sábado, 14 de novembro de 2015

Confira a correção das questões de História do Vestibular UFG 2014

HISTÓRIA 
▬ QUESTÃO 7
Analise a imagem a seguir
Disponível em: <en.wikipedia.org/wiki/Hajj> Acesso em: 25 abr. 2014. 

A imagem retrata um ritual religioso realizado periodicamente na cidade de Meca, na Arábia, pelos muçulmanos desde o século VII. Diante do exposto, 



a) identifique o evento retratado e explique o seu significado para a religião muçulmana. 

b) explique a importância de Meca no processo de unificação da Península Arábica no século VII. 


resposta da questão 7:

a) A foto retrata a peregrinação de muçulmanos à Meca, que na imagem aparecem circundando a Caaba, no pátio central da Mesquita Sagrada. A peregrinação à Meca é uma das cinco regras fundamentais da religião muçulmana, conhecidas como pilares do islã, estabelecidas no Corão. Tal peregrinação é obrigatória a todo muçulmano que tenha condição de fazê-la pelo menos uma vez na vida. 

b) No início do século VII, a Península Arábica pré-islâmica era formada por tribos autônomas, que viviam sob a autoridade de chefes eleitos. Sua religião era politeísta, não havendo unidade religiosa. O mais importante lugar sagrado para os árabes era a Caaba, templo que abrigava vários ídolos, entre eles, a pedra negra. A Caaba localizava-se na cidade de Meca, que tornou-se um importante centro de peregrinação na Arábia pré-islâmica. Além disso, Meca era também um dos principais centros comerciais da Arábia, por situar-se no entroncamento de rotas comerciais. Assim, evidencia-se a centralidade religiosa e econômica de Meca. Em 630, Maomé conquistou Meca, dominou a Caaba e tornou a cidade o centro da nova unidade que se formava na Arábia. Maomé estabeleceu em Meca o centro religioso do islã, ao preservar a Caaba como seu lugar sagrado. Para tanto, destruiu os ídolos anteriores e manteve a pedra negra, associando-a ao deus único do islamismo. Ao controlar a cidade e a Caaba, tornou Meca o centro político do islã e de lá consolidou a unificação das tribos árabes numa força dedicada a Alá e à difusão da fé islâmica. Desse modo, toda a Arábia foi convertida ao islã e passou a viver unificada sob a autoridade do Profeta. 



▬ QUESTÃO 8  
Leia o texto a seguir. 

Somos prejudicados pelos nossos senhores, que se apoderam de nossas florestas. Se o pobre precisa de lenha, tem que pagar o dobro por ela. Nós somos de opinião que deve ser restituída à comunidade toda e qualquer floresta que se encontre nas mãos de leigos ou religiosos que não a adquiriram legalmente. […] Preocupam-nos os serviços que somos obrigados a prestar e que aumentam dia a dia. Exigimos que esse assunto seja examinado, a fim de que não sejamos sobrecarregados. […] Não queremos que nosso senhorio aumente suas exigências, mas que se atenha ao acordo estabelecido entre ambas as partes. 
MANIFESTO DOS CAMPONESES, datado de 1525. In: MARQUES, Adhemar Martins; BERUTTI, Flávio Costa; FARIA, Ricardo de Moura. História Moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 1990. p. 128. (Adaptado). 

O texto destacado consiste em trechos do manifesto elaborado pelo movimento camponês da Alemanha no século XVI durante a chamada Reforma Protestante. A partir do documento e de seu contexto histórico, explique: 

a) as críticas e as reivindicações do movimento camponês expressas no manifesto. 

b) a reação de Martinho Lutero e da nobreza alemã diante da revolta camponesa. 




resposta da questão 8:
 a) O manifesto apresenta crítica à concentração fundiária, alegando que os nobres se apropriam de forma ilegal das terras das comunidades. Nesse sentido, os camponeses reivindicam a restituição de terras comunais. O manifesto é também uma crítica à exploração senhorial, alegando que as obrigações dos servos para com os senhores aumentam a cada dia, sobrecarregando aqueles de encargos. Assim, os camponeses reivindicam a revisão e a limitação das obrigações servis. 

b) A nobreza e os príncipes alemães reagiram contrariamente às revoltas camponesas que ocorreram na Alemanha no século XVI, na medida em que elas questionavam a concentração de terras e a exploração senhorial. A alta nobreza financiou tropas militares para reprimir brutalmente tais revoltas, o que levou à prisão e à morte de milhares de pessoas, incluindo o seu principal líder, Thomas Münzer, que foi decapitado. Martinho Lutero, por sua vez, não obstante tenha atribuído à nobreza certa responsabilidade na eclosão dessas rebeliões, colocou-se também abertamente contra esse movimento popular, condenando publicamente seus líderes. Tal posição de Lutero decorreu de seu comprometimento com a nobreza visando ao fortalecimento e à expansão da Reforma Protestante na Alemanha.




▬ QUESTÃO 9  

Analise as imagens a seguir. 

 As duas pinturas representam a Proclamação da Independência do Brasil (1822) e a figura de D. Pedro I. Com base na análise comparativa das imagens, 

a) explique as diferenças de sentido nas representações das imagens do príncipe D. Pedro I, da guarda real e do povo, em cada uma das pinturas. 

b) descreva um elemento comum a ambas as pinturas que corrobora uma mesma concepção de história e explique que concepção de história é essa. 




resposta da questão 09:

a) O quadro de Pedro Américo representa D. Pedro I como um herói militar, posicionado ao centro da tela, erguendo a espada (símbolo justamente desse poder) e liderando a guarda real. A guarda é representada de forma destacada no primeiro plano, circundando D. Pedro I. Américo representa o povo à margem do acontecimento, na figura de um camponês que passa com seu carro de boi. Desse modo, o pintor atribui caráter militar à Proclamação da Independência. Já no quadro de Moreaux, D. Pedro I é representado como um herói popular, ao centro da tela, erguendo seu chapéu em meio à multidão formada por pessoas comuns. O povo é representado de forma destacada no primeiro plano, celebrando a proclamação e legitimando, assim, a ação de D. Pedro I. Moreaux representa a guarda apenas ao fundo da imagem, de forma secundária. Desse modo, o pintor atribui caráter civil ao evento. 

b) O elemento comum a ambas as pinturas é a centralidade da figura de D. Pedro I na Independência do Brasil. Ambos os quadros instituem o ato da Proclamação como o momento de fundação heroica do regime monárquico e do Brasil independente, assim como idealizam a figura de D. Pedro I, tornando-o o herói da Independência. Desse modo, corroboram para uma concepção de história que privilegia a concepção de herói, sobrepondo o indivíduo ao papel do coletivo e não compreendendo a história como algo processual ou social. 


▬ QUESTÃO 10 
 Analise a imagem a seguir. 
Disponível em:  <http://goo.gl/tcR2fb>. Acesso em: 14 abr. 2014. 

A foto apresentada, tirada há exatamente um século, em 1914, retrata o primeiro encontro de dois líderes da Revolução Mexicana, quando as tropas da Soberana Convenção Revolucionária tomaram a Cidade do México e o Palácio Nacional: Francisco (Pancho) Villa, ocupando simbolicamente a cadeira presidencial e, à sua esquerda, Emiliano Zapata. 

a) Considerando o exposto, caracterize esses líderes quanto às suas origens e às suas principais motivações dentro do movimento revolucionário. 

b) Dada a heterogeneidade social e política dos grupos participantes da Revolução Mexicana, tal encontro – especialmente pelo simbolismo desses líderes da revolução estarem “ocupando” a cadeira presidencial – desagradou outra facção que também liderava essa etapa do processo revolucionário. Identifique tal facção e explique porque esse encontro a desagradou.


resposta da questão 10: 

a) Os dois principais líderes da Revolução Mexicana retratados na foto, Villa e Zapata, tinham ambos uma origem popular e camponesa e se integraram ao movimento militar-revolucionário motivados, sobretudo, pelos problemas decorrentes dos processos de expropriação e/ou concentração da propriedade das terras nas diferentes regiões do México, que exigiam uma ampla reforma na sua estrutura fundiária. Com um conteúdo mais indigenista e regionalista, a ênfase do plano zapatista de reforma agrária (Plano de Ayala) era na devolução das terras comunais (ejidos) da região do sul do país – expropriadas pelos hacendados – aos seus donos originais, ou seja, às comunidades ou pueblos que apresentavam uma forte herança indígena. Com um conteúdo menos regionalista e mais político, a ênfase do plano villista de reforma agrária era na divisão dos latifúndios, na defesa da pequena propriedade camponesa e dos interesses dos rancheiros e trabalhadores do campo em geral, que sofriam com a crescente concentração fundiária. Assim, respeitadas as suas especificidades e origens regionais e étnico-sociais, o que os unia e motivava era a possibilidade de conquistar, pela via revolucionária, uma efetiva reforma agrária no México. 


b) O encontro entre Villa e Zapata, retratado na foto, desagradou a facção do movimento revolucionário mexicano de perfil mais conservador: a dos “constitucionalistas”, liderada por Venustiano Carranza e Álvaro Obregón, que se recusaram a participar da Convenção Revolucionária (1914) convocada exatamente com o propósito de unificar os grupos que tinham participado da guerra civil desde 1910. A razão do desagrado dos constitucionalistas foi o fato de que esse encontro representou para eles uma terrível ameaça a ser evitada a qualquer custo, qual seja, a possibilidade da vitória de um governo camponês, sustentado pelas forças villistas da Divisão do Norte e pelas forças zapatistas do Exército Libertador do Sul. Tal posicionamento expressou assim os limites estabelecidos pelos constitucionalistas aos avanços do processo revolucionário, especialmente no que diz respeito à radicalização das lutas e demandas camponesas. 

▬ QUESTÃO 11 
Leia o texto a seguir. 
A bola não demorou a entrar no clima nacionalista do Estado Novo, durante a ditadura instalada por Vargas naquele ano de 1937. A pátria começava a calçar as chuteiras para não tirá-las nunca mais. Desde o início de 1938, três meses antes do início da terceira Copa do Mundo, na França, a expectativa que envolvia a participação brasileira era enorme. Mediado pelos jornais e, sobretudo, pelo rádio, o encontro da popularidade do futebol com os ideais do Estado Novo contagiava e unia todo o país. Os jogadores eram vistos como nossos embaixadores na Europa, e deles se esperava o mesmo que então se exigia de cada cidadão comum: coragem, disciplina e patriotismo acima de tudo. Eram esses os ingredientes que alimentavam o sonho de fazer do Brasil tanto uma grande nação quanto campeão mundial de futebol. Constantes referências a Getúlio e aos altos interesses do país legitimavam o caráter oficial da delegação, reforçado ainda pela escolha da filha do presidente, Alzira Vargas, como madrinha da equipe. Tamanha mobilização fez do embarque da seleção rumo à França uma apoteose patriótica. 
FRANZINI, Fábio. Quando a pátria calçou chuteiras. In:  <http://www.revistadehistoria.com.br> Revista de História da Biblioteca Nacional, 30 jun. 2009. Disponível em: . Acesso em: abr. 2014. (Adaptado). 

O texto apresentado se refere ao contexto histórico e político do Brasil que envolveu a participação da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1938, na França. 
De acordo com esse parágrafo e o contexto ao qual ele remete, 

a) identifique o ideal, destacado reiteradamente no texto, que deveria ser seguido pelos jogadores brasileiros, segundo a propaganda do Estado Novo. 

b) explique os propósitos do Estado Novo varguista ao propagar a identidade entre o povo brasileiro, o futebol e a nação. 





resposta da questão  11:
a) Segundo a propaganda do Estado Novo, o principal ideal a ser seguido pelos jogadores na Copa do Mundo de Futebol de 1938 era o sentimento patriótico ou nacionalista, conforme atestam as seguintes passagens no texto: 
1) “...deles [jogadores] se esperava o mesmo que se exigia de cada cidadão comum: […] patriotismo acima de tudo”; 
2) “Tamanha mobilização fez do embarque da seleção rumo à França uma apoteose patriótica”; 
3) “A pátria começava a calçar as chuteiras...”; 
4) “A bola não demorou a entrar no clima nacionalista do Estado Novo”; 
5) “Eram esses os ingredientes que alimentavam o sonho de fazer do Brasil […] uma grande nação...”. 

b) Como o Estado Novo implantado em novembro de 1937 foi resultado de um golpe de Estado, a ditadura de Getúlio Vargas aproveitou-se do caráter mobilizador e popular do futebol para utilizá-lo política e ideologicamente como um instrumento privilegiado de busca de legitimidade e popularidade. As vitórias brasileiras no futebol eram apresentadas, por meio de uma propaganda massiva no rádio e nos jornais, como conquistas da nação e de todo o povo brasileiro, servindo para alimentar o orgulho cívico e o clima de ufanismo patriótico, logo sendo identificadas como símbolos do próprio governo de Vargas. Ou seja, ao difundir a identidade entre o povo brasileiro, o futebol e a nação, o objetivo da propaganda político-ideológica varguista era associá-los todos ao novo regime, mediante a realização do sonho do “encontro da popularidade do futebol com os ideais do Estado Novo”. Assim, o discurso ideológico de legitimação do Estado Novo, apropriando-se dos símbolos pátrios – como é o caso do futebol –, buscava construir e difundir um novo projeto de identidade nacional que fosse capaz de unir todo o povo brasileiro sob um mesmo signo e sob um sentimento comum de pertencimento. 




▬ QUESTÃO 11 

Leia o fragmento a seguir. 
Ser quilombola, no contexto atual, é ter uma relação íntima com a terra em que habitaram seus antepassados. Assim sendo, devemos distinguir as especificidades da luta dos quilombolas ao longo do período escravista como distinta da dos remanescentes de quilombos no contexto atual. 
RODRIGUES, M. S. Quilombolas. In: STARLING, H. M. M; BRAGA, P. de C. (Org.) Sentimentos da terra. Belo Horizonte: Editora PROEX, 2013. p.191-192. (Adaptado). 

No fragmento apresentado, o autor estabelece uma diferença entre a luta dos quilombolas do período colonial e imperial e dos remanescentes de quilombos no período atual. Diante do exposto, explique as diferenças entre 

a) a luta dos quilombolas nos dois períodos.  

b) o posicionamento do Estado diante da luta dos quilombolas nos dois períodos. 


resposta da questão 11:

a) A luta dos quilombolas no Brasil no período colonial e imperial esteve relacionada à resistência dos negros à escravidão. Caracterizou-se pela fuga de escravos das fazendas e cidades para o interior do território, estabelecendo comunidades em regiões de difícil acesso. Os quilombos, no contexto atual, são comunidades remanescentes dos grupos do período escravista. Formadas por descendentes de escravos, essas comunidades lutam por seus direitos à posse da terra e por sua inserção social, política e econômica. 

b) No período colonial e imperial, o Estado brasileiro reagiu contra as comunidades quilombolas, promovendo expedições de busca e destruição delas. A formação de comunidades de fugitivos no interior do país desafiava as autoridades coloniais e imperiais, que se aliavam aos senhores no combate à resistência dos escravos. A repressão ao Quilombo de Palmares é um exemplo da ação do Estado no combate às comunidades de escravos fugitivos. No período atual, o Estado é responsável pelo reconhecimento e pela concessão dos títulos de propriedade das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades quilombolas, de acordo com a Constituição de 1988. Para tanto, o Estado brasileiro procura regulamentar, por meio de decretos, os procedimentos para reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras dessas comunidades, processo do qual participam órgãos como a Fundação Cultural Palmares e o Incra. As ações do Estado são acompanhadas por organizações e movimentos sociais que lutam pela defesa das terras e dos patrimônios históricos e culturais das comunidades quilombolas. 



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