O Renascimento Agrícola no Brasil
O curto período da mineração no
século XVIII não alterou o perfil socioeconômico da colônia, que sempre foi
agrário e escravocrata. Quando a mineração entrou em declínio, no final do
século XV, as cidades despovoaram-se e a população tentou sobreviver dedicando-se
à agricultura ou à pecuária de subsistência. Uma pequena elite agrária pôs-se a
produzir trigo, algodão e açúcar. Alguns mineradores ricos dirigiram-se para o
Rio de Janeiro, na atual Baixada Fluminense, onde, aproveitando-se da
proximidade do porto exportador, dedicaram-se a construir engenhos produtores
de açúcar. A situação internacional, no final do século XVIII, era favorável ao
desenvolvimento da produção agrícola brasileira. A Inglaterra estava começando
sua Revolução Industrial e empregava o trabalho assalariado. Isso aumentou o
poder de compra de sua população, permitindo-lhe importar alimentos dos países
aliados, o que acabou favorecendo a produção agrícola do Brasil. A grande
indústria inglesa iniciou-se com a produção de tecidos de algodão, cuja
matéria-prima era importada do sul dos Estados Unidos, então colônia britânica.
Porém, em 1776 os Estados Unidos
libertaram-se da Inglaterra, comprometendo o abastecimento de algodão. Isso
favoreceu nossa produção algodoeira, que passou a ser exportada para alimentar
as fábricas inglesas. No início do século XIX, os Estados Unidos restabeleceram
relações com a Inglaterra e nossa exportação declinou. No século XVIII, a Ilha
de São Domingos (atuais Haiti e República Dominicana), nas Antilhas, era conhecida
como a terra do açúcar. No final desse século, os escravos iniciaram a
independência do Haiti, que pertencia à França. Os canaviais e os engenhos
foram incendiados e destruídos.
Crise da Mineração
Para suprir a ausência do açúcar
antilhano no mercado internacional, a produção açucareira do Brasil foi
ampliada. Inicialmente, os engenhos do nordeste foram reativados, com os
fazendeiros obrigando os escravos a deixarem a produção de subsistência, que
aumentou a crise, e a trabalhar no plantio da cana e na produção do açúcar.
Depois, outras áreas destacaram-se na produção açucareira. Foi o caso do Rio de
Janeiro, que se tornou o maior produtor da colônia, favorecido pela mineração.
Os metais preciosos eram exportados através de seu porto. Os comerciantes
fluminenses lucravam, vendendo a preços altos os produtos que abasteciam a
região das Minas. Com isso, acumularam capitais que investiram em engenhos. Com
a crise da mineração, ricos mineradores dirigiram-se para o Rio de Janeiro,
onde também aplicaram seus capitais em engenhos.
Produção em São Paulo e Declínio
da Exportação Brasileira
A capitania de São Paulo também
começou a produzir açúcar no final do século XVIII. A produção paulista era
insignificante, mas permitiu a criação de estradas ligando a cidade de São
Paulo a Santos e ao interior, infraestrutura importante para o surgimento da
economia cafeeira no século XIX. Outros produtos agrícolas que se
desenvolveram, no final do século XVIII, foram o anil, o arroz e o café. O
anil, ou índigo, é uma planta da qual se extrai um corante azul, utilizado para
tingir tecidos. Começou a ser plantado no Rio de Janeiro, maior produtor
brasileiro, para atender à demanda provocada pela Revolução Industrial. Mas a
exportação brasileira durou pouco. A Inglaterra incentivou a produção na Índia
e o Brasil perdeu mercado. Logo depois, surgiram os corantes sintéticos, que
derrotaram definitivamente o anil. O arroz era produzido para a subsistência no
Pará e no Maranhão. No Rio de Janeiro e no Vale do Paraíba paulista, a produção
destinava-se a abastecer a região das Minas. A Revolução Industrial criou o
hábito de consumo do arroz nas cidades inglesas, o que fez aumentar a produção
brasileira que era exportada para a Europa. O Maranhão tornou-se o maior
produtor do Brasil. No final do século XV, o café, cultivado nos arredores da
cidade do Rio de Janeiro, já integrava a pauta de exportações brasileiras, mas
sem ter ainda a importância que adquiriu na segunda metade do século XIX,
quando o Brasil independente tornou-se seu maior exportador mundial.
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