Cabra Marcado para Morrer
TÍTULO DO FILME: CABRA MARCADO
PARA MORRER (Brasil, 1984) DIREÇÃO: Eduardo Coutinho
ELENCO: Elisabeth Teixeira e
família, João Virgínio da Silva e os habitantes de Galiléia (Pernambuco).
Narração de Ferreira Gullar, Tite Lemos e Eduardo Coutinho. 120 min., Globo
Vídeo.
RESUMO
Em fevereiro de 1964 inicia-se a
produção de Cabra Marcado Para Morrer, que contaria a história política do
líder da liga camponesa de Sapé (Paraíba), João Pedro Teixeira, assassinado em
1962. No entanto, com o golpe de 31 de março, as forças militares cercam a
locação no engenho da Galiléia e interrompem as filmagens.
Dezessete anos depois, o diretor
Eduardo Coutinho volta à região e reencontra a viúva de João Pedro, Elisabeth
Teixeira -- que até então vivia na clandestinidade -- e muitos dos outros
camponeses que haviam atuado no filme antes brutalmente interrompido.
CONTEXTO HISTÓRICO
As Ligas Camponesas vinham sendo
criadas desde meados dos anos 50 com o objetivo de conscientizar e mobilizar o
trabalhador rural na defesa da reforma agrária. Durante o governo de João
Goulart (1961-64), o número dessas associações cresceu muito e, junto com elas,
também se multiplicavam os sindicatos rurais. Os camponeses, organizados nessas
ligas ou em sindicatos ganharam mais força política para exigir melhores
condições de vida e de trabalho.
A renúncia de Jânio Quadros em 25
de agosto de 1961, após apenas sete meses de governo, abriu uma grave crise
política, já que seu vice, João Goulart, não era aceito pela UDN e pelos
militares, que o acusavam de promover agitação social e de ser simpático ao
comunismo. Assim como esses setores eram contrários à posse de Jango, existiam
outros que defendiam o cumprimento da Constituição, como o governador do Rio
Grande do Sul, Leonel Brizola.
O impasse foi resolvido com a
adoção do regime parlamentarista de governo, aprovado pelo Congresso. Com esse
regime, Jango era apenas chefe de Estado, sendo que o poder efetivo de decisão
estava nas mãos de um primeiro-ministro escolhido pelos deputados e senadores.
Diante da crise econômica, o
regime parlamentarista imposto pelos conservadores, se mostrava ineficiente,
com a sucessão de vários primeiros-ministros, sem que a crise fosse atenuada.
Esse cenário fortalecerá o restabelecimento do presidencialismo, conquistado
através de um plebiscito em 6 de janeiro de 1963. Reassumindo a plenitude de
seus poderes, Jango lançou as reformas de base apoiadas por grupos
nacionalistas e de esquerda.. Elas incluíam a reforma agrária, a reforma do
sistema bancário, a reforma tributária e a reforma eleitoral.
Muitos comícios foram organizados
em apoio às reformas, destacando-se um comício-gigante realizado na Central do
Brasil do Rio de Janeiro em 13 de março. A mobilização popular nos comícios
assustava as elites que, articuladas com as forças armadas e apoiadas pelos
setores mais conservadores da Igreja, desferiram um golpe de Estado em 31 de
março de 1964.
No dia seguinte, o controle dos
militares sobre o país era total e, no dia 4, Goulart se auto-exilou no
Uruguai, sem impor qualquer resistência aos golpistas, temendo talvez o início
de uma guerra civil no país.
Iniciava-se assim um dos períodos
mais obscuros da história do Brasil, com 21 anos de ditadura militar que
promoveu uma violenta onda de repressão sobre os movimentos de oposição, além
de ter gerado uma maior concentração de renda, agravando a questão social,
produzindo mais fome e miséria. Os "anos de chumbo" da ditadura
ocorreram após o AI5 (Ato Institucional número 5), no final do governo Costa e
Silva (1968), estendendo-se por todo governo Médici (1969-1974).
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