sábado, 6 de abril de 2013

Depósito de questões de História

Pontifícia Universidade Católica (PUCRJ)
História
Prova discursiva 1998
Enunciado das questões e
gabarito.
 

1
Em fins do século XIX, as principais potências capitalistas consolidaram seus domínios sobre vastas regiões do globo, dividindo entre si boa parte dos continentes africano e asiático e das ilhas do Pacífico. O desenvolvimento de uma economia internacional, baseada na concorrência do grande capital por novos mercados, investimentos e fontes de matéria prima, não dispensou dominações políticas e ações militares sempre que necessário. Em meio a governos direta ou indiretamente controlados pelas grandes potências, estiveram elites nativas ocidentalizadas, fortemente comprometidas com a manutenção desses "impérios informais". Rapidamente, a cultura, os valores e as instituições do Ocidente invadiram o cotidiano das populações coloniais de diferentes regiões do globo, quer elas quisessem ou não.
Considerando o texto acima:
a) IDENTIFIQUE três das potências capitalistas mencionadas e suas respectivas áreas de influência no período tratado (sejam estas últimas caracterizadas pela dominação política ou econômica apenas). 


Resposta:
Será tida como correta a resposta que apresente três dos seguintes exemplos de "grande potência capitalista" da época:
Na Europa: Inglaterra e França (principais potências); Alemanha (nova potência emergente); o Império Russo e os reinos da Itália, Holanda, Portugal e Espanha (poderão ser considerados, se apropriadamente relacionados às respectivas regiões coloniais e/ou dependentes).
Fora da Europa: os Estados Unidos e o Japão (as outras duas novas potências emergentes em fins do século XIX).
Dentre as principais áreas de influência (colônias ou não) de cada potência, podem ser citadas, na Ásia, África e Oriente Médio, as seguintes:
Da Inglaterra:
Na ÁSIA - Índia, Ceilão, Burma, Norte de Bornéu, portos de Hong Kong e Shangai na costa da China, Malásia e Singapura e Ilhas Adaman
No ORIENTE MÉDIO - Canal de Suez e Sul da Pérsia.
Na AFRICA - Egito, Sudão, Uganda, Somália Britânica, Rodésia, Nigéria, Serra Leoa, Costa do Ouro.
Da França:
Na ÁSIA - Indochina, portos indianos de Karikal, Pondicherry e Yanaon, região de Kwangsi e porto de Kwangchow, ao sul da China.
No ORIENTE MÉDIO - Canal de Suez.
Na ÁFRICA - Marrocos, Argélia, Tunísia, África Ocidental Francesa (Senegal, Mauritânia, Guiné Francesa, Costa do Marfim, Daomé, Niger e Tchad), Somália Francesa, África Equatorial Francesa e Madagascar.
Da Alemanha:
Na ÁSIA - Ilhas do Pacífico (Ilhas Mariana, Carolina e Kaiser Guilherme) e porto de Kiao-chow, na costa chinesa
No ORIENTE MÉDIO - regiões do Império Otomano, particularmente no Golfo Persa.
Na ÁFRICA - Camarões, África do Leste Alemã, África do Sudoeste Alemã e Togo.
Da Rússia:
Na ÁSIA - Sibéria, região norte da Mongólia, Mandchúria e Ilhas Sakalinas.
Da Itália:
Na ÁFRICA - Tripolitânia, Eritréia, Somália Italiana.
De Portugal:
Na ÁFRICA - Guiné Portuguesa, Ilha de São Tomé, Cabinda, Angola e Moçambique.
Da Espanha:
Na ÁFRICA - Guiné Espanhola, Marrocos Espanhol.
Dos Estados Unidos:
Na ÁSIA - Guam, Filipinas, Ilhas Aleutas, Alasca.
Do Japão:
Na ÁSIA - Mandchúria, Coréia, Ilhas Curilas, Porto Artur, no litoral da China.


b) EXPLIQUE a relação entre a busca de segurança para o comércio e investimentos das grandes potências e a difusão de valores ocidentais entre as populações coloniais. 


Resposta:
O aluno deverá relacionar a expansão econômica das grandes potências ocidentais nessas áreas (em busca de fontes de matéria prima e mercados para investirem seus capitais) à penetração cultural que a acompanha - isto é, à difusão dos valores e modos de ser do Ocidente. Poderá mencionar a esse respeito a promoção de uma visão eurocêntrica do mundo que considerava os habitantes das colônias ou das áreas de influência como seres 'inferiores'. Rotulados de 'pouco desenvolvidos' ou 'em estado de barbárie', estes povos que deveriam mirar-se nas grandes potências para poderem trilhar, algum dia, o feliz caminho do "Progresso" e da "Civilização". Muitas dessas idéias sobre o desenvolvimento das sociedades costumavam basear-se em algumas teorias de superioridade racial então em voga e na sempre presente intolerância religiosa, de modo a justificar a violência da dominação em curso. Os governantes das potências ocidentais viam um "sentido de missão" nessas práticas de dominação. Tratava-se, enfim, do "fardo do homem branco", (como apresentado no romance de Rudyard Kipling) capaz de conferir ao homem do Ocidente a tarefa de "civilizar", "cristianizar" e, até mesmo, "branquear" (pela via da imigração) as populações dessas muitas colônias.

2
"Durante os séculos XVI, XVII e XVIII, o Brasil foi uma colônia de Portugal. No século XIX não era mais; tornara-se um país independente politicamente. Durante trezentos anos, as vidas dos habitantes da Colônia estiveram submetidas aos interesses da Metrópole. Nas primeiras décadas do século passado, deixaram de estar, e muitos daqueles habitantes tornaram-se cidadãos de um novo país - o Império do Brasil".
(Ilmar Rohloff de Mattos e Luiz Affonso Seigneur de Albuquerque - Independência ou morte. A emancipação política do Brasil, p.3) RJ - Ed. Atual - 1994
a) EXPLIQUE dois mecanismos utilizados pelos colonizadores portugueses para submeter as vidas dos habitantes da Colônia aos seus interesses, durante os séculos XVI, XVII e XVIII.
 

Resposta:
As relações entre a Metrópole portuguesa e sua colônia americana foram caracterizadas pelas práticas monopolistas. Elas garantiam a submissão das vidas dos habitantes da colônia aos interesses da Metrópole. Nesse sentido, aparecem como mecanismos de submissão, dentre inúmeros outros: a) a imposição do monopólio comercial (a Colônia só pode comerciar com a metrópole ou através dela), que garantia a transferência de renda da Colônia para a Metrópole; 
b) a monopolização dos cargos administrativos pelos colonizadores; e c) a imposição de "uma fé, uma Lei, um Rei" aos habitantes da Colônia, expressada na imposição da religião católica, da língua portuguesa e das leis do Estado absoluto português, da qual decorria tanto a formação de cristãos e súditos quanto proibições, como a da existência da imprensa.


b) Levando em consideração tanto as rupturas ou descontinuidades quanto as permanências ou continuidades entre o Brasil Colônia e o Império do Brasil, EXPLIQUE duas razões por que NEM TODOS os habitantes se tornaram cidadãos do novo país independente, no início do século XIX.
 

Resposta:
A emancipação política do Brasil no início do século XIX, não provocou mudanças significativas em sua estrutura sócio-econômica de base colonial, na qual a presença marcante da escravidão permitia distinguir com nitidez três grandes contingentes entre os habitantes do novo Império: os que eram escravos; os que eram livres (e não possuíam escravos); e os que eram livres e proprietários de escravos. Deste modo, parcela considerável dos habitantes do Império do Brasil (cerca de metade dos 3.000.000 indivíduos) era constituída por aqueles por não serem livres não eram considerados cidadãos. Os pressupostos hierárquicos e excludentes que caracterizavam a sociedade gerada pela colonização se expressariam na nova organização política (de acordo com a Constituição de 1824), ao atribuir apenas aos que eram livres e proprietários (os cidadãos ativos) a responsabilidade pelos assuntos políticos, vedados aos que apenas eram livres (os cidadãos não ativos)

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