segunda-feira, 5 de março de 2012

Confira a correção do Simula Enem (primeiro bimestre)

PRIMEIRA SÉRIE

1. (Enem 2011) Em geral, os nossos tupinambás ficaram admirados ao ver os franceses e os outros dos países longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil. Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta pergunta: “Por que vindes vós outros, mairs e pêros (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?”

LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974.

O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um diálogo travado, em 1557, com um ancião tupinambá, o qual demonstra uma diferença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido

a) do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais.

b) da preocupação com a preservação dos recursos ambientais.

c) do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil.

d) da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas.

e) da preocupação com o armazenamento de madeira para os períodos de inverno.

2. (Unicamp 2011) Em carta ao rei D. Manuel, Pero Vaz de Caminha narrou os primeiros contatos entre os indígenas e os portugueses no Brasil: “Quando eles vieram, o capitão estava com um colar de ouro muito grande ao pescoço. Um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. Outro viu umas contas de rosário, brancas, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dissesse que dariam ouro por aquilo. Isto nós tomávamos nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e o colar, isto nós não queríamos entender, porque não havíamos de dar-lhe!”

(Adaptado de Leonardo Arroyo, A carta de Pero Vaz de Caminha. São Paulo: Melhoramentos; Rio de Janeiro: INL, 1971, p. 72-74.)

Esse trecho da carta de Caminha nos permite concluir que o contato entre as culturas indígena e europeia foi

a) favorecido pelo interesse que ambas as partes demonstravam em realizar transações comerciais: os indígenas se integrariam ao sistema de colonização, abastecendo as feitorias, voltadas ao comércio do pau-brasil, e se miscigenando com os colonizadores.

b) guiado pelo interesse dos descobridores em explorar a nova terra, principalmente por meio da extração de riquezas, interesse que se colocava acima da compreensão da cultura dos indígenas, que seria quase dizimada junto com essa população.

c) facilitado pela docilidade dos indígenas, que se associaram aos descobridores na exploração da nova terra, viabilizando um sistema colonial cuja base era a escravização dos povos nativos, o que levaria à destruição da sua cultura.

d) marcado pela necessidade dos colonizadores de obterem matéria-prima para suas indústrias e ampliarem o mercado consumidor para sua produção industrial, o que levou à busca por colônias e à integração cultural das populações nativas.

3. (Enem 2010) Os vestígios dos povos Tupi-guarani encontram-se desde as Missões e o rio da Prata, ao sul, até o Nordeste, com algumas ocorrências ainda mal conhecidas no sul da Amazônia. A leste, ocupavam toda a faixa litorânea, desde o Rio Grande do Sul até o Maranhão. A oeste, aparecem (no rio da Prata) no Paraguai e nas terras baixas da Bolívia. Evitam as terras inundáveis do Pantanal e marcam sua presença discretamente nos cerrados do Brasil central. De fato, ocuparam, de preferência, as regiões de floresta tropical e subtropical.

PROUS. A. O Brasil antes dos brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Editor, 2005.

Os povos indígenas citados possuíam tradições culturais específicas que os distinguiam de outras sociedades indígenas e dos colonizadores europeus. Entre as tradições tupi-guarani, destacava-se

a) a organização em aldeias politicamente independentes, dirigidas por um chefe, eleito pelos indivíduos mais velhos da tribo.

b) a ritualização da guerra entre as tribos e o caráter semissedentário de sua organização social.

c) a conquista de terras mediante operações militares, o que permitiu seu domínio sobre vasto território.

d) o caráter pastoril de sua economia, que prescindia da agricultura para investir na criação de animais.

e) o desprezo pelos rituais antropofágicos praticados em outras sociedades indígenas.

4. (Enem 2ª aplicação 2010) Chegança

Sou Pataxó,

Sou Xavante e Carriri,

Ianomâmi, sou Tupi

Guarani, sou Carajá.

Sou Pancaruru,

Carijó, Tupinajé,

Sou Potiguar, sou Caeté,

Ful-ni-ô, Tupinambá

Eu atraquei num porto muito seguro,

Céu azul, paz e ar puro...

Botei as pernas pro ar.

Logo sonhei que estava no paraíso,

Onde nem era preciso dormir para sonhar.

Mas de repente me acordei com a surpresa:

Uma esquadra portuguesa veio na praia atracar.

Da grande-nau

Um branco de barba escura,

Vestindo uma armadura me apontou pra me pegar.

E assustado dei um pulo da rede,

Pressenti a fome, a sede,

Eu pensei: “vão me acabar”.

Levantei-me de Borduna já na mão.

Aí, senti no coração,

O Brasil vai começar.

NÓBREGA, A.; FREIRE, W. CD Pernambuco falando para o mundo, 1998.

A letra da canção apresenta um tema recorrente na história da colonização brasileira, as relações de poder entre portugueses e povos nativos, e representa uma crítica à ideia presente no chamado mito

a) da democracia racial, originado das relações cordiais estabelecidas entre portugueses e nativos no período anterior ao início da colonização brasileira.

b) da cordialidade brasileira, advinda da forma como os povos nativos se associaram economicamente aos portugueses, participando dos negócios coloniais açucareiros.

c) do brasileiro receptivo, oriundo da facilidade com que os nativos brasileiros aceitaram as regras impostas pelo colonizador, o que garantiu o sucesso da colonização.

d) da natural miscigenação, resultante da forma como a metrópole incentivou a união entre colonos, ex-escravas e nativas para acelerar o povoamento da colônia.

e) do encontro, que identifica a colonização portuguesa como pacífica em função das relações de troca estabelecidas nos primeiros contatos entre portugueses e nativos.

5. (G1 - ifsp 2011) No Brasil Colonial, os jesuítas

a) foram os responsáveis pela introdução da Contra Reforma no Brasil, instalando os Tribunais de Inquisição no Rio de Janeiro e na Bahia, perseguindo os cristãos novos e os muçulmanos.

b) foram os responsáveis pela descoberta do ouro no interior do Brasil, pois, buscando a

catequização dos indígenas, fundaram as missões em áreas em que os nativos já usavam o rico minério.

c) auxiliaram na tarefa da colonização introduzindo o gado bovino e equino nas reduções e a lavoura cafeeira no sudeste. Fizeram, ainda, a exploração do mate no sul do Brasil.

d) catequizaram os indígenas e os colonos, construindo colégios e igrejas. Muitas vezes, intervieram em conflitos existentes entre os brancos e os povos indígenas, buscando auxiliar a colonização portuguesa.

e) não se envolveram no processo colonizador português, pois o papa Paulo III lhes proibira qualquer envolvimento político. Sua missão era apenas a da evangelização dos povos.

Gabarito:

Resposta da questão 1:

[A]

No “sistema cultural” do indígena, a madeira tem uma finalidade bastante específica, ser queimada para aquecer as pessoas nos períodos de frio e, portanto, o índio ancião acredita que para os europeus ela deve ter a mesma serventia. No entanto, portugueses e franceses se utilizavam da madeira para a produção de tintura, que por sua vez era utilizada na manufatura de tecidos, em especial para tingir os tecidos.

Resposta da questão 2:

[B]

O próprio documento permite perceber que “o colonizador”, na fala de Pero Vaz de Caminha, pretendeu entender os nativos a partir de uma visão exterior, europeia, pois um dos grandes objetivos da expansão marítima era a obtenção de riquezas, sendo que predominava a cultura metalista. O contato entre as culturas indígena e europeia se deu, portanto, a partir de bases diferentes e contraditórias, sem a preocupação do colonizador compreender os povos nativos.

Resposta da questão 3:

[B]

As tribos Tupi-guaranis, que ocuparam grande parte do território brasileiro, conforme descreve o texto, possuíam as características básicas dos nativos do Brasil, vivendo principalmente da agricultura rudimentar – que tinha como complemento a caça e pesca – praticada de forma nômade ou seminômade. A guerra teve certa importância para as tribos, porém, diferentemente de outros povos, não era a atividade que garantia poder ou controle sobre outros povos. A prática da antropofagia era comum e tinha caráter ritualístico, religioso, uma vez que acreditavam que a ingestão da carne de inimigos mortos lhes fortaleceria.

Resposta da questão 4:

[E]

Os primeiros contatos entre portugueses e indígenas foram amistosos, principalmente porque não havia a intenção de conquistar e colonizar a terra. Nos primeiros anos de contato, tratados como período pré-colonial, os portugueses se interessaram pelo pau-brasil. No entanto, com o inicio da ocupação da terra, o conflito se caracterizou na medida em que os indígenas, apesar de não terem a noção de propriedade privada, sentiram suas terras e vida ameaçadas pelos portugueses.

Resposta da questão 5:

[D]

A ordem dos jesuítas teve importante papel na organização da Contra Reforma na Europa, notadamente em Portugal e Espanha, mas na América sua preocupação foi com a catequese dos nativos e a manutenção da religiosidade dos colonizadores. Se condenaram a escravização dos índios, contribuíram para o processo de aculturação e de integração dos mesmos à sociedade e aos valores europeus. Não se envolveram diretamente em nenhuma atividade econômica.

SEGUNDA SÉRIE

1. (Cesgranrio 2011) Após a análise criteriosa do quadro a seguir, relativo à balança comercial do Império brasileiro, conclui-se que

a) a queda nas exportações no final do século XIX pode ser explicada pela recente extinção do tráfico escravo.

b) o crescimento das exportações de café, principal produto da economia brasileira na época, foi o responsável pelo constante superavit da balança comercial entre 1860 e 1880.

c) o crescimento contínuo das importações pode ser explicado pelo decreto de 1844, que estabeleceu as Tarifas Alves Branco, favorecendo a entrada de produtos estrangeiros a baixos preços.

d) o equilíbrio da balança comercial na primeira década, demonstrada no quadro, deve-se ao aumento das exportações de bens de produção.

e) os períodos em que a balança comercial apresentou deficit correspondem a momentos de rebeliões internas, durante as quais os investimentos na produção eram desviados para a indústria bélica.

2. (Unesp 2010) A expansão da economia do café para o oeste paulista, na segunda metade do século XIX, e a grande imigração para a lavoura de café trouxeram modificações na história do Brasil como

a) o fortalecimento da economia de subsistência e a manutenção da escravidão.

b) a diversificação econômica e o avanço do processo de urbanização.

c) a divisão dos latifúndios no Vale do Paraíba e a crise da economia paulista.

d) o fim da república oligárquica e o crescimento do movimento camponês.

e) a adoção do sufrágio universal nas eleições federais e a centralização do poder.

3. (Pucmg 2010) Segundo Sérgio Silva, “No começo da segunda metade do século XIX, a produção de café toma proporções muito importantes: a cifra se aproxima de 3 milhões de sacas em média por ano. A partir da década de 1870, e sobretudo a partir de 1880, quando a produção média anual ultrapassa os 5 milhões de sacas, o café torna-se o centro motor do desenvolvimento do capitalismo no Brasil.”

(SILVA, Sérgio. A expansão cafeeira e origens da indústria no Brasil.)

Pode-se apontar como fator responsável por esse aumento de produtividade:

a) o aporte de grande capital internacional para o financiamento da safra.

b) a diminuição da produção colombiana de café provocada por problemas climáticos.

c) o uso intensivo de trabalho escravo na produção e beneficiamento do café.

d) crescimento dos mercados externos consumidores do produto, o que estimulou o crescimento da produção interna.

4. (PITÁGORAS) Analise a tabela sobre os produtos de exportação do Brasil.

Analisando a tabela sobre a economia do Segundo Reinado podemos CONCLUIR que

a) o Brasil deixou de ser um país monocultor e diversificou sua pauta de exportação sendo o café o principal produto exportado.

b) a segunda fase da Revolução Industrial ocorrida a partir de 1850 contribuiu para que o algodão tornasse o produto mais exportado.

c) o fim do tráfico negreiro ocorrido a partir de 1850 contribuiu para queda das exportações de café devido a falta de mão-de-obra.

d) a entrada maciça de imigrantes ingleses ocorrida na segunda metade do século XIX, fez com que a Erva-mate tornasse o principal produto agrícola brasileiro.

e) a diversificação da agricultura de exportação foi um dos fatores que contribuiu para o grande desenvolvimento industrial brasileiro no final do século XIX.

5. (Enem 2ª aplicação 2010) A dependência regional maior ou menor da mão de obra escrava teve reflexos políticos importantes no encaminhamento da extinção da escravatura. Mas a possibilidade e a habilidade de lograr uma solução alternativa – caso típico de São Paulo – desempenharam, ao mesmo tempo, papel relevante.

FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2000.

A crise do escravismo expressava a difícil questão em torno da substituição da mão de obra, que resultou

a) na constituição de um mercado interno de mão de obra livre, constituído pelos libertos, uma vez que a maioria dos imigrantes se rebelou contra a superexploração do trabalho.

b) no confronto entre a aristocracia tradicional, que defendia a escravidão e os privilégios políticos, e os cafeicultores, que lutavam pela modernização econômica com a adoção do trabalho livre.

c) no “branqueamento” da população, para afastar o predomínio das raças consideradas inferiores e concretizar a ideia do Brasil como modelo de civilização dos trópicos.

d) no tráfico interprovincial dos escravos das áreas decadentes do Nordeste para o Vale do Paraíba, para a garantia da rentabilidade do café.

e) na adoção de formas disfarçadas de trabalho compulsório com emprego dos libertos nos cafezais paulistas, uma vez que os imigrantes foram trabalhar em outras regiões do país.

Gabarito:

Resposta da questão 1:

[B]

O café foi, durante todo o período retratado, o principal produto de exportação do Brasil e grande responsável pela entrada de divisas no Brasil – mesmo nos períodos onde há deficit. O trafico de escravos foi abolido em 1850 e não no final do século. A Tarifa Alves Branco, protecionista, dificultou o ingresso de produtos estrangeiros no Brasil, fato que não impediu a importação e não superou a situação deficitária da época. No momento de gastos militares mais elevados – a Guerra do Paraguai entre 1864 e 1870 - o país teve superavit.

Resposta da questão 2:

[B]

A alternativa correta por si só já sintetiza importantes modificações ocorridas na história do Brasil por decorrência da expansão da lavoura cafeeira para o Oeste Paulista. Concomitantemente à expansão da lavoura, ocorreu a expansão da malha ferroviária, reflexo da diversificação de capitais, e ao longo dela, o surgimento de inúmeras cidades. Parte dos capitais excedentes advindos dos lucros do café era aplicada em diferentes atividades que incrementavam o processo de urbanização.

Resposta da questão 3:

[D]

Pode-se apontar como fator de crescimento das exportações de café na segunda metade do século XIX, além do crescimento dos mercados consumidores externos, a melhora na produtividade com a adoção do trabalho livre, empregando mão de obra imigrante, juntamente com o emprego de melhores técnicas de cultivo nos cafezais do Oeste Paulista.

Resposta da questão 4:

[A]

Pela análise da tabela é possível inferir que na segunda metade do século XIX houve uma maior diversificação da economia brasileira, onde além do café que era o principal gênero agrícola cultivado tivemos o desenvolvimento de otras culturas tais como a cana de açúcar, o algodão, o tabaco, etc.

Resposta da questão 5:

[B]

Na segunda metade do século XIX, tornou-se cada vez mais perceptível as diferenças entre setores de elite, principalmente na região sudeste. Enquanto a aristocracia tradicional, predominante no Rio de janeiro e no Vale do Paraíba, defendia a manutenção do escravismo, a elite latifundiária do oeste de São Paulo, área de maior expansão do café, defendia a abolição da escravidão, tendo sua expressão política no Partido Republicano Paulista.

TERCEIRA SÉRIE

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Os africanos não escravizavam africanos, nem se reconheciam então como africanos. Eles se viam como membros de uma aldeia, de um conjunto de aldeias, de um reino e de um grupo que falava a mesma língua, tinha os mesmos costumes e adorava os mesmos deuses. (...) Quando um chefe (...) entregava a um navio europeu um grupo de cativos, não estava vendendo africanos nem negros, mas (...) uma gente que, por ser considerada por ele inimiga e bárbara, podia ser escravizada. (...) O comércio transatlântico (...) fazia parte de um processo de integração econômica do Atlântico, que envolvia a produção e a comercialização, em grande escala, de açúcar, algodão, tabaco, café e outros bens tropicais, um processo no qual a Europa entrava com o capital, as Américas com a terra e a África com o trabalho, isto é, com a mão de obra cativa.

(Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos, 2008. Adaptado.)

1. (Unesp 2012) Ao caracterizar a escravidão na África e a venda de escravos por africanos para europeus nos séculos XVI a XIX, o texto

a) reconhece que a escravidão era uma instituição presente em todo o planeta e que a diferenciação entre homens livres e homens escravos era definida pelas características raciais dos indivíduos.

b) critica a interferência europeia nas disputas internas do continente africano e demonstra a rejeição do comércio escravagista pelos líderes dos reinos e aldeias então existentes na África.

c) diferencia a escravidão que havia na África da que existia na Europa ou nas colônias americanas, a partir da constatação da heterogeneidade do continente africano e dos povos que lá viviam.

d) afirma que a presença europeia na África e na América provocou profundas mudanças nas relações entre os povos nativos desses continentes e permitiu maior integração e colaboração interna.

e) considera que os únicos responsáveis pela escravização de africanos foram os próprios africanos, que aproveitaram as disputas tribais para obter ganhos financeiros.

2. (Cesgranrio 2011) “Estando a Companhia das Índias Ocidentais em perfeito estado, ela não pode projetar coisa melhor e mais necessária do que tirar ao Rei da Espanha a terra do Brasil, apoderando-se dela. (...) Porque este país é dominado e habitado por duas nações ou povos, isto é, brasileiros e portugueses, que, no momento, são totalmente inexperientes em assuntos militares e, além disto, não têm a prática nem a coragem de defendê-la contra o poderio da Companhia das Índias Ocidentais, podendo ser facilmente vencidos (...) Desta terra do Brasil podem anualmente ser trazidas para cá e vendidas ou distribuídas sessenta mil caixas de açúcar. Estimando-se as mesmas, atualmente, em uma terça parte de açúcar branco, uma terça parte de açúcar mascavado e uma terça parte de açúcar panela, e avaliando-se cada caixa em quinhentas libras de peso, poder-se-ia comprar no Brasil, sendo estes os preços comuns nesse país, o açúcar branco por oito vinténs, o mascavado por quatro e o panela por dois vinténs a libra, e, revender, respectivamente, por dezoito, doze e oito vinténs a libra; (...)”

“Motivos por que a Companhia das Índias Ocidentais deve tentar tirar ao Rei da Espanha a terra do Brasil – 1624”. In: INÁCIO, Inês da Conceição e LUCA, Tânia Regina. Documentos do Brasil Colonial. São Paulo: Ática, 1993, pp. 92 e 94.

O documento acima está relacionado

a) ao processo de colonização espanhola na América e à disputa entre os países ibéricos pelas áreas açucareiras.

b) às rebeliões nativistas, que, sob o pretexto de que a União Ibérica teria enfraquecido tanto Portugal como a Espanha, tentavam a emancipação da Colônia brasileira.

c) às investidas inglesas nas costas brasileiras, como protesto pela divisão do mundo entre Portugal e Espanha, conforme estabelecido pelas bulas papais e pelo Tratado de Tordesilhas.

d) às invasões francesas ao Brasil, com o objetivo de depor o tradicional inimigo espanhol, que passou a administrar o país após a União Ibérica.

e) às invasões holandesas no Brasil, com o objetivo de recuperar o comércio interrompido com a União Ibérica.

3. (Unesp 2011) Entre as formas de resistência negra à escravidão, durante o período colonial brasileiro, podemos citar

a) a organização de quilombos, nos quais, sob supervisão de autoridades brancas, os negros podiam viver livremente.

b) as sabotagens realizadas nas plantações de café, com a introdução de pragas oriundas da África.

c) a preservação de crenças e rituais religiosos de origem africana, que eram condenados pela Igreja Católica.

d) as revoltas e fugas em massa dos engenhos, seguidas de embarques clandestinos em navios que rumavam para a África.

e) a adoção da fé católica pelos negros, que lhes proporcionava imediata alforria concedida pela Igreja.

4. (Fuvest 2011) Quando os Holandeses passaram à ofensiva na sua Guerra dos Oitenta Anos pela independência contra a Espanha, no fim do século XVI, foi contra as possessões coloniais portuguesas, mais do que contra as espanholas, que os seus ataques mais fortes e mais persistentes se dirigiram. Uma vez que as possessões ibéricas estavam espalhadas por todo o mundo, a luta subsequente foi travada em quatro continentes e em sete mares e esta luta seiscentista merece muito mais ser chamada a Primeira Guerra Mundial do que o holocausto de 1914-1918, a que geralmente se atribui essa honra duvidosa. Como é evidente, as baixas provocadas pelo conflito ibero-holandês foram em muito menor escala, mas a população mundial era muito menor nessa altura e a luta indubitavelmente mundial.

Charles Boxer, O império marítimo português, 1415-1825. Lisboa: Edições 70, s.d., p.115.

Podem-se citar, como episódios centrais dessa “luta seiscentista”, a

a) conquista espanhola do México, a fundação de Salvador pelos portugueses e a colonização holandesa da Indonésia.

b) invasão holandesa de Pernambuco, a fundação de Nova Amsterdã (futura Nova York) pelos holandeses e a perda das Molucas pelos portugueses.

c) presença holandesa no litoral oriental da África, a fundação de Olinda pelos portugueses e a colonização espanhola do Japão.

d) expulsão dos holandeses da Espanha, a fundação da Colônia do Sacramento pelos portugueses e a perda espanhola do controle do Cabo da Boa Esperança.

e) conquista holandesa de Angola e Guiné, a fundação de Buenos Aires pelos espanhóis e a expulsão dos judeus de Portugal.

5. (Enem 2011) O açúcar e suas técnicas de produção foram levados à Europa pelos árabes no século VIII, durante a Idade Média, mas foi principalmente a partir das Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua procura foi aumentando. Nessa época passou a ser importado do Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da Itália, mas continuou a ser um produto de luxo, extremamente caro,

chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras.

CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual, 1996.

Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar foi o produto escolhido por Portugal para dar início à colonização brasileira, em virtude de

a) o lucro obtido com o seu comércio ser muito vantajoso.

b) os árabes serem aliados históricos dos portugueses.

c) a mão de obra necessária para o cultivo ser insuficiente.

d) as feitorias africanas facilitarem a comercialização desse produto.

e) os nativos da América dominarem uma técnica de cultivo semelhante.

Gabarito:

Resposta da questão 1:

[C]

O texto procura desmistificar a ideia de que os africanos são os culpados pela escravização de africanos. Essa ideia ainda hoje é utilizada para reforçar a inferioridade dos povos africanos e isentar os europeus de responsabilidade no desenvolvimento do escravismo na América. O texto destaca ainda a organização de um sistema, mostra suas partes constitutivas e seus interesses.

Resposta da questão 2:

[E]

A União Ibérica representou, na prática, o domínio da Espanha sobre Portugal, suas colônias e feitorias e afetou o comércio de açúcar brasileiro com os holandeses, estes últimos, investidores e mercadores tradicionais da produção pernambucana.

A Holanda pertenceu à Espanha até 1579, ano em que os holandeses iniciaram a sua Guerra de Independência. A Espanha não reconheceu a independência da Holanda e a guerra entre os dois países prosseguiu até 1648.

Resposta da questão 3:

[C]

Além das mais conhecidas formas de resistência à escravidão como as fugas e os Quilombos, a resistência cultural foi também de extrema importância durante o período em que vigorou a escravidão no Brasil. Mesmo sendo batizados ao desembarcar no Brasil e obrigados a participar das celebrações católicas, muitos escravos mantiveram tradições de seus locais de origem como maneira de resistir ao processo de aculturação que lhes era imposto. Isso era feito na maioria das vezes com a associação de divindades de origem africana com santos da liturgia católica, porém não devemos esquecer da Revolta dos Malês que teve como característica fundamental em sua organização a coesão de um grupo de escravos de fé islâmica e que mantiveram as características fundamentais de sua religião sem abrir espaço para a influência do catolicismo.

Resposta da questão 4:

[B]

Questão factual. Apesar do conhecimento obrigatório sobre a ocupação holandesa no nordeste brasileiro, as diversas alternativas, com muitas e variadas informações, coloca o estudante em dúvida.

A “Guerra do Açúcar” envolveu a Espanha e Holanda. Como Portugal e suas colônias estavam sob domínio espanhol – União Ibérica – foram diretamente afetados, destacando a invasão da região nordeste a partir de Pernambuco.

Resposta da questão 5:

[A]

O sistema colonial desenvolvido durante a Idade Moderna enquadra-se no processo de expansão do comércio, responsável por fortalecer o Estado absolutista e possibilitou o enriquecimento da camada burguesa. Todo o processo de exploração colonial tinha como objetivo gerar riqueza, acumulada segundo a visão mercantilista de economia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário