Avaliação de História
Terceiro Ano
1. (ENEM) Eu, o Príncipe Regente,
faço saber aos que o presente Alvará virem: que desejando promover e adiantar a
riqueza nacional, e sendo um dos mananciais dela as manufaturas e a indústria,
sou servido abolir e revogar toda e qualquer proibição que haja a este respeito
no Estado do Brasil.
Alvará de liberdade para as
indústrias (1º de Abril de 1808), in Bonavides, P.; Amaral, R. Textos políticos
da História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).
O projeto industrializante de D.
João, conforme expresso no alvará, não se concretizou. Que características
desse período explicam esse fato?
a) A ocupação de Portugal pelas
tropas francesas e o fechamento das manufaturas portuguesas.
b) A dependência portuguesa da
Inglaterra e o predomínio industrial inglês sobre suas redes de comércio.
c) A desconfiança da burguesia
industrial colonial diante da chegada da família real portuguesa.
d) O confronto entre a França e a
Inglaterra e a posição dúbia assumida por Portugal no comércio internacional.
e) O atraso industrial da colônia
provocado pela perda de mercados para as indústrias portuguesas.
2. (Fuvest 2012) Fui à terra
fazer compras com Glennie. Há muitas casas inglesas, tais como celeiros e
armazéns não diferentes do que chamamos na Inglaterra de armazéns italianos, de
secos e molhados, mas, em geral, os ingleses aqui vendem suas mercadorias em
grosso a retalhistas nativos ou franceses. (...) As ruas estão, em geral,
repletas de mercadorias inglesas. A cada porta as palavras Superfino de Londres
saltam aos olhos: algodão estampado, panos largos, louça de barro, mas, acima
de tudo, ferragens de Birmingham, podem-se obter um pouco mais caro do que em
nossa terra nas lojas do Brasil.
Maria Graham. Diário de uma
viagem ao Brasil. São Paulo, Edusp, 1990, p. 230 (publicado originalmente em
1824). Adaptado.
Esse trecho do diário da inglesa
Maria Graham refere-se à sua estada no Rio de Janeiro em 1822 e foi escrito em
21 de janeiro deste mesmo ano. Essas anotações mostram alguns efeitos
a) do Ato de Navegação, de 1651,
que retirou da Inglaterra o controle militar e comercial dos mares do norte,
mas permitiu sua interferência nas colônias ultramarinas do sul.
b) do Tratado de Methuen, de
1703, que estabeleceu a troca regular de produtos portugueses por mercadorias
de outros países europeus, que seriam também distribuídas nas colônias.
c) da abertura dos portos do
Brasil às nações amigas, decretada por D. João em 1808, após a chegada da
família real portuguesa à América.
d) do Tratado de Comércio e
Navegação, de 1810, que deu início à exportação de produtos do Brasil para a
Inglaterra e eliminou a concorrência hispano-americana.
e) da ação expansionista inglesa
sobre a América do Sul, gradualmente anexada ao Império Britânico, após sua
vitória sobre as tropas napoleônicas, em 1815.
resposta:[C]
O Bloqueio Continental, imposto
por Napoleão, leva à invasão de Portugal por tropas francesas e à consequente fuga da família real para o Brasil.
Logo ao chegar, em 28/11/1808, D.
João decreta a abertura dos portos às nações amigas. A principal beneficiária dessa
medida foi a Inglaterra, que inundou o mercado brasileiro com seus produtos
manufaturados.
Essa supremacia iria se confirmar
com a assinatura dos Tratados de 1810, que fixavam as tarifas para os produtos
ingleses em apenas 15% do seu valor; para os portugueses, em 16%; para as
mercadorias das demais nações, em 24%.
3. (PITÁGORAS) Responda às
questões a partir dos dados da tabela.
LIMA, Heitor Ferreira. História Político-Econômica e
Industrial do Brasil. São Paulo, 1970. p.136)
a) EXPLIQUE porque até o ano 1808
não temos a entrada de navios estrangeiros no Brasil.
b) DETERMINE e EXPLIQUE o fato
histórico que colaborou para entrada de navios estrangeiros no Brasil a partir
de 1808.
resposta:
a) Até 1808, a colônia brasileira
não podia receber navios ou produtos que não fossem de Portugal, pois aqui
funcionava o Pacto Colonial e o exclusivo metropolitano que proibia o Brasil de
estabelecer relações comerciais com outros países além de Portugal.
b) A abertura dos Portos às
nações amigas, caracterizando o fim do Pacto Colonial.
4. (Puc-Rio) Surpreendidas pela
invasão napoleônica em 1807, as duas Coroas ibéricas tiveram desdobramentos
políticos diferenciados.
No caso espanhol, a captura do
Rei Fernando VII por Napoleão acelerou a luta pela autonomia nas cidades e
províncias de todo o Império. No caso português, a transmigração da família
real para a colônia permitiu desdobramentos mais lentos ao Império luso.
Tendo em vista a conjuntura
descrita acima:
Cite duas medidas tomadas pelo
Príncipe Regente D. João, a partir de 1808, que tenham favorecido a manutenção
do controle português sobre as províncias brasílicas e seus territórios;
resposta:
Qualquer ideia de unidade
territorial e política-administrativa prévia entre as distintas províncias
brasílicas, sem vínculos entre si, dependia necessariamente da submissão e
obediência direta a Lisboa. Tal situação viu-se transformada quando, com a
vinda da Corte para o Brasil, a unidade do ponto de vista político-administrativo
foi transferida de Lisboa para a nova sede da colônia, no Rio de Janeiro.
Assim, o candidato poderá citar
quaisquer medidas que tenham contribuído, direta ou indiretamente, para
fortalecer essa tentativa de manter as províncias e seus territórios unidos sob
o domínio português no Brasil. Por exemplo:
- a transferência para a nova
capital das Secretarias de Estado (Conselho do Estado, Mesas do Desembargo do
paço e da Consciência e Ordens, Conselho Supremo Militar e Conselho da Fazenda);
- a abertura dos portos às nações
amigas.
- a revogação do Alvará de 1785
que proibia a instalação de manufaturas no Brasil;
- a criação do banco do Brasil e
a instalação da Junta de Comércio;
- a elevação do Brasil em 1815 à
condição de Reino Unido a Portugal e Algarve;
- a criação da imprensa régia;
- a transformação da cidade do
Rio de Janeiro em sede da Corte;
- as práticas de concessão de
terras e títulos de nobreza; e,
- Tratados de 1810 com a
Inglaterra.
Mais diretamente ligados à ideia
da expansão territorial, o candidato poderá citar:
- a invasão de Caiena (Guiana
Francesa), em 1809, mantendo-a sob domínio português até 1815;
- a invasão da região do Rio da
Prata, em 1811 pela primeira vez e depois em 1816, quando foi anexada a Banda
Oriental (atual Uruguai), com o nome de Província Cisplatina.
5. (PUC-Rio) A imagem a seguir,
do pintor Jean Baptiste Debret, intitulada "Um funcionário do governo sai
a passeio com a família", constitui um registro do cotidiano daqueles que
habitavam o Rio de Janeiro no tempo do governo joanino (1808-1821).
A partir da observação da gravura e de seus conhecimentos sobre o período:
A partir da observação da gravura e de seus conhecimentos sobre o período:
a) APRESENTE dois elementos que
identificam a posição dos diferentes grupos sociais na hierarquia da sociedade
da época. JUSTIFIQUE.
b) EXPLIQUE por que durante o
governo de D. João VI o Rio de Janeiro passou a ser identificado como
"nova Lisboa".
resposta:
a) O pai (branco) à frente dos
demais membros da família simboliza a autoridade e o poder dos homens sobre as
mulheres na sociedade da época. O lugar ocupado pela dona de casa (branca) na
fila, atrás dos filhos - fossem esses meninos ou meninas - e à frente dos
escravos, evidencia, respectivamente, seu papel de mãe dos filhos do marido e
de administradora de um lar extenso. A mulher branca exercia, portanto, o
domínio sobre os escravos e as escravas no espaço da casa. As redes de poder e
hierarquia envolvendo a própria comunidade negra também são perceptíveis na
imagem: os escravos(as) que aparecem com melhores vestimentas provavelmente
desfrutavam uma posição vantajosa em relação aos seus pares na hierarquia
social. Os pés descalços marcam a condição de escravo, diferenciando-os dos
libertos e dos livres.
b) O governo de D. João VI
proporcionou uma série de melhorias na cidade do Rio de Janeiro e beneficiou os
grandes proprietários e comerciantes das capitanias do Rio de Janeiro, São
Paulo e Minas Gerais que, por estarem próximos da Corte, desfrutavam de
privilégios, proteção e prestígio social. A política joanina gerou um aumento
significativo dos impostos para a manutenção da Corte na cidade do Rio de
Janeiro, que passou a ser identificada como "nova Lisboa", sobretudo
por aqueles que habitavam as demais regiões do Brasil. Comentava-se que o Rio
de Janeiro passara a sediar grupos que defendiam os interesses "portugueses"
oprimindo os "brasileiros" do restante do país. Sendo assim, o
domínio político da colônia passara de Lisboa para o Rio de Janeiro. A
Revolução Pernambucana de 1817 constitui um exemplo de tal insatisfação.
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