Saiba mais sobre a Plantation Escravista na América Portuguesa
Até algumas décadas atrás, quando se fazia referência à economia açucareira, estava sempre presente o tripé latifúndio, monocultura e escravidão como características fundamentais dessa cultura.
Entretanto, estudos mais recentes mostraram que ainda que esse tripé seja válido para as plantações de cana-de-açúcar, ele é insuficiente para explicar o funcionamento da economia canavieira como um todo.
A cultura da cana-de-açúcar tem um setor agrícola, que compreende as plantações, que é realmente fundado no latifúndio monocultor escravista. Contudo, apresenta também um setor fabril – o engenho – que pede uma caracterização mais ampla. Por isso, foi utilizado o termo Plantation, que significa um latifúndio monocultor em que há o beneficiamento do produto, no nosso caso, a transformação da cana em açúcar visando a exportação.
Observe atentamente esta imagem. Na imagem vemos um engenho, que foi, na época da economia açucareira da América Portuguesa, um sofisticado artefato mecânico. Nele, se dava todo o processo de transformação da cana em açúcar. Nesse espaço atuavam diversos tipos de trabalhadores responsáveis pelas inúmeras tarefas que a produção e a preparação para a exportação exigiam. No engenho atuavam, homens livres e assalariados, a exemplo dos mestres de açúcar, entretanto a maioria dos trabalhadores era constituída por escravos africanos.
Por tudo isso amigos, o termo Plantation é mais adequado, porque explicita essa importante face fabril da economia açucareira.
Neste capítulo, você irá estudar também, alguns aspectos relacionados ao escravismo colonial. Tema este que sofreu uma das maiores revisões historiográficas dos últimos tempos. Desde as análises marxistas que viam os escravos como meras mercadorias, como seres moventes, desprovidos de vontade própria, explorados, oprimidos e invariavelmente castigados por seus senhores, a historiografia caminhou um bocado.
Hoje, a escravidão é encarada como uma gama de possibilidades de negociações envolvendo senhores e escravos; onde os cativos são vistos como agentes históricos com vontade própria, capazes de fazer valer os seus direitos na justiça; possuir terras a chamada brecha camponesa; ajuntar um certo pecúlio, vender seus produtos no mercado e por aí vai.
Agora, é claro que não se pode negar o caráter violento da escravidão. Sobre esse tema, vale a pena reproduzir um trecho dos historiadores Douglas Cole Libby e Eduardo França Paiva:
Pense sobre o que você acabou de ler e discuta:
· De acordo com a problematização do tema, por que o termo plantation é mais adequado para caracterizar a economia açucareira?
· Quais foram os avanços apresentados pela autora no que se refere à historiografia da escravidão colonial?
· Quais traços permaneceram na análise desse mesmo tema?
· Como era encarada a violência na Idade Moderna?
É preciso lembrar que o castigo e a violência física faziam parte do dia a dia da sociedade como um todo, marcando as relações entre pais e filhos, esposo e esposa, mestres e alunos. Uma clara expressão da legitimidade do castigo violento era o direito que o Estado tinha de aplicar pena de morte em pessoas vistas como ameaças à ordem social. Esse direito foi amplamente exercido durante todo o período escravista, tirando a vida de livres e cativos. Considerando esse contexto histórico, podemos afirmar que, apesar das injustiças, os escravos também compartilhavam da noção de legitimidade do castigo, embora, evidentemente não gostassem dele. Assim, por exemplo, os libertos que se tornassem senhores de escravos – e eles eram numerosos – não hesitavam em aplicar castigos físicos nos seus cativos, quando julgavam necessário.
LIBBY, Douglas Cole & PAIVA, Eduardo França. A escravidão no Brasil. Relações sociais, acordos e conflitos. São Paulo: Moderna, 2000. p. 39.
Neste capítulo você vai estudar, ainda, as atividades que se desenvolveram juntamente com a cultura de cana-de-açúcar, além da presença holandesa na área de produção açucareira.
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