Resolução comentada
PUC-Rio (2012/2)
Questões discursivas
HISTÓRIA
Questão 4
“Até 1924 houve uma preocupação
com a renovação estética. Modernizar significava incorporar o Brasil ao
“concerto das nações cultas”, isto é, incorporar a parte ao todo universal, de
forma imediata. Em 1924, houve um redirecionamento do Modernismo, com a
publicação do Manifesto do Pau-Brasil, de Oswald de Andrade. Nesse momento, passou-se
a exigir que o processo de modernização não fosse mais feito de forma imediata,
pela simples adoção de linguagens artísticas modernas, mas que ele dependia da afirmação
de traços nacionais da cultura brasileira.”
(Eduardo Jardim. Entrevista. Revista
de História da Biblioteca Nacional, ano 7, n. 77, fevereiro 2012, p. 38)
A “crise dos anos 20” ou “crise da Primeira
República” foi um período de críticas à ordem política e social vigente e de
reflexões sobre a identidade nacional brasileira. O movimento artístico e
literário modernista, no Brasil, foi uma das expressões da crise dos anos 20.
a) Identifique Uma proposta do
modernismo brasileiro, justificando sua relação com a crise dos anos 20.
b) Caracterize outro movimento
que foi expressão da crise dos anos 20.
resposta:
a) O modernismo brasileiro teve
como característica principal a preocupação com a afirmação da especificidade e
da singularidade cultural brasileira, assim compreendida como uma busca por uma
identidade nacional. Essa perspectiva impregnou o ambiente político e
intelectual da época, que se caracterizou pela demanda por um governo adequado
à “realidade nacional”, assim como pela formulação de projetos para a
reordenação social e a incorporação do “povo”. Nesses termos, a formulação modernista
foi um paradigma, nos anos 20, para os projetos de transformação da sociedade e
do Estado oligárquico.
b) A crise dos anos 20 se
expressou através dos projetos formulados por vários movimentos sociais, entre
os quais:
- o tenentismo, liderado por
jovens oficiais do Exército descontentes com os interesses particularistas das oligarquias
estaduais;
- o movimento dos educadores, preocupado
com a constituição de um sistema escolar brasileiro e com a formulação de novas
práticas educacionais;
- o movimento dos higienistas, que
investiu na criação de órgãos públicos para a promoção do saneamento e da saúde
pública;
- o movimento operário, organizado
através de sindicatos para a reivindicação da promulgação de leis de proteção
ao trabalho.
Questão 5
“Entre 1985 e 1991, a União Soviética, tentando
enfrentar desafios internos e externos que se acumulavam, passou por um período
de profundas turbulências [...]. O sistema não poderia continuar como estava, todos
concordavam, mas foi difícil definir e trilhar caminhos que levassem à
superação dos problemas. Diante dos impasses, num jogo político cerrado e
exacerbado por tensões crescentes, a segunda superpotência mundial desintegrou-se”.
(REIS, Daniel Aarão,As revoluções
russas e o socialismo soviético. p.135)
a) Cite uma iniciativa do governo
da extinta União Soviética para enfrentar a crise mencionada no texto.
b) Identifique Um desdobramento
decorrente da desintegração da “segunda superpotência mundial” e o relacione à
nova ordem mundial que surgiu ao final do século passado
resposta:
a) O período mencionado no trecho
selecionado corresponde ao governo de Mikhail Gorbatchov. Ao substituir
Konstantin Tchernenko como secretário geral do Partido Comunista, Gorbachov
assumiu a direção de fato da segunda grande potência mundial. No entanto, a União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas vivia um período de grandes dificuldades. O
gasto militar em uma impopular guerra no Afeganistão estava gerando um deficit
orçamentário grave, a queda do preço do petróleo diminuiu a entrada de receitas
do país dificultando a importação de alimentos, a burocracia do Estado e do
partido comunista dificultavam a circulação de idéias. Com o intuito de
recuperar a economia soviética das deficiências apresentadas nos últimos anos, Gorbatchov
programou uma série de reformas. Entre as mais conhecidas estão a Perestroika (reconstrução
econômica) e a Glasnost (transparência política).
A Perestroika foi concebida para
introduzir um novo dinamismo na economia soviética, para alcançar tal objetivo
foram introduzidos mecanismos para estimular a livre concorrência (e
acabar com o monopólio estatal), desenvolver setores secundários de produção (bens
de consumo e serviços não-essenciais) através da iniciativa privada e
descentralizar as operações empresariais. No campo, foi estimulado a criação de
cooperativas por grupos familiares e arrendamento de terras estatais. A proposta
também foi incentivar empresas estrangeiras a atuarem no país.
A Glasnost pretendia criar um
novo modelo de gestão para a sociedade socialista soviética e para isso foram
propostos programas de desburocratização do Estado, de combate a corrupção e para
o aumento a participação política dos cidadãos.
b) Como desdobramentos do fim da
União Soviética podemos citar: o surgimento de diversos Estados nacionais que
antes faziam parte do arranjo federalista soviético, entre eles poderíamos citar
a Ucrânia, a Geórgia, o Cazaquistão etc.; o fim do domínio soviético sobre os
países da chamada “cortina de ferro”, como a Polônia, a Romênia, a Hungria etc.;
a redefinição da situação de ameaça nuclear com a redução do poder militar da
extinta URSS; o ressurgimento da Rússia como Estado nacional não federativo, após
um período de transição; uma crise ideológica decorrente do enfraquecimento do
socialismo como modelo alternativo à sociedade capitalista.
A crise da URSS levou a uma
recomposição do cenário político internacional: as novas nações e mesmo aquelas
ligadas à esfera da influência soviética teceram novas alianças e muitas delas
caminharam na direção de uma integração com a União Européia. A marca mais
importante desse período, no entanto, é a retórica da vitória do capitalismo
frente ao socialismo; essa vitória esteve associada a uma nova ordem internacional
dominada por apenas uma grande potência. A ascensão de um sistema internacional
unipolar marcou o final do século passado e estimulou os governos americanos do
período a traçar uma linha de atuação voltada para uma posição unilateral.
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