domingo, 15 de novembro de 2009

O movimento negro no Brasil

O MOVIMENTO NEGRO NO BRASIL


manifestação popular no dia da Consciência Negra





No século XX, dando continuidade a uma longa trajetória de lutas, o movimento negro brasileiro se fundamentou de forma coletiva para enfrentar preconceitos e discriminações e defender suas convicções. Um dos marcos significativos dessa luta foi a instituição, no ano de 1931, da Frente Negra Brasileira, que, posteriormente, foi colocada na ilegalidade pela ditadura do Estado Novo. Mais tarde, em 1944, surgiu o Teatro Experimental do Negro, dirigido por Abdias Nascimento.
Abdias Nascimento sendo homenageado pelo presidente Lula.
Essa entidade passou a editar o jornal Quilombo, cujo primeiro exemplar circulou em 8 de dezembro de 1948.
Em 1950, realizoou-se o I Congresso Negro Brasileiro. Esse movimento cresceu nos anos seguintes, ganhando destaque a formação da Associação Cultural do Negro (1954), em São Paulo.
O movimento enfraqueceu-se em 1964, para ter novo crescimento após 1975, ainda sob o regime militar, com a difusão de entidades negras como o Instituto Brasileiro de Estudos Africanistas, o Centro de Cultura e Arte Negra, o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras e muitos outros. Essas entidades tinham como inspiração os movimentos dos Estados Unidos pelos direitos civis e a independência de Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné-Bissau.
Em 1978, surgiu o Movimento Negro Unificado, que passou a coordenar em todo o país outras entidades que surgiam. A partir de 1982, com a posse dos primeiros governadores eleitos democraticamente, em alguns estados, a exemplo de São Paulo, foram criados Conselhos de Cultura e da Comunidade Negra, exemplo que foi seguido pelo governo federal em 1985.



fonte: CAMPOS, Flávio de et alli, Ritmos da História 9° ano, 3ª ed. São Paulo:Ed. Escala Educacional, 2009 (Coleção Ritmos da História) pp.268-9.
A seguir temos importantes canções para se trabalhar a questão do negro na História do Brasil. A primeira, "Vida de Negro" foi composta por Dorival Caymmi e fez parte da trilha sonora da novela "A escrava Isaura" que fez bastante sucesso no Brasil e posteriormente em dezenas de países mundo à fora. Apesar de essa novela ter mostrado a imagem do negro escravizado, na maioria das vezes, subserviente e passivo ante a imposição da escravidão e de colocar a abolição do trabalho escravo como uma benésse da Princesa Isabel e destacar apenas a participação de abolicionista brancos, é possível se traçar um paralelo com as releituras que se faz no presente sobre a processo histórico da resistência dos escravos ao longo da História do Brasil. O mais importante aqui é destacar o papel do negro em nossa história, os diversos movimentos de resistência empreendidos, a atuação das irmandades religiosas, os quilombos, o movimento abolicionista, as insurreições que contaram com expressiva participação dos negros, as lutas no pós-abolição, etc.



















Dorival Caymmi
Vida de Negro


Vida de negro é difícil, é difícil com quê
Vida de negro é difícil, é difícil com quê
Eu quero morrer de noite na tocaia me matar
Eu quero morrer de açoite se tu negra me deixar
Vida de negro é difícil, é difícil com quê
Vida de negro é difícil, é difícil com quê
Meu amor eu vou me embora nessa terra vou morrer
O dia não vou mais ver nunca mais eu vou viver
Vida de negro é difícil, é difícil com quê
Vida de negro é difícil, é difícil com quê
Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê
Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê








A segunda canção é mais recente, "Sou negrão" é um hino de evocação ao orgulho de ser negro, é um grande estímulo para a alma e auto-estima dos negros brasileiros, demonstrando os objetivos do negros no Brasil e reclamando um maior espaço para essa camada da população em todos os setores da sociedade brasileira. Ao longo da letra da música composta por Rappin' Hood são mencionados os nomes de grandes personalidades negras do Brasil e do exterior, que se destacaram por lutar pelos seus objetivos e pelos interesses de seus irmãos como um todo e que conseguiram alcançar suas metas, provando assim o valor de sua gente, servindo de exemplo para iniciativas similares.
















Sou Negrão
Rappin Hood


Subi o morro pra cantar (o rap ahh, o rap ahh)
Que é pra malando se ligar (o rap ahh, o rap ahh)
Que malandragem é trabalhar (o rap ahh, o rap ahh)
E a pivetada estudar
Não tenho toda malandragem de Bezerra da Silva
Nem o canto refinado de Paulinho da Viola
Sou só mais um neguinho pelas ruas da vida
Que quer se divertir, fazer um som e jogar bola
Rappin Hood sou, hã, sujeito homem
Se eu tô com o microfone é tudo no meu nome
Sou Possemente Zulu, se liga no som
Sou negrão, certo sangue bom
20 de novembro temos que repensar
A liberdade do negro, tanto teve de lutar
O negro não é marginal, não é perigo
Negro ser humano, só quer ter amigo
Na antiga era o funk, agora é o rap
Vem puxando o movimento com o negro de talento
O negro é bonito quando está sorrindo
Como versou Jorge Ben, o negro é lindo
E é por causa disso tudo que estamos aqui
Se falam mal do negro, eu não tô nem a
Pois já briguei muito, já falei demais
Mas o que o negro quer agora realmente é a paz
Andar na rua no maior sossego
Constituir família, ter o seu emprego
Como Grande Othelo, João do Pulo, BB King e o Blues
Raul de Souza, Milles Davis, improviso no jazz
Pixinguinha e Cartola, velha guarda do samba
Luiz Melodia e Milton Nascimento, dois bambas
Vieram os metralhas como rap abolição
Falando do negro e de sua opinião
Pois, muitos negros já percorreram a trilha do sucesso
Jackson do Pandeiro, Candeia e Aniceto
Kizomba, Festa da Raça com Martinho e a Vila
No ano do centenário, grande maravilha
E a rainha do samba, Clementina de Jesus
Que já partiu pra melhor mas Quelé divina luz
E no futebol, temos rei Pelé
Garrincha de pernas tortas num perfeito balé
Sou negrão, hei
Sou negrão, hou
Luiz Gonzaga era preto, era o rei do baião
Jair Rodrigues disparou no festival da canção
Dener com a bola, mais que um dom
Preto quer trabalhar, não quer meter um oitão
Futuro, presente, passado, realmente jogados
Fizemos a história, perdemos a memória
Temos nosso valor, temos nosso valor
Bob Marley, paz e amor
Diamante negro do gol de bicicleta
Leônidas da Silva, craque da época
O Malcom X daqui, Zumbi temos que exaltar
Em Palmares teve muito que lutar
Martin Luther King com a sua teoria
Estados Unidos o movimento explodia
Apartheid, um por todos e todos por um
Nelson Mandela sem problema nenhum
Sou Negrão, hei
Sou Negrão, hou
Ivo Meirelles, Jamelão e aí Mangueira
Luta marcial, jogar capoeira
Negra mulher, preta Dandara
Leci Brandão, Jovelina, Ivone Lara
Cabelo rasta, dança afoxé
Anastácia e Benedita, muito axé
Djavan e o seu som genial
O rei do balanço, mestre James Brown
Também falando de maninhos que não aceitam revide
Aqui vai o meu alô pra Dj Hum e Thaíde
E a reunião da grande massa black
Acontece aqui, nos versos do samba-rap
Na intenção de ver um dia o negro sorrindo
Gilberto Gil, Tim Maia, os símbolos
Não esquecendo de falar de Sandra de Sá
Com os seus olhos coloridos fez a massa balançar
Sou negrão, hei
Sou negrão, hou
DMN decretou o que todos têm medo
É 4P, poder para o povo preto
Não o poder do dinheiro, não a corrupção
Sim o poder do som, Revolusom
Como um solo de Hendrix faz você viajar
Coisa de preto mano, pode chegar
Brother vem dançar porque a dança começou
Vindo do Fundo de Quital
Mente Zulu chegou e ese é o recado que acabamos de mandar
Pra toda raça negra escutar e agitar
Portanto honre sua raça, honre sua cor
Não tenha medo de falar, fale com muito amor
Sou negrão, hei
Sou negrão,

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