segunda-feira, 17 de agosto de 2009

HISTÓRIA NA MÍDIA

Documentos mostram esforço de Nixon para conseguir o apoio do Brasil em golpe contra Allende
Publicada em 17/08/2009 às 17h40m

The New York Times
General Emílio Garrastazu Médice, ex-presidente do Brasil (1969-1974)
Richard Nixon, ex-presidente dos EUA.
Salvador Allende, ex-presidente constitucional do Chile.
General Augusto Pinochet, militar golpista no Chile em 1973
RIO - O ex-presidente americano Richard Nixon conversou com o ex-presidente do Brasil Gen. Emilio Médici sobre um esforço de cooperação para derrubar o governo de Salvador Allende no Chile, de acordo com documentos secretos recentemente divulgados que revelam uma profunda colaboração entre EUA e Brasil para derrubar os governos de esquerda na América Latina durante a Guerra Fria.
Os documentos, publicados no domingo pelo Arquivo de Segurança Nacional americano, em Washington, mostram que os além de Allende, o governo de Fidel Castro e outros na região eram assunto de conversa.
Em uma reunião no Salão Oval da Casa Branca em 9 de dezembro de 1971, Nixon disse estar disposto a oferecer ao Brasil a assistência, monetária ou não, que fosse precisa para varrer da América do Sul os governos de esquerda, revela o memorando.
- Mesmo com o que já se sabe sobre a extenso contato entre os EUA e aliados latino americanos no contexto da Guerra Fria, esses documentos revelam um nível maior de colaboração do que se acreditava. Eles indicam que Washington recorria a distâncias extremas para combater o que era visto como o aumento da ameaça Comunista em seu jardim - disse Michael Shifter, vice-presidente da Inter-American Dialog, um grupo de pesquisa sobre a América Latina em Washington.
O governo Nixon era abertamente hostil a Allende, e documentos divulgados anteriormente mostraram que a mesma administração financiou esforços para desestabilizar o governo chileno, além de apoiar o golpe que o destituiu em 1973.
Os documentos não revelam, no entanto, se o Brasil de fato desempenhou papel importante no golpe contra o presidente chileno.
Na reunião do Salão Oval, Nixon perguntou a Médici se o Exército chileno seria capaz de derrubar Allende. "O presidente Médici respondeu que eles eram (capazes), acrescentando que o Brasil estava trocando oficiais com os chilenos e deixando claro que o Brasil estava trabalhando para este fim", diz o memorando.
Nixon ofereceu apoio aos esforços brasileiros, dizendo que "se fosse necessário dinheiro ou outra ajuda discreta, nós podemos ser capazes de tornar isso possível".
Peter Kornbluh, diretor dos projetos de Chile e Brasil no Arquivo de Segurança Nacional, disse que os documentos revelaram um "capítulo oculto de intervenção colaborativa". E pediu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva torne público o arquivo militar brasileiro.
- A história completa da intervenção na América do Sul nos anos 70 não pode ser contada sem o Brasil abrir um passado escuro que ainda não foi conhecido - disse Kornbluh.
O relatório de 1971 revela também que os dois líderes falaram sobre uma intervenção em Cuba. General Médici perguntou se os EUA deveria apoiar os exilados cubanos que "poderiam derrubar o regime de Fidel". O presidente americano disse sim, "contanto que não os levássemos a fazer algo que não pudéssemos dar apoio, e que a nossa mão não aparecesse".
Um outro documento, uma estimativa da CIA, a agência de inteligência americana, previu um maior papel para o Brasil na América Latina. "É pouco provável que o Brasil intervenha abertamente nas questões internas de seus vizinhos", diz o memorando.
Mas depois que a conversa entre Nixon e Médici chegou aos ouvidos do Exército brasileiro, um documento da CIA sugere que nem todos os militares estavam felizes com o acordo.
O General Vicente Coutinho, comandante do Exército brasileiro, disse que os EUA queriam que o Brasil "fizesse o trabalho sujo".








Fonte: Site http://www.oglobo.com.br/ acesso em 17/08/2009

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