Questão 1
Com relação ao ornamento, Roma não correspondia, absolutamente, à majestade do Império e, além disso, estava
exposta às inundações, como também aos incêndios.
Porém, Augusto fez dela uma cidade tão bela que pode
se envaidecer, principalmente por ter deixado uma ci dade
de mármore no lugar onde encontrara uma de tijolos.
(Adaptado de Suetônio, A Vida dos Doze Césares.
São Paulo: Martin Claret, 2006, p. 91.)
Considerando o texto e o período de Otávio Augusto no
governo de Roma, responda:
a) Qual a relação da nova urbanização da capital do
Império com o período de paz que Augusto pretendia
simbolizar?
b) Identifique uma medida social e uma medida política
estabelecidas por Augusto para adaptar a tradição
romana ao novo momento.
resposta da questão:
a) A política adotada por César Augusto denominada Pax Romana caracterizava-se socialmente
pela ampliação ao direito de cidadania, politicamente pelo fim das guerras de conquistas e
urbanisticamente pelas construções de estradas, pontes, templos, palácios, banhos públicos –
medidas que levaram ao embelezamento e a maior organização das regiões conquistadas. A
Pax Romana possui um sentido de segurança, ordem e progresso para todos os povos
dominados por Roma. A Ara Pacis é um altar construído a pedido de Otávio Augusto que
simbolizava o período de paz e prosperidade vivido durante a Pax Romana. A troca do material empregado nas edificações,
substituição do tijolo pelo mármore, simboliza a
superação das crises sociopolíticas no final da
República e a consolidação de um poder centralizado perene. A reurbanização de Roma, transformando-a numa cidade bela e magnífica,
re pre senta o valor das decisões do imperador
como cabeça do Império.
b) Institucionalização da política do Pão e Circo e reorganização administrativa, com maior
eficiência na arrecadação de impostos sobretudo nas regiões provinciais romanas.
Medida social: Otávio estabeleceu uma divisão
censitária da sociedade – ordem senatorial, ordem
equestre e ordem inferior –, na qual os direitos
sociais e a participação política dependiam da
renda anual do cidadão.
Medida política: manutenção de instituições republicanas, com mero papel decorativo, quando
na verdade o poder decisório dependia diretamente do imperador.
Questão 2
No Natal de 800, o papa Leão III coroou
Carlos Magno como Imperador dos Romanos.
O Imperador recebeu o antigo título de
Augusto.
a) Caracterize a autoridade de Carlos Magno
como Imperador naquele momento.
b) Apresente dois aspectos do renascimento
carolíngio.
resposta da questão:
a) O período citado corresponde a uma crescente centralização administrativa nas mãos
de Carlos Magno e sua corte. A autoridade do imperador se relacionava também as
suas reformas no ensino e incentivo à cultura, além da forte aliança com a Igreja. Ser
associado a Imperador dos Romanos/ Católicos contribuiu para consolidar e legitimar o
poder de Carlos Magno.
b) Depois de dominar grande parte da Europa no final do século VIII, Carlos Magno
promoveu uma reforma na educação que procurou preservar e difundir o saber
clássico, principalmente das cópias e traduções das obras da antiguidade greco-romana.
Antigas escolas foram restauradas e novas foram construídas, estas podiam
ser monacais, sob a responsabilidade dos mosteiros; catedrais, junto à sede dos
bispados; e palatinas, junto às cortes. A recuperação do método dialético-lógico de
ensino fez revigorar a investigação especulativa que, por sua vez, pode ser considerada
a raiz da escolástica e da fundação das primeiras universidades europeias.
O imperador, além de incentivar o ensino das artes liberais na corte, foi um destacado
incentivador cultural. A arte carolíngia inspirou uma associação entre a arte romana
clássica com os elementos da Idade Média. Pode-se destacar, entre as artes
decorativas e arquiteturais, os mosaicos e os afrescos das igrejas, a produção de peças
em marfins, como herança do contado com o Oriente, a ourivesaria e as iluminuras.
Questão 3
Desde o início da colonização, os portugueses
chamaram de tapuias os grupos indígenas
que julgavam bárbaros, por seus hábitos culturais
distintos dos que habitavam o litoral e
por seu poder de resistência aos portugueses.
a) Contextualize historicamente os significados
de Guerra Justa para os portugueses a
partir do fim da Idade Média.
b) Indique duas práticas dos indígenas que
os portugueses consideravam bárbaras.
resposta da questão 3:
a) A Guerra Justa, caracterizada pelo extermínio, pela escravidão e pela catequização dos
povos americanos, era justificada, dentro do
contexto da Contrarreforma e da expansão
marítima europeia, como uma tentativa de difusão
da fé cristã e como uma iniciativa que
levava a cultura ocidental para os povos considerados
primitivos. Observa-se que desde a
Reconquista havia o conceito da Guerra Justa,
neste contexto em relação aos mouros.
b) Das práticas indígenas consideradas bárbaras
pelos portugueses, podemos citar o
hábito da nudez, a crença em entidades
religiosas associadas às forças da natureza,
a poligamia e a antropofagia.
Questão 4
Um motivo para a melhoria da dieta ao longo
do século XIX era que chegavam cada vez
mais alimentos do que chamamos de “periferia”
da Europa, denominação vaga que
engloba a Rússia e a Europa do Leste, como
também das zonas de abastecimento do Novo
e do Velho Mundo. Grande parte da Europa
acabou por beneficiar-se dessas importações,
mas os países mais necessitados desses produtos
eram aqueles onde a industrialização
e o desenvolvimento urbano ocorreram com
maior ímpeto, ou seja, Grã-Bretanha, os Países
Baixos e a Alemanha. Do Novo Mundo chegavam
o açúcar, o café e o cacau, e da China, do
Ceilão e da Índia chegavam o chá e o arroz.
(Adaptado de Norman J. G. Pounds,
La Vida Cotidiana: historia de la cultura
material. Barcelona: Editorial Crítica,
1992, p. 507-509.)
a) Explique a relação entre o processo de industrialização
e importação de alimentos na
Europa.
b) Por que a dieta europeia melhorou ao
longo do século XIX?
resposta da questão 4
a) As regiões mais industrializadas da Europa
acabaram por concentrar enormes núcleos urbanos
para a época, onde viviam contingentes
populacionais que trabalhavam nas indústrias
e a burguesia empresária que lucrava com a
produção. Os alimentos consumidos nessas
cidades vinham desde a periferia europeia,
nesse contexto, até as colônias americanas e
asiáticas. Os países não industrializados viram
nesse amplo mercado consumidor uma oportunidade
de atender à demanda de alimentos
e obter algum sucesso em um modelo primá-
rio-exportador. Quanto às colônias, o papel de
suprir as necessidades econômicas de suas
metrópoles acabou por integrar sua produção
de gêneros tropicais ao mercado europeu de
gêneros alimentícios.
b) Aliam-se à melhoria da dieta europeia a visão
capitalista aplicada ao campo, e a inclusão,
já consolidada, de novos alimentos advindos da América e da Ásia. Desde o século XVIII os
fisiocratas defendiam que a terra deveria ser
um componente econômico fundamental na
constituição da economia nacional. Com o fim
do Antigo Regime e o declínio das propriedades
improdutivas da aristocracia, o campo passa
a seguir as demandas capitalistas, gerando
um aumento da produção e da disponibilidade
de gêneros primários, incluindo alimentos.
Os alimentos estrangeiros também foram
importantes, pois, depois de aclimatados ao
ambiente europeu, acabaram se mostrando
produtivos e de baixo custo. Como exemplos
pode-se notar a importância da batata para
as populações europeias e o milho, mais produtivo
que o trigo, o que colaborou para criar
um substituto à farinha de trigo, mais cara.
Pode-se dizer também que as condições de
vida em algumas regiões, aquelas com maior
concentração de indústrias, tiveram uma melhora,
dada a disponibilidade de empregos e,
consequentemente, do poder de compra de
alimentos. Além das inovações técnicas, advindas
da Revolução Industrial, que aplicadas
à agricultura possibilitaram um incremento da
produção e da oferta de alimentos.
Questão 5
(Disponível em http://www.jblog.com.br/
quadrinhos.php?itemid=20522.
Acessado em 05/12/2013.)
Angelo Agostini (1833-1910) expressou sua
crítica a D. Pedro II em uma caricatura publicada
na Revista Ilustrada, em 1887.
a) Conforme a imagem, qual é a crítica de
Agostini ao Imperador?
b) Indique e explique um processo que expresse
a situação de crise vivida no final do
Império.
Resposta da questão 5:
a) A caricatura de D. Pedro II, feita por Angelo
Agostini, invoca a imagem de um imperador
ausente. Adormecido, o monarca aparenta
estar completamente alheio ao panorama
da política nacional, sem perceber as transformações
políticas, sociais e econômicas
que estavam ocorrendo e culminariam na
Proclamação da República.
b) A crise do Segundo Reinado decorre, entre
outras questões, do isolamento cada vez
maior de D. Pedro II. A oposição entre abolicionistas
e conservadores, defensores da
manutenção da escravidão, faz com que
D. Pedro perca, sucessivamente, o apoio
das elites e do Exército que, no final do
século XIX, ganhou força e prestígio social
após a vitória da Guerra do Paraguai. Outro
fator que poderia ser citado é a crise religiosa
que opõe a Igreja à Monarquia, além do
crescimento de ideias positivistas que reclamam
pela proclamação da república. Pode-se
destacar, também, os cafeicultores do Oeste
Paulista, conhecidos como Republicanos Históricos,
que lançam o Manifesto Republicano
em 1870, rompendo com a monarquia e propondo
um governo de caráter federalista.
Questão 6
Na Lei Orgânica do Ensino Secundário de
9 de abril de 1942, podemos ler: 1. É recomendável
que a educação secundária das
mulheres se faça em estabelecimentos de
ensino de exclusiva presença feminina. 2. Incluir-se-á
nas terceira e quarta séries do curso
ginasial e em todas as séries dos cursos
clássico e científico a disciplina de economia
doméstica. 3. A orientação metodológica
dos programas terá em mira a natureza da
Unicamp 5 ETAPA
personalidade feminina, bem como a missão
da mulher dentro do lar.
(Adaptado de Carla Bassanezi Pinsky e Joana Maria
Pedro (orgs.), Nova História das Mulheres.
São Paulo: Contexto, 2012, p. 337.)
a) Cite duas mudanças na legislação que
afetaram a condição feminina no Brasil nas
décadas de 1930 e 1940.
b) Qual o papel desejado para a mulher durante
o Estado Novo (1937-1945)?
resposta da questão 6:
a) Podemos citar, entre outras:
• voto feminino;
• proibição de diferença de salário para um
mesmo cargo por motivo de idade, sexo, nacionalidade
ou estado civil;
• proibição do trabalho feminino em indústrias
insalubres;
• assistência médica e sanitária à gestante,
assegurando a esta descanso antes e depois
do parto sem prejuízo no salário e no
emprego.
b) Pela Lei Orgânica de 09.04.1942, podemos
perceber que as mulheres (que estudavam
em instituições com exclusiva presença feminina) deveriam, para o Estado Novo,
desempenhar, sobretudo, o papel de “dona
de casa”, o que fica caracterizado pela “disciplina
de economia doméstica”, programas
que têm “em mira a natureza da personalidade
feminina” e a “missão da mulher dentro
do lar”.
Questão 7
O cartaz a seguir foi usado pela propaganda
soviética contra o capitalismo ocidental, durante
o período da Guerra Fria. O texto diz:
“Duas infâncias. Na URSS (parte superior)
crianças são apoiadas pelo amor da nação!
Nos países capitalistas (figura inferior),
milhões de crianças vivem sem comida ou
abrigo.”
a) Como o cartaz descreve a sociedade capitalista
ocidental?
b) Cite dois conflitos bélicos do período da
Guerra Fria.
resposta da questão 7
a) De acordo com a imagem e o texto da
questão, o cartaz mostra que “milhões de
crianças vivem sem comida ou abrigo” na
sociedade capitalista ocidental.
b) Entre os vários conflitos no período da
Guerra Fria (1945-1990), podemos citar:
• Guerra da Coreia (1950-1953);
• Guerra do Vietnã (1965-1975);
• descolonização da Ásia e da África;
• Guerra Civil na China (1945-1949);
• Revolução Grega (1945);
• Guerra do Afeganistão (1979-1989);
• Conflito Árabe-Israelense;
• Invasão norte-americana em Granada
(1983);
• intervenção da OEA na República Dominicana
(1965);
• Guerra Civil na Nicarágua (1979);
• Guerra Civil em El Salvador (1980-1992).
Questão 8
Na formação do pensamento nacionalista de
países como Angola, Cabo Verde e Moçambique,
a cultura brasileira desempenhou um
forte papel no processo de conscientização
de muitos setores da intelectualidade africana,
fornecendo parâmetros, em imagens
diferenciadas, que se contrapunham ao modelo
lusitano.
(Adaptado de Rita Chaves, em Victor Andrade
de Mello, “O esporte e a construção da nação:
apontamentos sobre Angola.”http://www.afroasia.
ufba.br/pdf/AA_40_VAMelo.pdf.
Acessado em 08/08/2013.)
a) Explique como Angola, Moçambique e
Cabo Verde assimilaram a cultura brasileira.
b) Estabeleça conexões entre a Revolução
dos Cravos e a África Portuguesa na década
de 1970.
resposta da questão 8:
a) O processo de independência das antigas
colônias portuguesas na África (ou Províncias
do Ultramar) ocorreu no contexto da
Guerra Fria na década de 1970.
Os movimentos de independência tendiam,
de maneira geral, a uma aproximação com
o bloco socialista, por exemplo: Angola com
o MPLA (Movimento Popular pela Libertação
de Angola) e em Moçambique com o Frelimo
(Frente de Libertação de Moçambique).
Apesar disso, o governo brasileiro de Ernesto
Geisel (1974-1979), por intermédio de seu
ministro das Relações Exteriores, Azeredo
da Silveira, elaborou na política externa o
denominado “Pragmatismo Responsável”,
que, entre outros aspectos, reconhecia os
governos de esquerda das nações africanas
e suas independências.
A aproximação do governo Geisel e dos presidentes
posteriores com as novas nações
estreitaram os laços realizando investimentos,
acordos comerciais e culturais, financiamentos
do governo brasileiro em projetos
nesses países, entre outros.
A aproximação, desde o governo Geisel, é
reforçada pela história em comum em muitos
aspectos: colonização portuguesa, idioma
português, origem do povo brasileiro.
Mais recentemente, nos governos Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff
(após 2010), a política externa brasileira
tem se aproximado mais dos governos de
Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné-Bissau. Segundo alguns autores, essa política visa o apoio africano para os interesses
brasileiros na ONU, como um assento permanente
no Conselho de Segurança.
Essa intensa ação brasileira nesses países e
a presença de brasileiros na região, de certa
forma, exercem uma influência da cultura
brasileira nos países citados.
b) Na década de 1960 iniciou-se a luta africana
pela independência das colônias portuguesas,
denominadas Províncias do Ultramar
por Portugal, dessa forma, entendido como
parte do território português, logo indivisível.
Após dez anos de guerra colonial, consumindo
recursos humanos e materiais de
Portugal, criou-se o consenso, entre a maioria
dos oficiais das Forças Armadas portuguesas,
que essa guerra não podia ser vencida
militarmente. Um exemplo disso era o
controle de grande parte das colônias por
forças de libertação africanas.
Essa situação conduziu os oficiais portugueses
a criarem o MFA – Movimento das Forças Armadas.
Um dos obstáculos para a negociação de
Portugal com os movimentos africanos de
independência era o governo ditatorial salazarista
de Marcelo Caetano, que considerava
as colônias como “territórios portugueses”
e dessa forma justificava a continuação
da guerra.
Diante disso, o MFA, com um movimento
militar (a Revolução dos Cravos) em 25 de
abril de 1974, depôs o governo de Marcelo
Caetano, instalando um novo governo
em Portugal e iniciando negociações com
os movimentos de libertação africanos que
culminaram na retirada de tropas portuguesas
das regiões coloniais e na consequente
independência de Angola, Moçambique e
Cabo Verde.
Unicamp
Questão 9
“(...) o desencanto com a Nova República era
provocado principalmente pelo fracasso dos
vários planos econômicos que não conseguiram
domar o dragão da inflação. Depois do
breve sucesso do Plano Cruzado, de 1986, a
arrancada dos preços disparou, esmagando
o poder de compra dos brasileiros, especialmente
dos mais pobres.”
(Marly Motta, “Rumo ao planalto”.
Disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/
secao/artigos-revista/especial-nova-republica-rumoao-planalto.
Acessado em 09/08/2013.)
a) Explique o que é inflação.
b) Quais os efeitos do congelamento de pre-
ços, base do Plano Cruzado, para a economia
brasileira do período?
resposta da questão 9:
a) Inflação é um conjunto de desequilíbrios
econômicos, caracterizados por uma alta
substancial e continuada no nível geral dos
preços, concomitante com a queda do poder
aquisitivo do dinheiro e que, em geral,
é causado pelo crescimento da circulação
monetária em desproporção com o volume
de bens disponíveis.
b) O Plano Cruzado provocou impacto em
todo o país. A ideia de congelamento de
preços foi bem acolhida e houve uma mobilização
popular em defesa do plano, com os
“fiscais do Sarney”.
Como a expectativa era extinguir a inflação,
o governo acabou com a correção monetária para as cadernetas de poupança, medida
mal compreendida por boa parte da população, que resgatou suas economias nos bancos
por acreditar que o investimento “não
rendia mais”.
Seguiu-se uma onda de consumo. Os estoques
de lojas e supermercados esgotavam-se rapidamente, certos produtos começaram
a faltar no mercado e passa a se cobrar
o “ágio”. Era necessária a adoção de medidas
para reequilibrar a economia; no entanto,
isso implicava na adoção de medidas
impopulares para a restrição do consumo. O
governo não agiu, segundo muitos autores,
por questões eleitorais.
Em 15.11.1986 são realizadas eleições gerais
no país e o PMDB, partido do presidente
Sarney, é o grande vitorioso.
No dia 21.11.1986 o governo lançava o Plano
Cruzado II, que, entre outras coisas, aumentou
consideravelmente uma série de preços
e desvalorizou o Cruzado em relação ao dólar.
Era a volta da inflação, o que levou ao “desencanto
com a Nova República”
Nenhum comentário:
Postar um comentário