domingo, 10 de abril de 2011

A introdução do trabalho livre no Brasil

CNDL - Colégio Notre Dame de Lourdes
Segundo Ano - Primeiro Bimestre

Coleção Pitágoras

Capítulo 3

A introdução do trabalho livre no Brasil


AGOSTINI, Ângelo. Comemoração da Abolição. Revista Ilustrada, 1888.


No dia 13 de maio de 1888, na hora mesma em que a Lei 3.353 – a Lei Áurea – foi assinada, aproximou-se da princesa Isabel o presidente da Confederação Abolicionista, João Clapp, e lhe fez entrega, em nome do movimento vitorioso, de um “mimoso bouquet de camélias artificiais”. Logo em seguida, o imigrante português José de Seixas Magalhães passou às mãos da Princesa um outro buquê de camélias naturais, viçosas, trazidas diretamente do quilombo do Leblon. Vindo de onde vinha, o presente guardava um significado todo especial e representava, na opinião do abolicionista Rui Barbosa, “ a mais mimosa das oferendas populares”. Criada em 1883, com sede no jornal Gazeta da Tarde, no Rio de Janeiro, a Confederação Abolicionista era uma organização política cujo programa defendia, simplesmente, o fim do trabalho escravo. E o quilombo produtor de camélias do Leblon fazia parte de uma imensa rede de quilombos abolicionistas ligados à Confederação [...] Uma rede que participava já do jogo político da transição e apontava para a importância fundamental do movimento quilombola e da participação do povo negro na conquista da liberdade. Na verdade, sem a adesão franca e consciente dos cativos – manifestada pelas fugas em massa, impossíveis de reprimir ou controlar, a “avalanche negra”, como disse na época -, o projeto abolicionista não teria a mínima chance de êxito.


SILVA, Eduardo. As camélias da liberdade. Revista Nossa História. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, n°7. maio 2004, p. 26.



Esse texto mostra a participação dos escravos no movimento abolicionista, o que até recentemente não se considerava. Como bem afirma o autor, se não fosse a intensa participação dos cativos, as fugas em massa, o projeto abolicionista não teria a menor chance de êxito. Neste capítulo você vai estudar a longa trajetória percorrida até a abolição, que se inicia com o fim do tráfico negreiro em 1850, passa pelas leis antiescravistas, leis paliativas promulgadas pelo parlamento para conter o processo emancipacionista, e pela intensa movimentação da sociedade civil, política e dos próprios cativos. O fim do tráfico negreiro mobilizou o chamado tráfico interprovincial, isto é, o tráfico de escravos de províncias com economias decadentes para as áreas cafeeiras. Muito embora o tráfico provincial tenha ajudado na recomposição da mão de obra, não foi suficiente para resolvê-la. Por isso, foi adotada a imigração de estrangeiros para o Brasil. Com vista a solucionar o problema da força de trabalho na lavoura cafeeira após o fim do tráfico e dos parcos resultados do tráfico interprovincial de escravos. O capítulo examina o processo da imigração, bastante tumultuado, com as tentativas privadas fracassadas, principalmente em razão do rude tratamento dispensado aos imigrantes pelos fazendeiros. A tal ponto chegou a má fama de imigração para o Brasil que muitos países a proibiram, sendo necessária uma propaganda oficial que revertesse esse estado de coisas. A solução foi a imigração subvencionada, subsidiada pelo Estado, que garantiu a entrada de milhares de imigrantes para trabalharem nas fazendas de café.



Pense sobre o que acabou de ler e discuta:

1. Qual teria sido o papel dos quilombos na Confederação Abolicionista?

2. Qual foi a trajetória percorrida até a abolição da escravidão no Brasil em 1888?



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