Terceiro Bimestre - História do Brasil
Coleção Pitágoras
Capítulo 2: Os prenúncios de uma nova ordem: a década de 1920 e a Revolução de 1930
Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas
Cartaz alusivo ao movimento de 1930 que conduziu Getúlio Vargas à Presidência da República.
O historiador Boris Fausto acredita que o movimento de 1930 não foi liderado por novos seguimentos sociais: a classe média ou a burguesia industrial. Segundo Fausto, a classe média, muito embora tenha apoiada a Aliança Liberal, era muito heterogênea e subordinada às forças agrárias para que pudesse, sozinha, apresentar um programa político próprio. Já os industriais, ainda de acordo com Fausto, apresentavam fortes diferenças regionais. Por exemplo, no que se refere à burguesia industrial paulista, o historiador acredita que, em São Paulo, já havia uma certa diferenciação entre essa classe e o setor agrário, que se expressou na fundação do Centro de Indústrias do Estado de São Paulo, em 1928. Entretanto, essa diferenciação não foi capaz de colocar um ponto final, em nome dos intelectuais paulistas, no acordo em que existia entre os membros da classe dominante. Os grandes industriais contavam com o apoio do Partido Republicano Paulista (PRP), no qual estavam representados, e não tinham razões para apoiar a oposição que os criticava reiteradamente. Por isso, segundo Boris Fausto, não se deve estranhar o apoio aberto dos industriais paulistas, à candidatura de Júlio Prestes. Nessa medida, adverte o historiador, simplista é a tese de o movimento de 1930 ter significado a tomada direta do poder por essa ou aquela classe social.
Capítulo 2: Os prenúncios de uma nova ordem: a década de 1920 e a Revolução de 1930
Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas
Cartaz alusivo ao movimento de 1930 que conduziu Getúlio Vargas à Presidência da República.
Leia uma das análises sobre o movimento do 1930
O historiador Boris Fausto acredita que o movimento de 1930 não foi liderado por novos seguimentos sociais: a classe média ou a burguesia industrial. Segundo Fausto, a classe média, muito embora tenha apoiada a Aliança Liberal, era muito heterogênea e subordinada às forças agrárias para que pudesse, sozinha, apresentar um programa político próprio. Já os industriais, ainda de acordo com Fausto, apresentavam fortes diferenças regionais. Por exemplo, no que se refere à burguesia industrial paulista, o historiador acredita que, em São Paulo, já havia uma certa diferenciação entre essa classe e o setor agrário, que se expressou na fundação do Centro de Indústrias do Estado de São Paulo, em 1928. Entretanto, essa diferenciação não foi capaz de colocar um ponto final, em nome dos intelectuais paulistas, no acordo em que existia entre os membros da classe dominante. Os grandes industriais contavam com o apoio do Partido Republicano Paulista (PRP), no qual estavam representados, e não tinham razões para apoiar a oposição que os criticava reiteradamente. Por isso, segundo Boris Fausto, não se deve estranhar o apoio aberto dos industriais paulistas, à candidatura de Júlio Prestes. Nessa medida, adverte o historiador, simplista é a tese de o movimento de 1930 ter significado a tomada direta do poder por essa ou aquela classe social.
Foto da vitória do movimento de 1930, com Getúlio Vargas e sua esposa Darci Vargas, ao centro.
Deve-se lembrar que a chamada "Revolução" de 193o foi liderada por segmentos sociais heterogêneos, tanto político quanto socialmente. Esses diversos segmentos uniram-se contra um mesmo inimigo, embora movidos por interesses diferentes. Os velhos oligarcas não desejavam transformações, apenas defendiam um melhor atendimento às suas demandas e maior soma pessoal de poder. Os quadros civis mais jovens aliaram-se aos tenentes, oficiais de baixa patente, na busca de uma reformulação do sistema político. O movimento tenentista, visto como uma ameaça pela alta oficialidade do Exército, defendia a centralização do poder e a implementação de algumas reformas sociais. Já o Partido Democrático - porta-voz da classe média tradicional - pretendia o governo do estado de São Paulo e a adoção de princípios liberais que, segundo Fausto, aparentemente asseguraria seu predomínio.
Getúlio Vargas liderando o movimento que o levou ao poder em 1930.
Na foto vemos uma manifestação de apoio ao lançamento da Aliança Liberal que apresentou a chapa presidencial Getúlio Vargas e João Pessoa.
Contudo, entre esses , quais setores conseguiram predominar na cena política? Segundo Fausto, ocorreu uma troca de elite no poder sem grandes transformações. Os derrotados foram os quadros oligárquicos tradicionais. Subiram ao poder os militares, os técnicos, os jovens políticos e, um pouco mais tarde, os industriais.
Carla Junho Anastácia.
Getúlio Vargas liderando o movimento que o levou ao poder em 1930.
Apresente os argumentos utilizados por Boris Fausto para desautorizar outras teses sobre o movimento de 1930.
Resolução Comentada: Boris Fausto afirma que a Revolução de 1930 não foi um movimento das classes médias urbanas, na medida em que estas eram muito heterogêneas e subordinadas às forças agrárias e, não podiam, portanto, ter um projeto político próprio. e muito menos dos industriais que apresentavam fortes diferenças regionais. Em especial, os industriais paulistas apoiavam Júlio Prestes e não os candidatos da Aliança Liberal.
Leia o texto a seguir.
O golpe de outubro de 1930 resultou no deslocamento da tradicional oligarquia paulista do epicentro do poder, enquanto os demais setores sociais a ele articulados e vitoriosos não tiveram condições de individualmente, nem de legitimar o novo regime, nem , tampouco, de solucionar a crise econômica. O período de 1930-1937 pode, por isso mesmo, ser definido como de crise política aberta, sem que nenhuma das facções das classes envolvidas lograsse tornar-se hegemônica em sucessão à burguesia cafeeira, o que acabou garantindo ao Estado - a burocracia estatal - a possibilidade de atuar com relativa margem de autonomia face aos interesses em disputa.
MONTEIRO, Hamilton de Mattos. Da República Velha ao Estado Novo. In: LINHARES, Maria Yedda, org. História geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campos, 199o. p. 237.
Compare a tese de Monteiro com a de Boris Fausto, apresentando as suas semelhanças e/ou diferenças.
Resolução Comentada: Há uma diferença importante entre a tese de Boris Fausto e o texto de Monteiro. Para Fausto, há um remanejamento oligárquico na política brasileira, para Monteiro, em razão de os vários segmentos que apoiaram a revolução de 1930 não conseguirem a hegemonia política, esta acabou por ser exercida pelo Estado, ou seja, pela burocracia estatal.
O tema em foco
Na foto vemos uma manifestação de apoio ao lançamento da Aliança Liberal que apresentou a chapa presidencial Getúlio Vargas e João Pessoa.
Leia o texto que trata da Aliança Liberal.
[Era clara] a diversidade das forças que se haviam aglutinado em torno da Aliança Liberal, a coligação partidária oposicionista que em 1929 lançou a candidatura de Getúlio Vargas à presidência da República. Enquanto alguns que aderiram à Aliança Liberal faziam oposição sistemática ao regime, outros ali ingressaram apenas por discordarem do encaminhamento dado pelo então presidente Washington Luis à sucessão presidencial. Conhecidos como "oligarcas dissidentes", alguns aliancistas eram ex-presidentes da República, como Arthur Bernardes, Epitácio Pessoa e Venceslau Brás, governadores ou ex-governadores de estado, como Antônio Carlos Andrada, Olegário Maciel, João Pessoa e o próprio Getúlio Vargas. Também participavam da Aliança Liberal os rebeldes "tenentes", um grupo de jovens oficiais do Exército que, a partir do início da década de 1920, tentava, através das armas, derrubar o regime em vigor desde 1889. Defendendo a educação pública obrigatória, a reforma agrária, a adoção do voto secreto, os tenentes se difiniram como antioligárquicos e propunham um novo lugar para o Exército na sociedade brasileira. Embora o líder maior do tenentismo, Luis Carlos Prestes, não tivesse aderido à Aliança, ali estavam lideranças tenentistas expressivas como Juarez Távora, Miguel Costa, João Alberto, Siqueira Campos e Cordeiro de Farias. A despeito de sua heterogeneidade, no ideário da Aliança Liberal estavam presentes temas relacionados com justiça social e liberdade política. Os aliancistas propunham reformas no sistema político, a adoção do voto secreto e o fim das fraudes eleitorais. Pregavam anistia para os perseguidos políticos e defendiam direitos sociais, como jornada de oito horas de trabalho, férias, salário mínimo, regulamentação do trabalho das mulheres e dos menores. Propunham também a diversificação da economia, com a defesa de outros produtos agrícolas além do café, e diminuição das disparidades regionais.
[Era clara] a diversidade das forças que se haviam aglutinado em torno da Aliança Liberal, a coligação partidária oposicionista que em 1929 lançou a candidatura de Getúlio Vargas à presidência da República. Enquanto alguns que aderiram à Aliança Liberal faziam oposição sistemática ao regime, outros ali ingressaram apenas por discordarem do encaminhamento dado pelo então presidente Washington Luis à sucessão presidencial. Conhecidos como "oligarcas dissidentes", alguns aliancistas eram ex-presidentes da República, como Arthur Bernardes, Epitácio Pessoa e Venceslau Brás, governadores ou ex-governadores de estado, como Antônio Carlos Andrada, Olegário Maciel, João Pessoa e o próprio Getúlio Vargas. Também participavam da Aliança Liberal os rebeldes "tenentes", um grupo de jovens oficiais do Exército que, a partir do início da década de 1920, tentava, através das armas, derrubar o regime em vigor desde 1889. Defendendo a educação pública obrigatória, a reforma agrária, a adoção do voto secreto, os tenentes se difiniram como antioligárquicos e propunham um novo lugar para o Exército na sociedade brasileira. Embora o líder maior do tenentismo, Luis Carlos Prestes, não tivesse aderido à Aliança, ali estavam lideranças tenentistas expressivas como Juarez Távora, Miguel Costa, João Alberto, Siqueira Campos e Cordeiro de Farias. A despeito de sua heterogeneidade, no ideário da Aliança Liberal estavam presentes temas relacionados com justiça social e liberdade política. Os aliancistas propunham reformas no sistema político, a adoção do voto secreto e o fim das fraudes eleitorais. Pregavam anistia para os perseguidos políticos e defendiam direitos sociais, como jornada de oito horas de trabalho, férias, salário mínimo, regulamentação do trabalho das mulheres e dos menores. Propunham também a diversificação da economia, com a defesa de outros produtos agrícolas além do café, e diminuição das disparidades regionais.
PANDOLFI, Dulce. Os anos 1930: as incertezas do regime. In: FERREIRA, Jorge & DELGADO, Lucília de Almeida Neves. O Brasil Republicano. O tempo do nacional-estatismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. v.2. p. 16
Explique a razão de a autora considerar heterogênea a composição da Aliança Liberal.
Explique a razão de a autora considerar heterogênea a composição da Aliança Liberal.
Resolução comentada: Vários setores se aglutinaram na Aliança Liberlal: oligarcas dissidentes, tenentes. Alguns aderiram a ela para fazer oposição sistemática ao regime, outros estavam ali apenas por discordarem do encaminhamento tomado pelo presidente Washinton Luis de apoiar um candidato paulista (Júlio Prestes) à sucessão presidencial.
Compare o ideário dos tenentes com o ideário da Aliança Liberal.
Resolução comentada: Embora o programa da Aliança Liberal fosse mais amplo do que o dos tenentes, as reivindicações tenentistas como educação pública obrigatória e adoção do voto secreto estavam contidas no seu programa. Em termos sociais, o programa da Aliança Liberal foi muito mais consistente que o dos tenentes.
Confira abaixo um video que aborda os fatos relacionados à Revolução de 1930, movimento que levou Vargas ao poder
Excelente a leitura de Boris Fausto acerca da Revolução de 1930.
ResponderExcluirMuitoo bom esse site, agora minhas apostilas de historias estão completas e minha mente tambem...
ResponderExcluir