugurava o temível poder de metralhadoras, submarinos, tanques, aviões e gases venenosos. Ao longo de quatro anos, a destruição e morte de milhares impuseram a revisão do antigo paradigma que lançava o mundo europeu como um modelo a ser seguido.



Alianças para a Primeira Guerra Mundial





Uma charge representando o tenso cenário político-militar que antecedeu a Primeira Guerra.


Os anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial não foram marcados por nenhum conflito entre as nações européias. No entanto, entre o final do século XIX e o início do século XX, as principais nações envolvidas nas disputas imperialistas realizaram uma grande corrida armamentista. A tecnologia bélica sofreu grandes avanços nessa época, e grande parte desses armamentos eram testados nas possessões coloniais espalhadas pelos continentes asiático e africano.

As potências imperialistas de maior porte, como Inglaterra e França, utilizavam das armas para conter as revoltas em suas zonas de dominação imperialista. Por outro lado, Itália e Alemanha – que possuíam domínios de menor riqueza – também participaram dessa corrida bélica com o objetivo de buscar novos domínios que atendessem suas ambições econômicas. A ampliação do arsenal das grandes potências não causou diretamente a guerra, mas configurou o cenário para a luta.

Antes de 1914, as nações européias realizaram um grande número de alianças que polarizaram as disputas econômicas entre as nações. No ano de 1882, a Alemanha, o Império Austro-Húngaro e a Itália formaram a chamada Tríplice Aliança. Nesse acordo ficava estabelecido que caso um dos países declarasse guerra, os demais envolvidos se comprometiam a permanecerem neutros. Além desse ponto, outras questões militares ficaram pré-estabelecidas.

Caso os franceses atacassem a Itália, austríacos e alemães deveriam apoiar a Itália em um provável confronto. Se a Alemanha fosse vítima de uma invasão militar francesa, somente a Itália seria obrigada a apoiar militarmente os alemães. Por fim, se qualquer um dos envolvidos desse tratado fosse afrontado por duas nações européias, os outros envolvidos deveriam apoiar o aliado com exércitos e armas.

Esses acordos que previam uma série de conflitos hipotéticos, de fato, podem ser vistos como conseqüência das disputas que ocorriam no período. Na África, os alemães procuravam controlar mercados anteriormente dominados pelos ingleses. A pressão econômica e colonial exercida pela Alemanha obrigou a Inglaterra a interromper seu longo isolamento em relação à França, até então sua maior concorrente comercial.

No ano de 1904, a Entente Cordial firmou um primeiro acordo entre Inglaterra e França. Segundo esse primeiro tratado, a Inglaterra teria total liberdade de exploração econômica na região do Egito, enquanto os franceses teriam seus interesses garantidos no Marrocos. A Alemanha não reconheceu esses acordos estabelecendo resistência à dominação francesa no Marrocos. Entre 1905 e 1911, aconteceram pequenos conflitos nas regiões de Agadir e Tanger.

No continente asiático, França e Inglaterra disputavam o controle de posições em territórios da atual Tailândia. Ao mesmo tempo, os ingleses tinham problemas com os interesses dos russos na exploração econômica de regiões do Oriente Médio, do Tibet e da Ásia Central. Em 1907, a intermediação diplomática francesa conseguiu equilibrar as disputas entre russos e britânicos.

O acordo entre essas três nações possibilitou a assinatura da Tríplice Entente. Essa aliança estabeleceu um processo de polarização política, militar e econômica entre as grandes potências européias. Nesse contexto se institui a chamada “paz armada”, um equilíbrio diplomático que poderia se esfacelar ao menor conflito que pudesse justificar a luta direta entre as duas alianças formadas. Foi quando, em 1914, um incidente terrorista nos bálcãs despertou as rivalidades historicamente fomentadas.




Saiba quais fatores provocaram a primeira guerra mundial





A vida nas trincheiras




A vida nas trincheiras mostra uma das mais terríveis faces da Primeira Guerra Mundial.



Antes que a Primeira Guerra Mundial acontecesse, as várias nações envolvidas neste conflito se preparavam com uma opulenta tecnologia militar. Dessa forma, quando a “Grande Guerra” eclodiu, em 1914, o tempo de movimentação das tropas durou muito pouco tempo. Estava claro que ambos os lados eram belicamente poderosos e que o menor avanço territorial só aconteceria ao custo de milhares de vidas.

Dessa forma, os soldados de ambos os lados passaram a cavar trincheiras de onde tentavam, ao mesmo tempo, se proteger e atacar. Geralmente, uma trincheira era aberta pela tropa e contava com cerca de 2,30 metros de profundidade, por dois metros de largura. No ponto mais alto, eram colocados sacos de areia e arames farpados que protegeriam os soldados das balas e dos estilhaços das bombas. Além disso, um degrau interno chamado “fire step” permitia a observação dos inimigos.

Para que as tropas inimigas não conseguissem conquistar uma trincheira em um único ataque, os soldados tinham o cuidado de não construí-las em linha reta. Trincheiras auxiliares e perpendiculares também eram construídas para que o tempo de reação a um ataque fosse ampliado. Apesar da proteção, uma bomba certeira ou uma rajada de tiros oportuna poderia deixar vários soldados feridos. As mortes repentinas e os ataques inesperados eram constantes.

Além do poder das armas, a própria trincheira era outra inimiga para os soldados que se amotinavam naquele espaço insalubre. Os mortos que se acumulavam nas trincheiras eram um grande chamariz para os ratos que se alimentavam da carne pútrida dos corpos. Entre as doenças usualmente contraídas nas trincheiras se destacavam a “febre de trincheira”, reconhecida por fortes dores no corpo e febre alta; e o “pé de trincheira”, uma espécie de micose que poderia resultar em gangrena e amputação.

Entre duas trincheiras inimigas ficava a chamada “terra de ninguém”, onde arame farpado e corpos em decomposição eram bastante recorrentes. A presença naquele território era bastante arriscada e só acontecia pelo uso de frentes muito bem armadas. Geralmente, um soldado assumia várias funções no campo de batalha, tendo suas forças utilizadas para o combate, a manutenção das tropas, o apoio reserva e nos terríveis dias que passavam na própria trincheira.

Mais que uma simples estratégia militar, as trincheiras representavam intensamente os horrores vividos ao longo da Primeira Guerra Mundial. Submetidos a condições de vidas extremas, milhares de soldados morreram em prol de um conflito em que a competição imperialista era sua razão maior. Pela primeira vez, a capacidade dos homens matarem atingiu patamares que abalavam aquela imagem de razão e prosperidade que justificava o capitalismo monopolista.



Fases da Primeira Guerra Mundial


Primeira Fase: (1914). Esse período caracterizou-se por movimentos rápidos envolvendo grandes exércitos. Certo de que venceria a guerra em pouco tempo, o exército alemão invadiu a Bélgica, e, depois de suplantá-la, penetrou no território francês até as proximidades de Paris. Os franceses contra-atacaram e, na Primeira Batalha do Marne, em setembro de 1914, conseguiram deter o avanço alemão.

Segunda Fase: (1915-1916) Na frente ocidental, essa fase foi marcada pela guerra de trincheiras: os exércitos defendiam suas posições utilizando-se de uma extensa rede de trincheiras que eles próprios cavavam. Enquanto isso, na frente oriental, o exército alemão impunha sucessivas derrotas ao mal-treinado e muito mal-armado exército russo. Apesar disso, entretanto, não teve fôlego para conquistar a Rússia. Em 1915, a Itália, que até então se mantivera neutra, traiu a aliança que fizera com a Alemanha e entrou na guerra ao lado da Tríplice Entente. Ao mesmo tempo que foi se alastrando, o conflito tornou-se cada vez mais trágico. Novas armas, como o canhão de tiro rápido, o gás venenoso, o lança-chamas, o avião e o submarino, faziam um número crescente de vítimas.

Terceira fase: (1917-1918). Em 1917, primeiro ano dessa nova fase, ocorreram dois fatos decisivos para o desfecho da guerra: a entrada dos Estados Unidos no conflito e a saída da Rússia. Os Estados Unidos entraram na guerra ao lado da Inglaterra e da França. Esse apoio tem uma explicação simples: os americanos tinham feitos grandes investimentos nesses países e queriam assegurar o seu retorno. Outras nações também se envolveram na guerra. Turquia e Bulgária juntaram-se à Tríplice Aliança, enquanto Japão, Portugal, Romênia, Grécia, Brasil, Canadá e Argentina colocaram-se ao lado da Entente. A saída da Rússia da guerra está relacionada

à revolução socialista ocorrida em seu território no final de 1917.

O novo governo alegou que a guerra era imperialista e que o seu país tinha muitos problemas internos para resolver. A Alemanha, então, jogou sua última cartada, avançando sobre a França antes da chegado dos norte-americanos à Europa. Entretanto, os alemães foram novamente detidos na Segunda Batalha do Marne e forçados a recuar. A partir desse recuo, os países da Entente foram impondo sucessivas derrotas aos seus inimigos. A Alemanha ainda resistia quando foi sacudida por uma rebelião interna, que forçou o imperador Guilherme II a abdicar em 9 de novembro de 1918. Assumindo o poder imediatamente, o novo governo alemão substituiu a Monarquia pela República. Dois dias depois rendeu-se, assinando um documento que declarava a guerra terminada.



Os EUA na Primeira Guerra Mundial


A entrada dos EUA teve grande influência no desfecho da Primeira Guerra Mundial.



Em 1914, o estouro da Primeira Guerra Mundial determinou o consumo de uma tensão que se desenvolvia entre as nações da Europa desde o século XIX. Antes da guerra, os Estados Unidos defendiam a política de “portas abertas” como a melhor solução para a forte concorrência imperialista. Nesse âmbito, as autoridades do governo dos EUA acreditavam que todos os imperialistas tinham direitos iguais na exploração dos territórios afro-asiáticos.

Apesar dessa premissa conciliadora, os países europeus preferiam a guerra como solução. Nesse novo contexto, os Estados Unidos passaram a lucrar à custa da Primeira Guerra Mundial. Em um curto espaço do tempo, as nações europeias necessitavam de enormes quantidades de alimentos e armas para o conflito. Mesmo que permanecendo neutro, por uma questão de interesse e afinidade, o governo norte-americano exportava seus produtos apenas às nações integrantes da Tríplice Entente.

O comportamento solidário dos EUA logo se aprofundou, principalmente quando observamos o empréstimo de recursos financeiros para a guerra na Europa. Até esse momento, o conflito se transformava em um evento bastante lucrativo e benéfico para a economia norte-americana. No âmbito político, os Estados Unidos esperavam que a nação pudesse se fortalecer ainda mais ao possivelmente assumir a condição de intermediadora dos tratados de paz.

Tais projeções mudariam de rumo no ano de 1917. Naquele ano, os russos abandonaram a Tríplice Entente com o desenvolvimento da Revolução Russa. Para as potências centrais, essa seria a oportunidade ideal para vencer o conflito. Não por acaso, os alemães puseram em ação um ousado plano de atacar as embarcações que fornecessem mantimentos e armas para a Inglaterra. Nesse contexto, navios norte-americanos foram alvejados pelos submarinos da Alemanha.

Nesse momento a neutralidade norte-americana se tornava insustentável por duas razões fundamentais. Primeiramente, porque a perda das embarcações representava uma clara provocação que exigia uma resposta mais incisiva do governo americano. Além disso, a saída dos russos aumentava o risco da Tríplice Entente ser derrotada e, consequentemente, dos banqueiros estadunidenses não receberem as enormes quantidades de dinheiro emprestado aos países em guerra.

No dia 6 de abril de 1917, os Estados Unidos declararam guerra contra os alemães e seus aliados. Um grande volume de soldados, tanques, navios e aviões de guerra foram utilizados para que a vitória da Entente fosse assegurada. Em pouco tempo, as tropas alemãs e austríacas foram derrotadas. Em novembro de 1918, o armistício de Compiègne acertou a retirada dos alemães e a rápida vitória da Tríplice Entente.



O Tratado de Versalhes





O Tratado de Versalhes foi um acordo que abriu portas para uma nova Guerra Mundial.




A vitória da Tríplice Entente nos conflitos da Primeira Guerra (1914 – 1918) estipulou os acordos a serem assinados pelas nações derrotadas. A Alemanha, considerada a principal culpada pelos conflitos, foi obrigada a aceitar as imposições do Tratado de Versalhes, assinado em Paris, no mês junho de 1919. Em linhas gerais, o Estado alemão perdeu parte de seus territórios, zonas de exploração mineral e seus domínios coloniais. Além disso, as outras nações da Tríplice Aliança foram alvos de punição.

A Alemanha foi obrigada a devolver a região da Alsácia-Lorena para as mãos dos franceses. Os russos tiveram que reconhecer a independência da Polônia, que ainda foi agraciada com o corredor polonês (limite territorial que dava ao país uma saída para o mar). As colônias alemãs no continente africano foram divididas entre Inglaterra, Bélgica e França. Os outros domínios na região do Pacífico foram partilhados pelo Japão e Inglaterra.

Para evitar uma possível revanche e conter a mesma corrida armamentista que possibilitou a Primeira Guerra, esse mesmo tratado forçou o desarmamento alemão. O exército alemão não mais poderia ser formado através de alistamento obrigatório e suas tropas não poderiam ultrapassar o limite de 100 mil soldados. A força militar alemã não teria nenhum tipo de artilharia pesada e uma comissão seria responsável por impedir a criação de indústrias bélicas na Alemanha.

Não bastando todas essas restrições, os vencedores impuseram uma indenização astronômica aos cofres alemães. A Alemanha deveria pagar cerca de 270 milhões de marcos-ouro aos países aliados. Além disso, outras multas foram estipuladas para o pagamento de pensões às viúvas, mutilados e órfãos. A maior parte destas indenizações estipuladas foi concedida aos franceses.

Ao contrário de assegurar a paz, o Tratado de Versalhes foi visto como a grande motivação para uma Segunda Guerra Mundial. Seu caráter visivelmente punitivo alimentou o sentimento revanchista que abriu espaço para a ascensão dos estados nazi-fascistas na Europa. Alemanha e Itália foram tomadas por tais governos que, entre outros pontos, defendiam que a soberania nacional de seus países teria sido desonrada pelas medidas humilhantes do tratado.



Consequências da Primeira Guerra Mundial



Os acordos que deveriam dar fim aos conflitos da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) serviram para que um clima de rivalidades se agravasse ao longo do período do Entre-guerras. A imposição de multas e sanções extremamente pesadas não conseguiu fazer com que o equilíbrio político real fosse alcançado entre as potências econômicas mundiais. Grosso modo, podemos afirmar que a Primeira Guerra pavimentou as possibilidades para a ocorrência de um novo conflito internacional.

Mesmo posando ao lado dos vencedores, a Itália saiu frustrada do conflito ao não receber os ganhos materiais que esperava. Na Alemanha, onde as mais pesadas sanções do Tratado de Versalhes foram instituídas, a economia viveu em franca decadência e os índices inflacionários alcançaram valores exorbitantes. Esse contexto de declínio e degradação acabou criando chances para que Itália e Alemanha fossem dominadas por regimes marcados pelo nacionalismo extremo e a franca expansão militar.

A Sociedade das Nações, órgão internacional incumbido de manter a paz, não conseguiu cumprir seu papel. O Japão impôs um projeto expansionista que culminou com a ocupação da Manchúria. Os alemães passaram a descumprir paulatinamente as exigências impostas pelos Tratados de Versalhes e realizaram a ocupação da região da Renânia. Enquanto isso, os italianos aproveitaram da nova situação para realizar a invasão à Etiópia.

O equilíbrio almejado pelos países também foi impedido pela crise econômica que devastou o sistema capitalista no ano de 1929. Sem condições de impor seus interesses contra os alemães e italianos, as grandes nações européias passaram a ceder espaço aos interesses dos governos totalitários. Aproveitando dessa situação, os regimes de Hitler e Mussolini incentivaram a expansão de uma indústria bélica que utilizou a Guerra Civil Espanhola como “palco de ensaios” para um novo conflito mundial.

Fortalecidas nessa nova conjuntura política, Itália, Alemanha e Japão começaram a engendrar os primeiros passos de uma guerra ainda mais sangrenta e devastadora. A tão sonhada paz escoava pelo ralo das contradições de uma guerra sustentada pelas contradições impostas pelo capitalismo concorrencial. Por fim, o ano de 1939 seria o estopim de antigas disputas que não conseguiram ser superadas com o trágico saldo da Primeira Guerra.



Por: Rainer Sousa
Mestre em História
Equipe Brasil Escola




Confira um resumo sobre o que você acabou de estudar



quinta-feira, 21 de abril de 2011

Conheça as características do Período Regencial

CNDL - Colégio Notre Dame de Lourdes
Terceiro Ano
História do Brasil
Segundo Bimestre


Período Regencial e o golpe da maioridade








Quando da abdicação, o legítimo sucesso de D. Pedro I, seu filho Pedro de Alcântara, tinha apenas cinco ano. A Constituição de 1824 determinava que, durante a menoridade do herdeiro, o império seria governado por regência.







A Abdicação de D. Pedro I deu início ao Período Regencial.





Aclamação de D Pedro II em 9 de abril de 1831, por Debret







Pedro II e suas irmãs, durante a menoridade.





Durante os nove anos de regência, formaram-se quatro governos; no plano econômico, houve o início da superação da crise do governo de D. Pedro I e voltaram a crescer as exportações agrícolas, impulsionadas pelo comércio do café.





PERÍODO REGENCIAL (1831 – 1840)





A abdicação de D.Pedro I gerou um clima de euforia entre políticos brasileiros. Muitos acreditavam que era possível iniciar uma série de mudanças na vida política do país. Era a verdadeira comemoração da independência. Por outro lado, era necessário tomar cuidado para que a ausência de um poder central forte não determinasse uma onda de revoltas.





Nas províncias de um modo geral havia um profundo descontentamento em relação ao centralismo político-administrativo do Império no Rio de Janeiro. Tal descontentamento foi motivo para várias revoltas, algumas de caráter social, pelo abandono a que estavam relegadas as populações das regiões mais distantes dos centros decisórios da nação.





Assim que D.Pedro abdicou, formaram-se no país três grupos políticos:





Moderados: defendiam uma monarquia constitucional representativa, formado principalmente por grandes proprietários de terras.



Exaltados: defendiam princípios federalistas e republicanos, formado por classes urbanas.



Restauradores: defendiam o absolutismo e a volta de D.Pedro, formado por portugueses radicados no Brasil.







Pela Constituição de 1824, na falta de Imperador e na impossibilidade do herdeiro assumir, seriam escolhidos três regentes para governar até a posse do herdeiro legítimo





Regência Trina Provisória (1831)





Quando D.Pedro abdicou, a Assembléia estava em férias, e deputados e senadores que estavam na capital escolherem regentes de caráter provisório. Os três escolhidos eram de tendências conservadoras, sendo dois do partido moderado – Nicolau Campo Vargueiro e Brigadeiro Francisco de Lima e Silva – e um do partido restaurado – José Joaquim Carneiro de Campos ( Marquês de Caravelas).





Essa regência governou o país por pouco mais de dois meses. Apesar do pouco tempo, algumas decisões importantes foram tomadas no período. Houve a reintegração do Ministério Brasileiro, restringiu-se o poder moderador e foi concedida anistia aos presos políticos. Ao mesmo tempo, exaltados e restauradores envolviam-se em conflitos e revoltas na capital do país.





Regência Permanente (1831/1835)





Na escolha dos regentes permanentes os moderados, então no poder, deram prioridade para a conciliação geográfica de forma a permitir a participação de políticos tanto do sul quanto do norte/nordeste.





A regência permanente contou com a participação do Brigadeiro Francisco de Lima e Silva e o deputado José da Costa Carvalho – representando a aristocracia agrária do sul – e João Braúlio Muniz – representando a aristocracia agrária do nordeste.





O clima de agitação que tomava conta do país exigia que o ministério da Justiça responsável pela manutenção da ordem, fosse ocupado por alguém de bastante expressão e capacidade. O escolhido, o padre Diogo Antonio Feijó, recebeu amplos poderes para sufocar as rebeliões que se espalhavam pelo país.







Feijó criou a Guarda Nacional, em 1832, que tinha como objetivos: diminuir a área de atuação do exército – foco de exaltados – e aumentar o poder dos proprietários, já que os membros da Guarda deveriam ser proprietários de terras. Além de fazerem parte da Guarda os proprietários deveriam prover capital para a manutenção das tropas. Isto fez com que Feijó criasse a titulação de Coronel para os proprietários que auxiliassem no empreendimento.







Porém Feijó acabou se desentendo com José Bonifácio, político de grande expressão no cenário nacional, e acabou sendo destituído do cargo de ministro da Justiça.





Outro tema bastante frequente nos debates parlamentares era a necessidade de reforma constitucional. Exaltados e Moderados sabiam das limitações da Constituição de 1824. No entanto, havia sérias divergências entre eles, pois os exaltados queriam implantar suas idéias federalistas enquanto os moderados defendiam o centralismo. Como todas as decisões passavam pela aprovação do Senado e este era um reduto de restauradores, houve um acordo entre os três grupos e, em agosto de 1834 foram aprovadas as reformas por meio de um Ato Adicional na Constituição, que tinha como principais atributos:.





criação das Assembléias Legislativas Provinciais.



extinção do Conselho de Estado ou Conselho de Procuradores das Províncias.



a cidade do Rio de Janeiro, capital do Império, tornou-se município neutro.



o Senado continuou sendo vitalício.



a Regência UNA, eleita pelo voto direto.



O Ato Adicional cumpri então seu papel de conciliação, cedendo autonomia para as províncias como queriam os exaltados, extinguindo o Conselho de Estado como queriam os moderados e mantendo a vitaliciedade do Senado como queriam os Restauradores.





A morte de Dom Pedro, em Paris, alterou a estrutura dos partidos brasileiros. Os restauradores se uniram a alguns moderados formando o partido Conservador. Os exaltados e alguns moderados descontentes se uniram e formaram o partido Liberal. Estes dois partidos a partir de 1834, vão disputar pelo poder político até a Proclamação da República em 1889.





Regência do Padre Feijó (1835/1837)







Padre Diogo Antônio Feijó, regente de 1835 a 1837.



O governo do padre Feijó foi agitado. Eleito pelo partido liberal com uma pequena vantagem, Feijó não conseguiu base parlamentar para desenvolver seu governo. Nas eleições parlamentares de 1836, os conservadores estabeleceram maioria na Câmara. Sofrendo forte oposição na Câmara, Feijó encontrava muitas dificuldades para governar o país. Além disso, duas grandes revoltas provinciais ocorreram durante seu governo: a Farroupilha, no Rio Grande do Sul e a Cabanagem, no Pará.





Isolado politicamente, atacado pela Câmara, incapaz de sufocar as revoltas que se espalhavam pelo país e adoentado, Feijó renunciou ao mandato em 1837. Seu substituto foi o conservador Araújo Lima.





Regência de Araújo Lima







Araújo Lima, regente uno de 1838 a 1840.



Durante sua regência foram levadas a efeito as mudanças políticas que fortaleceram os conservadores no poder: criou-se a Lei da Interpretação do Ato Adicional, que tinha como objetivo limitar o poder das Assembléias Provinciais.





Mesmo com todas as condições para exercer o controle do poder, Araújo Lima não conseguiu evitar a eclosão de mais duas revoltas: a Sabinada, na Bahia e a Balaiada, no Maranhão.





Na medida que revoltas se sucediam pelo país, crescia a idéia para solucionar tantas revoltas, protestos e manifestações: era a ascensão de Pedro de Alcântara ao poder. No entanto, o herdeiro não possuía poder e idade necessária para assumir o trono.





Os liberais perceberam a chance de voltar ao poder e fundaram o Clube da Maioridade. Apresentava-se a proposta de emancipação de Pedro de Alcântara como solução para as manifestações separatistas que assolavam o país. Indagado pelo regente sobre sua disposição em assumir a Coroa antecipadamente, Pedro teria respondido: “quero já!!”. Aprovada a antecipação pela Câmara, o imperador foi coroado em julho de 1840, com 15 anos de idade.







Revoltas Regenciais





















Cabanagem – Pará (1835 – 1840)





A população do Pará vivia isolada do restante do país até pela geografia da região. As condições miseráveis em que vivia a população ribeirinha (cabanos) já havia provocado vários protestos e manifestações, como a que fora reprimida por Grenfell em 1823, quando da luta pelo reconhecimento da independência.





Em 1834 iniciou-se em Belém uma grande revolta popular, sob a liderança dos irmãos Vinagre (Francisco Pedro, Antonio Raimundo e José). Cercando o palácio do governo os revoltosos mataram o presidente de província, Bernardo de Souza Lobo e, instituem Clemente Malcher como o novo governador.





Declarando-se fiel ao imperador e prometendo governar até a maioridade de D.Pedro, Malcher passou a reprimir os elementos mais radicais dos cabanos. Novamente a revolta tomou conta de Belém, Malcher foi deposto e morto. O poder foi entregue a Francisco Pedro Vinagre.





Francisco Pedro não conseguiu pacificar a região e o governo regencial enviou tropas para pôr fim ao conflito. A aproximação de tropas determinou uma onda de saques e depredações, principalmente contra estabelecimentos pertencentes a portugueses.





Chegou então a Belém um forte contingente militar comandado por Francisco José Soares de Andréia, que conseguiu tomar a cidade. Os cabanos ainda resistiram no interior, porém aos poucos vão sendo derrotados e dizimados. Cerca de trinta mil pessoas morreram e, apesar da falta de orientação que caracterizou o movimento, os cabanos conseguiram exercer o controle provincial por algum tempo.





Balaiada – Maranhão (1838 – 1840)





Também no Maranhão a população havia participado ativamente do processo de expulsão das autoridades portuguesas durante as lutas pela independência em 1823. Porém, como em outras regiões, reinava um clima de decepção, pois a independência não conseguira melhorar as condições de vida da população nem a economia da região.





A luta política no Maranhão era travada entre dois grupos políticos: os bem-te-vis – liberais exaltados- e os cabanos – conservadores. Em muitas ocasiões a luta deixava de ser política e passava a ser armada. Após cada eleição sucediam-se os crimes políticos.





A maior parte da população do Maranhão era composta de negros e pequenos agricultores. Muitos negros aproveitavam-se da instabilidade reinante na região para fugir e formar quilombos. Os pequenos agricultores “sertanejos”, em geral, mulatos, eram a base das tropas que lutavam em defesa das facções políticas da região. Muitos grupos de sertanejos agiam de forma autônoma, invadindo fazendas e roubando gado. Em dezembro de 1838, o líder de um desses grupos, Raimundo Gomes, atacou uma cadeia no interior do Maranhão para libertar seu irmão. Receberam a adesão do grupo de Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, o Balaio, e do negro Cosme Bento, que liderava 3 mil negros. Em 1839 o grupo conseguiu tomar a cidade de Caxias, então capital do Maranhão, invadindo posteriormente outras localidades.





Em 1840 foi nomeado o então coronel Luís Alves de Lima e Silva como presidente do Maranhão com o objetivo de reprimir a revolta. Apoiado nos fazendeiros da região e aproveitando-se das rivalidades existentes entre os grupos de rebeldes, iniciou uma violenta repressão. Com a morte de Balaio, a rendição de Raimundo Gomes e a prisão de Cosme Bento, Luís Alves de Lima e Silva foi condecorado com o título de “Barão de Caxias” pelo imperador.









Sabinada – Bahia (1837 – 1840)







A Bahia foi uma região brasileira onde a luta pela independência travou-se de forma mais intensa. Com forte participação popular, as tropas portuguesas foram expulsas. Porém, com o passar do tempo a população percebeu que pouca coisa havia mudado com a independência. Assim, várias manifestações de descontentamento ocorreram durante o 1º Reinado e mesmo no início do período regencial.







Em 1835, ocorreu a revolta dos malês, escravos de origem sudanesa que professavam a fé islâmica. Milhares de negros e mestiços espalharam o pânico entre os proprietários de terras. A revolta foi duramente reprimida.







Em 1837, em Salvador, ocorreu um levante popular e de profissionais liberais liderados pelo médico Francisco Sabino da Rocha Vieira. Os revoltosos defendiam a separação temporária da Bahia até que D.Pedro assumisse o trono. O movimento, porém, restringia-se a Salvador.







Preocupado com a possibilidade de expansão do movimento, o regente Araújo Lima determinou uma violenta repressão apoiada pelos senhores de terra e de engenhos da Bahia. Os principais líderes do movimento foram mortos.







Farroupilha – Rio Grande Do Sul (1835 – 1845)







O Rio Grande do Sul teve sua formação econômica voltada para o atendimento das necessidades do mercado interno. Sua produção de charque e couro abastecia as regiões agro-exportadoras do país.














Desde a independência, porém, a economia rio-grandense enfrentava sérios problemas. Havia uma pesada tributação sobre os produtos da região ao mesmo tempo em que as taxas de importação baixavam. Assim, os grandes proprietários rurais preferiam adquirir produtos importados do mercado platino, especialmente a Argentina, do que os produtos do Rio Grande do Sul. Por outro lado, a produção gaúcha baseava-se no trabalho livre e progredia sempre.





Desenvolveu-se, assim, entre os pecuaristas gaúchos, um forte sentimento em defesa de seus interesses que se confundia com uma formação histórica diferenciada e com o republicanismo próprio da área platina. Organizados em sua Assembléia Legislativa, os políticos rio-grandenses passaram a opor-se aos presidentes provinciais nomeados pelo governo regencial. Liderados por Bento Gonçalves, os farrapos ou farroupilhas, como eram chamados os revoltosos, invadiram Porto Alegre e destituíram o presidente da província. Tinha início a mais duradoura revolta histórica do país.





Em 1836 proclamou-se a República do Piratini, no Rio Grande do Sul. Os combates com as forças legalistas se acirraram. Bento Gonçalves foi preso e enviado para a Bahia de onde fugiu ajudado pelos baianos radicais da Sabinada.





Em 1837 os revoltosos passaram a contar com a ajuda do revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi que, juntamente com Davi Canabarro, invadiram Santa Catarina, dominando Laguna, onde proclamaram a República Juliana. O movimento atingia seu ponto máximo.





Entretanto, isolados do país passaram a enfrentar sérias dificuldades econômicas com a queda de venda de charque e couro. Com a ascensão e coroação de D.Pedro II, tentou-se pacificar a região, sem sucesso, porém. Em 1842 foi nomeado presidente da província Luís Alves de Lima e Silva, o Barão de Caxias, que já havia sufocado a Balaiada no Maranhão e a Revolução Liberal em São Paulo e Minas Gerais. Caxias conseguiu o fim da revolta negociando com os revoltosos. O governo central fez inúmeras concessões aos farrapos: anistia geral, incorporação dos soldados e oficiais ao exército imperial, devolução de terras confiscadas e libertação dos escravos que lutaram ao lado dos revoltosos.






Conheça as principais características do Período Regencial (1831-1840)














quarta-feira, 20 de abril de 2011

Saiba mais sobre o Primeiro Reinado (1822-1831)

CNDL - Colégio Notre Dame de Lourdes
Terceiro Ano - Primeiro Bimestre
Coleção Pitágoras
O Primeiro Reinado (1822-1831)







As guerras da independência - a manutenção da unidade territorial






Apesar de a independência brasileira ter sido articulada por uma elite e a ordem socioeconômica não ter sofrido alterações, várias províncias brasileiras enfrentaram a resistência portuguesa na Bahia, no Grão-Pará, no Maranhão e no Piauí. Nessas províncias, os governos se opuseram à separação entre Brasil e Portugal, levando ao conflito as tropas brasileiras (auxiliadas pelos ingleses e pelos franceses) e as tropas portuguesas. Esses conflitos garantiram a unidade territorial brasileira. Somente a província Cisplatina, anexada ao Brasil por D. João VI em 1816, obteve sua independência política em 1828 durante o governo de D. Pedro I, constituindo a República Oriental do Uruguai.






O reconhecimento externo da independência - a dependência em relação ao capital inglês






Como um ato de coerência com a Doutrina Monroe ("América para os americanos"), os Estados Unidos, procurando barrar a intervenção recolonizadora europeia no continente americano e pretendendo ampliar sua hegemonia comercial no continente, foram os primeiros a reconhecer a independência brasileira.



Na Europa, em contrapartida, havia resistência de alguns países ao reconhecimento de nossa independência. O motivo é que a independência brasileira ocorreu em meio à reação das nações europeias, reunidas no Congresso de Viena (marcado pelo reacionarismo político que se seguiu à derrota de Napoleão), que procuravam neutralizar os princípios liberais da Revolução Francesa e o avanço das ideias emancipacionistas na América. As nações europeias, reunidas no Congresso, defendiam o regime monárquico de direito divino e, por legítimo, o governo dirigido por uma dinastia tradicional e hereditária. Portanto, o reconhecimento internacional de nossa independência foi dificultado, não podendo, a princípio, contar com a simpatia das nações europeias.



A Inglaterra, contudo, interessada na consolidaçã das vantagens comerciais alcançadas com os tratados de 1810, mediou o reconhecimento de nossa independência com Portugal. O Brasil se comprometeu a pagar à antiga metrópole uma indenização de dois milhões de libras, valor que tomou de empréstimo à Inglaterra, e a conceder a D. João VI o título honorário de Imperador do Brasil. Ademais, os ingleses conseguiram que o governo brasileiro renovasse por mais quinze anos os privilégios alfandegários em relação aos seus produtos (Tratado de Aliança, Comércio e Amizade). O acordo manteria, a tarifa preferencial de 15% sobre os produtos ingleses, e para as mercadorias de outros países os de 24% e o Brasil se comprometeria a extinguir o tráfico negreiro no prazo de três anos, o que contrariava os interesses das elites escravistas e proprietáris nacionais.



A concorrência industrial inglesa inviabilizou o desenvolvimento da nossa produção interna e provocou um crescente déficit em nosso comércio externo, fazendo com que o país permanecesse dependente do capitalismo britânico.






A primeira Constituição brasileira (1824) - exclusão política e centralismo






A fim de organizar o novo Estado independente, D. Pedro I convocou, em junho de 1822, a Assembleia Constituinte, que se reuniu, finalmente, em maio de 1823. Os membros dessa assembleia eram pertencentes à elite dirigente do país, vinda das províncias: bacharéis, magistrados, padrees, além de militares, médicos e fazendeiros.



Na abertura dos trabalhos da Constituinte, D. Pedro I deixou claras suas tendências autoritárias ao informar:



Quero uma Constituição que seja digna do Brasil e de mim, Assim, ao longo dos trabalhos as divergênciaas políticas entre monarquistas centralizadores e liberais radicais afloraram. As questões sociais não entraram nas pautas de discussão, mas, sim, a questão da legitimidade do poder monárquico. A maioria dos deputados constituintes defendia a monarquia constitucional que garantisse os direitos individuais e limitasse os poderes do imperador, sem, contudo, pôr fima ao latifúndio e à escravidão.



O grupo do partido brasileiro, adepto da Contituição soberana, dominava a Constituinte. Assim, em setembro de 1823, o deputado Antônio Carlos Andrada apresentou um anteprojeto constitucinal que previa o voto censitário (de acordo com a renda), a restrição do poder do imperador (fortalecimento e soberania do Poder Legislativo) que ficava impedido de dissolver o Parlamento. O povo, ironicamente, chamou o anteprojeto de Constituição da mandioca, pois ela, além de atender aos interesses da aristocracia rura e de manter o regime de trabalho escravo e a grande propriedade, determinava que só poderiam ser eleitores os maiores de 21 anos de idade, do sexo masculino e com uma renda mínima, medida em alqueires de mandioca.



A valorização do Poder Legislativo, em prejuízo do Poder do Imperador, e as críticas oposicionistas veiculadas nos jornais ligados aos irmãos Andradas levaram D. Pedro I a utilizar a força militar dissolvendo a Assembleia Constituinte e outorgando (impondo) à Nação a primeira Constituição Brasileira (25/03/1824). Vários deputados foram presos.



A Constituição outorgada, conservadora e absolutista de 1824 estabelecia



* uma monarquia constitucional, hereditária e vitalícia, sob a forma imperial;



* o voto indireto, descoberto, censitário e extensivo aos analfabetos;



* a eleição em duas etapas: eleitores de paróquias e eleitores de províncias;



* o catolicismo como religião oficial e a Igreja Católica subordinada ao Estado;



* o Legislativo bicameral (Senado vitalício e Câmara dos deputados);



* a criação do quarto poder: o Poder Moderador (exclusivo do imperador, assessorado por um Conselho de Estado por ele nomeado);



* o poder do imperador de nomear ou destituir os presidentes de províncias, sancionar e vetar atos do Poder Legislativo, dissolver a Câmara;



* a instituição da instrução pública gratuita a todos os cidadãos;



* o fim dos açoites, da tortura, da marca de ferro quente e de todas as penas mais cruéis.






Do ponto de vista político, a Constituição de 1824 excluía deliberadamente a maioria da população brasileira do exercício da cidadania, fazendo uma distinção nítida entre sociedade civil e sociedade política. Apesar do princípio jurídico de que "todos são iguais perante a lei", o voto era concedido àqueles a quem a sociedade julgava poder confiar a sua preservação, e a escravidão permanecia.






A Confederação do Equador - o sentimento autonomista, antiabsolutista e republicano do Nordeste






Reagindo à dissolução da Constituinte e à imposição de uma Constituição que nao fora votada por ninguém, os pernambucanos anunciaram a 2 de julho de 1824 a criação da Confederação do Equador, juntamente com Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O inimigo era o centralismo político e o autoritarismo do imperador, somados às dificuldades econômicas regionais, provocadas pela crise de produtos, como o açúcar e o algodão e aos crescentes impostos. O objetivo era proclamar uma república federativa. Quatro palavras da bandeira da Confederação traduziam o caráter separatista, urbano e popular do movimento: Independência, União, Liberdade e Religião. Além disso, o direito do imperador de nomear os presidentes das províncias não agradava à população pernambucana.



A ideia de abolir a escravidão, defendida por alguns líderes, ameaçava a elite latifundiária nordestina (que retirou o apoio à revolução), temerosa de que no Nordeste acontecesse o mesmo que no Haiti, onde os negros lideraram o movimento de independência.



D. Pedro I reprimiu a rebelião das províncias, contando com empréstimos feitos à Inglaterra, mandou prender adeptos e fuzilar o seu principal líder, o padre carmelita Frei Caneca.






A insatisfação popular e a abdicação de D. Pedro I






A forma autoritária como D. Pedro I conduziu o seu governo (imposição da Constituição e subordinação do Legislativo), o endividamento externo, a política econômico-financeira incompetente (aumento das importações e falência do Banco do Brasil), os gastos públicos para reprimir a luta de independência da Província Cisplatina e a Confederação do Equador, o aumento do custo de vida da população e o aumento da inflação, o aumento de jornais oposicionistas (A Sentinela da Liberdade, de Cipriano Barata; Aurora Fluminense, de Evaristo da Veiga; Observatório Constitucional, de Líbero Badaró) e o anseio de maior autonomia das províncias, entre outros fatores, constribuíram para desgastar a imagem do imperador junto à população, levando à sua renúncia ao trono brasileiro.



Um outro complicador que contribuiu para desgastar a imagem de D. Pedro I foi a questão sucessória ao trono português. Com a morte de D. João VI, D. Pedro I passou a disputar o trono português, fomentando a ira dos oposicionistas brasileiros que o acusavam de colocar em risco a própria autonomia do Brasil. Afastado dos liberais conservadores e com a imagem muito desgastada, o imperador ainda foi responsabilizado pelo assassinado do jornalista Líbero Badaró que em suas últimas palavras antes de morrer afirmou: Morre um liberal, mas não morre a liberdade. O efeito foi devastador sobre a popularidade do imperador.



Em março de 1831, partidários do imperador e brasileiros se enfrentaram nas ruas do Rio de Janeiro no episódio conhecido como Noite das Garrafadas.



Na tentativa, ainda, de reconciliar-se com os brasileiros, D. Pedro nomeou um ministério composto somente de brasileiros. No entanto, diante das agitações crescentes, o imperador demitiu o ministério, nomeando outro só de políticos absolutistas, o chamdo "ministério dos marqueses".



Com a crescente movimentação popular, as elites nacionais contrárias ao imperador e o partido brasileiro exigiram a demissão desse ministério. D. Pedro não cedeu às pressões, optando por renunciar ao trono brasileiro na madrugada de 7 de abril de 1831, tornando-se o novo monarca português com o título de D. Pedro IV. Com a renúncia era afastada de vez a ameaça recolonizadora e inciciava-se um novo período da história imperial na qual se concretizará a hegemonia da elite agraria, comercial e burcocráta: o Período Regencial (1831-1840).






Saiba mais sobre as características do Primeiro Reinado (1822-1831)