segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A linguagem em Desmundo e Como era gostoso meu francês


Dois filmes brasileiros podem ser destacados no que se refere a um cuidadoso tratamento lingüístico: Como era gostoso o meu francês, de Nelson Pereira dos Santos (1971) e Desmundo (2003) do diretor Alain Fresnot.
O primeiro é baseado no diário do viajante alemão Hans Staden, feito prisioneiro pelos índios tupinambás – adeptos do canibalismo – no Brasil do século XVI, e que consegue escapar, voltar para a Alemanha e publicar a sua história. Além da narrativa de Hans Staden, Como era gostoso o meu francês insere elementos relatados por outro viajante da época, o francês Jean de Léry.
Os rituais, os costumes e os diálogos em tupi (elaborados pelo cineasta Humberto Mauro) revelam precisão no tratamento etnográfico do cotidiano indígena. A precisão
etnográfica aliada à ousadia do cineasta culmina no ritual canibalístico no qual Jean, prisioneiro francês dos índios, é devorado.
Desmundo, filme de 2003 do diretor Alain Fresnot, enfoca o Brasil do início da colonização portuguesa. Baseado no livro homônimo de Ana Miranda, o filme narra a trajetória de Oribela, jovem órfã vinda de Portugal para ser entregue como esposa, juntamente com outras mulheres na mesma condição, aos rudes homens da colônia. Com fidelidade à arquitetura colonial e cuidado no tratamento cenográfico para retratar, com verossimilhança, o recém Brasil-Colônia do ano de 1570, os diálogos do filme foram feitos em português arcaico, incluindo- se falas em línguas indígenas e africanas.




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