sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Dossiê João Goulart

Dossiê Jango: as dúvidas sobre a morte de João Goulart


Confira esse belo documentário sobre a vida política do ex-presidente João Goulart.





Dia 6 de dezembro de 1976 morreu João Goulart, o presidente destituído pelo golpe de 1964. Doze anos depois ainda era um anátema para o regime militar. Tanto assim que as notícias de sua morte, ocorrida em sua fazenda na Argentina, saíram truncadas na imprensa brasileira. Em aparência, teve um infarto. O corpo não foi autopsiado.
Até hoje as circunstâncias dessa morte não estão totalmente esclarecidas. Cardíaco, Jango teria sido vítima de um ataque fulminante. Mas há quem sustente que o envenenamento seria a verdadeira causa mortis. Teoria da conspiração? Talvez. Mas é em torno dessa dúvida que se constrói o documentário Dossiê Jango, de Paulo Henrique Fontenelle.
Trilhando esse caminho original na filmografia brasileira, o filme enriquece a reconstrução trabalhosa dos anos da ditadura (1964-1985). Procura, em sua parte inicial, contextualizar a época e dispor em seus lugares os atores em jogo. Nesse sentido, segue a trilha do recente e também muito bom O Dia que Durou 21 Anos, de Camilo e Flávio Tavares. Resumindo: o governo progressista de Jango, que assumira com a renúncia de Jânio Quadros, era visto com desconfiança pelas forças conservadoras do País. E também pelos Estados Unidos, preocupados com a possibilidade de uma nova e gigantesca Cuba em seu quintal.
O filme avança ao centrar foco, em sua segunda parte, apenas em Jango e seu controverso desaparecimento. Mas é preciso dizer que a primeira parte, ao estabelecer a aliança entre civis e militares para a produção do golpe, e a presença dos Estados Unidos na desestabilização do governo, é bem precisa e didática.
O contexto em que se deu fornece material para desconfiança sobre a morte natural de Jango. Doze anos após sua queda, sabia-se que alimentava intenção de voltar ao Brasil, sem ainda saber como fazê-lo. Além disso, em 22 de agosto do mesmo ano, morria Juscelino Kubitschek em acidente de carro na Via Dutra. Em 21 de maio do ano seguinte, a vítima seria o ex-governador Carlos Lacerda. Três mortes em circunstâncias pouco claras, de antigos rivais que se haviam unido na chamada Frente Ampla pela redemocratização.
Vivia-se a Guerra Fria e atentados a inimigos políticos não eram incomuns. Carlos Prats e Orlando Letelier, ligados ao presidente chileno deposto Salvador Allende, foram assassinados, assim como os uruguaios Zelmar Michelini e Gutierrez Ruiz, amigos de Jango, mortos na Argentina.
As suspeitas de assassinato de Goulart começaram a surgir logo após a sua morte. A tese era de envenenamento, pois o presidente deposto tomava regularmente três remédios para o coração. Os remédios, que vinham da França, teriam sido adulterados em operação conjunta da CIA e governos do Brasil e Argentina. Goulart era presença incômoda na Argentina, já também sob regime militar. Tudo faz sentido. Mas não existem provas.
O fato, relembrado por Fontenelle através de documentos e depoimentos, é que as dúvidas sempre existiram. Um empresário, amigo de Jango, Enrique Foch Díaz, escreveu um livro sobre o complô chamado João Goulart: O Crime Perfeito. Foch chegou a denunciar a viúva, Maria Thereza Goulart, de tomar parte no complô, segundo se lê em João Goulart – uma Biografia, do historiador Jorge Ferreira, da Universidade Federal Fluminense.
Em 2006, o caso voltou à tona com o depoimento do uruguaio Mário Barreiro Neira, que afirmava ter participado de uma certa Operação Escorpião, com o objetivo de matar Jango. Ao que parece, a testemunha não é lá muito fidedigna. Era um criminoso comum, recrutado pela repressão política no tempo da ditadura daquele país. Sua versão apresenta contradições. E não teria sido sustentada de modo desinteressado. Neira cumpria pena no Brasil e havia um pedido de extradição do Uruguai contra ele para responder por crimes comuns. Era seu interesse permanecer no Brasil alegando perseguição política do governo uruguaio. Em 2008 o Ministério Público acatou pedido da família Goulart para investigar a morte de Jango, tendo por base o depoimento de Neira. O Ministério Público concluiu pela falta de provas, tachando o depoimento do uruguaio de “confuso e contraditório”.
Isso encerra o caso? Não, como indica Dossiê Jango. Se nada prova que houve assassinato, também não se pode provar a morte natural. O estudo dos costumes políticos das ditaduras latino-americanas não exclui o uso de violência na eliminação de inimigos. A dúvida razoável se adensa pela ausência de autópsia e das mortes quase simultâneas de JK e Lacerda. Para esclarecer essa rede de intrigas, apenas se a investigação for reaberta e, desta vez, exposta à luz da democracia.
Fonte: Estadão

sábado, 9 de novembro de 2013

Confira a correção da avaliação de História – prova 2 do 4° bimestre



AVALIAÇÃO P2 DE HISTÓRIA
4º BIMESTRE - PRIMEIRA SÉRIE
Conteúdo:PERÍODO REGENCIAL (1831-1840)
 Estudantes realizam o Enem (Exame Nacional de Ensino
1. (UFJF) Observe o mapa:
No período regencial (1831-1840), uma série de conflitos surgiu em algumas províncias brasileiras. Sobre esse contexto, responda ao que se pede.
a) Cite e analise duas características do contexto no qual ocorreram esses conflitos assinalados no mapa.


b) Eleja um desses conflitos e analise-o.



resposta:


a) O período regencial é normalmente entendido como “de crise”, perceptível pelas grandes rebeliões que ocorreram nas diversas regiões do Brasil, levadas a cabos pelas camadas excluídas do poder, agravadas pela exclusão econômica e social em alguns casos.
Apesar de sabermos que o tráfico não permanecerá por muito tempo, ele ainda existiu por quase 20 anos após a abdicação de D. Pedro I. A Lei de 1831 do ministro Feijó não foi cumprida, dada à tendência da elite tradicional em manter o braço escravo na lavoura (situação que se modificou em grande parte fruto das pressões inglesas). 


b) O aluno deveria escolher umas das revoltas regenciais e apresentar algumas de suas principais características.




2. (UERJ) O Sete de Abril de 1831, mais do que o Sete de Setembro de 1822, representou a verdadeira independência nacional, o início do governo do país por si mesmo, a Coroa agora representada apenas pela figura quase simbólica de uma criança de cinco anos. O governo do país por si mesmo, levado a efeito pelas regências, revelou-se difícil e conturbado. Rebeliões e revoltas pipocaram por todo o país, algumas lideradas por grupos de elite, outras pela população tanto urbana como rural, outras ainda por escravos. (...) A partir de 1837, no entanto, o regresso conservador ganhou força, até que o golpe da Maioridade de 1840 colocou D. Pedro II no trono, inaugurando o Segundo Reinado. Estava estruturado o Império do Brasil com base na unidade nacional, na centralização política e na preservação do trabalho escravo. (CARVALHO, J. Murilo et al. Documentação política, 1808-1840. In: "Brasiliana da Biblioteca Nacional". Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional/Nova Fronteira, 2001.)
Indique um exemplo de revolta popular, ocorrida no período regencial e explique por que a antecipação da maioridade de D. Pedro II foi uma solução para a crise.


resposta:

O aluno poderá mencionar: Cabanagem, Sabinada, Revolta dos Malês, Balaiada ou Guerra dos Farrapos. A antecipação da maioridade do imperador visava pacificar as diversas revoltas que eclodiram pelo país ao longo do período regencial e ao mesmo tempo evitar o temor por parte das elites de que houvesse fragmentação política do território brasileiro uma vez que algumas revoltas eram republicanas e separatistas.


3. (Enem 2010) Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou um período marcado por inúmeras crises: as diversas forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações populares eram por melhores condições de vida e pelo direito de participação na vida política do país. Os conflitos representavam também o protesto contra a centralização do governo. Nesse período, ocorreu também a expansão da cultura cafeeira e o surgimento do poderoso grupo dos "barões do café", para o qual era fundamental a manutenção da escravidão e do tráfico negreiro.

O contexto do Período Regencial foi marcado
a) por revoltas populares que reclamavam a volta da monarquia. 
b) por várias crises e pela submissão das forças políticas ao poder central. 
c) pela luta entre os principais grupos políticos que reivindicavam melhores condições de vida. 
d) pelo governo dos chamados regentes, que promoveram a ascensão social dos "barões do café". 
e) pela convulsão política e por novas realidades econômicas que exigiam o reforço de velhas realidades sociais. 




Resposta: [E]
O período regencial foi marcado por uma série de revoltas políticas e sociais e também pelo avanço da cafeicultura pelo Vale do Paraíba. A nova realidade econômica criada pela cafeicultura exigiu o reforço da escravidão para atender às novas demandas produtivas.





4. (Fuvest 2009)  "Nossas instituições vacilam, o cidadão vive receoso, assustado; o governo consome o tempo em vãs recomendações... O vulcão da anarquia ameaça devorar o Império: aplicai a tempo o remédio."
            Padre Antonio Feijó, em 1836.

Essa reflexão pode ser explicada como uma reação à:
a) revogação da Constituição de 1824, que fornecia os instrumentos adequados à manutenção da ordem. 
b) intervenção armada brasileira na Argentina, que causou grandes distúrbios nas fronteiras. 
c) disputa pelo poder entre São Paulo, centro econômico importante, e Rio de Janeiro, sede do governo. 
d) crise decorrente do declínio da produção cafeeira, que produziu descontentamento entre proprietários rurais. 
e) eclosão de rebeliões regionais, entre elas, a Cabanagem, no Pará e a Farroupilha, no sul do país.   


resposta:[E]
O citação do regente uno Padre Diogo Antônio Feijó refere-se a eclosão das revoltas provinciais, entre elas a Cabanagem, no Grão-Pará e Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul.


5. (Unicamp simulado 2011)  Desde 1835 cogitava-se antecipar a ascensão de D. Pedro II ao trono. A expectativa de um imperador capaz de garantir segurança e estabilidade ao país era muito grande. Na imagem do monarca, buscava-se unificar um país muito grande e disperso.

(Adaptado de Lilia Moritz Schwarcz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 64, 70, 91.)

No período regencial, a estabilidade e a unidade do país estavam ameaçadas porque
a) a ausência de um governo central forte causara uma crise econômica, devido à queda das exportações e à alta da inflação, o que favorecia a ocorrência de distúrbios sociais e o aumento da criminalidade. 
b) o desenvolvimento econômico ocorrido desde a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro levou as elites provinciais a desejarem a emancipação em relação à metrópole. 
c) a ausência de um representante da legitimidade monárquica no trono permitia questionamentos ao governo central, levando ao avanço do ideal republicano e à busca de maior autonomia por parte das elites provinciais. 
d) a expansão da economia cafeeira no sudeste levava as elites agrárias a desejarem uma maior participação no poder político, levando à ruptura da ordem monárquica e à instauração da república. 
e) a expansão da economia cafeeira no sudeste levava as elites agrárias a desejarem uma maior participação no poder político, levando à ruptura da ordem monárquica e à instauração da república.


resposta:[C]