Resolução comentada (PUC-RIO: 2010/2)

Questões discursivas

PUC-RIO (2010/2)

Resolução Comentada

HISTÓRIA

 

Questão 4

Depoimento de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes:

“[...] o fato de ser alferes influiu para transformar-me em conspirador, levado a tanto que fui pelas injustiças que sofri, preterido sempre nas promoções a que tinha direito. Uni as minhas amarguras às do povo, que eram maiores, e foi assim que a idéia de libertação tomou conta de mim [...]”.

(Apud MATTOS, Ilmar R. e ALBUQUERQUE, Luis Affonso S. Independência ou Morte – A emancipação política do Brasil. São Paulo: Editora Atual, 1991, p. 9)

Com base no documento acima, analise o movimento da Inconfidência Mineira ocorrido na América Portuguesa em 1789:

a) Caracterize dois descontentamentos que tenham motivado os colonos da região das Minas a elaborar

um plano de inconfidência:

b) Identifique, justificando sua resposta, um acontecimento ocorrido fora da América Portuguesa que tenha influenciado os colonos mineiros a planejar uma sedição contra a Coroa Portuguesa.

resposta:

 

a) Entre os descontentamentos que motivaram os colonos da região das minas a planejar a inconfidência estão:

- O declínio da produção aurífera na região, ocorrido na segunda metade do século XVIII, que gerou tensões sociais;

- O descontentamento dos colonos com o monopólio do comércio exercido pelos nascidos em Portugal e com a excessiva cobrança de impostos;

- A iminência da cobrança da derrama por parte da Coroa portuguesa.

b) Entre os acontecimentos ocorridos fora da América portuguesa que exerceram influência sobre os colonos mineiros estão:

- A Independência das colônias norte-americanas em 1776, considerada pelos colonos mineiros um exemplo de quebra do vínculo colonial a ser seguido;

- As idéias ilustradas européias, que influenciaram os colonos mineiros a elaborar uma leitura crítica da situação colonial dando um novo tom aos protestos, os quais passaram a reivindicar o fim da sujeição ao trono português e a falar explicitamente na idéia de República.

Questão 5

“Os anos entre o fim da Segunda Guerra Mundial e o começo da Guerra Fria, isto é, 1944-1945 e 1947-1948, constituíram uma conjuntura crítica da história do século XX da Europa Oriental e Ocidental, Oriente Médio, Índia, China, Sudeste Asiático e Japão. Cada uma das repúblicas latino-americanas tem sua própria história nos anos imediatamente posteriores à Segunda Guerra Mundial. A democratização do Brasil, nesse momento, foi um fato concreto. Entretanto, a recém implantada democracia brasileira revelou-se limitada na perspectiva e antipopular no caráter.”

(Texto adaptado de BETHELL, Leslie e ROXBOROUGH, Ian. A América Latina entre a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996, p. 17 e p. 102.)

O período identificado pelo texto correspondeu a um momento de muitas transformações nas relações internacionais da época, repercutindo de forma diferenciada nos países e regiões.

a) Explique uma dessas transformações para o caso específico dos países europeus.

b) Identifique uma repercussão da inserção do governo brasileiro no contexto inicial da Guerra Fria, que denote o caráter limitado da democratização.

resposta:

a) Entre as transformações para os países europeus:

- o auxílio econômico norte-americano destinado à reconstrução dos países arrasados pela guerra, na forma do Plano Marshall;

- a ocupação militar da Alemanha, a divisão de Berlim em zonas sob o controle dos Aliados e a posterior divisão da Alemanha;

- a transformação de países do Leste europeu em áreas de influência da ex-URSS;

- o enfraquecimento político e militar da França e da Inglaterra, exemplificado nos processos de descolonização de seus domínios na Ásia e posteriormente na África.

b) Entre as repercussões para o Brasil indicadoras do caráter limitado da democratização:

- o fechamento do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a perseguição de seus adeptos, a partir de 1947;

- o rompimento das relações diplomáticas com a URSS;

- a repressão às lideranças operárias que defenderam a maior autonomia sindical e criticaram o corporativismo herdado do Estado Novo.