terça-feira, 31 de agosto de 2010

A Violência no México

Pio Penna Filho*

O assassinato de 72 pessoas no norte do México recolocou o país no centro das atenções internacionais. Não se trata de uma nova onda de violência, mas da violência continuada. O próprio governo mexicano estima em mais de vinte e três mil o número de pessoas mortas desde 2006 como conseqüência da violência promovida pelo crime organizado. Não é, definitivamente, pouco. E há estimativas ainda piores, talvez mais realistas.
O crime organizado atua em praticamente todo o território nacional. Algumas organizações possuem ramificações internacionais e estão presentes em outros países da América Central, como Guatemala e El Salvador, isso sem contar as evidentes conexões na Colômbia, no Peru e nos Estados Unidos, este último o objetivo principal dessas organizações.


Los Zetas, Cartel do Golfo, Cartel de Sinaloa, Cartel de Juárez, Cartel de Tijuana e La Família estão entre as mais conhecidas organizações criminosas que atuam no México. As atividades do crime organizado são antigas no país e há registros que remontam à época da Segunda Guerra Mundial, período de formação do que ficou mais tarde conhecido como Cartel de Sinaloa, o mais antigo grupo em atividade. Desde essa época, portanto, já ocorria a venda de drogas para os Estados Unidos, principalmente maconha e heroína.
O crime organizado no México cresceu dessa forma justamente pela proximidade do país com o rico mercado norte-americano. É claro que essa característica por si só não explica a dimensão das atividades criminosas no México.
Além de uma estrutura social precária, marcada pela desigualdade e pela falta de oportunidades e pela falta de inclusão social, a responsabilidade maior deve ser atribuída ao Estado mexicano que falhou, e continua falhando, tanto em matérias sociais quanto na prevenção e na repressão ao crime organizado.


O resultado é esse clima de insegurança generalizada e ameaça frontal ao Estado e à sociedade, que vive o drama de ter que conviver com organizações criminosas extremamente violentas. A pressão sobre o Estado é enorme, tendo a corrupção atingido níveis alarmantes. Estima-se, por exemplo, que cerca de 10% da força policial já foi corrompida. E mais: está cada vez mais evidente a associação entre o crime organizado e importantes setores políticos, o que torna o problema substancialmente mais grave.


O México já é visto por especialistas como um dos cinco países no ranking internacional de Estados mais assolados pelo crime organizado. Perde apenas dos seguintes países: Afeganistão, Guiné Equatorial, Nigéria e Paquistão. Todos são mundialmente conhecidos pela incapacidade de lidar com as organizações criminosas que atuam em seus territórios.
Enfim, o problema do México é grave e afeta todo o seu entorno. A insegurança se dissemina em todas as direções, tanto é que se fala até no nascimento de uma “narcorregião”, envolvendo a América Central e o Caribe. Diante desse quadro, o crime organizado no Brasil parece estar no jardim da infância.

* Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com

sábado, 28 de agosto de 2010



Primeiro Ano - CNDL
Colégio Notre Dame de Lourdes
Coleção Pitágoras
Terceiro bimestre - História do Brasil
Capítulo 2
Os caminhos da política imperial: da transferência da Corte à Independência do Brasil
Objetivos específicos do capítulo
* Discutir a questão da verdade na História.
* Discutir a questão da construção do discurso histórico.
* Analisar as razões da vinda da Corte Portuguesa para o Brasil.
* Identificar as medidas adotadas por D. João após a vinda da Corte.
* Avaliar os impactos na cidade do Rio de Janeiro da chegada da Corte Portuguesa.
* Analisar o processo de independência do Brasil.
* Reconhecer o processo de independência do Brasil.
* Reconhecer o processo da Revolução Liberal do Porto.
* Analisar a conjuntura da Regência de D. Pedro e o momento da Independência.


Conceitos fundamentais: historiografia; independência; emancipação; elites políticas; centralismo; monopólio colonial; revolução; liberalismo; absolutismo.

Este capítulo se inicia com a questão da construção do discurso histórico a partir da análise de duas fontes iconográficas relativas à Independência do Brasil. O que se pretende é mostrar versões para a Independência com base na análise dessas imagens. Esse é um tipo de problematização que pode e deve ser utilizado em outros capítulos, seja por meio de iconografia, seja por meio de documentos escritos.




VIANNA, Armando. Chegada de D. João à Igreja do Rosário no Rio de Janeiro, [s.d]. Museu da Cidade, RJ.


O primeiro tema do conteúdo a ser tratado no capítulo é o da transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, ressaltando que essa transferência não foi fortuita como geralmente se pensa. Examinam-se as medidas adotadas por D. João após a sua chegada ao Brasil, com especial ênfase à abertura dos portos, que transformou a cidade do Rio de Janeiro. Se, por um lado, com a entrada de mercadorias estrangeiras, a cidade adquiriu ares europeus e sofisticados, por outro lado permaneceu a face colonial do Rio. Essas rupturas e permanências devem ser exploradas para que o aluno não reconheça apenas os impactos da chegada da Corte no Brasil. Na seção 'Análise e interpretação', foi apresentado trechos do Decreto de Elevação do Brasil a Reino Unido de 16 de dezembro de 1815, nos quais se explicitam as razões da vinda da Corte para o Brasil, apresentando uma visão mais crítica dessa transferência. Na seção 'O tema em foco', foi apresentado um texto sobre os impactos na cidade do Rio de Janeiro da chegada da Corte tanto no campo social quanto político.
O capítulo segue com a abordagem da independência do Brasil. São examinadas a Revolução Liberal do Porto, a regência de D. Pedro, com a inserção de um texto de Iara Lis de Souza, da declaração da independência. Na seção 'Análise e interpretação', foi escolhido um texto de Kenneth Maxwell que faz uma leitura inovadora do processo de independência, apresentando, assim, mais uma possibilidade de análise do tema. Na seção 'O tema em foco', foi apresentado um verbete da emancipação política do Brasil que, além de tratar de eventos desse processo, faz uma crítica historiográfica importante, contribuindo para os propósitos do capítulo.
Na seção 'Construindo habilidades e competências', solicita-se ao aluno, separado em grupos, a elaboração de um jornal sobre a independência do Brasil.


Problematização do tema

Observe as duas imagens e leia o texto a seguir.

ALBUQUERQUE, Georgina de. Sessão do Conselho de Estado. [s.d]. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro.



AMÉRICO, Pedro. Independência ou Morte! [s.d]. Museu Paulista, São Paulo.

Georgina de Albuquerque, artista profissional e reconhecida, com sua tela Sessão do Conselho de Estado, se opôs à célebre pintura Independência ou Morte! (1888), de autoria de Pedro Américo, hoje instalada no Museu Paulista, conhecido também como Museu do Ipiranga. Esta obra, constitutiva do nosso imaginário sobre a ruptura política com Portugal, até hoje é amplamente veiculada, inclusive em livros didáticos, e muitas vezes tomada como registro fidedigno do que ocorrera em 7 de setembro de 1822 e não apenas uma interpretação. Nela, D. Pedro I figura no centro, com armas em punho, tendo ao seu redor soldados fiéis, postados nas colinas do riacho do Ipiranga, no momento em que declarava a independência.



"Sessão do Conselho de Estado" apresenta uma interpretação oposta à de Pedro Américo. Primeiro por celebrar um outro momento. Baseando-se na obra História do Brasil, de Rocha Pombo, a artista identificou na reunião do Conselho de Estado, presidido pela Princesa Leopoldina, a ocasião em que de fato seria decidida a independência. No canto esquerdo, sentada, regendo o evento, está a princesa Leopoldina. À sua frente, um grupo de conselheiros, liderado por José Bonifácio, um dos mentores da emancipação, que expõe os fatos justificadores da decisão de se romper com a metrópole. Em contraste com a tela Independência ou Morte!, não se trata de cena belicosa, mas de um fato construído politicamente. Não há soldados, fardas ou armas, mas sim a ideia de um processo amplamente refletido e em nada impetuoso, no qual a protagonista é uma mulher.
SIMONI, Ana Paula Cavalcanti. Sessão do Conselho de Estado, de Georgina de Albuquerque.
Nossa História, Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, n.5. mar. 2004. p. 24.
As imagens anteriores e o texto que as analisa mostram bem como a questão da verdade na história é complexa. Você observou duas fontes iconográficas e obteve duas interpretações diferentes para a independência do Brasil.
O quadro de Pedro Américo foi concluído em 1888, um ano antes da proclamação da República. O artista fez uma ampla pesquisa, consultando historiadores, estudando objetos e visitando o local do grito. Apesar disso, achava que não deveria ficar "preso à verdade". Assim, entre outros aspectos, alterou a topografia, para realçar o riacho do Ipiranga e a colina; escolheu raças de cavalos que dessem maior elegância ao príncipe D. Pedro e à sua comitiva; definiu características de trajes e chapéus; e promoveu a incorporação anacrônica da Guarda de Honra do Imperador, regimento criado, como o próprio nome sugere, tempos depois do 7 de Setembro, explica Cecília Helena de Salles Oliveira, professora da Universidade de São Paulo (USP).

As muitas independências. Revista Nossa História. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, set. 2004. n. 11. p. 14.

Assim como outros eventos históricos, há muitas independências. Nesse capítulo, você vai estudar o processo que levou o Brasil a se emancipar de Portugal. Iniciado com a chegada da Corte e, a partir daí, os desdobramentos que acabaram levando o Brasil à sua independência política. Na medida do possível, vamos apresentar algumas das múltiplas interpretações desse processo.




Pense sobre o que você acabou de ler e discuta:

1. Na sua leitura iconográfica das duas imagens do início do capítulo, qual delas lhe parece representar melhor a independência do Brasil? Por quê?


2. Você acredita que a independência do Brasil foi um acontecimento pacífico acontecido em uma reunião palaciana?



3. Qual a sua opinião sobre a atitude de Pedro Américo ao retratar a independência do Brasil?



4. Qual o papel da vinda da Corte Portuguesa no processo de emancipação do Brasil?



A transferência da Corte Portuguesa



A transferência da corte portuguesa para o Brasil não foi improvisada, como é comum entendê-la. Ela já havia sido cogitada várias vezes.


Concebida, desde o século XVII, como solução de emergência em situações de crise, a mudança da Corte para a América voltou a ser considerada pelo anglófilo Rodrigo de Souza Coutinho às vésperas de sua demissão da pasta de secretário da Marinha e Ultramar, em 1803, mas somente entrou na pauta governamental do dia quando sucessivas ameaças da França evidenciaram, a partir de 1807, a iminência da invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas. Convencido de que a integridade da monarquia somente seria assegurada por meio da preservação dos domínios americanos, cujos recursos naturais e humanos superavam os do reino, D. João e a Corte partiram de Lisboa em 29 de novembro de 1807, compondo uma comitiva de 15 mil pessoas, incluindo apenas uma pequena parte da alta nobreza lusitana.


VAINFAS, Ronaldo, (org.) Transmigrassão da Corte. Dicionário do Brasil colonial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. p. 557.


A chegada da família real portuguesa no Brasil



A comitiva chegou à Bahia em janeiro de 1808. Imediatamente, o príncipe regente decretou a abertura dos portos brasileiros às nações amigas e seguiu para o Rio de Janeiro onde aportou em 7 de março do mesmo ano.


Além da abertura dos portos, ainda no ano de 1808, o Príncipe Regente criou o Tribunal Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação do Estado do Brasil.

O alvará de 1785, que proibia a existência de manufaturas no Brasil, foi revogado.

A abertura dos portos em 1808 aumentou as possibilidades de articulação da América Portuguesa com o comércio internacional e incentivou migrações internas. As cidades cresceram e adotaram hábitos de consumo mais sofisticados. O maior exemplo foi a cidade do Rio de Janeiro, que se transformou com a presença da Corte Portuguesa. Apesar de conservar algumas das características das vilas coloniais, a cidade ganhou ares europeus após 1808.



DEBRET, Jean Baptiste. Os refrescos no Largo do Palácio. Viagem Pitoresca e Histórica através do Brasil. Paris/França, 1835/39.

Assista a aula sobre os principais acontecimentos do governo de D. João VI no Brasil

Segundo Ano - CNDL
Colégio Notre Dame de Lourdes
Terceiro Bimestre
Coleção Pitágoras
Caderno 2
Unidade - A Era Vargas
Capítulo 1 - A construção de um Brasil novo

Assista ao video a seguir onde o professor Ricardo Carvalho apresenta as repercussões da dita revolução de 1930 e as principais características da chamada Era Vargas (1930-1945)




Confira o video abaixo os reflexos da chamada Revolução de 1930 no Brasil




Assista agora a segunda parte do video com as transformações políticas, econômicas e sociais implantadas ao longo da Era Vargas



Nesta teleaula você vai estudar um pouco mais a Revolução de 30. Verá quais foram as forças políticas e econômicas que saíram vitoriosas e conhecerá as principais transformações que essa revolução provocou no país. Além disso, entenderá como Getúlio Vargas conseguiu ficar no poder durante 15 anos seguidos.
Este capítulo trata das diretrizes econômicas, do governo provisório e do constitucional de Vargas, além do golpe de 10 de novembro de 1930, portanto se fará uma abordagem do contexto histórico situado entre 1930 e 1937. O ponto principal a ser exposto é a definição do que foi a Era Vargas: uma mudança na ordem política, econômica e social do Brasil. Essas questões estão bem definidas no texto do capítulo. É possível que se tenha alguma dificuldade ao estudar a questão das políticas econômicas - o processo de alteração do padrão de acumulação capitalista no Brasil - que é um assunto mais árido. Para tanto necessita-se de um reforço nas ideias trabalhadas no capítulo, tais como a construção dos conceitos, com exemplos que materializarem o processo estudado, comparações com outros momentos da história do Brasil.
Há que se trabalhar com a construção de alguns conceitos importantes para o desenvolvimento desse capítulo, tais como os de capitalismo liberal, mercado autoregulado, Estado interventor, substituição de importações, corporativismo. São conceitos decisivos para se entender a mudança na acumulação capitalista no Brasil.
No exame do governo provisório, ênfase especial deve ser conferida ao Código Eleitoral que estabelecia o voto universal, secreto e facultativo, inclusive às mulheres. Também deve ser abordada a Revolução Constitucionalista de 1932, para o que foi escolhido um manifesto em que se explicam as razões de os paulistas enfrentarem o governo central.
Pelo menos dois contextos internacionais devem ser abordados: a crise de 1929 e o período entre-guerras com a ascensão do nazi-fascismo, que influenciou decisivamente a criação da Ação Integralista Brasileira. A atuação do Partido Comunista - a partir de uma política de internacionalização do socialismo - ajuda a explicar a criação da Aliança Nacional Libertadora e sua atuação no Brasil, nos anos 1930. Sobre a ANL foi escolhido um texto que mostra a sua vinculação com o Partido Comunista. Como se sabe a ANL era formada por setores variados, mas novas pesquisas enfatizam a sua forte vinculação como o PCB. O levante dos aliancistas foi motivo para que Vargas instalasse o estado de sítio e um ótima desculpa para o golpe de 1937 como mostra o trecho do documento escolhido para a análise dos alunos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Terceiro Ano - CNDL
Colégio Notre Dame de Lourdes
Terceiro Bimestre
Coleção Pitágoras
As civilizações clássicas
A civilização romana
Atividades


12. "A luta entre patrícios e plebeus estabeleceu-se como um dos principais elementos sociais da República Romana."
a) Justifique a eclosão dos conflitos entre patrícios e plebeus no período republicano.

Resposta: Os plebeus, apesar de serem considerados livres, eram destituídos de direitos políticos além de serem obrigados a pagar impostos e servir o exército. A marginalização política, a discriminação social e a desigualdade econômica imposta à plebe provocaram a reação política contra os setores aristocráticos.

b) Apresente um desdobramento político desse conflito.
Resposta: A decretação da Lei das 12 Tábuas, instituindo a igualdade jurídica entre patrícios e plebeus.

13. Explique a importância das Guerras Púnicas para a República Romana.
Resposta: As Guerras Púnicas contra Cartágo, permitiram a Roma a consolidação do seu domínio marítimo-comercial sobre o Mediterrâneo Ocidental.

14. Analise a importância social das reformas propostas por Tibério e Caio Graco.
Resposta: A importância da atuação dos tribunos da plebe, Tibério e Caio Graco, definiu-se pela defesa de medidas de caráter social voltadas para os interesses das camadas populares, como a proposta de reforma agrária e a Lei Frumentária.

15. Explique o que permitiu a "Pax Romana" durante o governo de Otávio Augusto.
Resposta: A "Pax Romana" foi possibilitada, externamente, pela substituição do expansionismo militar pela melhoria da administração das províncias e internamente pela melhoria da administração das províncias e internamente pela prosperidade econômica e social além de grandes realizações artísticas e culturais.


16. Analise os fatores responsáveis pela desagregação do Império Romano.
Resposta: A crise do Império Romano está relacionada, entre outros fatores, à crise do modo de produção escravista, decorrente da diminuição das conquistas militares, provocando a retração dos setores produtivos. As intrigass palacianas responsáveis pelo agravamento do quadro de instabilidade política e econômica e ao processo das invasões bárbaras sobre as fronteiras do Império.

17. Explique as origens e a importância histórica do Direito Romano.
Resposta: O legado cultural mais importante de Roma estabeleceu-se no campo do Direito. Suas origens estabeleceram-se na luta de classes entre plebeus e patrícios ocorridas durante o período republicano. Dessa luta, definiu-se, entre outras conquistas, a Lei das 12 Tábuas. As leis escritas do Direito Romano deram origem ao Corpus Juris Civilis ou Código de Justiniano, imperador bizantino, que inspirou a legislação e o Direito moderno do mundo ocidental.

QUESTÕES PROPOSTAS
1. (UFC-CE) A concentração de terras produtivas nas mãos da aristocracia grega gerou uma série de crises e conflitos sociais relacionados à posse da terra entre os séculos VIII a.C. e VII a.C., período de formação da polis grega. Constituiu solução adotada para superar as tensões sociais nesse período a:
A) venda dos homens livres sem terra como escravos para outros povos, como os fenícios.
B) adoção da tirania como forma de conter as revoltas sociais que se manifestavam no governo
democrático.
C) diminuição do número de escravos para ampliar as possibilidades de trabalho para os homens gregos livres.
D) colonização de novas terras por grupos de colonos gregos com o intuito de fundar novas poleis e organizar uma economia autônoma.
E) ampliação do comércio após a tomada das rotas comerciais dos egípcios a fim de deslocar a mão de obra grega para a atividade comercial.

2. (Fuvest) Comparando-se as civilizações da Antiguidade Ocidental (Grécia e Roma) com as da Antiguidade Oriental (Egito e Mesopotâmia), constata-se que ambas conheceram as mesmas instituições básicas, muitas das quais, aliás, o Ocidente tomou do Oriente. Contudo, houve um setor original e específico da civilização greco-romana. Trata-se do:
a) econômico,com novas formas de indústrias e comércio que permitiram o surgimento de centros urbanos.
b) social, com novas formas de trabalho compulsório e hierarquias sociais baseadas no nascimento e na riqueza.
c) religioso, como aparecimento de divindades com representação antropomórfica e poderes ilimitados.
d) cultural, com o desenvolvimento das artes plásticas e de expressões artísticas derivadas do uso da escrita.
e) político, com a instituição de práticas participativas no poder e instituições republicanas de governo.

3. (UFC) A democracia ateniense possui algumas características que a tornam diferente das democracias modernas, ainda que estas se inspirem nela para se constituírem.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. v. 1 e 2. ed. São Paulo, Brasiliense, 1994. p. 111.

Dentre as peculiaridades da democracia ateniense, podemos destacar:

01. Os estrangeiros (metecos) são excluídos da democracia.

02. Os escravos domésticos gozam de direitos civis e políticos.

04. Os direitos da cidadania restringem-se a uma parcela da população: os cidadãos.

08. Mulheres e crianças estão excluídas da cidadania que existe apenas para os homens livres, adultos naturais de Atenas.

16. A democracia ateniense representa um avanço, se comparada às formas políticas das monarquias orientais.

4.(FUVEST) "A história da Antiguidade Clássica é a história das cidades, porém, de cidades baseadas na propriedade da terra e na agricultura." K. Marx. Formações econômicas pré-capitalistas. Em decorrência da frase de Marx, é correto afirmar que

a) os comerciantes eram o setor urbano com maior poder na Antigüidade, mas dependiam da produção agrícola.
b) o comércio e as manufaturas eram atividades desconhecidas nas cidades em torno do Mediterrâneo.
c) as populações das cidades greco-romanas dependiam da agricultura para a acumulação de riqueza monetária.
d) a sociedade urbana greco-romana se caracterizava pela ausência de diferenças sociais.
e) os privilégios dos cidadãos das cidades gregas e romanas se originavam da condição de proprietários rurais.

5. (UFC) A respeito da Grécia, podemos dizer que

01. a Gerúsia era o nome atribuído ao Conselho dos Anciãos espartanos.

02. a rivalidade entre Atenas e Esparta provocou a Guerra do Peloponeso.

04. a cultura helenística era expressão da fusão de elementos gregos e orientais.

08. o apogeu da democracia ateniense ocorreu durante o governo de Péricles.

16. a diarquia foi consolidada pelos democratas atenienses.

32. a cidade-Estado foi uma criação da política grega.

6. (UFBA) Em relação ao legado cultural dos romanos à Civilização Ocidental, pode-se afirmar:

(01) Esse legado foi transmitido à civilização moderna e contemporânea através dos povos "bárbaros", os quais, assimilados à cultura romana, lançaram as bases das modernas nações europeias.

(02) Conhecimentos científicos sobre matemática e ciências naturais foram amplamente aprofundados pelos romanos, constituindo-se posteriormente na base para os avanços realizados durante o Renascimento.

(04) A estrutura administrativa dos romanos, no que se refere aos governos locais e ao papel dos edis, ofereceu subsídios para a moderna administração municipal.

(08) O esforço dos romanos no sentido de sistematizar suas leis, através do Corpus Juris Civilis, foi totalmente perdido, após as alterações provocadas pelos povos "bárbaros", no Império.

(16) A religião cristã, aceita sem dificuldades pelo Império Romano, foi utilizada como instrumento de poder e dominação daquele povo sobre os árabes, os judeus e os germanos.

7. (UFPE)"Em Roma, a civilização, a cultura, a literatura, a arte e a própria religião provieram quase inteiramente dos gregos ao longo de quase meio milênio de aculturação".

Paul Veyne, in HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA.

Com relação à cultura greco-romana assinale a alternativa incorreta:
a) Pode-se afirmar que de Gibraltar ao Indo, região dominada pelo Império Romano, reinava a civilização helenística.
b) O aparelho de estado romano não se espelhou na política grega devido às diferentes perspectivas que tinham os romanos sobre duas questões: a riqueza e o poder.
c) Apesar de copiarem a arte grega, os romanos foram originais no que diz respeito ao ato de retratar, tanto através de pintura quanto da escultura.
d) Assim como em Atenas, a posição da mulher romana era de grande poder político e prestígio social.
e) No início do período republicano, a vida familiar entrou em crise: adultério e divórcio, cultos orientais e gregos tomaram o lugar da religião formalista, patriótica e do culto aos antepassados.

8. (UFC) O Império Romano caiu em finais do século V. A sociedade romana foi destruída por motivos internos e externos ao próprio Império. As complexas causas de sua crise foram precipitadas pelo movimento dos escravos, dos colonos e das conquistas dos bárbaros.

Podemos afirmar que os bárbaros eram

a) povos comerciantes do Mediterrâneo.

b) tribos seminômades pastoris e guerreiras que viviam agrupadas em clãs.

c) grupos internos ao Império, descontentes com a crise iniciada no século III.

d) um conjunto de povos portadores de novas tecnologias agrárias.

e) tribos descendentes dos antigos etruscos que habitavam o Lácio.

9. (UFPE) A cristianização do Império Romano é decorrente de que fato?

a) Tendência dos romanos às fantasias da imaginação mística.

b) Processo de expansão romana na direção do Oriente Próximo.

c) Deificação do Imperador Augusto.

d) Cultos secretos: os mistérios Elêusis e Orfismo.

e) Práticas religiosas pagãs da família patriarcal romana.

GABARITO:

01. D

02. E

03. Verdadeiras: 01, 04, 08, 16

04. E

05. Verdadeiras: 01, 02, 04, 08

06. Verdadeiras: 01, 04

07. D

08. B

09. B

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Terceiro Ano - CNDL
Colégio Notre Dame de Lourdes
Terceiro Bimestre
Coleção Pitágoras
As civilizações clássicas
A civilização romana
O mundo Romano: da monarquia a República





Nesta teleaula você conhecerá a lenda que se mistura com a história da fundação de Roma e saberá como a cidade passou de monarquia a República. Além disso, verá que, durante as guerras púnicas, os romanos destruíram a cidade de Cartago e se tornaram donos do norte da África.

Assista também a segunda parte da aula O mundo Romano: da monarquia a República


Da Crise da República ao Fim do Império Romano

Nesta teleaula você verá que as desigualdades sociais provocaram uma crise na república romana e que o partido senatorial impedia reformas propostas pelo partido popular. Além disso, aprenderá que o império romano caiu devido aos seus vícios internos e às invasões dos povos bárbaros.

Assista também a segunda parte da aula Da Crise da República ao Fim do Império Romano



Saiba mais sobre a decadência do Império Romano

O professor de História do Vestibular em Foco, Carballal explica os fatores que levaram ao colapso do poderoso império romano.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Terceiro Ano - CNDL
Colégio Notre Dame de Lourdes
Terceiro Bimestre
Coleção Pitágoras
As civilizações clássicas

A civilização romana

Introdução
A história de Roma Antiga é fascinante em função da cultura desenvolvida e dos avanços conseguidos por esta civilização. De uma pequena cidade, tornou-se um dos maiores impérios da antiguidade. Dos romanos, herdamos uma série de características culturais. O direito romano, até os dias de hoje está presente na cultura ocidental, assim como o latim, que deu origem a língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola.



Origem de Roma : explicação mitológica
Os romanos explicavam a origem de sua cidade através do mito de Rômulo e Remo. Segundo a mitologia romana, os gêmeos foram jogados no rio Tibre, na Itália. Resgatados por uma loba, que os amamentou, foram criados posteriormente por um casal de pastores. Adultos, retornam a cidade natal de Alba Longa e ganham terras para fundar uma nova cidade que seria Roma.

Origens de Roma : explicação histórica e Monarquia Romana (753 a.C a 509 a.C)
De acordo com os historiadores, a fundação de Roma resulta da mistura de três povos que foram habitar a região da Península Itálica: gregos, etruscos e italiotas. Desenvolveram na região uma economia baseada na agricultura e nas atividades pastoris. A sociedade, nesta época, era formada por patrícios ( nobres proprietários de terras ) e plebeus ( comerciantes, artesãos e pequenos proprietários ).






O sistema político era a monarquia, já que a cidade era governada por um rei de origem patrícia.

Religião politeísta
A religião neste período era politeísta, adotando deuses semelhantes aos dos gregos, porém com nomes diferentes. Nas artes destacava-se a pintura de afrescos, murais decorativos e esculturas com influências gregas.

República Romana (509 a.C. a 27 a.C)




Durante o período republicano, o senado Romano ganhou grande poder político. Os senadores, de origem patrícia, cuidavam das finanças públicas, da administração e da política externa. As atividades executivas eram exercidas pelos cônsules e pelos tribunos da plebe.
A criação dos tribunos da plebe está ligada às lutas dos plebeus por uma maior participação política e melhores condições de vida.
Em 367 a.C, foi aprovada a Lei Licínia, que garantia a participação dos plebeus no Consulado (dois cônsules eram eleitos: um patrício e um plebeu). Esta lei também acabou com a escravidão por dívidas (válida somente para cidadãos romanos).

Formação e Expansão do Império Romano
Após dominar toda a península itálica, os romanos partiram para as conquistas de outros territórios. Com um exército bem preparado e muitos recursos, venceram os cartagineses, liderados pelo general Anibal, nas Guerras Púnicas (século III a.C).



Esta vitória foi muito importante, pois garantiu a supremacia romana no Mar Mediterrâneo. Os romanos passaram a chamar o Mediterrâneo de Mare Nostrum.
Após dominar Cartago, Roma ampliou suas conquistas, dominando a Grécia, o Egito, a Macedônia, a Gália, a Germânia, a Trácia, a Síria e a Palestina.






Com as conquistas, a vida e a estrutura de Roma passaram por significativas mudanças. O império romano passou a ser muito mais comercial do que agrário. Povos conquistados foram escravizados ou passaram a pagar impostos para o império. As províncias (regiões controladas por Roma) renderam grandes recursos para Roma. A capital do Império Romano enriqueceu e a vida dos romanos mudou.






Principais imperadores romanos : Augusto (27 a.C. - 14 d.C), Tibério (14-37), Caligula (37-41), Nero (54-68), Marco Aurelio (161-180), Comodus (180-192).







Luta de gladiadores: pão e circo
Pão e Circo



Com o crescimento urbano vieram também os problemas sociais para Roma. A escravidão gerou muito desemprego na zona rural, pois muitos camponeses perderam seus empregos. Esta massa de desempregados migrou para as cidades romanas em busca de empregos e melhores condições de vida. Receoso de que pudesse acontecer alguma revolta de desempregados, o imperador criou a política do Pão e Circo. Esta consistia em oferecer aos romanos alimentação e diversão. Quase todos os dias ocorriam lutas de gladiadores nos estádios ( o mais famoso foi o Coliseu de Roma ), onde eram distribuídos alimentos. Desta forma, a população carente acabava esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances de revolta.


Cultura Romana
A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega. Os romanos "copiaram" muitos aspectos da arte, pintura e arquitetura grega.
Os balneários romanos espalharam-se pelas grandes cidades. Eram locais onde os senadores e membros da aristocracia romana iam para discutirem política e ampliar seus relacionamentos pessoais.
A língua romana era o latim, que depois de um tempo espalhou-se pelos quatro cantos do império, dando origem na Idade Média, ao português, francês, italiano e espanhol.
A mitologia romana representava formas de explicação da realidade que os romanos não conseguiam explicar de forma científica. Trata também da origem de seu povo e da cidade que deu origem ao império. Entre os principais mitos romanos, podemos destacar: Rômulo e Remo e O rapto de Proserpina.

Religião Romana
Os romanos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. A grande parte dos deuses romanos foram retirados do panteão grego, porém os nomes originais foram mudados. Muitos deuses de regiões conquistadas também foram incorporados aos cultos romanos. Os deuses eram antropomórficos, ou seja, possuíam características ( qualidades e defeitos ) de seres humanos, além de serem representados em forma humana. Além dos deuses principais, os romanos cultuavam também os deuses lares e penates. Estes deuses eram cultuados dentro das casas e protegiam a família.
Principais deuses romanos : Júpiter, Juno, Apolo, Marte, Diana, Vênus, Ceres e Baco.

Crise e decadência do Império Romano
Por volta do século III, o império romano passava por uma enorme crise econômica e política. A corrupção dentro do governo e os gastos com luxo retiraram recursos para o investimento no exército romano. Com o fim das conquistas territoriais, diminuiu o número de escravos, provocando uma queda na produção agrícola. Na mesma proporção, caia o pagamento de tributos originados das províncias.
Em crise e com o exército enfraquecido, as fronteiras ficavam a cada dia mais desprotegidas. Muitos soldados, sem receber salário, deixavam suas obrigações militares.


Os povos germânicos, tratados como bárbaros pelos romanos, estavam forçando a penetração pelas fronteiras do norte do império. No ano de 395, o imperador Teodósio resolve dividir o império em: Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e Império Romano do Oriente (Império Bizantino), com capital em Constantinopla.
Em 476, chega ao fim o Império Romano do Ocidente, após a invasão de diversos povos bárbaros, entre eles, visigodos, vândalos, burgúndios, suevos, saxões, ostrogodos, hunos etc. Era o fim da Antiguidade e início de uma nova época chamada de Idade Média.

fonte: www.suapesquisa.com/imperioromano



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As civilizações clássicas - A civilização romana
Confira, na apresentação abaixo,aspectos marcantes da história romana



terça-feira, 24 de agosto de 2010

Terceiro Ano - CNDL
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As civilizações clássicas - A civilização grega

Músicas que enfocam a temática da Grécia Antiga

Mulheres de Atenas, de Chico Buarque




Mulher nova, bonita e carinhosa, de Zé Ramalho e Otacílio Batista


segunda-feira, 23 de agosto de 2010

As civilizações clássicas - A civilização grega

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As civilizações clássicas - A civilização grega

Atividades

1. Explique de que forma ocorreu a organização social da civilização grega.
A civilização grega organizou-se através da fusão de diferentes povos de origem indo-europeia que se estabeleceram na Península Balcânica, a partir de 2000 a.C., como os aqueus, jônios, eólios e dórios.
2. Analise a importância das obras de Homero para o estudo da civilização grega.
Por meio das obras de Homero, Ilíada e Odisseia, é possível compreender os aspectos da civilização grega do período que se estende da invasão dos dórios (séc. XII a.C.) ao processo de desagregação dos genos (séc. VIII a.C.).


3. Apresente os fatores responsáveis pela destruição do sistema gentílico e seus desdobramentos para a sociedade grega.
O crescimento demográfico da população dos genos; a disputa pelas terras cultiváveis.
A diluição do poder e autoridade do pater entre seus descendentes, os eupátridas; a instituição da propriedade privada; a prática das relações escravistas.
4. Construa um conceito para o termo Polis.
Segundo os gregos, corresponde à cidade que usufrui de autonomia política e administrativa (cidade-estado).

5. Explique o que contribuiu para a expansão da economia grega no período Arcaico.
Nesse período, as polis gregas, como Atenas, Corinto, Megane e Eubeia, promoveram a expansão colonialista sobre as regiões da Ásia Menor e do Mediterrâneo, suprindo as necessidades agrícolas do território grego.


6. A partir de 506 a. C., várias reformas administrativas e políticas foram implementadas em Atenas. Tais reformas estabeleceram o que os historiadores denominam democracia escravista. Sobre essa democracia responda:


a) Que nome recebia o lugar reservado na polis para os debates públicos?
Eclésia.

b) O que significa, para os historiadores, o conceito de democracia escravista ateniense?
Uma democracia excludente e elitista controlada por uma minoria de elementos considerados cidadãos que exploravam a imensa maioria de trabalhadores destituídos de direitos políticos.



7. Estabeleça um paralelo entre a organização social de Atenas e de Esparta.
Esparta: sociedade de perfil militarista e voltada para atividades econômicas agrícolas. Constituía-se de espartanos (cidadãos); periecos (homens livres, mas destituídos de direitos políticos); hilotas (servos do Estado).

Atenas: sociedade de perfil cultural e artístico mais desenvolvido e voltada para as atividades econômicas marítimas e mercantis. Constituia-se de eupátridas (cidadãos); metecos (estrangeiros e destituídos de direitos políticos) e escravos.


8. Analise a importância do governo de Péricles para a sociedade ateniense.
O governo de Péricles possibilitou o aperfeiçoamento da democracia ateniense; promoveu obras públicas para o embelezamento da cidade além de se destacar por um notável progresso no campo artístico e literário.

9. Apresente os fatores responsáveis pela desagregação da Civilização Grega.
A Guerra do Peloponeso entre Atenas e Esparta, líder da Liga de Delos, e Esparta, líder da Liga do Peloponeso, responsável pelo enfraquecimento da cidades-estado; a invasão de Felipe II, rei da Macedônia sobre o território grego.
10. Identifique e Explique a importância do fenômeno cultural desenvolvido a partir do Império de Alexandre Magno.
Helenismo. O helenismo correspondeu à tentativa de Alexandre Magno ao promover a fusão dos valores da cultura grega com os valores da cultura oriental.
11. Analise a importância da cultura grega para os fundamentos da civilização moderna.

Os fundamentos da civilização moderna foram fortemente influenciados pelos valores racionalistas da cultura grega. Dos gregos a civilização moderna também herdou as concepções artísticas e os valores literários.
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As civilizações clássicas - A civilização grega

O Mundo Grego: Grécia Antiga Clássica e Helenística

Nesta teleaula você aprenderá que as duas cidades mais poderosas da Grécia Antiga eram a militarista Esparta e a democrática Atenas, onde as artes se desenvolveram muito. Além disso, verá como o enfraquecimento dos gregos foi aproveitado pelos macedônios, que, com Alexandre Magno, conquistaram um grande império e difundiram a cultura grega no Oriente.




Assista a segunda parte da teleaula sobre a Civilização Grega

As civilizações clássicas - A civilização grega

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As civilizações clássicas - A civilização grega
Grécia Antiga é o termo geralmente usado para descrever, em seu período clássico antigo, o mundo grego e áreas próximas (como Chipre, Anatólia, sul da Itália, da França e costa do mar Egeu, além de assentamentos gregos no litoral de outras regiões, como no Egito). A História da Grécia tradicionalmente compreende o estudo não apenas da Grécia em si, mas também das áreas por eles governadas. O âmbito da habitação e governo do povo grego sofreu várias mudanças através dos anos e, como consequência, a história da Grécia reflete essa elasticidade. Cada era, cada período de sua História antiga, tem suas próprias características. Os primeiros gregos chegaram na Europa pouco antes de 1,5 mil a.C. A civilização grega estabeleceu tradições de justiça e liberdade individual, que viriam a se estabelecer como as bases da democracia contemporânea. A sua arte, seu pensamento filosófico e sua Ciência tornaram-se fundamentos do pensamento e da cultura ocidentais. Os gregos da antiguidade chamavam a si próprios de helenos (todos que falavam grego, mesmo que não vivessem na Grécia), e davam o nome de “Hélade” à sua terra, sendo considerado bárbaro todo povo que não fosse considerado grego e não falasse a língua grega. Ainda assim, os gregos nunca chegaram a formar um governo nacional, ainda que estivessem unidos pela mesma cultura, religião e língua; exatamente por isso o que temos é um conjunto de cidades-Estado que possuem entre si traços culturais em comum que as reúnem sob uma mesma designação: Grécia. Em outras palavras, não existiu um Estado politicamente unificado entre os gregos antigos. Situada na porção sul da Península Balcânica, o território da Grécia continental caracteriza-se pelo seu relevo montanhoso. Mas também faz parte do território grego uma região insular. Os gregos originaram-se de povos que migraram para a península balcânica em diversas ondas migratórias, com início no terceiro milênio a.C.; entre os invasores, merecem destaque os pioneiros: os aqueus, os jônicos, os dóricos e os eólios (todos indo-arianos provenientes da Europa Oriental). A História da Grécia antiga, para efeito didático, divide-se em cinco períodos, a saber:

- Pré-Homérico (1900–1100 a.C.): período anterior à formação do homem grego; nessa época, estavam se desenvolvendo as civilizações cretense ou minoica (na ilha de Creta) e a micênica (na parte continental).

- Homérico (1100–700 a.C.): período em que ocorre a chegada de Homero, que foi considerado marco na história por suas epopeias, a Ilíada e a Odisseia; há, também, o início da ruralização e da formação da comunidade gentílica (comunidade na qual um ajuda o outro na produção e colheita); plantavam apenas o que iriam consumir. - Arcaico (800–500 a.C.): formação da polis; colonização grega; aparecimento do alfabeto fonético, da Arte e da Literatura, além de progresso econômico com a expansão da divisão do trabalho, do comércio e processo de urbanização; é neste período em que os vários modelos das polis vão se constituindo, definindo assim a estrutura interna de cada cidade-Estado.

- Clássico (500–338 a.C.):
período de esplendor da civilização grega, ainda que discutível; as duas cidades consideradas mais importantes desse período foram Esparta e Atenas; além delas, outras cidades muito importantes foram Tebas, Corinto e Siracusa; nesse momento a História da Grécia é marcada por uma série de conflitos externos (Guerras Médicas) e internos (Guerra do Peloponeso).

- Helenístico (338–146 a.C.): crise da civilização grega, invasão macedônica, expansão militar e cultural helenística, a civilização grega se espalha pelo Mediterrâneo e se funde a outras culturas. Trataremos desses períodos, com mais atenção, em outro momento. Por ora, vejamos algumas importantes características da civilização grega, a começar por sua organização social e política. Em primeiro lugar, é importante evitar a confusão de se comparar a Grécia antiga com a Grécia moderna (isto é, atual): o mundo grego da antiguidade se estendia por uma área muito maior do que o território atual; além disso, se atualmente a Grécia constitui um país, a Grécia Antiga nunca foi um Estado unificado com governo único: era, na realidade, um conjunto de cidades-Estado independentes entre si, mantendo apenas algumas semelhanças como a língua.Desde o século VIII a.C., formaram-se pela Grécia antiga diversas cidades independentes. Em razão dessa independência, cada uma delas desenvolveu seu próprio sistema de governo, suas próprias leis, seu próprio calendário, sua própria moeda etc. Tais cidades eram denominadas de “polis” (que, em grego, nada mais significa que “cidade” — em seu âmbito político —), palavra costumeiramente traduzida por “cidade-Estado”. De modo geral, a polis reunia um agrupamento humano a habitar um território de extensão variável; compreendia uma área urbana e uma área rural: a área urbana concentrava o centro comercial e os polos manufatureiros onde artesãos e operários produziam armas, artigos de cerâmica, ferramentas variadas, tecidos, roupas, sandálias etc.; na área rural a população dedicava-se às atividades agropastoris como o cultivo do trigo, de oliveiras, da cevada, de videiras, bem como havia a criação de rebanhos de cavalos, cabras, ovelhas, porcos etc. Esse agrupamento, a cidade-Estado, visava atingir e manter uma completa autonomia sociopolítica para com as outras cidades-Estado gregas, embora houvesse comércio entre as cidades. Ainda que estivessem inseridos dentro de uma mesma civilização e possuíssem muitos elementos culturais em comum (falavam a mesma língua, tinham religião comum), os gregos passavam por conflitos e mantinham diferenças entre si. Em função disso, reconheciam-se como “helenos” (gregos) e chamavam de “bárbaros” todos os estrangeiros que não falassem sua língua e não tivessem seus costumes — ou seja, bárbaros eram, para os gregos, todos aqueles que não pertenciam ao mundo cultural grego.
Diante da iminente invasão, os gregos decidem esquecer as diferenças entre si e estabelecem uma aliança composta por 31 cidades (a Liga de Delos, acordo em que várias cidades gregas cediam armamentos e recursos financeiros para conter outras possíveis ações militares dos exércitos persas), entre as quais Atenas e Esparta, tendo sido atribuída a esta última o comando das operações militares por terra, enquanto Atenas comandava as organizações militares marítimas. As forças espartanas lideradas pelo rei Leônidas I conseguem temporariamente bloquear os persas na Batalha das Termópilas, mas tal não impede a invasão da Ática. O general Temístocles tinha optado por evacuar a população da Ática para Salamina e sob a direção desta figura Atenas consegue uma vitória sobre os Persas; em 479 a.e.c. os gregos confirmam a sua vitória desta feita na Batalha de Plateia.
Como dito acima, apesar da autonomia política das cidades-Estado, os gregos estavam unificados em termos religiosos. Praticavam uma religião de cunho politeísta antropomórfico: os deuses poderiam se envolver em aventuras fantásticas (que conhecemos como “mitos”). Entre as divindades cultuadas estavam: Zeus (senhor dos deuses), Poseidon (deus do mar), Afrodite (deusa do amor), Apolo (deus da luz e das artes), Dionísio (deus do vinho), Atena (deusa da sabedoria), Hera (protetora das mulheres) etc., deuses que mantinham estreita relação com os seres humanos na medida em que tinham características semelhantes aos cidadãos gregos, ainda que tivessem uma diferença essencial: eram, os deuses, imortais. Os deuses, por essa aproximação com os humanos, possuíam tanto virtudes quanto defeitos. A religião grega teve importância fundamental para tal civilização, como se pode notar no fato de as cerimônias públicas (mesmo as de cunho político) eram antecedidas por práticas religiosas, o que reflete a importância da religião entre os gregos antigos. Mas esse sistema religioso e, principalmente, o conhecimento que ele trazia ao homem a respeito do mundo foi superado pelo pensamento filosófico — como teremos a oportunidade de acompanhar nas aulas de Filosofia. Ainda a respeito da cultura grega antiga, não podemos nos esquecer da Arte: essa manifestação cultural teve importante no que concerne à arquitetura, à escultura, às artes plásticas, à decoração etc. A arte grega, por sua importância não apenas para os gregos, mas sobretudo para o mundo ocidental, constituiu posteriormente a base da Arte na Europa. Sua influência duradoura se deve à racionalidade e ao cuidado formal em que o equilíbrio e a simetria tinham a tendência de privilegiar a estética do ser humano e garantir a beleza das representações artísticas .
Agora, vejamos mais detalhadamente os períodos da História grega.

Período Pré-Homérico

Para se entender esse primeiro período da História grega, é preciso ter em mente duas civilizações importantes a partir das quais o mundo grego surgiu: a civilização minoica e a civilização micênica. A civilização minoica foi uma civilização existente nas ilhas do mar Egeu entre 2,2 mil e 1,4 mil a.C. Teria surgido a partir de uma fusão dos habitantes da ilha de Creta com populações que aí se fixaram vindas da Ásia Menor. Os minoicos tiveram como principal atividade econômica o comércio. Já conheciam a escrita (o linear A e o linear B) e destacaram-se pelo trabalho do ouro e da cerâmica. Suas terras mais férteis estavam na parte esquerda da ilha, onde se encontravam as principais cidades como Cnossos (capital). Prosperando até 1,4 mil a.C., a decadência dessa civilização parece ter sido o resultado de ataques de inimigos, entre os quais se encontrariam os micênicos. Vale a pena destacar o papel da mulher na sociedade minoica: ao contrário das futuras cidades, como Atenas e Esparta, onde a mulher não tinha direitos políticos e era vista apenas como uma reprodutora, a mulher minoica era livre, podia adquirir propriedades e ser independente. Por sua vez, a civilização micênica posteriormente adotou aspectos da cultura minoica, de modo que ambas as civilizações influenciaram a História da Grécia. A civilização dos micênicos floresceu entre 1,6 mil e 1,2 mil a.C. Já falavam grego e não apresentavam uma unidade política. Além de praticarem o comércio, os micênicos eram amantes da guerra e da caça. Seu declínio deu-se por volta de 1,25 mil a.C., envolvendo problemas comerciais e guerras internas. Finda a civilização micênica, denomina-se o período que se seguiu de “Idade das trevas”, quando se perdeu o conhecimento da escrita (readquirido apenas no século VIII a.e.c. Tal designação do período encontra-se relacionada não apenas com a decadência civilizacional, mas também com as escassas fontes para o conhecimento da época. O que se viu, também, foi um movimento das populações que, abandonando antigos povoados, fixaram-se em locais que ofereciam melhores condições de vida; com essa migração, temos o processo de ocupação do território no qual se constituirá a Grécia e a formação dos primeiros grandes centros urbanos da região. Ao fim desse período, as invasões dos povos dóricos foram responsáveis pelo esfacelamento dessa civilização e o retorno às pequenas comunidades agrícolas subsistentes — denominadas de “comunidades gentílicas”.


Período Homérico

Nesse segundo período tem-se o fortalecimento das comunidades gentílicas, que apareceram no fim do período precedente, transformando-se nos mais importantes núcleos sociais e econômicos de toda a Grécia. Em cada genos, uma família desenvolvia atividades agrícolas de maneira coletiva e as riquezas oriundas de sua força de trabalho eram divididas igualmente. Mas, com o passar do tempo, as limitações das técnicas agrícolas e o incremento populacional ocasionaram a dissolução dos genos (propriedades em que uma grande família se matinha unida em torno da exploração econômica de uma mesma parcela de terras), isto é, as técnicas agrícolas pouco desenvolvidas não conseguiam acompanhar a velocidade com que as comunidades gregas se ampliavam. Como se nota, com a desestruturação da civilização creto-micênica, estabeleceu-se uma série de transformações que fundaram um novo cenário social, político e econômico. A economia dos genos era essencialmente agropastoril: uma família próspera dependia necessariamente da qualidade das terras que estavam sob o seu domínio; quando um genos produzia excedente, essa riqueza era empregada na aquisição de escravos e na contratação de artesãos. No campo político, os genos eram comandados por um líder comunitário denominado pater, que exercia funções de caráter judicial, administrativo e religioso. Mesmo com a divisão igualitária dos bens, o grau de parentesco com o chefe do genos era capaz de definir algumas distinções sociais. Isso é importante de salientar porque, como veremos, com a vindoura desestruturação da comunidade gentílica, a proximidade com o pater será um elemento determinante para um novo rearranjo social das populações gregas. Contudo, além dos problemas de produtividade já comentados, os genos se transformaram em palco de novas tensões sociais. Os parentes mais distantes do pater reivindicaram melhores condições de vida ao estarem insatisfeitos com a diminuição da renda familiar. Progressivamente, os bens que eram utilizados de maneira coletiva foram divididos entre os membros do genos, e aqueles que eram mais próximos do pater acabaram sendo privilegiados com as melhores terras. Com a paulatina desintegração do sistema sociopolítico das comunidades gentílicas, por um lado uma parcela de privilegiados manteve o controle das melhores propriedades e armas; por outro lado, pequenos proprietários, artesãos e trabalhadores livres se subordinavam ao poder dos grupos sociais mais abastados. As sociedades gentílicas passaram a ser controladas por aqueles que controlavam os instrumentos de poder. Com o passar do tempo, as elites dos genos com afinidades culturais mais visíveis se uniram em grupos maiores que poderiam assegurar o controle de suas propriedades. Surgiam, com isso, as chamadas “fratrias”. A reunião destas fratrias eram, por sua vez, responsáveis pelo desenvolvimento das tribos que, quando se reuniam, davam origem ao demos. Por meio da ampliação dessas organizações, teremos o fim das comunidades gentílicas e a formação das primeiras cidades-Estado da Grécia antiga.


Período Arcaico

O que temos de significativo neste terceiro período é o declínio dos genos, que perderam espaço para uma pequena elite de proprietários de terra. Com o poder sobre os terrenos mais férteis, as elites de cada região se organizaram em conglomerados demográficos e políticos cada vez maiores e ais organizados. Nesse momento, temos o nascimento das primeiras cidades-Estado da Grécia antiga. É no período arcaico que teremos, também, um maior domínio linguístico e cultural, por parte dos gregos, de uma área maior do que o limite geográfico da Grécia. Predominava entre os gregos sempre a organização de comunidades independentes, e a cidade (cada uma desenvolveu seu próprio sistema de governo, leis, calendário e moeda) tornou-se a unidade básica do governo grego. A origem das cidades gregas remonta à própria organização dos invasores, especialmente dos aqueus. Com a recuperação econômica após invasões do povo dórico, a população grega cresceu além da capacidade de produção das terras cultiváveis e, por causa desse desequilíbrio, e procurando garantir melhores condições de vida, alguns grupos teriam se destacado, passando a manejar armas e a ter domínio sobre as melhores terras e rebanhos. Assim, foram diferenciando-se da maioria da população e dissolvendo a vida comunitária do genos. Essas transformações sociais estavam na origem da formação da polis, a cidade grega. Paralelamente, não podemos nos esquecer, os gregos excluídos nesse processo de apropriação das terras passaram a ocupar outras regiões do Mediterrâneo, havendo, pois, um processo migratório: para fugir da miséria, muitos gregos migravam em busca de terras para plantar e de melhores condições de vida, fundando novas cidades. A sociedade dessa época se dividia entre eupátridas (os “bem nascidos”), que dominavam as melhores terras; georgoi (camponeses), que cultivavam solos pobres cuja produção de alimentos era insuficiente para atender às necessidades de uma população em crescimento; e uma terceira classe, os thetas (marginais), que não possuía terras e que, mais tarde, dedicar-se-ia ao comécio. Assim, no primeiro momento, a principal atividade econômica das colônias gregas foi a agricultura. Posteriormente, muitas colônias transformaram-se em centros comerciais, dispondo de portos estratégicos para as rotas de navegação. A colonização do mar Mediterrâneo pelos gregos resultou no desenvolvimento de uma classe rica formada por mercadores (o comércio internacional desenvolvera-se a partir de então) e de uma grande classe média de trabalhadores assalariados e artesãos. Culturalmente, os gregos realizaram intercâmbios com outros povos.


Com tais acontecimentos, o padrão de vida na Grécia melhorou acentuadamente, havendo um aumento na expectativa de vida e, consequentemente, da população. Vale dizer que as ocorrências desse período fizeram com que, no século IV a.e.c., a Grécia já possuísse a economia mais avançada do mundo antigo, com um nível de desenvolvimento extremamente raro para uma economia pré-industrial. Apesar disso, houve concentração fundiária, em algumas cidades essa concentração levou a revoltas e a tiranias, em outras a aristocracia manteve o controle graças a legisladores inclementes.


Período Clássico

No Período Clássico teremos a consolidação das cidades-Estado, sendo que duas das mais importantes foram Esparta e Atenas. São, pois, dois exemplos claros da autonomia que tinham as polis gregas: tanto Atenas quanto Esparta apresentavam configurações sociopolíticas distintas, ainda que fizessem parte de uma mesma civilização. Vejamos as características fundamentais de cada uma, para depois compreender o início dos conflitos entre essas (e outras) cidades-Estado, o que levou ao enfraquecimento do poder político grego e o declínio dessa civilização. Comecemos por Esparta, que formava, com as cidades-Estado vizinhas, a Liga do Peloponeso (importante na guerra do Peloponeso que veremos mais à frente). Esparta encontrava-se numa região de terras apropriadas para o cultivo da vinha e da oliveira. Era uma cidade de caráter militarista e oligárquico. O governo de Esparta tinha como um de seus principais objetivos fazer de seus cidadãos modelos de soldados, fisicamente bem treinados, corajosos e obedientes às leis e às autoridades. Em Esparta os homens eram na sua maioria soldados e foram responsáveis pelo avanço das técnicas militares, melhorando e desenvolvendo um treino, organização e disciplina intensivos e nunca vistos até então. A sociedade espartana era fortemente estratificada, sem qualquer possibilidade de mobilidade entre os três grupos existentes: os esparciatas (aqueles que eram filhos de pai e mãe espartanos, sendo os únicos que possuíam direitos políticos, constituindo o corpo dos cidadãos e permanecendo à disposição do exército ou dos negócios públicos), os periecos (descendiam dos povos conquistados pelos esparciatas, mas ainda assim integrados ao Estado espartano e ao qual pagavam impostos; apesar de serem livres, não tinham direitos políticos; ao contrário dos esparciatas, os periecos podiam dedicar-se ao comércio e à indústria artesanal) e os hilotas (isto é, os servos, que pertenciam ao Estado espartano e trabalhavam com a agricultura, não podendo ser expulsos das terras onde trabalhavam). Analisando a situação dos esparciatas, periecos e hilotas, alguns historiadores afirmam que os periecos, por dominar o comércio e o artesanato, podiam enriquecer, desfrutando de certo conforto material e liberdade. Os esparciatas, por sua vez, cumpriam obrigações tão pesadas em relação ao Estado que se tornaram vítimas de suas próprias instituições. Quanto aos hilotas, sua vida era marcada pela opressão e miséria. Por outro lado, Atenas, a principal cidade-Estado da Grécia Antiga durante o Período Clássico, transformou-se no principal centro cultural e intelectual do Ocidente — e certamente é nas ideias e práticas da antiga Atenas que o que nós chamamos de “civilização ocidental” tem sua origem. A esse respeito, vale dizer que, no estudo das sociedades clássicas costumamos destacar especialmente o incisivo papel a partir do qual as práticas e instituições nascidas no mundo grego influenciaram a formação do mundo contemporâneo. Entre as várias instituições consolidadas, a noção de democracia é uma das que mais despertam nosso interesse na busca por paralelos que aproximem o mundo antigo do contemporâneo. Nesse sentido, a história da democracia ateniense pode ser compreendida à luz de uma série de transformações sofridas pela sociedade e pela economia ateniense. Assim sendo, até os séculos VII e VI a.e.c., o poder político ateniense era controlado por uma elite aristocrática detentora das terras férteis de Atenas: os eupátridas. Nesse meio tempo, uma nascente e poderosa classe de comerciantes, os demiurgos, exigia participação nos processos decisórios da vida política ateniense. Além disso, pequenos comerciantes e proprietários acometidos pela escravidão por dívidas, exigiam a revisão do poder político ateniense. Com isso, os eupátridas viram-se obrigados a reformular as instituições políticas da cidade-Estado. Um grupo de legisladores foi responsável por um gradual processo de transformação política: Drácon resolveu estabelecer um conjunto de leis escritas que dariam lugar às leis orais anteriormente conhecidas pelos eupátridas, medida que possibilitou uma nova tradição jurídica que retirava o total controle das leis invocadas pelos eupátridas; Sólon, outro importante legislador, ampliou o leque de reformas políticas em Atenas, eliminando a escravidão por dívidas e resolveu dividir a população ateniense por meio do poderio econômico de cada indivíduo. Em resposta a tais mudanças, as elites agrárias atenienses rivalizaram com esse primeiro conjunto de mudanças. A agitação política do período deu margem para que ações golpistas abrissem espaço para a ascensão dos governos tirânicos. Os principais tiranos foram Psístrato, Hiparco e Hípias. No fim do século VI a.e.c., a retração dos direitos políticos mais amplos incentivou uma mobilização popular que levou à ascensão política de Clístenes, em 510 a.e.c. Em seu governo, os atenienses passavam a ser divididos em dez tribos que escolhiam seus principais representantes políticos. Todo ateniense tinha por direito filiar-se a uma determinada tribo na qual ele participaria na escolha de seus representantes políticos no governo central — eis a criação da democracia. Dessa maneira, o grau de participação entre os menos e mais abastados sofreu um perceptível processo de equalização. Podemos dizer que Clístenes foi um reformador capaz de estabilizar o regime democrático ateniense; no entanto, não se pode esquecer que o conceito de cidadania dos atenienses não englobava, de fato, a maioria da população: somente os homens livres, de pai e mãe ateniense, maiores de 18 anos e nascidos na cidade eram considerados cidadãos; as mulheres, escravos e estrangeiros não desfrutavam de nenhum tipo de participação política. Dessa forma, a democracia ateniense era excludente na medida em que somente um décimo da população participava do mundo político ateniense. Havendo a hegemonia de Esparta e de Atenas, é no Período Clássico que cada um destas cidades-Estado desenvolverá seu modelo político (a oligarquia militarista em Esparta e a democracia aristocrata em Atenas). Isso é importante para que compreendamos os conflitos que surgiram no período. Ao nível externo, verifica-se a ascensão do Império Persa quando Ciro II conquista o reino dos medos. Esta sequência de conquistas militares atingiu o litoral da Ásia Menor, lugar onde existiam algumas colônias de origem grega. Inicialmente, a dominação dos persas sobre os povos daquela localidade aconteceu sem maiores rumores. Contudo, essa coexistência harmoniosa logo ruiu. Atenas apoia a revolta das cidades gregas contra a tentativa de domínio persa, mas tal apoio revela-se insuficiente já que algumas polis são derrotadas. O comportamento de Atenas iria, por conseguinte, gerar uma reação persa que desencadeou as Guerras Médicas.
Com o fim das Guerras Médicas, e em resultado da sua participação decisiva no conflito, Atenas tornou-se uma cidade poderosa e passou a intervir nos assuntos do mundo grego. Esparta e Atenas distanciam-se e entram em rivalidade, encabeçando cada um delas uma aliança política e militar: no caso de Esparta era a Liga do Peloponeso e no caso de Atenas a já formada Liga de Delos na época das guerras médicas. Com o tempo Atenas afirma-se como o estado mais forte da liga — fato que não foi bem recebido por Esparta. Nesse ínterim, as relações entre as duas polis atingem o grau de saturação em 431 a.e.c., ano em que se inicia a guerra do Peloponeso, tendo como causas as sanções econômicas impostas por Atenas a algumas cidades-Estado e o bloqueio naval ateniense à cidade de Potideia. Na tentativa de evitar o conflito iminente, Esparta ainda tentou a diplomacia, mas com a negação de Atenas a guerra foi travada, com resultado negativo para esta última. No entanto, ainda que Esparta tenha ganho a guerra do Peloponeso, todas as cidades-Estado que entraram no conflito acabaram por sofrer perdas significativas, tanto econômicas quanto humanas, de modo que a guerra acabou por fragilizar o mundo grego e abrir as portas para a invasão de povos bárbaros. Esse período foi, como se viu, um tempo em que o mundo grego prosperou, com o fortalecimento das cidades-Estado, mas foi também o período em que a Grécia se envolveu em longas e prolongadas guerras que lhe resultaram no colapso da civilização grega antiga.

Período Helenístico

O desgaste causado pelos conflitos entre cidades-Estado gregas fez com que a Grécia se colocasse como um alvo frágil, fácil para a invasão de qualquer civilização militarmente bem preparada. A partir do século IV a.e.c., foram os macedônios, vindos do norte, que empreenderam investidas militares que determinaram o fim da autonomia política dos gregos. Tais eventos marcam o último período da civilização grega, o Helenístico — que termina no século II a.e.c., data em que os romanos conquistam o território grego. Vejamos um pouco mais a fundo como isso se deu. O reino da Macedônia, situado a norte da Grécia, emergiu como potência em meados do século IV a.e.c. Os macedônios, que não falavam grego e não seguiam o modelo político dos gregos, eram vistos por estes como bárbaros. Apesar disso, muitos nobres macedônios aderiram à cultura grega, tendo sido a Macedônia, por esse motivo, responsável pela conservação e difusão da cultura grega. Durante o reinado de Filipe II, o exército macedônio adota técnicas militares superiores que, aliadas à diplomacia, permitirão a possibilidade de dominar as cidades da Grécia então fragilizadas por conflitos internos. Nas cidades-Estado dominadas, começam a se formar partidos de oposição a Filipe e partidos a ele favoráveis. Em 338 a.e.c., Filipe e seu filho (Alexandre, o Grande) derrotam uma coligação grega em Queroneia, colocando a Grécia continental sob domínio macedônio. Filipe, então, organiza a Grécia em uma confederação, procurando com isso unir os gregos com o objetivo de conquistar o império persa. Contudo, Filipe viria a ser assassinado por um nobre macedônio, tendo sido sucedido pelo seu filho Alexandre. Este concretizou o objetivo do pai, conquistando a Pérsia e marchando até a Índia. Depois disso, Alexandre, o Grande tornou-se senhor de um vasto império que abrangia o espaço da Ásia Menor ao Afeganistão, incluindo-se o Egito. Após a morte de Alexandre, seus generais lutaram entre si pela posse do império, que acabou por se fragmentar em territórios menores.


O legado cultural da Grécia antiga

A cultura da Grécia antiga é considerada a base da cultura da civilização ocidental. Isso não ocorreu por acaso: a cultura grega exerceu poderosa influência sobre os romanos, que se encarregaram de repassá-la a diversas partes da Europa. A civilização grega antiga teve influência na Política, na linguagem, na Filosofia, no sistema educacional, na Arte, na Ciência, na tecnologia, na Arquitetura etc. Tem papel especial nesse fato o Renascimento europeu — a ser estudado mais adiante —, período durante o qual houve um esforço para reavivar, reafirmar o legado cultural grego. Conceitos como “democracia” e “cidadania”, tão caros à humanidade atual, são conceitos gregos — ou ao menos de pleno desenvolvimento pelos gregos —, importantes para a constituição do que hoje temos como civilização ocidental. É importante salientar, sobretudo, o papel dos gregos no que se refere ao estudo da História. Se hoje estudamos a História grega de modo mais objetivo e imparcial, isso se deve à consciência grega de se realizar um estudo melhor elaborado das fontes históricas, dando-lhes um tratamento mais científico e metódico, e menos “poético”. Qual seria, pois, a importância do passado para uma determinada cultura? Mesmo simples, essa é uma questão que atinge a compreensão dos interesses e hábitos que permeiam uma determinada sociedade. Atualmente, compreendida como uma ciência, a História se tornou um campo do saber que, por meio de questões oriundas do presente, busca uma resposta que seja perceptível nos depoimentos, fontes e demais signos que nos falam sobre “aquilo que aconteceu”. Sendo uma preocupação instigante, devemos saber que o interesse sobre o tempo incomodou as civilizações humanas desde as mais remotas épocas. Segundo muitos antropólogos, a necessidade de se falar sobre as nossas experiências já se via claramente manifestada nas pinturas rupestres que tomavam as paredes das cavernas. Com isso, podemos enxergar que o desenvolvimento da História se confunde com a própria existência do homem. Entre os gregos, a História foi desenvolvida por meio de relatos que diziam sobre eventos considerados importantes ou que explicariam a origem das coisas; não sendo prontamente sistematizada como um campo do conhecimento, vemos que esse interesse dos gregos sobre a recuperação do passado se confundia com a poesia e a mitologia — as obras Ilíada e Odisseia, por exemplo, reportam a episódios do passado grego, mas não trazem algum tipo de respaldo que lhe conceda a ideia de verdade. A primeira tentativa de promover essa separação da História das outras narrativas existentes na cultura grega aconteceu graças à ação de Heródoto de Halicarnasso. Popularmente conhecido como o “pai da História”, Heródoto buscou empreender um método de pesquisa bastante particular: acreditava que primeiramente teria de conhecer profundamente cada um dos povos e locais em que determinando evento a ser estudado aconteceu. Entretanto, ainda influenciado por sua cultura, a grega, esse estudioso interpretava os fatos ocorridos como uma manifestação da vontade dos deuses. Tucídides, por outro lado, foi o primeiro historiador grego a tentar promover essa dissociação entre a vontade dos deuses e o sentido daquilo que aconteceu no passado. Segundo ele, os eventos históricos seriam fruto dos interesses políticos dos homens, procurando, portanto, narrar objetivamente os acontecimentos ligados a determinado objeto de estudo, apesar de ter evidenciado traços de tendenciosidade em favor de sua cidade-Estado, Atenas. Por sua vez, e demonstrando o lugar que esse campo do saber ocupava na cultura grega, o filósofo Aristóteles teceu alguns comentários que tratavam sobre a diferença entre história e poesia. Para ele, a forma de escrita utilizada por um autor tinha pouca importância para compreender o que era a História. Na verdade, o que definiria a História seria o interesse em se falar sobre coisas de natureza particular. Em contrapartida, a poesia utilizaria de seus personagens para debater coisas que seriam comuns a todos os homens. Como se nota, os gregos legaram às civilizações posteriores uma noção melhor fundamentada sobre o estudo da História. Referências Graecia Antiqua Templo de Apolo Discovery Channel - Grécia antiga Ancient Greece The British Museum - Ancient Greece Wikipédia - Portal Grécia antiga fonte: http://www.cursinhometamorfose.com.br/portal/node/162