sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Primeiro Ano - CNDL
Quarto Bimestre - História do Brasil
Colégio Notre Dame de Lourdes
Coleção Pitágoras
Unidade - Das conjurações à abdicação de D. Pedro I
Capítulo 3
Os caminhos da política imperial brasileira: a formação do Estado Imperial brasileiro (1822-1831)


Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas


Leia o texto a seguir


Guerras de Independência




Quando, em outubro de 1822, D. Pedro I foi aclamado imperador, a unidade política do Império ainda não se consolidara. Se, a essa altura, o Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, através de ofícios e proclamações enviados pelas Câmaras Municipais, já haviam apoiado a Independência, Pernambuco somente veio a prestar essa adesão posteriormente, ainda que desde setembro tivesse escolhido deputados para a Assembleia Constituinte. Em virtude das dificuldade de comunicação, Goiás e Mato Grosso acabaram por pronunciar o juramento de fidelidade ainda mais tarde, em janeiro de 1823.

Em seguida foi a vez do Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe. No entanto, as quatro províncias do Norte - Pará, Maranhão, Piauí e Ceará - juntamente com parte da Bahia e da província Cisplatina, permaneciam fiéis às cortes de Lisboa. Essas atitudes refratárias estimulavam o ressentimento contra os portugueses e, para o governo de D. Pedro, indicavam a iminência de uma guerra civil, além de ampliara os temores quanto à invasão do litorla brasileiro por tropas portuguesas - o que nunca ocorreu. Porém, ao contrário do que afirmou a historiografia tradicional, uma grande efusão de sangue decorreu dos conflitos nas terras da América entre os partidários das cortes em Lisboa e aqueles que apoiavam o imperador no Rio de Janeiro.


As lutas mais importantes dessa guerra de independência foram travadas na Bahia, Maranhão e na Cisplatina, ao sul. Na Bahia, os partidários das cortes, dominantes desde 1821, contavam com o apoio das tropas comandadas pelo brigadeiro Luís Madeira de Melo. Em meados de 1822, porém, a Junta Governativa da cidade de Cachoeira, no Recôncavo, proclamou a adesão ao príncipe D. Pedro. Com o apoio de outras povoações e participação de escravos, estimulados pela promessa de alforria, intensos conflitos surgiram, então, com as tropas portuguesas. Contratado para reforçar a incipiente Marinha de Guerra do Brasil, o oficial britânico Thomas Cochrane estabeleceu o bloqueio do porto de Salvador, enquanto as tropas de terra, cujo comando passara do francês Pedro Labatut paa José Joaquim de Lima e Silva, apertaram o cerco à cidade, que não resistiu. Com a retirada das tropas portuguesas e dos que escolheram permanecer fiéis às cortes, a separação se consumou, em 2 de Julho de 1823, e a data passou a comemorar a Independência da Bahia.








No extremo norte, as comunicações por efeito das correntes e dos ventos, eram mais regulares com Lisboa do que com o Rio de Janeiro e, no Maranhão, no início de 1823, a Junta Governativa ainda procedia à eleição de deputados para as cortes ordinárias portuguesas. Em maio, a Junta do Pará solicitou a Lisboa que enviasse uma delegação com poderes executivos a fim de acalmar os ânimos dos setores partidários de D. Pedro. Diante dessa situação, após a adesão da Bahia, Cochrane rumou para o norte e, em julho de 1823, entrou no porto de São Luís arvorando a bandeira portuguesa e alertando a iminente chegada da esquadra brasileira. Ludibriada pelo estratagema, a Junta capitulou no dia 28 do mesmo mês. Em 11 de agosto, um outro oficial inglês, Grenfell, subordinado a Cochrane, submeteu o Pará, recorrrendo ao mesmo ardil, mas acabou responsável por um dos mais violentos episódios da guerra de Independência, quando quase todos os 254 civis e soldados presos no acanhado porão de um navio morreram por asfixia.


Na Cisplatina, ocupada por ordem de D. João em 1816-17, a maioria dos militares conservou-se fiel ao governo de Lisboa, mas alguns defernderam a incorporação da província ao Império. Embora o cabildo de Montevidéu se mostrasse contrário à integração, o impasse permaneceu atém novembro de 1823, quando, ao convencer-se da impossibilidade de receber reforços de Portugal, o comandante português decidiu retirar-se, assumindo as tropas brasileiras o controle da situação.

Dessa forma, somente no final de 1823 definiu-se a unidade territorial do Império do Brasil, à custa de muito sangue e de inúmeros conflitos violentos nas cidades, inclusive no Rio de Janeiro, motivado pelo ressentimento contra os portugueses, o que invalida a visão ufanista da historiografia tradicional de que a Independência foi realizada sem os "horrorres da guerra civil e da anarquia". [..]
NEVES, Lúcia Bastos Pereira das. Guerras da Independência. In: VAINFAS, Ronaldo, (dir.) Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. pp. 328-9.






1. Apresente os graves resultados da atitude refratária das provínciass do Norte e da Cisplatina para a consolidação do Império brasileiro.
As atitudes refratárias das províncias estimularam o ressentimento contra os portugueses e, para o governo de D. Pedro, indicavam a iminência de uma guerra civil, além de ampliar os temores quanto à invasão do litoral brasileiro por tropas portuguesas.


2. Explique o porquê da critica enfática da autora à historiografia tradicional sobre a Independência do Brasil.
A autora critica a historiografia tradicional que confere um caráter pacífico à independência, quando houve, nas guerras de independência "uma grande efusão de sangue" e confrontos violentos em muitas cidades do Império.


O tema em foco
Leia o texto a seguir.


A independência chegou mais tarde na Bahia, e acompanhada de muita luta. No dia 2 de julho de 1823, quase dez meses após o Grito da Independência, as tropas portuguesas, sob o comando de Inácio Luís Madeira de Melo, deixaram Salvador, abrindo caminho para que as forças patriotas, o Exército Pacificador, ocupassem cidades. Desde 1824, o Dois de Julho é comemorado em Salvador - ano após ano, poucos se importavam com o Sete de Setembro, mas milhares iam às ruas para comemorar "o sempre memorável dia 2 de julho". Nos ruidosos festejos do século XIX, os baianos construíram sua identidade como patriotas brasileiros e baianos e questionavam a histórias oficiais da independência. Hoje, o Dois de Julho é ainda a mais importante festa cívica da Bahia, apesar de ter passado por muitas mudanças desde o final do Império.
Havia muito o que comemorar em 1824. A guerra de 1822 a 1823 fora longa e cruenta. Mais de 15 mil baianos lutaram contra Madeira de Melo, e a organização do Exército Pacificador implicou uma maciça mobilização popular antiportuguesa que chegou a alcançar até os escravos (algumas centenas deles foram recrutados em 1823). Não se sabe quantos morreram, mas, para muitos baianos, a independência foi uma conquista em que eles participaram pessalmente.
Tal vitória não podia ser comemorada como nas tradicionais festas cívicas coloniais, com apenas um Te Deum (ofício religioso de ação de graças), desfile militar, continências ao retrato do monarca e uma gala no teatro. Embora haja poucos documentos da década de 1820 sobre o Dois de Julho, sabe-se com certeza que, em 1827, realizou-se pela primeira vez um desfile popular, que começou na Lapinha (nos arredores da cidade) e seguiu até o centro, percorrendo o mesmo caminho das tropas patriotas. Em 1830, o cônsul francês relatou que nada menos de 3 mil pessoas participaram do desfile.








Por essa época - não se sabe com certeza em que ano - surguiu pela primeira vez o caboclo, a estátua de um índio que, com uma lança na mão, mata a serpente [...]. Colocado numa carreta capturada durante a guerra, o caboclo (e seu carro alegórico) logo se trornou o símbolo máximo do Dois de Julho. Na década de 1840, ganhou uma companheira cabocla, uma figura mais pacífica que não usa armas.
Na década de 1830, as comemorações tomaram sua forma característica. Na última semana de junho, a câmara municipal emitia uma proclamação para convidar os habitantes da cidade a participarem de atividades patrióticas legítimas. Na véspera do dia 2 de julho, reuniam-se na Lapinha para velar os carros alegóricos. No dia, a grande parada serpenteava até o centro pelas ruas estreitas da cidade, enfeitadas de arcos triunfais pelos moradores. Dela participavam autoridades civis e militares, tropas do Exército e da Guarda Nacional, e bandas de música. Batalhões patrióticos também se destacavam no desfile. Lembravam blocos carnavalhescos por serem organizações voluntárias que se reuniam para desfilar durante os festejos (acompanhados sempre de músicas). Vestiam-se de branco e usavam chapéus de palha enfeitados de folhas verde-amarelas. Muitos populares também se juntavam ao cortejo.
KRAAY, Hendrik. Independência Baiana. Nossa História. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional nº 21, jul. 2005. pp. 60-61.




3. Por que o Sete de Setembro não é comemorado na Bahia?
Porque a independência na Bahia se deu quase dez meses após o 7 de setembro, no dia 2 de julho de 1823, quando as forças patriotas, o Exército Pacificador, ocuparam as cidades baianas.
4. Com base no texto anterior, explique a alegoria da ação do caboclo, símbolo do Dois de Julho, na Bahia.

A elegoria representa o caboclo - brasileiro - lutando contra o dragão, que encarna a tirania portuguesa.


Saiba mais sobre a importância do 2 de julho na Bahia


O professor Ricardo Carvalho explica a relevância desta data cívica no estado da Bahia.

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