terça-feira, 26 de outubro de 2010

Terceiro Ano - CNDL
Quarto Bimestre - História do Brasil
Colégio Notre Dame de Lourdes
Coleção Pitágoras
Caderno Revisional
A Revolução Industrial








O sistema capitalista, enquanto forma específica de se ordenar as relações no campo sócio-econômico, ganhou suas feições mais claras quando – durante o século XVI – as práticas mercantis se fixaram no mundo europeu. Dotadas de colônias espalhadas pelo mundo, principalmente em solo americano, essas nações acumulavam riquezas com a prática do comércio.

Na especificidade de seu contexto, observaremos que a história britânica contou com uma série de experiências que fez dela o primeiro dos países a transformar as feições do capitalismo mercantilista. Entre tais transformações históricas podemos destacar o vanguardismo de suas políticas liberais, o incentivo ao desenvolvimento da economia burguesa e um conjunto de inovações tecnológicas que colocaram a Inglaterra à frente do processo hoje conhecido como Revolução Industrial.

Com a Revolução Industrial, a qualidade das relações de trabalho no ambiente manufatureiro se transformou sensivelmente. Antes, os artesãos se agrupavam no ambiente da corporação de oficio para produzirem os produtos manufaturados. Todos os artesãos dominavam integralmente as etapas do processo de produção de um determinado produto. Dessa forma, o trabalhador era ciente do valor, do tempo gasto e da habilidade requerida na fabricação de certo produto. Ou seja, ele sabia qual o valor do bem por ele produzido.


Gravura da Revolução Industrial.
As inovações tecnológicas oferecidas, principalmente a partir do século XVIII, proporcionaram maior velocidade ao processo de transformações da matéria-prima. Novas máquinas automatizadas, geralmente movidas pela tecnologia do motor a vapor, foram responsáveis por esse tipo de melhoria. No entanto, além de acelerar processos e reduzir custos, as máquinas também transformaram as relações de trabalho no meio fabril. Os trabalhadores passaram por um processo de especialização de sua mão-de-obra, assim só tinham responsabilidade e domínio sob uma única parte do processo industrial.

Dessa maneira, o trabalhador não tinha mais ciência do valor da riqueza por ele produzida. Ele passou a receber um salário pelo qual era pago para exercer uma determinada função que, nem sempre, correspondia ao valor daquilo que ele era capaz de produzir. Esse tipo de mudança também só foi possível porque a própria formação de uma classe burguesa – munida de um grande acúmulo de capitais – começou a controlar os meios de produção da economia.

O acesso às matérias primas, a compra de maquinário e a disponibilidade de terras representavam algumas modalidades desse controle da burguesia industrial sob os meios de produção. Essas condições favoráveis à burguesia também provocou a deflagração de contradições entre eles e os trabalhadores. As más condições de trabalho, os baixos salários e carência de outros recursos incentivaram o aparecimento das primeiras greves e revoltas operárias que, mais tarde, deram origem aos movimentos sindicais.

Charles Chaplin no clássico "Tempos Modernos".

Com o passar do tempo, as formas de atuação do capitalismo industrial ganhou outras feições. Na segunda metade do século XIX, a eletricidade, o transporte ferroviário, o telégrafo e o motor a combustão deram início à chamada Segunda Revolução Industrial. A partir daí, os avanços capitalistas ampliaram significativamente o seu raio de ação. Nesse mesmo período, nações asiáticas e africanas se inseriram nesse processo com a deflagração do imperialismo (ou neocolonialismo), capitaneado pelas maiores nações industriais da época.

Durante o século XX, outras novidades trouxeram diferentes aspectos ao capitalismo. O industriário Henry Ford e o engenheiro Frederick Winslow Taylor incentivaram a criação de métodos onde o tempo gasto e a eficiência do processo produtivo fossem cada vez mais aperfeiçoados. Nos últimos anos, alguns estudiosos afirmam que vivemos a Terceira Revolução Industrial. Nela, a rápida integração dos mercados, a informática, a microeletrônica e a tecnologia nuclear seriam suas principais conquistas.


Charqe inglesa simbolizando a exploração dos trabalhadores das indústrias

A Revolução Industrial foi responsável por inúmeras mudanças que podem ser avaliadas tanto por suas características negativas, quanto positivas. Alguns dos avanços tecnológicos trazidos por essa experiência trouxeram maior conforto à nossa vida. Por outro lado, a questão ambiental (principalmente no que se refere ao aquecimento global) traz à tona a necessidade de repensarmos o nosso modo de vida e a nossa relação com a natureza. Dessa forma, não podemos fixar o modo de vida urbano e integrado à demanda do mundo industrial como uma maneira, um traço imutável da nossa vida quotidiana.

Fonte: http://www.brasilescola.com/historiag/revolucao-industrial.htm


Intertexto do processo de Revolução Industrial e suas consequências através obra prima de Charles Chaplin, Tempos Modernos e da magnifica letra de Renato Russo, Fábrica.





Fábrica
Legião Urbana
Composição: Renato Russo
Nosso dia vai chegar,
Teremos nossa vez.
Não é pedir demais:
Quero justiça,
Quero trabalhar em paz.
Não é muito o que lhe peço -
Eu quero um trabalho honesto
Em vez de escravidão.

Deve haver algum lugar
Onde o mais forte
Não consegue escravizar
Quem não tem chance.

De onde vem a indiferença
Temperada a ferro e fogo?
Quem guarda os portões da fábrica?

O céu já foi azul, mas agora é cinza
O que era verde aqui já não existe mais.
Quem me dera acreditar
Que não acontece nada de tanto brincar com fogo,
Que venha o fogo então.

sábado, 23 de outubro de 2010

Segundo Ano - CNDL
Quarto Bimestre - História do Brasil
Colégio Notre Dame de Lourdes
Coleção Pitágoras
Unidade - O Período Populista
Capítulo 2 - O Segundo Governo Vargas
Ouça a música que se transformou no hino do retorno de Vargas à Presidência



Retrato do Velho
Francisco Alves

Bota o retrato do velho outra vez
Bota no mesmo lugar
Bota o retrato do velho outra vez
Bota no mesmo lugar
O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar
O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar
Eu já botei o meu
E tu não vais botar
Eu já enfeitei o meu
E tu não vais enfeitar
O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar.



Governo Vargas (1951-1954)
Suicídio de Getúlio pôs fim à Era Vargas

Renato Cancian*
Cientista social, mestre em sociologia-política e doutorando em ciências sociais, é autor do livro "Comissão Justiça e Paz de São Paulo: Gênese e Atuação Política -1972-1985"

Em 1951, Getúlio Vargas retornou a presidência da República, dessa vez por meio do voto popular. Vargas se candidatou pelo PTB e recebeu apoio do Partido Social Progressista (PSP), vencendo o pleito de 1950 com 48,7% dos votos. O segundo mandato presidencial de Getúlio Vargas foi marcado por importantes iniciativas nas áreas social e econômica.

Na fase final do seu governo, porém, as pressões de grupos oposicionistas civis e militares desencadearam uma aguda crise política que levou Vargas a interromper seu mandato com um ato que atentou contra sua própria vida: o suicídio.


Nacionalismo e intervencionismo
Sem dúvida, um dos maiores legados do varguismo foi a implementação de um projeto desenvolvimentista baseado na forte presença do Estado em áreas consideradas cruciais para o desenvolvimento do país. Atuando como regulador ou empreendedor de certas atividades econômicas, a intervenção estatal tinha por objetivo estimular a industrialização e modernização do país.

Este tipo de política desenvolvimentista começou a ser posta em prática na década de 1930, e praticamente todos os governos que vieram depois adotaram algum tipo de planejamento econômico conferindo ao Estado papel preponderante e central. Foi com esse objetivo que, em seu segundo mandato, Vargas elaborou uma política desenvolvimentista baseada no fortalecimento da indústria de base: siderurgia, petroquímica, energia e transportes.

No primeiro ano de seu governo, Vargas estabeleceu o monopólio estatal sobre o petróleo, a partir de uma campanha de cunho nacionalista que recebeu forte apoio popular. A campanha foi denominada de "O petróleo é nosso", e conseguiu galvanizar o apoio do povo ao governo federal. A partir dela, criou-se a empresa estatal Petrobrás, que monopolizou as atividades de exploração e refino do todas as reservas de petróleo encontrado em território brasileiro.


Populismo e dominação de classe
Umas das principais características políticas do período histórico que abrange o segundo governo de Getúlio Vargas até a queda do governo João Goulart, em 1964, foi o "populismo". O populismo foi um fenômeno que vigorou em praticamente todos os países do continente latino-americano.

De forma sintética, podemos entender o fenômeno do populismo a partir da relação entre o Estado e a sociedade num contexto de regime democrático, onde os líderes políticos e governantes buscam o apoio popular para obterem vitórias eleitorais e implementar seus projetos políticos. A contrapartida dessa política é concessão de benefícios econômicos e sociais para as camadas populares mobilizadas.

Em seu aspecto pejorativo ou alienante, o populismo pode ser caracterizado também como política demagógica de manipulação das classes sociais subalternas, porque seu êxito depende da quase completa desorganização das massas populares, que preferem confiar a defesa de seus interesses e aspirações a líderes políticos carismáticos. As massas populares se prestavam à manipulação devido à pouca experiência de participação política e familiaridade com o sistema de sufrágio eleitoral.


Modernização acelerada
O acelerado processo de modernização do país provocou vertiginosas ondas migratórias do campo para as cidades, fazendo surgir um expressivo contingente de trabalhadores urbanos, ou seja, operariado e classe medias. Foram essas classes sociais que formaram a base de sustentação do populismo. Enquanto os governantes e líderes políticos foram capazes de controlar essas camadas sociais, e o Estado foi capaz de responder plenamente às demandas populares, o populismo funcionou de forma estável.

O governo Vargas, porém, se deparou com situações em que a necessidade de implementação de reformas econômicas e projetos desenvolvimentistas comprometeram a capacidade do Estado de fornecer respostas adequadas aos anseios e interesses populares, como por exemplo, aumento de salários, direitos sociais, etc.

Por outro lado, diversos setores das camadas populares, principalmente o operariado, passaram a se organizar autonomamente, dificultando a manipulação política de seus interesses por líderes demagógicos.

Quando assumiu a presidência da República, Vargas se deparou com um operariado que rapidamente se reorganizava e buscava definir seus interesses e agir autonomamente. No transcurso de seu governo, inúmeras greves de trabalhadores e movimentos sociais tendo como motivação básica exigências de aumento salariais e denúncias do alto custo de vida ocorreram por todo o país.


A crise política e o fim
A ascensão e radicalização dos movimentos populares fora do controle estatal são considerados os principais fatores desencadeadores da crise política que levaria ao fim o governo Vargas. De acordo com essa linha interpretativa, as classes dominantes ficaram temerosas com o avanço dos movimentos populares e discordaram do modo como o governo respondeu às exigências e demandas sociais que irromperam no cenário político.

A oposição ao governo varguista foi crescendo paulatinamente à medida que o país era agitado por manifestações de protesto e greves trabalhistas. Críticas e pressões oposicionistas minaram rapidamente a estabilidade governamental. Na área da política institucional, os principais grupos oposicionistas ao governo de Getúlio Vargas faziam parte da União Democrática Nacional (UDN), que o acusavam constantemente de planejar um golpe em conluio com líderes sindicais objetivando criar um regime socialista no país.

Na área da imprensa, o antigetulismo ganhou força com a atuação do jornalista Carlos Lacerda, que em seus pronunciamentos e artigos denunciava recorrentes casos de corrupção e desmandos administrativos do governo federal.

O presidente se defendia das críticas argumentando que grupos subalternos ligados a interesses internacionais e nacionais se uniram na tentativa de impedir que o governo avançasse na área de proteção ao trabalho, limitações de remessa de lucros das empresas multinacionais para o estrangeiro e fortalecimento das empresas públicas, sobretudo ligadas a área de energia.


Crime da rua Toneleros
Em 1954, a crise política desestabilizou o governo Vargas. No início do ano, o então ministro do Trabalho, João Goulart, concedeu um aumento salarial de 100 por cento aos que recebiam salário mínimo. As pressões de grupos oposicionistas contrárias à medida foram tão violentas que o governo recuou, e o ministro João Goulart foi obrigado a renunciar ao cargo.

O episódio desencadeador da crise final do governo Vargas ocorreu com o atentado fracassado contra a vida do jornalista Carlos Lacerda. Esse episódio ficou conhecido como "o crime da rua Toneleros". Carlos Lacerda apenas se feriu, mas o major da aeronáutica Rubens Vaz morreu.

Nunca foi esclarecido quem foi o mentor do atentado, mas sabe-se que pessoas ligadas a Getúlio estavam envolvidas. As investigações apontaram, porém, que o responsável pela tentativa de assassinato foi Gregório Fortunato, principal guarda-costas do presidente Getúlio Vargas.


O suicídio de Getúlio
Depois do episódio da rua Toneleros, os grupos oposicionistas exigiram o afastamento de Vargas da presidência da República. Setores das Forças Armadas e da sociedade civil se uniram aos grupos de oposição e exigiam que Vargas renunciasse. No dia 24 de agosto, um ultimato dos generais, assinado pelo ministro da Guerra, Zenóbio da Costa, foi entregue a Vargas.

O presidente se encontrava no Palácio do Catete, quando redigiu uma carta-testamento e suicidou-se com um tiro no peito. O impacto provocado pela notícia do suicídio de Vargas e a divulgação da carta-testamento foi intenso e acabou se voltando contra a oposição. Grandes manifestações populares de apoio ao ex-presidente estouraram em várias cidades do país.

Comícios organizados por líderes sindicais e políticos ligados ao getulismo responsabilizavam a UDN e o governo norte-americano pelo fim dramático de Getúlio. Órgãos de imprensa, como o jornal "O Globo" entre outros, e a embaixada dos Estados Unidos foram alvo de ataques populares. Greves de trabalhadores também ocorreram como forma de protesto. Depois de algumas semanas, as manifestações e agitações populares cessaram.

Com a morte de Vargas, assumiu o governo o vice-presidente Café Filho, que ficou encarregado de completar o mandato até o fim de 1955. O suicídio de Vargas, porém, acabou sendo muito explorado, tanto por políticos que o apoiavam como grupos da oposição, nas disputas eleitorais legislativas e presidencial seguintes.
fonte:http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u62.jhtm
Segundo Ano - CNDL
Quarto Bimestre - História do Brasil
Colégio Notre Dame de Lourdes
Coleção Pitágoras
Unidade - O Período Populista
Capítulo 1 - O Governo Dutra
Veja abaixo algumas charges alusivas ao governo do Presidente Dutra.



Eurico Gaspar Dutra e Harry Truman

Depois de 15 anos conduzindo a nação, Getúlio Vargas é sucedido na presidência da República em 1946 pelo general Eurico Gaspar Dutra. O militar logo aproxima o País das nações europeias e, principalmente, dos Estados Unidos. Em tempos de Guerra Fria e em vias de redemocratização, o Brasil se alinha com nossos vizinhos do norte. Numa visita do presidente Harry Truman ao Brasil, em 1947, conta-se que Dutra teria cometido uma jocosa gafe - ou seria fruto da fértil imaginação de seus conterrâneos? Ao ver o presidente brasileiro esperando seu desembarque no aeroporto, Truman lançou a saudação: How do you do, Dutra? (Como vai, Dutra?). Visivelmente confuso, Dutra decide improvisar: How tru you tru, Truman?

Fonte: Almanaque Brasil.

Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes



A4. Explique o conteúdo dessa charge.
Resposta: Na charge, Nássara mostra que, apesar de ter sido eleito pela coligação PSD-PTB, Dutra inclinou-se, em seu governo para a UDN, desagradando os setores que os elegeram.
O tema em foco
Leia o texto
A constituição


Jorge Amado, já romancista de renome em 1946, eleito deputado pelo Partido Comunista, comenta, em seu livro de lembranças, Navegação de Cabotagem (1992), o clima festivo em que foram realizados os trabalhos da Assembleia Constituinte. Segundo o autor, durante uma semana, parlamentares se revezaram na tribuna em discursos inflamados, onde as críticas ao Estado Novo se sucediam, assim como a celebração da vitoriosa democracia. Segundo conta, como deputado eleito pelo Partido Comunista por São Paulo, fora designado, junto a Carlos Marighela, para escrever o discurso da bancada desse partido, que deveria ser lido por Claudino José da Silva, deputado pelo estado do Rio e primeiro brasileiro negro na Câmara Federal. Decidiram escrever em separado, uma parte cada um, para depois juntá-las. Feito isso, resultou um veemente discurso, lido por Claudino e acompanhado pelos congressistas, que não se atreviam a arredar o pé, imbuídos do momento histórico que viviam, durante quatro horas e vinte e cinco minutos!
Salvo algum exagero do autor, tal aplicação se justificava. Pela quinta vez, desde que se tornara independente, o Brasil teria uma nova Constituição. Apenas duas haviam sido feitas de forma democrática, com a participação de representantes do povo. A primeira fora outorgada pelo imperador, em 1824. A Constituição republicana de 1891 e a de 1934, esta já no governo de Getúlio Vargas, foram as únicas feitas por Assembleias Constituintes. Mas esta última tinaha conhecido vida breve, suspensa com a instalação do Estado Novo, em 1937, que trouxera com seus objetivos autoritários. Agora, a convocação da Constituinte se afigurava como o riunfo do ideais democráticos.
A versão final ficou pronta em setembro de 1946 [...]
O texto constitucional teve um caráter conservador, na medida em que manteve muito da situação anterior, embora tenha trazido algumas mudanças importantes. A presença marcante do Executivo foi conservada, ainda que garantida a independência e a harmonia dos três poderes. Assegurou a existência das eleições livres e garantiu direitos individuais, de acordo com aspirações generalizadas após anos de ditadura e da guerra, nos quais o arbítrio e a violências foram marcantes.
A participação popular na vida política continuou restrita, já que o direito de voto não foi estendido aos analfabetos. Garantiu-se o direito de greve, mas sujeito a limitações que possibilitaram sua restrição em prol de alegados interesses do Estado. Manteve-se, ainda, a estrutura sindical controladora, herdada do Estado Novo.
BERCITO, Sonia de Deus Rodrigues. O Brasil na década de 1940. Autoritarismo e democracia. São Paulo: Ática, 1999, p. 68-70.
A5. Apresente as características mais marcantes da Constituição de 1946, segundo a opinião da autora.
Resposta: O texto constitucional teve um caráter conservador. Manteve-se a presença do Executivo, ainda que garantida a independência e harmonia dos três poderes. Assegurou a existência de eleições livres e garantiu os direitos individuais. O voto aos analfabetos permaneceu proibido, restringindo-se a participação política. O direito de greve foi garantido, sujeito a limitações e foir mantida a estrutura sindical controladora, herdada do Estado Novo.
De olho no vestibular
Q1."Queremos nossa liberdade/ Liberdade para pensar e falar/ queremos escola para nossas crianças/ E queremos mais casas para o nosso povo... queremos: Leite, carne e pão/ E mais casas para o povo... Queremos/ Viver sem opressão/ Queremos progresso para nosso país."
Ataulfo Alves compôs, após a queda de Getúlio Vargas, em 1946, o samba "Isto é o que nós queremos", sobre o qual é correto afirmar:

a) O compositor expressa seu apoio ao governo varguista, cumprindo as determinações do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
*b) Ataulfo, para pensar no Brasil como uma nação em desenvolvimento, apropriou-se do nome do movimento queremista e tomou emprestada a retórica do regime de Vargas sobre prover o básico em alimentação e moradia aos trabalhadores.
c) O samba de protesto foi um gênero bastante difundido durante o Estado Novo e teve por intuito criticar o regime e estimular a deposição de Vargas.
d) Os protestos do letrista pela falta de moradia, alimentação e educação são um apelo estético, distante das dificuldades enfrentadas pela população no período pós-Getúlio.
e) O apelo ao progresso restringe-se à implantação de um sistema político democrático moderno no Brasil, que venha substituir a ditadura varguista.
RESPOSTA: B

Q2. (FAPEID) Entre 1945 e 1964, a conjuntura conhecida como o período populista no Brasil, havia intensa competição partidária.
Sobre os partidos existentes nesse período, é correto afirmar que
a) a UDN (União Democrática Nacional) aglutinava a oposição liberal aos partidos formados por Vargas no final do Estado Novo.
b) o PSD (Partido Social Democrático) aglutinava setores dos trabalhadores comunistas fabris, em razão da ilegalidade do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
c) o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) foi formado pelas Ligas Camponesas para fazer oposição ao governo de viés industrialista de Juscelino Kubtschek.
d) o PRP (Partido Republicano Paulista) congregava os dissidentes de São Paulo que se opunham ao projeto nacionalista e estatizande de João Goulart.
RESPOSTA: A
Q3. (FGV) Foram características do populismo no Brasil:

a) hegemonia das massas populares, no governo federal, em associação aos industriais, promovendo o aparecimento de lideranças populistas.
b) soberania plena e completa autonomia do Estado brasileiro frente todos os setores sociais.
c) inclusão de setores populares no processo político e a aparente identificação entre Estado e presidente da República.
d) atuação do Estado nacional brasileiro como árbitro dos conflitos internacionais.
e) ausência de laços entre o chefe do Estado e os interesses particulares dos diversos setores sociais.
Resposta: C
Resolução: O populismo no Brasil se desenvolveu a partir do Governo de Getúlio Vargas, num período marcado por rápida urbanização. Caracterizou-se pela tentativa do Estado em incorporar as massas trabalhadoras à vida política, para manipular suas reivindicações, através de uma política paternalista e assistencialista.

Q4. (MACKENZIE) Sobre os partidos políticos criados no final do Estado Novo e que comandaram a vida política nacional até 1964, não podemos afirmar:

(A) a UDN representava classes médias e elites e, quanto mais se aproximava do fim do Populismo, mais se convertia num partido conservador, com uma parcela significativa de seus membros favorável ao golpe militar.
(B) o PSD, partido varguista, tinha suas bases nas oligarquias e burocracia federal, levantando a bandeira conservadora.
(C) o PTB, também varguista e apoiado por sindicatos e massas urbanas, cresceu muito durante os governos Juscelino e João Goulart, ameaçando o equilíbrio no Congresso, crescendo os temores conservadores.
(D) o PCB sai da clandestinidade em 1945, mas é novamente cassado em 1947 pelo governo Dutra, em função da Guerra Fria.
(E) o PDC tinha expressão nacional em razão do carisma de seu líder Adhemar de Barros.
RESPOSTA: E
Q5. (ALMG) Os anos compreendidos entre o fim do Estado Novo (1945) e o segundo Governo Vargas (1951) representam um interregno para as tendências estatizantes até então vigentes no campo da política econômica, em nome da euforia 'democratizante' que se opunha a todos os vestígios de autoritarismo.
Considerando-se a política-econômica do Governo Dutra, é correto afirmar que ela
a) aumentou a capacidade intervencionista do Estado.
b) contemplou as empresas públicas como estratégicas na economia.
c) reintegrou o Brasil no livre comércio internacional.
d) rejeitou a associação com capitais privados estrangeiros.
RESPOSTA: C
Para saber mais
www2.uol.com.br/historiaviva
BERCITO, Sonia de Deus Rodrigues. O Brasil na década de 1940. Autoritarismo e democracira. São Paulo: Ática, 1999 (Série Princípios).
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Unidade - O Período Populista
Capítulo 1 - O Governo Dutra

Conheça as principais características do governo Dutra


O professor de História, Edenilson Morais apresenta nesta aula em video uma caracterização do panorama político e econômico brasileiro no final da década de 1940. O fim da ditadura do Estado Novo, a convocação das eleições presidenciais em 1945, a eleição de Eurico Gaspar Dutra e os aspectos mais relevantes de sua administração são abordados na video-aula.
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Unidade - Das conjurações à abdicação de D. Pedro I
Capítulo 3
Os caminhos da política imperial brasileira: a formação do Estado Imperial brasileiro (1822-1831)

Primeiro Reinado: os percalços de D. Pedro I

Entenda os fatores que levaram a abdicação de D. Pedro I


O professor Edenilson Morais faz um breve comentário sobre o contexto histórico que levou a abdicação de D. Pedro I, em 1831. Confira a aula em video.
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Unidade - Das conjurações à abdicação de D. Pedro I
Capítulo 3
Os caminhos da política imperial brasileira: a formação do Estado Imperial brasileiro (1822-1831)




Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas

9. Leia o documento

Confederação do Equador: Manifesto de Proclamação

Brasileiros. A salvação da honra da pátria e da liberdade, a defesa de nosssos inprescritíves e inalienáveis, direitos de soberania instam, urgem e imperiosamente comandam que com os laços da mais fraterna e estrita união, nos prestemos recíprocaos auxílios para a nossa comum defesa.

É inato no coração do homem o desejo de ser feliz, e este desejo, como princípio de toda a sociabilidade, é bebido na natureza e na razão, que são imutáveis; para preenchê-los é indispensável um governo que, dando expansão e coordenando todos os seus recursos, eleve os associados àquele grau de prosperidade e grandeza que leh estiver destinado nos planos da Providência, sempre disposta em favor da humanidade. Reconhecendo estas verdades eternas, adotamos o sistema de governo monárquico representativo e começamos nossa regeneração política pela solicitude de uma soberana assembleia constituinte de nosssa escolha e confiança.

Antes que se verificassem nossos votos e desejos fomos surpreendidos com extemporânea aclamação do Imperador; subescrevemos a ela tácita, ou expressamente na persuasão de que isso era conducente a nosssos fins, porque envolvia em seus princípios a condição de bem servir à nação.

Reuniu-se a soberana assembleia, e quando nos parecia que havíamos entrado no gozo de nossos inauferíveis direitoes, e apenas tinha ela dado princípio à organização de nosso pacto social, vimos que o Imperador, postergando os mais solenes juramentos e os mesmos princípios que lhe deram nascimento político, autoridade e força, insultou caluniosamente o respeitável corpo que representava a nossa soberania, e desembainhando a homicida espada de um só golpe fez em pedaços aquele soberado corpo e dilacerou seus membros!

Não é preciso, brasileiros, neste momento fazer a enumeração dos nefandos procedimentos do imperador, nem das desgraças que acarretamos sobre nossas cabeças por havermos escolhido, enganados, ou preocupados, tal sistema de governo e tal chefe do poder executivo! Vós todos, e todo mundo que os têm observado, os conhecem e enumerara; porém, conquanto estivessem prevenidos na expectativa de males, nunca a ninguém podia passar pela ideia, talvez como possibilidade que o imperador havia trair-nos e abandonar-nos ao capricho de nossos sangrentos e implacáveis inimigos lusitanos, no momento em que teve notícia de estar fazendo-se preparada de acordo com ele? É possível, mas não provável [...]

Manuel de Carvalho Paes de Andrade, presidente.

a) Apresente as queixas dos confederados nesse trecho do Manifesto de Proclamação da Confederação do Equador.

Resposta: As queixas dos confederados são a dissolução da Assembleia Constituinte e a outorga da nova carta constitucional, com seus princípios autoritários.

b) Avalie se as queixas dos confederados se justificavam. Anote suas conclusões.

Resposta: A defesa dos princípios liberais e a autonomia das províncias estão na base das justificativas políticas para a ação dos confederados contra a política do Imperador. Cabe a discussão acerca dos meios e dos recursos de que dispunham para fazer oposição ao poder centralizado no Rio de Janeiro.

O tema em foco

Leia o trecho do texto a seguir.

[...] Com a independência do Brasil, a província Cisplatina continuou a integrar o Império, após alguns conflitos com as tropas fiéis ao governo de Lisboa. Em 1825, no entanto, uma rebelião regional proclamou sua separação, com a adoção do regime republicano e a incorporação da região às Províncias Unidas do Reino da Prata (Argentina). Tal fato levou, a partir de dezembro de 1825, a uma guerra entre Brasil e Argentina, apoiada esta última pela facção rebelde da província, afirmando o imperador Pedro I que a honra nacional exigia que se sustentasse a província Cisplatina, pois estava jurada a integridade do Império. Nessa decisão estava em jogo não só o desejo do Executivo em pôr fima a uma rebelião mas a intenão de demonstrar a superioridade do governo monárquico sobre o republicano.

Apesar de possuir maiores forças e recursos militares, o Brasil não logrou obter nenhuma vitória decisiva, e a guerra acarretou inúmeras dificuldades financeiras para as partes envolvidas. A paz só foi alcançada em 1828, com a intervenção da Inglaterra, interessada em restaurar as transações comerciais que o conflito impedia. A Convenção Preliminar de Paz, assinada no Rio de Janeiro, em 27 de agosto, garantiu o surgimento de um país livre, a República Oriental do Uruguai, despontando como um Estado-tampão entre a Argentina e o Brasil.

A perda da Cisplatina significou um abalo considerável na imagem do imperador, que perdeu prestígio como cabeça de um Império militar glorioso. O regime fracassara em manter a integridade territorial, às custas de perda de homens, bens e recursos, numa guerra longa e desnecessária.

Além disso, a intervenção da Inglaterra no acordo da paz revelou uma pusinânime dependência em relação a esse país que, sozinho, beneficiou-se do acordo, herdando o prestígio e o comércio do Prata, em detrimento do Brasil.

Desse modo, a guerra com Cisplatina, contribuiu para agravar a delicada situação de D. Pedro I no poder, sendo fator importante para sua abdicação, em 1831.

NEVES, Lúcia Bastos Pereira das. Guerra da Cisplatina. In: VAINFAS, Ronaldo, (dir.) Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. p. 322.

10. Apresente as razões pelas quais D. Pedro encarava a independência da Cisplatina como uma desonra ao Império.

Resposta: D. Pedro encara a independência da Cisplatina como uma desonra porque quebrava a integridade do Império.

11. Explique o que significou para a figura do Imperador e o Império a perda da Cisplatina e a intervenção da Inglaterra.

Resposta: A perda da Cisplatina significou a impopularidade do Imperador, que perdeu prestígio como militar, o que garantiria a integridade territorial do Império, além da dependência do Brasil à Inglaterra.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Primeiro Ano - CNDL
Quarto Bimestre - História do Brasil
Colégio Notre Dame de Lourdes
Coleção Pitágoras
Unidade - Das conjurações à abdicação de D. Pedro I
Capítulo 3
Os caminhos da política imperial brasileira: a formação do Estado Imperial brasileiro (1822-1831)

Primeiro Reinado: os percalços de D. Pedro I


Os conflitos entre D. Pedro I e as elites brasileiras começaram logo após a Independência. A tendência autoritária do Imperador, já demonstrada com a dissolução da Assembleia Constituinte, provocou os primeiros conflitos políticos que se torrnaram constantes durante todo o governo de D. Pedro I. A cada crise, o imperador tendia a se aproximar mais dos portugueses residentes no Brasil, o que despertava suspeitas, contribuindo para o agravamento do cenário político brasileiro.
Os liberais mais radicais criticavam o centralismo e a consequente falta de autonomia para as províncias, além de criticar a criação do Poder Moderador, a vitaliecidade do Senado e os privilégios dos portugueses no Brasil.

domingo, 17 de outubro de 2010

Primeiro Ano - CNDL
Quarto Bimestre - História do Brasil
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Unidade - Das conjurações à abdicação de D. Pedro I
Capítulo 3
Os caminhos da política imperial brasileira: a formação do Estado Imperial brasileiro (1822-1831)

Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas

Leia o documento a seguir.

Charge alusiva a Constituição outorgada de 1824.
Constituição de 1824

Título V
Do Imperador
Capítulo I
Do Poder Moderador

“Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organização política, e é delegado privativamente ao Imperador, como chefe supremo da Nação, e seu primeiro representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, equilíbrio, e harmonia dos demais poderes políticos.
Art. 99 – A pessoa do Imperador é inviolável e sagrada. Ele não está sujeito a responsabilidade alguma.
[...]
Art. 101 – O Imperador exerce o poder moderador:
1º) Nomeando os senadores, na forma do art. 43.
[...]
5º Prorrogando ou adiando a assembleia geral e dissolvendo a câmara dos deputados, nos casos em que o exigir a salvação do Estado; convocando imediatamente outra, que a substitua.
6º) Nomeando e demitindo livremente os ministros do Estado.
[...]




5. Defina, com suas palavras, o Poder Moderador.

Resolução: O Poder Moderador foi um dos quatro poderes de Estado instituídos pela Constituição Brasileira de 1824. O Poder Moderador era o que se sobrepunha aos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, cabendo ao seu detentor força coativa sobre os demais.

6. Procure, na Constituição Brasiléia de 1988, as atribuições do presidente de República. Compare o exercício do Poder Executivo no Brasil Contemporâneo com o exercício do Poder Moderador no período imperial brasileiro. Redija, em seguida, suas conclusões e debata-as em sala de aula.

Resolução: Resposta pessoal pertinência das conclusões do aluno.



a)Em que está baseado o sistema eleitora censitário apresentado no fluxograma?

Resolução: O sistema eleitoral censitário está baseado na renda do indivíduo.
b)Pesquise, na Constituição de 1988, o formato do atual processo eleitoral brasileiro. Compare com o sistema eleitoral previsto na Constituição de 1824 e anote suas conclusões.

Resolução: Na Constituição de 1824, o mandato dos senadores era vitalício, o voto censitário (só para os ricos) e em dois graus (eleitores de paróquia / eleitores de província). Na Constituição de 1988, a chamada Constituição cidadã, houve uma reforma eleitoral com a extensão do direito de voto para analfabetos e para brasileiros maiores de 16 anos.


Alegoria juramento constituição 1824.

sábado, 16 de outubro de 2010

A Revolução Inglesa no século XVII

Terceiro Ano - CNDL
Quarto Bimestre - História do Brasil
Colégio Notre Dame de Lourdes
Coleção Pitágoras
Caderno Revisional
A Revolução Inglesa no século XVII

Revolução Inglesa



Século XVII



A Revolução Inglesa do século XVII representou a primeira manifestação de crise do sistema da época moderna, identificado com o absolutismo. O poder monárquico, severamente limitado, cedeu a maior parte de suas prerrogativas ao Parlamento e instaurou-se o regime parlamentarista que permanece até hoje. O processo começou com a Revolução Puritana de 1640 e terminou com a Revolução Gloriosa de 1688. As duas fazem parte de um mesmo processo revolucionário, daí a denominação de Revolução Inglesa do século XVII e não Revoluções Inglesas.

Esse movimento revolucionário criou as condições indispensáveis para a Revolução Industrial do século XVIII, limpando terreno para o avanço do capitalismo. Deve ser considerado a primeira revolução burguesa da história da Europa: antecipou em 150 anos a Revolução Francesa.



Surgem as condições

A Inglaterra atingiu no século XVII notável desenvolvimento, favorecido pela monarquia absolutista. Henrique VIII e Elizabeth I unificaram o país, dominaram a nobreza, afastaram a ingerência papal, criaram a igreja a nacional inglesa, confiscaram terras da Igreja Católica e passaram a disputar os domínios coloniais com os espanhóis. Tais tarefas agradaram à burguesia, mas agora o poder absolutista tornava-se incômodo, pois barrava o avanço da burguesia mercantil. Grande parte dos recursos do Estado vinham da venda de monopólios, como aqueles sobre comércio exterior, sal, sabão, alúmen, arenque e cerveja a, que beneficiavam um pequeno grupo, a burguesia financeira.

E prejudicavam a burguesia comercial, sem liberdade para suas atividades, e os artesãos, que pagavam caro por alúmen e produtos indispensáveis a seu trabalho. Ao mesmo tempo, a garantia de privilégios às corporações de ofício impedia o aumento da produção industrial, pois eles limitavam a entrada de novos produtores nas áreas urbanas. Outro problema econômico estava no campo. A alta de preços e a expansão do consumo de alimentos e matérias-primas, como a lã, valorizaram as terras. Isto despertou a cobiça dos produtores rurais. Eles tentavam aumentar suas posses através dos cercamentos, isto é, tentavam transformar em propriedade privada as terras coletivas, devolutas ou sobre as quais havia uma posse precária. Tais ações expulsavam posseiros e criavam grandes propriedades, nas quais se investia capital para aumentar a produção. O Estado, para preservar o equilíbrio social necessário a sua existência, barrava os cercamentos e punha contra si dois setores poderosos: a burguesia mercantil e a nobreza progressista rural, a gentry.

No plano político, havia o conflito entre rei e Parlamento. A este, instituído pela Carta Magna de 1215, cabia o poder de direito, isto é, legítimo. Mas os Tudor exerceram o poder de fato, convocando pouco o Parlamento. As classes aí representadas não se opuseram ao absolutismo porque correspondia a seus interesses. O rei promovia desenvolvimento. No século XVII, o Parlamento pretendia transformar seu poder de direito em poder de fato. O rei correu a legitimar seu poder, que era de fato. Só havia uma forma: considerar o poder real de origem divina, como na França.

A luta política desenvolveu-se então no campo religioso e os reis manipularam a religião para aumentar seu poder. No século XVI, os Tudor haviam dado ênfase ao conteúdo do anglicanismo, isto é, seu lado calvinista, favorecendo a burguesia. Agora, os Stuart ressaltavam a forma católica do anglicanismo, identificando-se com a aristocracia, contra a burguesia. Claro, através do catolicismo era mais fácil justificar a origem divina do poder real. O Parlamento, dominado pela burguesia mercantil e a gentry, radicalizou suas posições e identificou-se com o puritanismo (forma mais radical do calvinismo), que rejeitava o anglicanismo.

A Revolução Puritana foi o resultado da luta entre burguesia e realeza pelo controle político do país.


Os Stuart e a pré-revolução

Carlos I, rei da dinastia Stuart.

Elizabeth morreu em 1603 sem deixar herdeiros e Jaime I, rei da Escócia, assumiu o trono. Ele procurou estabelecer as prerrogativas reais implantando uma monarquia absoluta de direito divino. Perseguiu seitas radicais e até os católicos, que organizaram a Conspiração da Pólvora em 1605 (pretendiam explodir Westminster durante um discurso do rei). Os descontentes emigravam para a América do Norte.

A oposição entre rei e Parlamento ficou evidente a partir de 1610. O rei queria uma ocupação feudal na Irlanda; o Parlamento, uma colonização capitalista. Discordaram quanto aos impostos, pois o rei pretendia o monopólio sobre o comércio de tecidos, o que o tornaria independente do Parlamento financeiramente, considerando-se que já possuía rendas de suas próprias terras e de outros monopólios.

Com a morte de Jaime I em 1625, sobe ao trono seu filho Carlos I. Em 1628, guerras no exterior o obrigam a convocar um Parlamento hostil, que lhe impõe a Petição dos Direitos. Os membros da casa exigiam o controle da política financeira, controle da convocação do exército e regularidade na convocação do Parlamento, já que lhe negaram a aprovação de rendas fixas. O rei dissolveu o Parlamento, que só voltaria a reunir-se em 1640, ano da Revolução.

Carlos I apoiou-se na Câmara Estrelada, tribunal ligado ao Conselho Privado do rei. Dentre seus assessores, destacaram-se o Conde de Strafford e o arcebispo Laud, de Canterbury, responsáveis pela repressão violenta do período. Cresceu a emigração para a América. O rei passou a cobrar impostos caídos em desuso, como o Ship Money, instituído em cidades portuárias para combater a pirataria e agora estendido a todo o reino. Como a forma de enquadrar os dissidentes era a política religiosa, Carlos tentou uniformizar o reino, impondo o anglicanismo aos escoceses, calvinistas. Eles se rebelaram e invadiram o norte inglês. O rei convocou o Parlamento em abril de 1640 e o dissolveu em seguida. Em novembro, sem opções, convocou-o de novo. Foi o Longo Parlamento, pois se manteve até 1653.


O movimento de 1640


O Parlamento foi duro com o rei. Destruiu a Câmara Estrelada. Strafford foi executado em 1641 e Laud, em 1645. O rei não poderia mais ter exército permanente. O Parlamento se reuniria a cada três anos independentemente de convocação real; e conduziria a política tributária e religiosa. Acusou o rei de responsável pelo levante na Irlanda católica em 1641 e lhe dirigiu a Grande Remonstrance (repreensão). Em janeiro de 1642, o rei foi ao Parlamento e exigiu a prisão de cinco líderes oposicionistas. Houve reação violenta, sustentada nas milícias urbanas convocadas em apoio ao Parlamento.

Parlamento: estourava a guerra civil


O rei fez de Oxford seu quartel-general. Convidou o príncipe Rupert para comandar cerca de 20 mil homens do exército de cavaleiros, apoiado por aristocratas do oeste e norte, bem como burgueses inquietos com a desordem popular. Oliver Cromwell organizou em novo estilo 0 exército do Parlamento, composto sobretudo por camponeses, com apoio da burguesia londrina e da gentry: a ascensão se dava não por nascimento, mas por merecimento. Estimulou-se entre os soldados a participação em comitês que debatiam os problemas. Os cabeças redondas (porque não usavam perucas) foram decisivos na batalha final de Naseby, em 1645. Carlos I se refugiou na Escócia, foi preso e vendido pelo Parlamento escocês ao Parlamento inglês.

Criou-se novo problema: setores do Parlamento, achando oportuno o momento para um acordo vantajoso com a realeza, passaram a conspirar com o rei contra o exército. Este estava organizado e influenciado por radicais, como os niveladores, que queriam evitar a desmobilização e o não-pagamento dos salários, como pretendia o Parlamento. Aprofundou-se a diferença entre os grandes do exército e suas bases de niveladores, com projeto avançado para a época. Eles tentaram assumir o controle do exército em 1647 e o rei aproveitou para fugir de novo. O exército se reunificou, prendeu o rei e depurou o Parlamento. Foram presos 47 deputados e excluídos 96: era o Parlamento Coto (Rump). Carlos I foi decapitado em 30 de janeiro de 1649, a Câmara dos Lordes abolida e a República proclamada em 19 de maio.


Decapitação do rei Carlos I, em 30 de janeiro de 1649, na cidade de Londres.



Execução do rei Carlos I.


A República e Cromwell


O Parlamento sofreu nova depuração. Um Conselho de Estado, com 41 membros, passou a exercer o Poder Executivo. De fato, quem o exercia era Cromwell; ele procurou eliminar a reação realista que, com apoio escocês, tentava pôr no trono Carlos II, filho de Carlos I. Cromwell também eliminou os radicais do exército. Os líderes niveladores foram executados; os escavadores, do movimento proletário rural que pretendia tomar terras do Estado, da nobreza e do clero anglicano, foram dizimados. Liquidado o movi­mento mais democrático dentro da Revolução Inglesa, os menos favorecidos ficaram sem esperanças e aderiram a movimentos religiosos radicais, como os ranters e os seekers.

Oliver Cromwell, Lord Protetor da Inglaterra.

Em 1653, foi dissolvido o que restava do Longo Parlamento. Uma nova Constituição deu a Cromwell o título de Lorde Protetor. Tinha poderes tão tirânicos quanto os da monarquia. Ofereceram-lhe a coroa, mas ele recusou: já era um soberano e podia até fazer o sucessor. Para com­bater os rivais holandeses e fortalecer o comércio exterior inglês, baixou o Ato de Navegação. As mercadorias inglesas somente podiam entrar em portos ingleses em navios ingleses ou em navios de seus países de origem. Cromwell governou com rigidez e intolerância, impondo suas idéias puritanas. O filho Richard Cromwell o substituiu após sua morte em 1658 e, pouco firme, foi facilmente deposto em 1659.



A Restauração e a Gloriosa


Com apoio do general Monk, comandante das tropas da Escócia, o Parlamento-Convenção pro­clamou Carlos II rei em 1660. Com poderes limitados, ele se aproximou de Luís XIV da França, tornando-se suspeito para o Parlamento. Uma onda contra-revolucionária sobreveio, favorecida por um Parlamento de Cavaleiros, composto por nobres realistas e anglicanos em sua maioria. O corpo de Cromwell foi desenterrado e pendurado na forca. O poeta Milton foi julgado e condenado. Carlos II baixou novos atos de navegação em favor do comércio inglês. Sua ligação com Luís XIV levou-o a envolver-se na Guerra da Holanda. O Parlamento baixou então, em 1673, a Lei do Teste, pela qual todos os que exercessem função pública deveriam professar seu antianglicanismo. Surgiram dois partidos: os whigs, contra o rei e pró-Parlamento; os tories, defensores das prerrogativas reais.

Jaime II, irmão de Carlos II, subiu ao trono mesmo sendo católico. Buscou restaurar o absolutismo e o catolicismo, punindo os revoltosos, aos quais negava o habeas-corpus. Indicou católicos para funções importantes. Em 1688, o Parlamento convocou Maria Stuart, filha de Jaime II e mulher de Guilherme de Orange, governador das Províncias Unidas, para ocupar o trono. Foi um movimento pacífico. Jaime II refugiou-se na França e um novo Parlamento proclamou Guilherme e Maria rei e rainha da Inglaterra.


Alegoria do desembarque de Guilherme de Orange na Inglaterra: vitória da burguesia.

Os novos soberanos tiveram de aceitar a Declaração dos Direitos, baixada em 1689, que decretava: o rei não podia cancelar leis parlamentares e o Parlamento poderia dar o trono a quem lhe aprouvesse após a morte do rei; haveria reuniões parlamentares e eleições regulares; o Parlamento votaria o orçamento anual; inspetores controlariam as contas reais; católicos foram afastados da sucessão; a manutenção de um exército em tempo de paz foi considerada ilegal.

Os ministros passaram a tomar as decisões, sob autoridade do lorde tesoureiro. Funcionários passaram a dirigir o Tesouro e, em época de guerra, orientavam a política interna e externa. Em 1694, formou-se o tripé fundamental para o desenvolvimento do país, com a criação do Banco da Inglaterra: o Parlamento, o Tesouro e o Banco.

Abriam-se as condições para o avanço econômico que resultaria na Revolução Industrial. De um lado, uma revolução na agricultura através dos cercamentos que beneficiou a gentry. De outro, a expansão comercial e marítima garantida pelos Atos de Navegação, que atendiam aos interesses da burguesia mercantil. Assim se fez a Revolução Gloriosa, que assinalou a ascensão da burguesia ao controle total do Estado.


Os Atos de Navegação transformaram a Inglaterra numa grande potência industrial.

Fonte: http://www.culturabrasil.org/



Saiba mais sobre a Revolução Inglesa


Aula muito importante para o vestibular. Aqui você vai revisar toda a trajetória da dinastia Stuart (Carlos I e Jaime I), passando pela Revolução Puritana, de 1640 e pela experiência única republicana com Oliver Cromwell na Inglaterra, além da Revolução Gloriosa, de 1688.

Conclusões

O parlamentarismo surgiu na Inglaterra, à época da desagregação do sistema feudal. É um sistema de governo que se define não vinculado à forma de organização do Estado, seja ela monarquia ou república. Nesse sistema, as funções do chefe de Estado e chefe de governo são separadas.

O chefe de Estado é o símbolo da continuidade, da unidade de nação e a representa internacionalmente; é o rei na Monarquia e o presidente na República.

O chefe de governo (primeiro-ministro) no Estado parlamentar se define pelo apoio de um partido ou de uma coligação de partidos que formam uma maioria estável no Parlamento.

No parlamentarismo, o poder Legislativo e o Executivo se completam, pois só de sua ação conjunta são possíveis a definição e a execução de um plano de governo, sob a pena de o primeiro-ministro e seu gabinete ou o Parlamento serem substituídos.

A última etapa da Revolução Inglesa - a Revolução Gloriosa de 1688 - possibilitou, com a Declaração de Direitos de 1689, o estabelecimento de um Parlamento eleito como supremo nos fundamentos de tributação e legislação, e para fixar limites para o poder monárquico. Esses princípios influenciaram governos parlamentares pelo mundo afora.

Em 1999, na Inglaterra, a Câmara dos Lords foi dissolvida, consolidando-se a superioridade da Câmara dos Communs; composta de representantes eleitos por sufrágio universal.

Atividades


1. Explique os fatores responsáveis pelo equilíbrio das relações políticas entre a dinastia Tudor e os grupos militares.

2. Explique o fator que determinou a limitação do poder dos reis e a diversificação da composição do Parlamento na Inglaterra.

3. Estabeleça os fatores que geraram constantes atritos entre os Stuarts e o Parlamento.

4. Construa um texto caracterizando a Revolução Puritana.

5. Caracterize a ação de Oliver Cromwell contra o movimento dos Niveladores.



Questões propostas


1. (UFSCar) As revoluções contra o poder absolutista dos reis atravessaram grande parte da história moderna da Europa. Houve, no entanto, diferenças entre as revoluções francesa e inglesa. Assinale a alternativa correta.

a) Na França, a oposição ao absolutismo implicou, ao contrário do que ocorreu na Inglaterra, o estabelecimento de um regime republicano, mesmo que passageiro.
b) A revolução inglesa, diferentemente da francesa, reivindicou os direitos do Parlamento contra o arbítrio real, expressos por documentos escritos que remontavam à Idade Média.
c) A revolução inglesa, ao contrário da francesa, contou com o apoio popular na luta contra os reis absolutistas, desvinculando-se de disputas entre facções religiosas.
d) A luta contra o absolutismo na França distinguiu-se do processo que se desenvolveu na Inglaterra pela violência e execução do monarca absolutista.
e) A revolução francesa removeu os obstáculos impostos à economia pelo antigo regime, industrializando o país no século XVIII; na Inglaterra, ao contrário, a revolução conteve o crescimento econômico.

2. (Mackenzie) A burguesia tinha como projeto político a defesa da propriedade privada e os camponeses defendiam a propriedade coletiva. Ambas as classes combatiam a ordem monárquica absolutista, que lutou pelos interesses da aristocracia que a sustentava. O principal ideólogo do pensamento burguês da época foi John Locke que afirmava: A preservação da propriedade é o grande e principal objetivo da união dos homens em comunidade, colocados sob governo.
Assinale a alternativa que corresponde a essa etapa do processo de consolidação da burguesia.
a) Revolução Francesa.
b) Revolução Inglesa.
c) Revolução Russa.
d) Revolução Americana.
e) Revolução Alemã.

3. (UNESP) "... o período entre 1640 e 1660 viu a destruição de um tipo de Estado e a introdução de uma nova estrutura política, dentro da qual o capitalismo podia desenvolver-se livremente."
( Christopher Hill , A Revolução Inglesa de 1640) . O autor do texto está se referindo:
a) à força da marinha inglesa, maior potência naval da Época Moderna.
b) ao controle pela coroa inglesa de extensas áreas coloniais.
c) ao fim da monarquia absolutista, com a crescente supremacia política do parlamento.
d) ao desenvolvimento da indústria têxtil, especialmente dos produtos de lã.
e) às disputas entre burguesia comercial e agrária, que caracterizaram o período.

4. (UFMG) Durante a Revolução Inglesa, no século XVII, foi formado o Exército de Novo Tipo, liderado por Oliver Cromwell, de que participavam, além da classe mercantil, da gentry, dos pequenos proprietários camponeses e de trabalhadores urbanos, segmentos mais radicais, que defendiam reformas profundas no Estado inglês. É CORRETO afirmar que esses segmentos eram constituídos

a) pelos tories, que visavam ao fechamento do Parlamento e à instituição de um governo popular, e pelos whigs, defensores da abolição da propriedade privada.
b) pelos levellers, que reivindicavam a democratização, a extensão do sufrágio e uma maior igualdade perante a lei, e pelos diggers, defensores da posse comum das terras.
c) pelos landlords, que buscavam a implantação do sufrágio universal e a extensão do voto às mulheres, e pelos warlordists, que pregavam a luta armada do povo contra o Parlamento.
d) pelos saint-simonistas, que defendiam o fim do sistema monárquico, e pelos owenistas, defensores da abolição da Câmara dos Lordes.


5. (UFRRJ) Leia o texto a seguir, sobre algumas das razões que levaram à chamada Revolução Gloriosa, e responda à questão a seguir.
Satisfeitos com a política de Carlos II contra a Holanda, os capitalistas ingleses não se sentiam entretanto contentes com a sua atitude, e ainda menos com a de Jaime II, em relação à França, que se transformara na mais temível concorrente da Inglaterra no comércio e nas colônias. (...) A luta econômica contra a França, a luta por uma religião mais adaptada ao espírito capitalista, provocaram a revolução de 1688.

MOUSNIER, R. "História geral das civilizações". Os séculos XVI e XVII. São Paulo: Difel, 1973. v. 9 p.324.

Sobre a Revolução Gloriosa de 1688/1689, pode‐se afirmar que ela
a) representou a vitória de setores reacionários no espectro político inglês e o retorno à descentralização política típica do mundo medieval.
b) significou, após a afirmação temporária de governos protestantes, um retorno à tradição britânica de governos católicos.
c) foi o momento no qual o anglicanismo afirmou‐se definitivamente como religião de Estado na Inglaterra.
d) representou uma derrota da teoria do direito divino e o triunfo da teoria do contrato entre o soberano e o povo.
e) representou a vitória da teoria da separação dos três poderes e de um estado democrático baseado no sufrágio.

6. (Fatec) O Bill of Rights estabeleceu limitações ao poder real na Inglaterra. Sobre essas limitações é CORRETO dizer que
a) instituíram um ministério composto pela nobreza latifundiária e a burguesia urbana.
b) instituíram o anglicanismo como religião oficial da Inglaterra e a tolerância a todos os cultos, o que foi confirmado pelo rei, apesar de ele ser católico extremado.
c) combatiam a liberdade de imprensa, a liberdade individual e a propriedade privada.
d) dispensavam a aprovação das Câmaras para o aumento de impostos.
e) configuravam um conjunto de medidas que acabou por substituir a monarquia absoluta vigente por uma monarquia constitucional.

7. (Puccamp) Os conflitos político-sociais do século XVII foram o meio pelo qual a Inglaterra
a) transformou o Absolutismo de direito em Absolutismo de fato.
b) promoveu a substituição do Estado liberal - capitalista pelo Estado Absolutista.
c) organizou o Exército do Parlamento, conferindo postos de comando segundo o critério de origem familiar e não pelo merecimento militar.
d) consolidou os interesses da nobreza agrária tradicional rompendo com os ideais da burguesia.
e) diluiu os obstáculos para o avanço capitalista, marcando o início da desagregação do Absolutismo Monárquico.

8. (UNESP 2012) A Revolução Puritana (1640) e a Revolução Gloriosa (1688) transformaram a Inglaterra do século XVII. Sobre o conjunto de suas realizações, pode-se dizer que

A) determinaram o declínio da hegemonia inglesa no comércio marítimo, pois os conflitos internos provocaram forte redução da produção e exportação de manufaturados.

B) resultaram na vitória política dos projetos populares e radicais dos cavadores e dos niveladores, que defendiam o fim da monarquia e dos privilégios dos nobres.

C) envolveram conflitos religiosos que, juntamente com as disputas políticas e sociais, desembocaram na retomada do poder pelos católicos e em perseguições contra protestantes.

D) geraram um Estado monárquico em que o poder real devia se submeter aos limites estabelecidos pela legislação e respeitar as decisões tomadas pelo Parlamento.

E) precederam as revoluções sociais que, nos dois séculos seguintes, abalaram França, Portugal e as colônias na América, provocando a ascensão política do proletariado industrial.

9. (Unicamp - 2011) Na Inglaterra, por volta de 1640, a monarquia dos Stuart era incapaz de continuar governando de maneira tradicional. Entre as forças sociais que não podiam mais ser contidas no velho quadro político, estavam aqueles que queriam obter dinheiro, como também aqueles que queriam adorar a Deus seguindo apenas suas próprias consciências, o que os levou a desafiar as instituições de uma sociedade hierarquicamente estratificada.

(Adaptado de Christopher Hill, “Uma revolução burguesa?”. Revista Brasileira de História, São Paulo, vol. 4, nº 7, 1984, p. 10.)

a) Conforme o texto, que valores se contrapunham à forma de governo tradicional na Inglaterra do século XVII?

b) Quais foram as consequências da Revolução Inglesa para o quadro político do país?


10. (PUC-RJ – 2010) “Para o progresso do armamento marítimo e da navegação, que sob a boa providência e proteção divina interessam tanto à prosperidade, à segurança e ao poderio deste reino [...], nenhuma mercadoria será importada ou exportada dos países, ilhas, plantações ou territórios pertencentes à Sua Majestade, ou em possessão de Sua Majestade, na Ásia, América e África, noutros navios senão nos que [...] pertencem a súditos ingleses [...] e que são comandados por um capitão inglês e tripulados por uma equipagem com três quartos de ingleses [...], nenhum estrangeiro [...] poderá exercer o ofício de mercador ou corretor num dos lugares supracitados, sob pena de confisco de todos os seus bens e mercadorias [...]”.

(Segundo Ato de Navegação de 1660. In: Pierre Deyon. O mercantilismo. São Paulo: Perspectiva, 1973, p. 94-95.)

Por meio do Ato de Navegação de 1660, o governo inglês:

a) estabelecia que todas as mercadorias comercializadas por qualquer país europeu fossem transportadas por navios ingleses.

b) monopolizava seu próprio comércio e impulsionava a indústria naval inglesa, aumentando ainda mais a presença da Inglaterra nos mares do mundo.

c) enfrentava a poderosa França retirando-lhe a posição privilegiada de intermediária comercial em nível mundial.

d) desenvolvia a sua marinha, incentivava a indústria, expandia o Império, abrindo novos mercados internacionais ao seu excedente agrícola.

e) protegia os produtos ingleses, matérias-primas e manufaturados, que deveriam ter sua saída dificultada, de modo a gerar acúmulo de metais preciosos no Reino inglês.

RESPOSTAS

Atividades

1. Os reis Tudor apoiaram-se politicamente na força do poder localizado na nobreza, e esta, necessitando se resguardar das mudanças provocadas pelo processo de centralização do poder, servia aos reis, exercendo cargos administrativos. Os negociantes, dependentes de uma paz interna para o desenvolvimento de suas atividades, proviam os cofres do Estado pagando impostos, assegurando a sua própria segurança.

2. O interesse dos deputados representantes da burguesia em criar expedientes mais eficazes para as atividades econômico-financeiras.

3. A constante intervenção dos reis Stuarts na economia, fato que restringia o crescimento econômico-financeiro da burguesia.

4. Nesse texto, o aluno deverá apresentar a ação dos representantes dos grupos econômico-financeiros contra o governo de Carlos I, bem como as reformas concretizadas.

5. Cromwell reagiu de modo radical ao condenar os representantes do movimento dos Niveladores à morte.

Gabarito das Questões propostas

resposta da questão 1:

[B]


b) A revolução inglesa, diferentemente da francesa, reivindicou os direitos do Parlamento contra o arbítrio real, expressos por documentos escritos que remontavam à Idade Média.

Comentário: A política e a sociedade inglesa sempre exigiram dos reis direitos que desde a Baixa Idade Média restringiam seus poderes. Exemplo dessa situação foi a promulgação da Magna Carta no século XIII.

resposta da questão 2:

[B]


b) Revolução Inglesa.

Comentário: A primeira revolução de caráter burguesa ocorreu na Inglaterra, quando aquela classe decidiu reagir contra as pretensões absolutistas dos Stuarts.

resposta da questão 3:

[C]

c) Ao fim da monarquia absolutista, com a crescente supremacia política do parlamento.

Comentário: O Parlamento passou a uma liderança no governo da Inglaterra, com a deposição dos Stuarts e a promulgação do Bill of Rights, que transferiu o poder executivo para o Parlamento.

resposta da questão 4:

[B]


b) pelos levellers, que reivindicavam a democratização, a extensão do sufrágio e uma maior igualdade perante a lei, e pelos diggers, defensores da posse comum das terras.

Comentário: Esses movimentos representavam os seguimentos sociais populares que reivindicavam uma demonstração do poder tanto político como econômico.

resposta da questão 5:

[D]

d) representou uma derrota da teoria do direito divino e o triunfo da teoria do contrato entre o soberano e o povo.

Comentário: A influência da teoria do Contrato Direito Civil de John Locke foi o referencial para a derrubada do direito divino dos reis na Inglaterra do século XVII.

resposta da questão 6:

[E]

e) configuravam um conjunto de medidas que acabou por substituir a monarquia absoluta vigente por uma monarquia constitucional.

Comentário: A afirmação caracteriza o significado do documento emitido para restringir o poder dos reis ao final do século XVII.

resposta da questão 7:

[E]


e) diluiu os obstáculos para o avanço capitalista, marcando o início da desagregação do Absolutismo Monárquico.

Comentário: Esses conflitos enfraqueceram a monarquia absolutista à mediada que os interesses da sociedade não eram compatíveis com os interesses dos Stuarts.

Resposta da questão 8:

[D]

Resolução: a Revolução Puritana derrubou a dinastia Stuart e implantou uma República Parlamentar, depois ditatorial, sob o comando de Oliver Cromwell, que reprimiu os movimentos populares e impulsionou o comércio inglês a partir do Ato de Navegação (1651).

Com a Revolução Gloriosa, a burguesia inglesa se libertava do Estado absolutista definitivamente, que com seu permanente intervencionismo era uma barreira para um mais amplo acúmulo de capital. O novo rei, Guilherme de Orange se subordinou ao Bill of Rights. Dessa forma a burguesia, aliada a aristocracia rural, passou a exercer diretamente o poder político através do Parlamento.

Resposta da questão 9:

a) De acordo com o texto de Christopher Hill, os valores que inspiravam a oposição à tradicional monarquia

inglesa dos Stuart eram: “a busca por dinheiro”, que caracterizava as práticas capitalistas da burguesia

mercantil, e a adoração a Deus baseada no individualismo e na livre interpretação da Bíblia típica, de alguns

grupos protestantes, como os puritanos.

b) A Revolução Inglesa transforma em definitivo a estrutura política do país, na medida em que converte-o

em uma monarquia parlamentar, em que o poder legislativo estaria sob controle de representantes eleitos,

fortemente influenciados por interesses da ascendente burguesia, e as atribuições do monarca e os direitos

dos cidadãos estariam definidos em uma Constituição, a “Bill of Rights”.

resposta da questão 10:

[B]