Pontifícia Universidade Católica (PUCRJ)
História
Prova discursiva 1998
Enunciado das questões e gabarito.
Prova discursiva 1998
Enunciado das questões e gabarito.
Em fins do século XIX, as principais potências capitalistas
consolidaram seus domínios sobre vastas regiões do globo, dividindo
entre si boa parte dos continentes africano e asiático e das ilhas
do Pacífico. O desenvolvimento de uma economia internacional, baseada
na concorrência do grande capital por novos mercados, investimentos
e fontes de matéria prima, não dispensou dominações
políticas e ações militares sempre que necessário.
Em meio a governos direta ou indiretamente controlados pelas grandes
potências, estiveram elites nativas ocidentalizadas, fortemente
comprometidas com a manutenção desses "impérios informais".
Rapidamente, a cultura, os valores e as instituições do Ocidente
invadiram o cotidiano das populações coloniais de diferentes
regiões do globo, quer elas quisessem ou não.
Considerando o texto acima:
a) IDENTIFIQUE três das potências capitalistas mencionadas e
suas respectivas áreas de influência no período tratado
(sejam estas últimas caracterizadas pela dominação
política ou econômica apenas).
Resposta:
Será tida como correta a resposta que apresente
três dos seguintes exemplos de "grande potência capitalista"
da época:
Na Europa: Inglaterra e França (principais
potências); Alemanha (nova potência emergente); o Império
Russo e os reinos da Itália, Holanda, Portugal e Espanha (poderão
ser considerados, se apropriadamente relacionados às respectivas
regiões coloniais e/ou dependentes).
Fora da Europa: os Estados Unidos e o Japão (as
outras duas novas potências emergentes em fins do século
XIX).
Dentre as principais áreas de influência
(colônias ou não) de cada potência, podem ser citadas,
na Ásia, África e Oriente Médio, as seguintes:
Da Inglaterra:
Na ÁSIA - Índia, Ceilão, Burma, Norte de Bornéu, portos de Hong Kong e Shangai na costa da China, Malásia e Singapura e Ilhas Adaman
No ORIENTE MÉDIO - Canal de Suez e Sul da Pérsia.
Na AFRICA - Egito, Sudão, Uganda, Somália Britânica, Rodésia, Nigéria, Serra Leoa, Costa do Ouro.
Na ÁSIA - Índia, Ceilão, Burma, Norte de Bornéu, portos de Hong Kong e Shangai na costa da China, Malásia e Singapura e Ilhas Adaman
No ORIENTE MÉDIO - Canal de Suez e Sul da Pérsia.
Na AFRICA - Egito, Sudão, Uganda, Somália Britânica, Rodésia, Nigéria, Serra Leoa, Costa do Ouro.
Da França:
Na ÁSIA - Indochina, portos indianos de Karikal, Pondicherry e Yanaon, região de Kwangsi e porto de Kwangchow, ao sul da China.
No ORIENTE MÉDIO - Canal de Suez.
Na ÁFRICA - Marrocos, Argélia, Tunísia, África Ocidental Francesa (Senegal, Mauritânia, Guiné Francesa, Costa do Marfim, Daomé, Niger e Tchad), Somália Francesa, África Equatorial Francesa e Madagascar.
Na ÁSIA - Indochina, portos indianos de Karikal, Pondicherry e Yanaon, região de Kwangsi e porto de Kwangchow, ao sul da China.
No ORIENTE MÉDIO - Canal de Suez.
Na ÁFRICA - Marrocos, Argélia, Tunísia, África Ocidental Francesa (Senegal, Mauritânia, Guiné Francesa, Costa do Marfim, Daomé, Niger e Tchad), Somália Francesa, África Equatorial Francesa e Madagascar.
Da Alemanha:
Na ÁSIA - Ilhas do Pacífico (Ilhas Mariana, Carolina e Kaiser Guilherme) e porto de Kiao-chow, na costa chinesa
No ORIENTE MÉDIO - regiões do Império Otomano, particularmente no Golfo Persa.
Na ÁFRICA - Camarões, África do Leste Alemã, África do Sudoeste Alemã e Togo.
Na ÁSIA - Ilhas do Pacífico (Ilhas Mariana, Carolina e Kaiser Guilherme) e porto de Kiao-chow, na costa chinesa
No ORIENTE MÉDIO - regiões do Império Otomano, particularmente no Golfo Persa.
Na ÁFRICA - Camarões, África do Leste Alemã, África do Sudoeste Alemã e Togo.
Da Rússia:
Na ÁSIA - Sibéria, região norte da Mongólia, Mandchúria e Ilhas Sakalinas.
Na ÁSIA - Sibéria, região norte da Mongólia, Mandchúria e Ilhas Sakalinas.
Da Itália:
Na ÁFRICA - Tripolitânia, Eritréia, Somália Italiana.
Na ÁFRICA - Tripolitânia, Eritréia, Somália Italiana.
De Portugal:
Na ÁFRICA - Guiné Portuguesa, Ilha de São Tomé, Cabinda, Angola e Moçambique.
Na ÁFRICA - Guiné Portuguesa, Ilha de São Tomé, Cabinda, Angola e Moçambique.
Da Espanha:
Na ÁFRICA - Guiné Espanhola, Marrocos Espanhol.
Na ÁFRICA - Guiné Espanhola, Marrocos Espanhol.
Dos Estados Unidos:
Na ÁSIA - Guam, Filipinas, Ilhas Aleutas, Alasca.
Na ÁSIA - Guam, Filipinas, Ilhas Aleutas, Alasca.
Do Japão:
Na ÁSIA - Mandchúria, Coréia, Ilhas Curilas, Porto Artur, no litoral da China.
Na ÁSIA - Mandchúria, Coréia, Ilhas Curilas, Porto Artur, no litoral da China.
b) EXPLIQUE a relação entre a busca de segurança para
o comércio e investimentos das grandes potências e a difusão
de valores ocidentais entre as populações coloniais.
Resposta:
O aluno deverá relacionar a expansão
econômica das grandes potências ocidentais nessas áreas
(em busca de fontes de matéria prima e mercados para investirem seus
capitais) à penetração cultural que a acompanha - isto
é, à difusão dos valores e modos de ser do Ocidente.
Poderá mencionar a esse respeito a promoção de uma
visão eurocêntrica do mundo que considerava os habitantes das
colônias ou das áreas de influência como seres 'inferiores'.
Rotulados de 'pouco desenvolvidos' ou 'em estado de barbárie', estes
povos que deveriam mirar-se nas grandes potências para poderem trilhar,
algum dia, o feliz caminho do "Progresso" e da "Civilização".
Muitas dessas idéias sobre o desenvolvimento das sociedades costumavam
basear-se em algumas teorias de superioridade racial então em voga
e na sempre presente intolerância religiosa, de modo a justificar a
violência da dominação em curso. Os governantes das
potências ocidentais viam um "sentido de missão" nessas
práticas de dominação. Tratava-se, enfim, do "fardo
do homem branco", (como apresentado no romance de Rudyard Kipling) capaz
de conferir ao homem do Ocidente a tarefa de "civilizar", "cristianizar"
e, até mesmo, "branquear" (pela via da imigração) as
populações dessas muitas colônias.
"Durante os séculos XVI, XVII e XVIII, o Brasil foi uma colônia
de Portugal. No século XIX não era mais; tornara-se um país
independente politicamente. Durante trezentos anos, as vidas dos habitantes
da Colônia estiveram submetidas aos interesses da Metrópole.
Nas primeiras décadas do século passado, deixaram de estar,
e muitos daqueles habitantes tornaram-se cidadãos de um novo país
- o Império do Brasil".
(Ilmar Rohloff de Mattos e Luiz Affonso Seigneur de Albuquerque -
Independência ou morte. A emancipação política
do Brasil, p.3) RJ - Ed. Atual - 1994
a) EXPLIQUE dois mecanismos utilizados pelos colonizadores portugueses para
submeter as vidas dos habitantes da Colônia aos seus interesses, durante
os séculos XVI, XVII e XVIII.
Resposta:
As relações entre a Metrópole portuguesa
e sua colônia americana foram caracterizadas pelas práticas
monopolistas. Elas garantiam a submissão das vidas dos habitantes
da colônia aos interesses da Metrópole. Nesse sentido, aparecem
como mecanismos de submissão, dentre inúmeros outros: a) a
imposição do monopólio comercial (a Colônia só
pode comerciar com a metrópole ou através dela), que garantia
a transferência de renda da Colônia para a Metrópole;
b) a monopolização dos cargos administrativos pelos colonizadores;
e c) a imposição de "uma fé, uma Lei, um Rei" aos habitantes
da Colônia, expressada na imposição da religião
católica, da língua portuguesa e das leis do Estado absoluto
português, da qual decorria tanto a formação de
cristãos e súditos quanto proibições, como a
da existência da imprensa.
b) Levando em consideração tanto as rupturas ou descontinuidades
quanto as permanências ou continuidades entre o Brasil Colônia
e o Império do Brasil, EXPLIQUE duas razões por que NEM
TODOS os habitantes se tornaram cidadãos do novo país
independente, no início do século XIX.
Resposta:
A emancipação política do Brasil
no início do século XIX, não provocou mudanças
significativas em sua estrutura sócio-econômica de base colonial,
na qual a presença marcante da escravidão permitia distinguir
com nitidez três grandes contingentes entre os habitantes do novo
Império: os que eram escravos; os que eram livres (e não
possuíam escravos); e os que eram livres e proprietários de
escravos. Deste modo, parcela considerável dos habitantes do Império
do Brasil (cerca de metade dos 3.000.000 indivíduos) era constituída
por aqueles por não serem livres não eram considerados
cidadãos. Os pressupostos hierárquicos e excludentes que
caracterizavam a sociedade gerada pela colonização se expressariam
na nova organização política (de acordo com a
Constituição de 1824), ao atribuir apenas aos que eram livres
e proprietários (os cidadãos ativos) a responsabilidade pelos
assuntos políticos, vedados aos que apenas eram livres (os cidadãos
não ativos)
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