sábado, 21 de maio de 2011

Sociedade e vida cotidiana na América Portuguesa


CNDL – Colégio Notre Dame de Lourdes

Primeiro Ano – Segundo Bimestre

Coleção Pitágoras

Capítulo 5

Sociedade e vida cotidiana na América Portuguesa

Problematização do tema





A sociedade da América Portuguesa foi muito complexa. Os modos de viver, de morar, de festejar e de expressar a religiosidade foram muito diversos. Esta tele aula procura mostrar o caráter heterogêneo da sociedade da América Portuguesa e o hibridismo que a caracterizou. Foi, por excelência uma sociedade mestiça, fruto das três diferentes culturas que a formaram.


1. Como pode ser caracterizada a sociedade da América Portuguesa?
A sociedade colonial foi, por excelência, muito complexa e híbrida, um resultado da mistura dos hábitos e dos costumes dos nativos, dos africanos e dos portugueses.

2. O que os estudos da História Cultural trazem de novo para a análise da sociedade colonial?
Os estudos da História Cultural trouxeram à tona dois temas cruciais para o entendimento da dinâmica e da sociedade colonial: o papel das mulheres e o do controle da sexualidade pela Igreja como forma de controle social.
3. Como enquadrar as mulheres na sociedade da América Portuguesa?

Muito embora se tenha destinado um papel submisso para elas e pouco espaço para sua ação, não foi bem isso que aconteceu. Como afirma a historiadora Mary del Priore, "as mulheres souberam estabelecer formas de sociabilidade e de solidariedade que funcionavam em diversas ocasiões, como uma rede de conexões capazes de reforças seu poder individual ou de grupo, pessoal ou comunitário".

4. Qual foi o papel cumprido pela Igreja na colônia?
A Igreja Católica tratou de normatizar a vida na América Portuguesa por meio dos preceito do Concílio de Trento, condenando aquilo que pode ser chamado de sexualidade ilícita, ou seja, uma vida sexual voltada para o prazer, atos sodomitas, adultério, concubinato entre outros delitos da carne.
Confira um resumo sobre o que vai estudar ao longo do capítulo


Esse capítulo procura mostrar a heterogeneidade da sociedade da América Portuguesa e o hibridismo que a caracterizou. Foi, por excelência, uma sociedade mestiça, fruto das três diferentes culturas que a formaram. Cabe ressaltar, com já se fez na Problematização do Tema, que quando se fala em cultura africana, está se pensando nas diferentes culturas de diferentes grupos, vindos de diversas partes da África, assim como nossos diferentes grupos indígenas também possuíam culturas diferentes. Procurou-se, nesse capítulo, apresentar, em primeiro lugar, as formas de morar e de viver no nordeste açucareiro. Na seção Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas há um documento sobre o que é ser um senhor de engenho no Brasil, da lavra do jesuíta Antonil, que o considera como se fora um fidalgo do Reino, e um texto de Mary del Priore que mostra a vida difícil e sem brilho do senhor de engenho no Nordeste açucareiro, numa perspectiva inovadora.
A seção O tema em foco apresenta um texto de Stuart Schwartz sobre a heterogeneidade da elite baiana, muito além da mera presença de senhores de engenhos. Este é um texto que quebra a velha bipolaridade pretensamente existente na área açucareira entre o senhor de engenho X escravo.
O capítulo trata a seguir da sociedade na região mineradora, especialmente as formas de viver. Na seção Análise e interpretaçao: versões, opiniões e fontes diversas trata-se das mulheres na sociedade mineradora e é apresentado um documento do Conde de Galvêas que mostra a coerção sobre as mulheres do Distrito Diamantino. Na seção O tema em foco, examina-se um trecho do verbete de marco Antônio Silveira sobre a sociedade mineradora no qual ele analisa os três aspectos fundamentais que determinam sua feição. No capítulo, trata-se, a seguir, de examinar a intromissão da Igreja, pela via do Santo Ofício, na vida das pessoas, por meio do controle da sexualidade e da imposição dos sacramentos do casamento e da confissão, como determinado no Concílio de Trento.
Na Seção Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas são apresentados dois textos para que os alunos cheguem a conclusão de como a Igreja Católica via e tratava a sexualidade dos colonos na América Portuguesa. Já na seção O tema em foco, pede-se uma pesquisa sobre o barroco mineiro (arquitetura, especialmente a religiosa, pintura, música). Na seção Construindo habilidades e competências, seguindo recomendação do MEC contra a homofobia nas escolas, sugere-se que seja convidado um especialista pra falar sobre a homossexualidade masculina e feminina e previamente elaborado, em grupo, um roteiro de perguntas e dúvidas para ser submentido ao palestrante.

A sociedade açucareira

O jesuíta Antonil afirmava, em 1711, que o “ser senhor de engenho é título a que muito aspiram, porque traz consigo o ser servido, obedecido de muitos”. O jesuíta trata ainda da dependência que tem os lavradores dos senhores de engenho, do seu enriquecimento, crescimento da soberba e desprezo pela gente mais pobre. Embora o jesuíta tenha sido uma testemunha da sociedade açucareira, estudos recentes têm mostrado que a vida no engenho não era fácil.
O senhor e sua família alimentavam-se muito mal, abusavam dos doces, sofriam de inúmeras doenças. Os senhores, em geral, em razão da vida promiscua que levavam, tinham sífilis, enfermidade que lhes enchia o corpo de chagas. Os senhores deviam manter a ordem nos engenhos, controlando a escravaria e impedindo que colocassem em prática as suas várias formas de resistência, como revoltas, criação de quilombos, escapadelas e outras mais. Além disso, precisavam evitar serem vítimas de seus escravos que, não raras vezes, assassinavam, mutilavam e estupravam senhores, seus familiares e feitores.
Assim, a ideia de uma sociedade ordeira, estável e faustosa nas áreas açucareiras é hoje colocada em xeque pelos recentes estudos históricos sobre o tema.

Formas de morar

O senhor de engenho morava com sua família e seus escravos domésticos na chamada casa-grande. Eram, em geral construção de dois pavimentos, avarandadas, com numerosos quartos, ampla sala e uma imensa cozinha. Apesar da imponência das casas-grandes, seu imobiliários era bastante simples, confeccionado pelos próprios escravos nas oficinas da propriedade. Os utensílios mais sofisticados eram importados da Europa. Toda casa-grande tinha sua capela, com seu santo de devoção que, muitas vezes, dava seu nome à propriedade. Cada unidade açucareira tinha seu capelão, que cuidava da vida espiritual de seus moradores.

Nos engenhos, os colonos moravam em mocambos, casas pequenas e desconfortáveis. Já os escravos dormiam em senzalas, cuja construção era uma reprodução das moradias africanas. Era assim que os negros viviam nas suas regiões na África.


Vida familiar


O senhor de engenho era o centro da família e dele esperava-se dar-se ao respeito, fazer valer sua autoridade e agir nas ocasiões necessárias. Sob seu comando estavam os filhos, bastardos, parentes pobres, afilhados, agregados e escravos. As esposas dos senhores dedicavam-se ao trabalho doméstico – costura, bordado, quitandas – e às práticas religiosas. Contudo, na ausência de seus maridos, eram elas que assumiam as responsabilidades do bom funcionamento do engenho.
Na sociedade nordestina, apenas o filho mais velho tinha o direito à herança. Todas as propriedades lhe eram transmitidas. Esse costume tinha o objetivo de manter as propriedades íntegras, sem dividi-las. As propriedades eram repassadas de geração para geração, sempre por meio do filho mais velho.
Os demais filhos eram encaminhados pelo pai ou à vida religiosa (mesmo que não tivesse vocação) ou à Europa, onde se dedicavam ao estudo do Direito ou da Medicina.

Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas


Leia os texto a seguir.




[...] O ser senhor de engenho é título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos. E se for, qual deve ser, homem de cabedal e governo, bem se pode estimar no Brasil o ser senhor de engenho, quando proporcionalmente se estimam os títulos entre os fidalgos do Reino.
ANTONIL. Cultura e opulência do Brasil, 1711.
[...] Vivia, contudo, essa gente [os senhores de engenho] uma vida difícil. Alimentavam-se mal, comendo dura carne de boi. Só uma vez ou outra, frutos poucos e bichados. Raros os legumes. A falta da boa comida de sal era compensada pelos excessos de doce: goiabadas, marmeladas, doces de caju e mel de engenho, alfenins e cocadas, arredondando senhores e iaiás, mucamas e mães-pretas. Quando da passagem de um padre da Companhia de Jesus, abria-se, com esforço, as despensas e matavam-se os animais de criação: patos, leitões e cabritos [...] A abundância registrada em alguns engenhos não era a norma. Os que se davam ao luxo de mandar vir alimentos do Reino consumiam víveres mal conservados [...] O senhor de engenho sofria doenças de estômago, atribuída por doutores da época não à precária alimentação, mas aos “maus ares” do trópico. A saúva, as enchentes ou a seca dificultavam ainda mais o suprimento de víveres frescos. A sífilis marcava-lhes o corpo, deixando-o vincado com as suas chagas. Era ridicularizado o jovem que não passasse por precoce iniciação sexual cujas marcas não eram exibidas, segundo o viajante Martius, em 1817, como uma ferida de guerra.

Assediado pelo fantasma da fragilidade física, o senhor de engenho era ainda açodado por ataques de índios. No primeiro século de instalação na América Portuguesa, o “gentio” levantava-se, queimando e destruindo engenhos e roças, volta e meia matando homens e gado, tomando à casa grande água e mantimentos. Houve guerras que duraram de sete a oito anos. Outra ameaça física eram os piratas e corsários franceses ou holandeses. Esses tinham o hábito de subir os rios, à beira dos quais encontravam-se instalados os engenhos. “a fim de fazer aguada para suas tropas”. Aproveitavam a oportunidade para assaltos e saques dos quais nasciam “porfiadas brigas”, muitas delas com mortos e feridos. Cabia, portanto, aos senhores de engenho armar e aparelhar lanchas do Recôncavo para a defesa militar e marítima da cidade.
Ás ameaças vindas de fora, somavam-se as internas. Senhores de engenho tinham de controlar, vigiar e punir desde ameaças de fuga a rebeliões escravas, de escapadelas de fim de semana á instalação de quilombos. Maus tratos físicos ou morais, arbitrariedades do capataz ou do próprio senhor, mudanças de laços afetivos e familiares ou de dono, enfim, toda quebra de acordos, costumes e compromissos anteriormente acertados incentivava defecções.
Senhores e escravos moviam-se num mundo feito de “negociação e conflito”, de coerção e consenso. O equilíbrio era, contudo, delicado.

PRIORE, Mary del. Deus ou dabo nas terras do açúcar: o senhor de engenho na América Portuguesa. In:-; Revisão do Paraíso. Os brasileiros e o Estado em 500 anos de História. Rio de Janeiro: Campus, 2000. p. 20-21.



1. As informações do texto de Mary del Priore sustentam, ou não, a posição do jesuíta Antonil sobre “o ser senhor de engenho”? Justifique sua resposta.
Sustentam, em parte. Contudo, enquanto Antonil vê o senhor de engenho com um grande poder, Mary del Priore, além de mostrar a vida cotidiana difícil desses senhores, aponta também para o delicado equilíbrio em que viviam os atores sociais do engenho.

Confira as características da sociedade do açúcar no período colonial brasileiro




O professor de História, Ricardo Carvalho faz nesta aula uma abordagem da sociedade colonial brasileira.


A sociedade mineradora

A violência nas áreas mineradoras atingiu níveis muito elevados. Assassinatos, roubos, raptos, estupros e infanticídios eram constantes. Bandos de salteadores e quilombolas ameaçavam constantemente a população que vivia se queixando às autoridades dos perigos a que estava exposta. Em Mato Grosso e em Goiás, além dos bandoleiros, os colonos se viam às voltas com ataques de índios bravios que destruíam seus arraias e dizimavam suas populações.
Além dos salteadores, quilombolas, ataques indígenas, a sociedade mineradora, bastante heterogênea e urbanizada, enfrentava conflitos diários entre negros e brancos, ricos e pobres, homens e mulheres.
A imagem de Rugendas apresenta um espaço, por excelência, da desordem – as matas e os sertões por onde passavam os caminhos que se dirigiam para as minas e onde se escondiam malfeitores e quilombolas.




Formas de viver


No início da ocupação das áreas de mineração, a principal forma de moradia era o rancho, construção extremamente simples, que servia mais como um lugar de descanso dos viajantes e seus animais e dos mineradores. Para erguê-lo, usavam-se materiais toscos como a madeira, o barro, o sapé e o cipó de embira para aramação. Eram formados por um único cômodo, com uma trempe para cozinhar, e um catre ou girau para descanso.
Na região mineradora não havia muita distinção entre áreas urbanas e áreas rurais, já que construções tipicamente rurais estiveram presentes nas áreas urbanas. Contudo, é possível apontar três diferentes tipos de propriedades rurais naquela região: engenhos, fazendas e sítios.
Nas áreas mais urbanas, com o passar do tempo, os ranchos foram sendo substituídos por casas térreas ou sobrados, estes últimos residências de dois andares mais bem elaboradas, habitadas por pessoas de posses.
No sobrado, apenas o andar superior era utilizado pelos seus moradores. O térreo era usado como senzala, depósito ou abrigo de animais. Podia també ser usado como venda, hábito que fora importado de Portugal. Ainda nos espaços urbanos era comum a existência de chácaras - com feições bastante rurais. Essas chácaras possuíam casas maiores com enormes varandas. Nelas, criavam-se animais e cultivavam-se hortas e pomares. Já a população mais pobre das vilas e dos arraiais morava em casas térreas, muitas vezes feitas de pau-a-pique.
As construções mais sofisticadas eram as religiosas, principalmente no seu interior. Muitas casas tinham seus oratórios dos santos de invocação, peças trabalhadas em madeira e ornadas com ouro em pós e cores vivas.


O tema em foco



Leia o texto.



Em princípios do século XVIII, a elite baiana torna-se um grupo mais heterogêneo; embora ainda predominassem os senhores de engenho, outros setores da economia e outras profissões propiciavam a ascensão social.
Os comerciantes de Salvador haviam sido importantes nas esferas econômica e social já no século XVI, mas por volta de 1700 seu status e influência política eram inegáveis. Conquanto alguns se casassem com membros de famílias de senhores de engenho ou entrassem para a classe destes últimos através da compra de engenhos, outros tornaram-se preeminentes sem associar-se ao setor açucareiro. Havia também os grandes latifundiários do sertão, que desbravaram o interior e receberam imensas sesmarias, de milhares de léguas, em recompensa por seus serviços. Homens com Garcia d’Ávila, estabelecido ao norte de Salvador, e João Peixoto Viegas, com terras ao longo das margens do rio Paraguaçu, desenvolveram grandes propriedades que, em fins do século XVII, constituíram-se em impérios pecuarista ou, no caso de Peixoto Viegas, também em fazendas de fumo. Embora a tendência fosse de, com o tempo, essas famílias fundirem-se com a elite açucareira do Recôncavo, suas origens eram distintas das desta última. Além disso, juntaram-se às elites magistrados da Coroa e oficiais militares, a cujas ocupações normalmente se atribuíram grande prestígio e insígnias de nobreza, além de serem consideradas altamente honrosas.
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos. Escravos e engenhos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. p. 227-228.



2. A sociedade açucareira baiana foi muito mais complexa do que a mera presença de senhores de engenho. A partir das informações do texto, explique a heterogeneidade da elite baiana.
A elite baiana era constituída, além dos senhores de engenho, de grandes pecuaristas, proprietários de grandes fazendas de fumo, magistrados da Coroa e oficiais militares.





Confira uma canção de Roberto Ribeiro que fez sucesso no final da década de 1970, cujo video foi ambientado num cenário típico de uma cidade colonial brasileira



Saiba mais sobre a sexualidade na América Portuguesa

Veja a teleaula do professor Edenilson Morais, neste video são abordadas as manifestações da sexualiadade no período colonial brasileiro e maneira pela qual a Igreja Católica tentou diminuir o apetite sexual dos colonos e estabelecer um controle social na América Portuguesa.



De olho no vestibular






Q1. (UFF) " As festas e as procissões religiosas contavam entre os grandes divertimentos da população, o que se harmoniza perfeitamente com o extremo apreço pelo aspecto externo do culto e da religião que, entre nós, sempre se manifestou (...). O que está sendo festejado é antes o êxito da empresa aurífera, do que o Santíssimo Sacramento. A festa tem uma enorme virtude congraçadora, orientando a sociedade para o evento e fazendo esquecer da sua faina cotidiana.(...). A festa seria como o rito, um momento especial construído pela sociedade, situação surgida "sob a égide e o controle do sistema social" e por ele programada. A mensagem social de riqueza e opulência para todos ganharia, com a festa, enorme clareza e força. Mas a mensagem viria como cifrada: o barroco se utiliza da ilusão e do paradoxo, e assim o luxo era ostentação pura, o fausto era falso, a riqueza começava a ser pobreza, o apogeu decadência" (Adaptado de SOUZA, Laura de Mello e. "Desclassificados do Ouro". Rio de Janeiro, Graal, 1990, pp. 20-23) Segundo a autora do texto, a sociedade nascida da atividade mineradora, no Brasil do século XVIII, teria sido marcada por um "fausto falso" porque:



a) a mineração, por ter atraído um enorme contingente populacional para a região das Gerais, provocou uma crise constante de subalimentação, que dizimava somente os escravos, a mão-de-obra central desta atividade, o que era compensado pela realização constante de festas;
b) o conjunto das atividades de extração aurífera e de diamantes era volátil, dando àquela sociedade uma aparência opulenta, porém tão fugaz quanto a exploração das jazidas que rapidamente se esgotavam;
c) existia um profundo contraste entre os que monopolizavam a grande exploração de ouro e diamantes e a grande maioria da população livre, que vivia em estado de penúria total, enfrentando, inclusive, a fome, devido à alta concentração populacional na região;
d) a riqueza era a tônica dessa sociedade, sendo distribuída por todos os que nela trabalhavam, livres e escravos, o que tinha como contrapartida a promoção de luxuosas cerimônias religiosas, ainda que fosse falso o poderio da Igreja nesta região;
e) a luxuosa arquitetura barroca era uma forma de convencer a todos aqueles que buscavam viver da exploração das jazidas que o enriquecimento era fácil e a ascensão social aberta a todas as camadas daquela sociedade.
resposta: [C]



Q2. (UFU) “Se a transformação de índio em escravo exigiu ajustamentos por parte da camada senhorial, também pressupunha um processo de mudança por parte dos índios. Este processo desenrolou-se ao longo do século XVII, contribuindo para a evolução das bases precárias sobre as quais se assentava o regime de administração particular. Um dos elementos centrais deste processo foi a religião que, em certo sentido, servia de meio para se impor uma distância definitiva entre escravos índios e a sociedade primitiva da qual foram bruscamente separados".
MONTEIRO, John Manuel. "Negros da Terra:" Índios e Bandeirantes nas Origens de São Paulo: São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p.159.



Considerando o e-mail apresentado, assinale a alternativa correta.



a) A conversão religiosa do índio ao cristianismo era uma estratégia central para a desarticulação de seus laços culturais originais e sua inserção, como escravo, na sociedade colonial.
b) A conversão do índio ao cristianismo não visava ter um efeito qualquer sobre os comportamentos e hábitos culturais indígenas, servindo apenas como justificativa para a escravidão.
c) A camada senhorial de São Paulo não se alterou diante da herança cultural indígena, impondo aos índios, pela força das armas, sua cultura e sua religião.
d) A religião cristã dificultou a inserção do índio como escravo na sociedade colonial, pois os missionários jesuítas opuseram-se veementemente à escravidão indígena.
resposta:[A]



Q3. (UNIFESP) Estima-se que, no fim do período colonial, cerca de 42% da população negra ou mulata era constituída por africanos ou afro-brasileiros livres ou libertos. Sobre esse expressivo contingente, é correto afirmar que



a) era o responsável pela criação de gado e pela indústria do couro destinada à exportação. b) vivia, em sua maior parte, em quilombos, que tanto marcaram a paisagem social da época. c) possuía todos os direitos, inclusive o de participar das Câmaras e das irmandades leigas. d) tinha uma situação ambígua, pois não estava livre de recair, arbitrariamente, na escravidão. e) formava a mão-de-obra livre assalariada nas pequenas propriedades que abasteciam as cidades.

resposta:[D]



Q4. (UFPEL) “Não queremos dar a nossa terra aos brancos porque os brancos já têm muita terra”, diz Davi Kopenawa. "Nós somos os que a protegemos, as pessoas da cidade abatem árvores. O homem branco ama o dinheiro, o avião, o carro. Nós pensamos diferente." Kopenawa está de visita pela Europa para defender a causa do seu povo, os yanomamis. Luta para que no Brasil não haja revoltas como as que aconteceram no Peru. Os yanomamis querem preservar o seu modo de vida: caçam com arco e flecha, pescam com uma liana que atordoa os peixes, cultivam na selva. São nômades: a cada dois ou três anos, quando a terra se esgota, mudam-se [...]
CERDEIRA, Sônia. Reportagem publicada no jornal El Pais, do dia 21/06/2009



Sobre a questão das terras indígenas na América do Sul, considere as seguintes afirmações:



I) Os yanomamis estão preocupados com que não aconteçam no Brasil conflitos violentos como os que aconteceram em 2009, no Peru, entre brancos e indígenas.
II) A situação da ocupação das terras indígenas vem sendo um problema, desde o período colonial até os nossos dias.
III) As recentes decisões de tribunais brasileiros, de determinar demarcações contínuas das áreas indígenas, colaboram com a integridade física e cultural de povos ameríndios.



Está(ão) correta(s)
a) somente a I e a II.
b) somente a II e a III.
c) somente a I e a III.
d) somente a II. e) todas as afirmações.



resposta: [A]



Q5. (UFMG) "Congregando segmentos variados da população pobre ou dirigindo-se às áreas de mineração, onde se concentravam enormes contingentes de escravos, as vendeiras e negras de tabuleiro seriam constantemente acusadas de responsabilidade direta no desvio de jornais, contrabando de ouro e diamantes, prática de prostituição e ligação com os quilombos." FIGUEIREDO, Luciano. "O avesso da memória": cotidiano e trabalho da mulher em Minas Gerais no século XVIII. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993. A partir da leitura e análise desse trecho, é CORRETO afirmar que a escravidão nas Minas Gerais se caracterizava por


a) um perfil rural e patriarcal, o que fazia com que as cativas e as forras ficassem reclusas, em casa, sob controle masculino. b) uma comunidade igualitária, o que se expressava na liberdade com que os negros circulavam pelas ruas.

c) uma grande diversidade de formas de exploração do trabalho escravo, situação característica de um contexto mais urbano.
d) uma relativa flexibilidade, o que se expressava no livre trânsito dos comerciantes entre as cidades e os quilombos.



resposta:[C]



Q6. (UEMG) Segundo a historiadora Adriana Romeiro, em artigo publicado na revista Nossa História, “a imagem do caos – tão típica dos relatos dessa época – estava também associada à fluidez geográfica dos povoados, que se moviam de um lado para o outro, ao sabor das novas descobertas e do esgotamento das velhas lavras. O jesuíta italiano Antonil. Forjou uma bela expressão para descrever o movimento incessante dos arraiais: ‘Freguesias móveis de um lugar para outro como os filhos de Israel no deserto’.”
Nossa História, outubro de 2006, p. 13-14.

No trecho citado, a historiadora refere-se
a) à característica itinerante que a pecuária adquiriu à época do Brasil colonial.
b) ao temor que os bandeirantes paulistas espalharam pelo sertão, em busca de ouro.
c) ao quadro conturbado que a descoberta do ouro desenhou na região das Minas.
d) à insegurança que a decadência da atividade mineradora trouxe para a população colonial.

Resposta: [D]

3 comentários:

  1. Olá
    Tudo bem?
    Eu sou Mauro, responsável pelo blog www.fatoscuriososdahistoria.blogspot.com.
    Com o objetivo de divulgar e compartilhar conhecimentos e ao mesmo tempo nossos trabalhos, lhe convido, se for de seu interesse, para publicar seus posts de seu blog/site no blog que mantenho. Obviamente todos os créditos do seu post serão devidamente divulgados.
    Se interessar, poderá entrar em contato comigo e enviar seus posts para mauroluizaragao@gmail.com.
    No aguardo
    Mauro

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