sábado, 16 de outubro de 2010

A Revolução Inglesa no século XVII

Terceiro Ano - CNDL
Quarto Bimestre - História do Brasil
Colégio Notre Dame de Lourdes
Coleção Pitágoras
Caderno Revisional
A Revolução Inglesa no século XVII

Revolução Inglesa



Século XVII



A Revolução Inglesa do século XVII representou a primeira manifestação de crise do sistema da época moderna, identificado com o absolutismo. O poder monárquico, severamente limitado, cedeu a maior parte de suas prerrogativas ao Parlamento e instaurou-se o regime parlamentarista que permanece até hoje. O processo começou com a Revolução Puritana de 1640 e terminou com a Revolução Gloriosa de 1688. As duas fazem parte de um mesmo processo revolucionário, daí a denominação de Revolução Inglesa do século XVII e não Revoluções Inglesas.

Esse movimento revolucionário criou as condições indispensáveis para a Revolução Industrial do século XVIII, limpando terreno para o avanço do capitalismo. Deve ser considerado a primeira revolução burguesa da história da Europa: antecipou em 150 anos a Revolução Francesa.



Surgem as condições

A Inglaterra atingiu no século XVII notável desenvolvimento, favorecido pela monarquia absolutista. Henrique VIII e Elizabeth I unificaram o país, dominaram a nobreza, afastaram a ingerência papal, criaram a igreja a nacional inglesa, confiscaram terras da Igreja Católica e passaram a disputar os domínios coloniais com os espanhóis. Tais tarefas agradaram à burguesia, mas agora o poder absolutista tornava-se incômodo, pois barrava o avanço da burguesia mercantil. Grande parte dos recursos do Estado vinham da venda de monopólios, como aqueles sobre comércio exterior, sal, sabão, alúmen, arenque e cerveja a, que beneficiavam um pequeno grupo, a burguesia financeira.

E prejudicavam a burguesia comercial, sem liberdade para suas atividades, e os artesãos, que pagavam caro por alúmen e produtos indispensáveis a seu trabalho. Ao mesmo tempo, a garantia de privilégios às corporações de ofício impedia o aumento da produção industrial, pois eles limitavam a entrada de novos produtores nas áreas urbanas. Outro problema econômico estava no campo. A alta de preços e a expansão do consumo de alimentos e matérias-primas, como a lã, valorizaram as terras. Isto despertou a cobiça dos produtores rurais. Eles tentavam aumentar suas posses através dos cercamentos, isto é, tentavam transformar em propriedade privada as terras coletivas, devolutas ou sobre as quais havia uma posse precária. Tais ações expulsavam posseiros e criavam grandes propriedades, nas quais se investia capital para aumentar a produção. O Estado, para preservar o equilíbrio social necessário a sua existência, barrava os cercamentos e punha contra si dois setores poderosos: a burguesia mercantil e a nobreza progressista rural, a gentry.

No plano político, havia o conflito entre rei e Parlamento. A este, instituído pela Carta Magna de 1215, cabia o poder de direito, isto é, legítimo. Mas os Tudor exerceram o poder de fato, convocando pouco o Parlamento. As classes aí representadas não se opuseram ao absolutismo porque correspondia a seus interesses. O rei promovia desenvolvimento. No século XVII, o Parlamento pretendia transformar seu poder de direito em poder de fato. O rei correu a legitimar seu poder, que era de fato. Só havia uma forma: considerar o poder real de origem divina, como na França.

A luta política desenvolveu-se então no campo religioso e os reis manipularam a religião para aumentar seu poder. No século XVI, os Tudor haviam dado ênfase ao conteúdo do anglicanismo, isto é, seu lado calvinista, favorecendo a burguesia. Agora, os Stuart ressaltavam a forma católica do anglicanismo, identificando-se com a aristocracia, contra a burguesia. Claro, através do catolicismo era mais fácil justificar a origem divina do poder real. O Parlamento, dominado pela burguesia mercantil e a gentry, radicalizou suas posições e identificou-se com o puritanismo (forma mais radical do calvinismo), que rejeitava o anglicanismo.

A Revolução Puritana foi o resultado da luta entre burguesia e realeza pelo controle político do país.


Os Stuart e a pré-revolução

Carlos I, rei da dinastia Stuart.

Elizabeth morreu em 1603 sem deixar herdeiros e Jaime I, rei da Escócia, assumiu o trono. Ele procurou estabelecer as prerrogativas reais implantando uma monarquia absoluta de direito divino. Perseguiu seitas radicais e até os católicos, que organizaram a Conspiração da Pólvora em 1605 (pretendiam explodir Westminster durante um discurso do rei). Os descontentes emigravam para a América do Norte.

A oposição entre rei e Parlamento ficou evidente a partir de 1610. O rei queria uma ocupação feudal na Irlanda; o Parlamento, uma colonização capitalista. Discordaram quanto aos impostos, pois o rei pretendia o monopólio sobre o comércio de tecidos, o que o tornaria independente do Parlamento financeiramente, considerando-se que já possuía rendas de suas próprias terras e de outros monopólios.

Com a morte de Jaime I em 1625, sobe ao trono seu filho Carlos I. Em 1628, guerras no exterior o obrigam a convocar um Parlamento hostil, que lhe impõe a Petição dos Direitos. Os membros da casa exigiam o controle da política financeira, controle da convocação do exército e regularidade na convocação do Parlamento, já que lhe negaram a aprovação de rendas fixas. O rei dissolveu o Parlamento, que só voltaria a reunir-se em 1640, ano da Revolução.

Carlos I apoiou-se na Câmara Estrelada, tribunal ligado ao Conselho Privado do rei. Dentre seus assessores, destacaram-se o Conde de Strafford e o arcebispo Laud, de Canterbury, responsáveis pela repressão violenta do período. Cresceu a emigração para a América. O rei passou a cobrar impostos caídos em desuso, como o Ship Money, instituído em cidades portuárias para combater a pirataria e agora estendido a todo o reino. Como a forma de enquadrar os dissidentes era a política religiosa, Carlos tentou uniformizar o reino, impondo o anglicanismo aos escoceses, calvinistas. Eles se rebelaram e invadiram o norte inglês. O rei convocou o Parlamento em abril de 1640 e o dissolveu em seguida. Em novembro, sem opções, convocou-o de novo. Foi o Longo Parlamento, pois se manteve até 1653.


O movimento de 1640


O Parlamento foi duro com o rei. Destruiu a Câmara Estrelada. Strafford foi executado em 1641 e Laud, em 1645. O rei não poderia mais ter exército permanente. O Parlamento se reuniria a cada três anos independentemente de convocação real; e conduziria a política tributária e religiosa. Acusou o rei de responsável pelo levante na Irlanda católica em 1641 e lhe dirigiu a Grande Remonstrance (repreensão). Em janeiro de 1642, o rei foi ao Parlamento e exigiu a prisão de cinco líderes oposicionistas. Houve reação violenta, sustentada nas milícias urbanas convocadas em apoio ao Parlamento.

Parlamento: estourava a guerra civil


O rei fez de Oxford seu quartel-general. Convidou o príncipe Rupert para comandar cerca de 20 mil homens do exército de cavaleiros, apoiado por aristocratas do oeste e norte, bem como burgueses inquietos com a desordem popular. Oliver Cromwell organizou em novo estilo 0 exército do Parlamento, composto sobretudo por camponeses, com apoio da burguesia londrina e da gentry: a ascensão se dava não por nascimento, mas por merecimento. Estimulou-se entre os soldados a participação em comitês que debatiam os problemas. Os cabeças redondas (porque não usavam perucas) foram decisivos na batalha final de Naseby, em 1645. Carlos I se refugiou na Escócia, foi preso e vendido pelo Parlamento escocês ao Parlamento inglês.

Criou-se novo problema: setores do Parlamento, achando oportuno o momento para um acordo vantajoso com a realeza, passaram a conspirar com o rei contra o exército. Este estava organizado e influenciado por radicais, como os niveladores, que queriam evitar a desmobilização e o não-pagamento dos salários, como pretendia o Parlamento. Aprofundou-se a diferença entre os grandes do exército e suas bases de niveladores, com projeto avançado para a época. Eles tentaram assumir o controle do exército em 1647 e o rei aproveitou para fugir de novo. O exército se reunificou, prendeu o rei e depurou o Parlamento. Foram presos 47 deputados e excluídos 96: era o Parlamento Coto (Rump). Carlos I foi decapitado em 30 de janeiro de 1649, a Câmara dos Lordes abolida e a República proclamada em 19 de maio.


Decapitação do rei Carlos I, em 30 de janeiro de 1649, na cidade de Londres.



Execução do rei Carlos I.


A República e Cromwell


O Parlamento sofreu nova depuração. Um Conselho de Estado, com 41 membros, passou a exercer o Poder Executivo. De fato, quem o exercia era Cromwell; ele procurou eliminar a reação realista que, com apoio escocês, tentava pôr no trono Carlos II, filho de Carlos I. Cromwell também eliminou os radicais do exército. Os líderes niveladores foram executados; os escavadores, do movimento proletário rural que pretendia tomar terras do Estado, da nobreza e do clero anglicano, foram dizimados. Liquidado o movi­mento mais democrático dentro da Revolução Inglesa, os menos favorecidos ficaram sem esperanças e aderiram a movimentos religiosos radicais, como os ranters e os seekers.

Oliver Cromwell, Lord Protetor da Inglaterra.

Em 1653, foi dissolvido o que restava do Longo Parlamento. Uma nova Constituição deu a Cromwell o título de Lorde Protetor. Tinha poderes tão tirânicos quanto os da monarquia. Ofereceram-lhe a coroa, mas ele recusou: já era um soberano e podia até fazer o sucessor. Para com­bater os rivais holandeses e fortalecer o comércio exterior inglês, baixou o Ato de Navegação. As mercadorias inglesas somente podiam entrar em portos ingleses em navios ingleses ou em navios de seus países de origem. Cromwell governou com rigidez e intolerância, impondo suas idéias puritanas. O filho Richard Cromwell o substituiu após sua morte em 1658 e, pouco firme, foi facilmente deposto em 1659.



A Restauração e a Gloriosa


Com apoio do general Monk, comandante das tropas da Escócia, o Parlamento-Convenção pro­clamou Carlos II rei em 1660. Com poderes limitados, ele se aproximou de Luís XIV da França, tornando-se suspeito para o Parlamento. Uma onda contra-revolucionária sobreveio, favorecida por um Parlamento de Cavaleiros, composto por nobres realistas e anglicanos em sua maioria. O corpo de Cromwell foi desenterrado e pendurado na forca. O poeta Milton foi julgado e condenado. Carlos II baixou novos atos de navegação em favor do comércio inglês. Sua ligação com Luís XIV levou-o a envolver-se na Guerra da Holanda. O Parlamento baixou então, em 1673, a Lei do Teste, pela qual todos os que exercessem função pública deveriam professar seu antianglicanismo. Surgiram dois partidos: os whigs, contra o rei e pró-Parlamento; os tories, defensores das prerrogativas reais.

Jaime II, irmão de Carlos II, subiu ao trono mesmo sendo católico. Buscou restaurar o absolutismo e o catolicismo, punindo os revoltosos, aos quais negava o habeas-corpus. Indicou católicos para funções importantes. Em 1688, o Parlamento convocou Maria Stuart, filha de Jaime II e mulher de Guilherme de Orange, governador das Províncias Unidas, para ocupar o trono. Foi um movimento pacífico. Jaime II refugiou-se na França e um novo Parlamento proclamou Guilherme e Maria rei e rainha da Inglaterra.


Alegoria do desembarque de Guilherme de Orange na Inglaterra: vitória da burguesia.

Os novos soberanos tiveram de aceitar a Declaração dos Direitos, baixada em 1689, que decretava: o rei não podia cancelar leis parlamentares e o Parlamento poderia dar o trono a quem lhe aprouvesse após a morte do rei; haveria reuniões parlamentares e eleições regulares; o Parlamento votaria o orçamento anual; inspetores controlariam as contas reais; católicos foram afastados da sucessão; a manutenção de um exército em tempo de paz foi considerada ilegal.

Os ministros passaram a tomar as decisões, sob autoridade do lorde tesoureiro. Funcionários passaram a dirigir o Tesouro e, em época de guerra, orientavam a política interna e externa. Em 1694, formou-se o tripé fundamental para o desenvolvimento do país, com a criação do Banco da Inglaterra: o Parlamento, o Tesouro e o Banco.

Abriam-se as condições para o avanço econômico que resultaria na Revolução Industrial. De um lado, uma revolução na agricultura através dos cercamentos que beneficiou a gentry. De outro, a expansão comercial e marítima garantida pelos Atos de Navegação, que atendiam aos interesses da burguesia mercantil. Assim se fez a Revolução Gloriosa, que assinalou a ascensão da burguesia ao controle total do Estado.


Os Atos de Navegação transformaram a Inglaterra numa grande potência industrial.

Fonte: http://www.culturabrasil.org/



Saiba mais sobre a Revolução Inglesa


Aula muito importante para o vestibular. Aqui você vai revisar toda a trajetória da dinastia Stuart (Carlos I e Jaime I), passando pela Revolução Puritana, de 1640 e pela experiência única republicana com Oliver Cromwell na Inglaterra, além da Revolução Gloriosa, de 1688.

Conclusões

O parlamentarismo surgiu na Inglaterra, à época da desagregação do sistema feudal. É um sistema de governo que se define não vinculado à forma de organização do Estado, seja ela monarquia ou república. Nesse sistema, as funções do chefe de Estado e chefe de governo são separadas.

O chefe de Estado é o símbolo da continuidade, da unidade de nação e a representa internacionalmente; é o rei na Monarquia e o presidente na República.

O chefe de governo (primeiro-ministro) no Estado parlamentar se define pelo apoio de um partido ou de uma coligação de partidos que formam uma maioria estável no Parlamento.

No parlamentarismo, o poder Legislativo e o Executivo se completam, pois só de sua ação conjunta são possíveis a definição e a execução de um plano de governo, sob a pena de o primeiro-ministro e seu gabinete ou o Parlamento serem substituídos.

A última etapa da Revolução Inglesa - a Revolução Gloriosa de 1688 - possibilitou, com a Declaração de Direitos de 1689, o estabelecimento de um Parlamento eleito como supremo nos fundamentos de tributação e legislação, e para fixar limites para o poder monárquico. Esses princípios influenciaram governos parlamentares pelo mundo afora.

Em 1999, na Inglaterra, a Câmara dos Lords foi dissolvida, consolidando-se a superioridade da Câmara dos Communs; composta de representantes eleitos por sufrágio universal.

Atividades


1. Explique os fatores responsáveis pelo equilíbrio das relações políticas entre a dinastia Tudor e os grupos militares.

2. Explique o fator que determinou a limitação do poder dos reis e a diversificação da composição do Parlamento na Inglaterra.

3. Estabeleça os fatores que geraram constantes atritos entre os Stuarts e o Parlamento.

4. Construa um texto caracterizando a Revolução Puritana.

5. Caracterize a ação de Oliver Cromwell contra o movimento dos Niveladores.



Questões propostas


1. (UFSCar) As revoluções contra o poder absolutista dos reis atravessaram grande parte da história moderna da Europa. Houve, no entanto, diferenças entre as revoluções francesa e inglesa. Assinale a alternativa correta.

a) Na França, a oposição ao absolutismo implicou, ao contrário do que ocorreu na Inglaterra, o estabelecimento de um regime republicano, mesmo que passageiro.
b) A revolução inglesa, diferentemente da francesa, reivindicou os direitos do Parlamento contra o arbítrio real, expressos por documentos escritos que remontavam à Idade Média.
c) A revolução inglesa, ao contrário da francesa, contou com o apoio popular na luta contra os reis absolutistas, desvinculando-se de disputas entre facções religiosas.
d) A luta contra o absolutismo na França distinguiu-se do processo que se desenvolveu na Inglaterra pela violência e execução do monarca absolutista.
e) A revolução francesa removeu os obstáculos impostos à economia pelo antigo regime, industrializando o país no século XVIII; na Inglaterra, ao contrário, a revolução conteve o crescimento econômico.

2. (Mackenzie) A burguesia tinha como projeto político a defesa da propriedade privada e os camponeses defendiam a propriedade coletiva. Ambas as classes combatiam a ordem monárquica absolutista, que lutou pelos interesses da aristocracia que a sustentava. O principal ideólogo do pensamento burguês da época foi John Locke que afirmava: A preservação da propriedade é o grande e principal objetivo da união dos homens em comunidade, colocados sob governo.
Assinale a alternativa que corresponde a essa etapa do processo de consolidação da burguesia.
a) Revolução Francesa.
b) Revolução Inglesa.
c) Revolução Russa.
d) Revolução Americana.
e) Revolução Alemã.

3. (UNESP) "... o período entre 1640 e 1660 viu a destruição de um tipo de Estado e a introdução de uma nova estrutura política, dentro da qual o capitalismo podia desenvolver-se livremente."
( Christopher Hill , A Revolução Inglesa de 1640) . O autor do texto está se referindo:
a) à força da marinha inglesa, maior potência naval da Época Moderna.
b) ao controle pela coroa inglesa de extensas áreas coloniais.
c) ao fim da monarquia absolutista, com a crescente supremacia política do parlamento.
d) ao desenvolvimento da indústria têxtil, especialmente dos produtos de lã.
e) às disputas entre burguesia comercial e agrária, que caracterizaram o período.

4. (UFMG) Durante a Revolução Inglesa, no século XVII, foi formado o Exército de Novo Tipo, liderado por Oliver Cromwell, de que participavam, além da classe mercantil, da gentry, dos pequenos proprietários camponeses e de trabalhadores urbanos, segmentos mais radicais, que defendiam reformas profundas no Estado inglês. É CORRETO afirmar que esses segmentos eram constituídos

a) pelos tories, que visavam ao fechamento do Parlamento e à instituição de um governo popular, e pelos whigs, defensores da abolição da propriedade privada.
b) pelos levellers, que reivindicavam a democratização, a extensão do sufrágio e uma maior igualdade perante a lei, e pelos diggers, defensores da posse comum das terras.
c) pelos landlords, que buscavam a implantação do sufrágio universal e a extensão do voto às mulheres, e pelos warlordists, que pregavam a luta armada do povo contra o Parlamento.
d) pelos saint-simonistas, que defendiam o fim do sistema monárquico, e pelos owenistas, defensores da abolição da Câmara dos Lordes.


5. (UFRRJ) Leia o texto a seguir, sobre algumas das razões que levaram à chamada Revolução Gloriosa, e responda à questão a seguir.
Satisfeitos com a política de Carlos II contra a Holanda, os capitalistas ingleses não se sentiam entretanto contentes com a sua atitude, e ainda menos com a de Jaime II, em relação à França, que se transformara na mais temível concorrente da Inglaterra no comércio e nas colônias. (...) A luta econômica contra a França, a luta por uma religião mais adaptada ao espírito capitalista, provocaram a revolução de 1688.

MOUSNIER, R. "História geral das civilizações". Os séculos XVI e XVII. São Paulo: Difel, 1973. v. 9 p.324.

Sobre a Revolução Gloriosa de 1688/1689, pode‐se afirmar que ela
a) representou a vitória de setores reacionários no espectro político inglês e o retorno à descentralização política típica do mundo medieval.
b) significou, após a afirmação temporária de governos protestantes, um retorno à tradição britânica de governos católicos.
c) foi o momento no qual o anglicanismo afirmou‐se definitivamente como religião de Estado na Inglaterra.
d) representou uma derrota da teoria do direito divino e o triunfo da teoria do contrato entre o soberano e o povo.
e) representou a vitória da teoria da separação dos três poderes e de um estado democrático baseado no sufrágio.

6. (Fatec) O Bill of Rights estabeleceu limitações ao poder real na Inglaterra. Sobre essas limitações é CORRETO dizer que
a) instituíram um ministério composto pela nobreza latifundiária e a burguesia urbana.
b) instituíram o anglicanismo como religião oficial da Inglaterra e a tolerância a todos os cultos, o que foi confirmado pelo rei, apesar de ele ser católico extremado.
c) combatiam a liberdade de imprensa, a liberdade individual e a propriedade privada.
d) dispensavam a aprovação das Câmaras para o aumento de impostos.
e) configuravam um conjunto de medidas que acabou por substituir a monarquia absoluta vigente por uma monarquia constitucional.

7. (Puccamp) Os conflitos político-sociais do século XVII foram o meio pelo qual a Inglaterra
a) transformou o Absolutismo de direito em Absolutismo de fato.
b) promoveu a substituição do Estado liberal - capitalista pelo Estado Absolutista.
c) organizou o Exército do Parlamento, conferindo postos de comando segundo o critério de origem familiar e não pelo merecimento militar.
d) consolidou os interesses da nobreza agrária tradicional rompendo com os ideais da burguesia.
e) diluiu os obstáculos para o avanço capitalista, marcando o início da desagregação do Absolutismo Monárquico.

8. (UNESP 2012) A Revolução Puritana (1640) e a Revolução Gloriosa (1688) transformaram a Inglaterra do século XVII. Sobre o conjunto de suas realizações, pode-se dizer que

A) determinaram o declínio da hegemonia inglesa no comércio marítimo, pois os conflitos internos provocaram forte redução da produção e exportação de manufaturados.

B) resultaram na vitória política dos projetos populares e radicais dos cavadores e dos niveladores, que defendiam o fim da monarquia e dos privilégios dos nobres.

C) envolveram conflitos religiosos que, juntamente com as disputas políticas e sociais, desembocaram na retomada do poder pelos católicos e em perseguições contra protestantes.

D) geraram um Estado monárquico em que o poder real devia se submeter aos limites estabelecidos pela legislação e respeitar as decisões tomadas pelo Parlamento.

E) precederam as revoluções sociais que, nos dois séculos seguintes, abalaram França, Portugal e as colônias na América, provocando a ascensão política do proletariado industrial.

9. (Unicamp - 2011) Na Inglaterra, por volta de 1640, a monarquia dos Stuart era incapaz de continuar governando de maneira tradicional. Entre as forças sociais que não podiam mais ser contidas no velho quadro político, estavam aqueles que queriam obter dinheiro, como também aqueles que queriam adorar a Deus seguindo apenas suas próprias consciências, o que os levou a desafiar as instituições de uma sociedade hierarquicamente estratificada.

(Adaptado de Christopher Hill, “Uma revolução burguesa?”. Revista Brasileira de História, São Paulo, vol. 4, nº 7, 1984, p. 10.)

a) Conforme o texto, que valores se contrapunham à forma de governo tradicional na Inglaterra do século XVII?

b) Quais foram as consequências da Revolução Inglesa para o quadro político do país?


10. (PUC-RJ – 2010) “Para o progresso do armamento marítimo e da navegação, que sob a boa providência e proteção divina interessam tanto à prosperidade, à segurança e ao poderio deste reino [...], nenhuma mercadoria será importada ou exportada dos países, ilhas, plantações ou territórios pertencentes à Sua Majestade, ou em possessão de Sua Majestade, na Ásia, América e África, noutros navios senão nos que [...] pertencem a súditos ingleses [...] e que são comandados por um capitão inglês e tripulados por uma equipagem com três quartos de ingleses [...], nenhum estrangeiro [...] poderá exercer o ofício de mercador ou corretor num dos lugares supracitados, sob pena de confisco de todos os seus bens e mercadorias [...]”.

(Segundo Ato de Navegação de 1660. In: Pierre Deyon. O mercantilismo. São Paulo: Perspectiva, 1973, p. 94-95.)

Por meio do Ato de Navegação de 1660, o governo inglês:

a) estabelecia que todas as mercadorias comercializadas por qualquer país europeu fossem transportadas por navios ingleses.

b) monopolizava seu próprio comércio e impulsionava a indústria naval inglesa, aumentando ainda mais a presença da Inglaterra nos mares do mundo.

c) enfrentava a poderosa França retirando-lhe a posição privilegiada de intermediária comercial em nível mundial.

d) desenvolvia a sua marinha, incentivava a indústria, expandia o Império, abrindo novos mercados internacionais ao seu excedente agrícola.

e) protegia os produtos ingleses, matérias-primas e manufaturados, que deveriam ter sua saída dificultada, de modo a gerar acúmulo de metais preciosos no Reino inglês.

RESPOSTAS

Atividades

1. Os reis Tudor apoiaram-se politicamente na força do poder localizado na nobreza, e esta, necessitando se resguardar das mudanças provocadas pelo processo de centralização do poder, servia aos reis, exercendo cargos administrativos. Os negociantes, dependentes de uma paz interna para o desenvolvimento de suas atividades, proviam os cofres do Estado pagando impostos, assegurando a sua própria segurança.

2. O interesse dos deputados representantes da burguesia em criar expedientes mais eficazes para as atividades econômico-financeiras.

3. A constante intervenção dos reis Stuarts na economia, fato que restringia o crescimento econômico-financeiro da burguesia.

4. Nesse texto, o aluno deverá apresentar a ação dos representantes dos grupos econômico-financeiros contra o governo de Carlos I, bem como as reformas concretizadas.

5. Cromwell reagiu de modo radical ao condenar os representantes do movimento dos Niveladores à morte.

Gabarito das Questões propostas

resposta da questão 1:

[B]


b) A revolução inglesa, diferentemente da francesa, reivindicou os direitos do Parlamento contra o arbítrio real, expressos por documentos escritos que remontavam à Idade Média.

Comentário: A política e a sociedade inglesa sempre exigiram dos reis direitos que desde a Baixa Idade Média restringiam seus poderes. Exemplo dessa situação foi a promulgação da Magna Carta no século XIII.

resposta da questão 2:

[B]


b) Revolução Inglesa.

Comentário: A primeira revolução de caráter burguesa ocorreu na Inglaterra, quando aquela classe decidiu reagir contra as pretensões absolutistas dos Stuarts.

resposta da questão 3:

[C]

c) Ao fim da monarquia absolutista, com a crescente supremacia política do parlamento.

Comentário: O Parlamento passou a uma liderança no governo da Inglaterra, com a deposição dos Stuarts e a promulgação do Bill of Rights, que transferiu o poder executivo para o Parlamento.

resposta da questão 4:

[B]


b) pelos levellers, que reivindicavam a democratização, a extensão do sufrágio e uma maior igualdade perante a lei, e pelos diggers, defensores da posse comum das terras.

Comentário: Esses movimentos representavam os seguimentos sociais populares que reivindicavam uma demonstração do poder tanto político como econômico.

resposta da questão 5:

[D]

d) representou uma derrota da teoria do direito divino e o triunfo da teoria do contrato entre o soberano e o povo.

Comentário: A influência da teoria do Contrato Direito Civil de John Locke foi o referencial para a derrubada do direito divino dos reis na Inglaterra do século XVII.

resposta da questão 6:

[E]

e) configuravam um conjunto de medidas que acabou por substituir a monarquia absoluta vigente por uma monarquia constitucional.

Comentário: A afirmação caracteriza o significado do documento emitido para restringir o poder dos reis ao final do século XVII.

resposta da questão 7:

[E]


e) diluiu os obstáculos para o avanço capitalista, marcando o início da desagregação do Absolutismo Monárquico.

Comentário: Esses conflitos enfraqueceram a monarquia absolutista à mediada que os interesses da sociedade não eram compatíveis com os interesses dos Stuarts.

Resposta da questão 8:

[D]

Resolução: a Revolução Puritana derrubou a dinastia Stuart e implantou uma República Parlamentar, depois ditatorial, sob o comando de Oliver Cromwell, que reprimiu os movimentos populares e impulsionou o comércio inglês a partir do Ato de Navegação (1651).

Com a Revolução Gloriosa, a burguesia inglesa se libertava do Estado absolutista definitivamente, que com seu permanente intervencionismo era uma barreira para um mais amplo acúmulo de capital. O novo rei, Guilherme de Orange se subordinou ao Bill of Rights. Dessa forma a burguesia, aliada a aristocracia rural, passou a exercer diretamente o poder político através do Parlamento.

Resposta da questão 9:

a) De acordo com o texto de Christopher Hill, os valores que inspiravam a oposição à tradicional monarquia

inglesa dos Stuart eram: “a busca por dinheiro”, que caracterizava as práticas capitalistas da burguesia

mercantil, e a adoração a Deus baseada no individualismo e na livre interpretação da Bíblia típica, de alguns

grupos protestantes, como os puritanos.

b) A Revolução Inglesa transforma em definitivo a estrutura política do país, na medida em que converte-o

em uma monarquia parlamentar, em que o poder legislativo estaria sob controle de representantes eleitos,

fortemente influenciados por interesses da ascendente burguesia, e as atribuições do monarca e os direitos

dos cidadãos estariam definidos em uma Constituição, a “Bill of Rights”.

resposta da questão 10:

[B]

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