domingo, 8 de maio de 2011

Saiba mais sobre sociedade, cultura e cotidiano no Brasil Imperial

CNDL - Colégio Notre Dame de Lourdes
Segundo Ano - História do Brasil
Segundo Bimestre - Capítulo 4
Sociedade, cultura e cotidiano no Brasil Imperial


DEBRET, Jean Baptiste. Jantar no Brasil. 1835/1839. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. Paris.





Problematização do tema

A chegada da Corte portuguesa ao Brasil foi responsável por várias mudanças econômicas e políticas, mas gerou, também, situações complicadas para os habitantes da cidade do Rio de Janeiro. A cidade não tinha condições, àquela altura, de comportar todos aqueles que chegavam de Portugal. Era ainda um centro urbano com características coloniais, assim como a maioria das cidades brasileiras, com ruelas estreitas, freqüentadas por negros de ganho, muita sujeira e pouco conforto para os que lá viviam e para os que lá se dirigiam. Não havia remoção de lixo, sistema de esgoto ou qualquer outra noção de higiene pública.
O Príncipe Regente instalou-se, com pompa e circunstância, na Casa dos Governadores, cedida pelo então vice-rei, D. Marcos de Noronha. Os nobres foram instalados no prédio da Cadeia e no Convento do Carmo. Entretanto, esses prédios eram claramente insuficientes para abrigar toda a comitiva de D. João que, então, ordenou que as melhores residências da cidade fossem desapropriadas para acolher os portugueses.
Era comum os sobrados, localizados no centro da cidade, amanhecerem com um aviso com as iniciais P.R.
(Príncipe Regente) preso à porta, o que significava que a moradia havia sido desapropriada para abrigar membros da comitiva de D. João. Por isso a sigla P.R. ficou conhecida entre os moradores do Rio de Janeiro como “Ponha-se na Rua”.

Leia, a seguir, sobre as medidas tomadas pelo desembargador Petra com a chegada de D. João ao Rio de Janeiro.

Os fidalgos que as instalações do Paço não puderam acolher ocuparam casas diversas, cujos proprietários e inquilinos foram coagidos a abandonar em virtude de uma velha lei das aposentadorias. Esta lei concedia ao rei o direito de requisitar qualquer residência para uso de um súdito seu [...]
Um dia, estava o desembargador Petra a meditar no sofrimento do povo, quando lhe entrou pela sala um fidalgo que o visitava pela quarta vez [...]
O desembargador Petra fez chamar sua senhora à sala, e apenas a viu chegar, disse-lhe:
- Apronte-se Sra. D. Joaquina, estamos em vésperas de separar-nos: este nobre fidalgo já me pediu a casa, depois mobília, agora criado; amanhã, provavelmente há de querer que eu lhe dê mulher, e como não tenho outra senão a senhora, e não há remédio senão servi-lo, apronte-se D. Joaquina, apronte-se!
O fidalgo saiu furioso e foi direto ao Príncipe Regente queixar-se da zombaria de que fora objeto; mas o desembargador Petra, interrogado pelo Príncipe, tais coisas disse as violências cessaram e o sistema de aposentadorias foi mais suavemente executado.


FERREZ, Gilberto. O Paço da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fundação Nacional Pró-Memória, 1984.

Gradativamente, a situação no Rio de Janeiro começou a se acomodar e a presença da Corte contribuiu para a difusão de hábitos mais sofisticados entre os membros da elite da cidade, ainda que esses novos hábitos convivessem com a pobreza, a desordem e a criminalidade.
Com o passar do tempo, a sociedade brasileira começou a se transformar. O crescimento da economia cafeeira e o surto industrial (1850-1880) mudaram o cenário do país, particularmente na Região Sudeste. Cidades cresciam, outras surgiam. Progressos urbanos se avolumaram: bondes, iluminação a gás, praças, chafarizes, hotéis, teatros, bibliotecas, confeitarias, lojas em estilo parisiense, etc.
As ferrovias diminuíram as distâncias e aumentavam o intercâmbio de mercadorias e ideias. A sociedade tornava-se mais heterogênea. Nos centros urbanos, surgiam novos bairros, novas moradias (palacetes e cortiços), as atividades profissionais se multiplicavam (operários, condutores de bondes, ourives, relojoeiros, tipógrafos, caixeiros, pedreiros, serralheiros, etc).




A classe média urbana se formava e tornava-se gradativamente mais complexa. Nas cidades, a população se diversificava: negros libertos, homens livres pobres, imigrantes, proprietários rurais e empresários de vários ramos.

Neste capítulo, você irá estudar as mudanças e permanências na sociedade, cultura e na vida cotidiana do Brasil entre 1808 e 1889.

Pense sobre o que acabou de ler e discuta:

1. Por que a cidade do Rio de Janeiro não estava preparada para receber a Corte Portuguesa, em 1808?

resposta: O Rio de Janeiro naquela época era ainda um centro urbano com características coloniais, assim como a maioria das cidades brasileiras, com ruelas estreitas, frequentadas por negros de ganho, muita sujeira e pouco conforto para os que para lá se dirigiam e para os que lá viviam.

2. Como se deu a acolhida dos nobres da comitiva de D. João?

resposta: D. João e sua família se intalaram na Casa dos Governadores. Os nobres foram instalados no prédio da Cadeia e no Convento do Carmo. Entretanto, esses prédios eram claramente insuficientes pra abrigar toda a comitiva de D. João que, então, ordenou que as melhores residências da cidade fossem desapropriadas para acolher os portugueses.

3. Quais as mudanças mais marcantes puderam ser observadas na região Sudeste?
resposta: A presença da Corte contribuiu para a difusão de hábitos mais sofisticados entre os da elite da cidade, ainda que esses novos hábitos convivessem com a pobreza, a desordem e a crimanilidade. As cidades cresceram e se modernizaram, os progressos urbanos se avolumaram, tais como os bondes, iluminação à gás, praças, chafarizes, hotéis, teatros, bibliotecas, confeitarias, lojas em estilo parisiense, etc.

4. Qual a importância do desenvolvimento das ferrovias?
resposta: As ferrovias diminuiram as distâncias e aumentaram a circulação de mercadorias e ideias.

5. Em que medida a estrutura populacional se tornava mais complexa no Brasil?
resposta: Nas cidades a população se diversificava: negros libertos, homens livres pobres, imigrantes, proprietários rurais e empresários de ramos variados.

Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas



Este capítulo apresenta as mudanças e permanências na sociedade, cultura e no cotidiano brasileiro, sobretudo no Rio de Janeiro, após a instalação da Corte Portuguesa, em 1808. Nessa medida, aborda as características da cidade do Rio de Janeiro antes da chegada da Corte; o cotidiano dessa cidade com a presença de D. João VI; as mudanças culturais com a importação de estilos literários, criação da imprensa, desenvolvimento do teatro, da música erudita e dos ritmos populares. Analisa-se, ainda no capítulo, o processo de urbanização do Brasil imperial, destacando-se também, as permanências coloniais das cidades do país.



O capítulo trata ainda, da desordem na corte, enfatizando os capoeiras, que amedrontaram a população carioca durante décadas e os jogos de azar, realizados nos chamados public houses , lugar da prostituição, da vadiagem, da desordem, combatida de forma tenaz pelas autoridades policiais da capital do império.



As atividades, além de buscar desenvolver habilidades cognitivas mais sofisticadas, tratam também de introduzir novas teses como. por exemplo, na seção "Análise e interpretação", relativa oa subtítulo "Mudanças culturais após a chegada da Corte Portuguesa", que examina a inovadora questão de que a Missão Artística Francesa não foi trazida ao Brasil por D. João. Nesse mesmo subtítulo, pede-se, na seção "O tema em foco", uma análise iconográfica do auto-retrato de Debret e solicita-se a leitura de um texto sobre os viajantes, que vieram para o Brasil após a chegada da Corte. Pede-se, ainda, a leitura de um texto de Luiz Felipe de Alencastro sobre a música no Império, onde predominou os ritmos afro-brasileiros.

No subtítulo "O desenvolvimento da urbanização", tratou-se, na seção "Análise e interpretação", das permanências coloniais nas cidades brasileiras, além da apresentação de quadros com números da população brasileira para serem analisados pelos alunos. Essas atividades acessam habilidades cognitivas operacionais, fugindo da mera evocação. Na seção "O tema em foco", um texto de Mário Maestri analisa os aspectos da urbanização e da arquitetura do Império, com ênfase nas mudanças nos conjuntos arquitetônicos.

No subtítulo "A desordem na Corte", trata-se de examinar, na seção Análise e interpretação, o verbete "capoeira". A seção "O tema em foco" aborda o jogo, outra forma de contravenção no Império, praticado nas chamadas public houses onde se generalizava a prostituição e o crime.
Na seção "Construindo habilidades e competências", apresenta-se um texto sobre o "marginal" da cidade do Rio de Janeiro, morador dos morros, que foi cantado em prosa e verso naquela época. Pede-se ao aluno que compare os malandros daquela época com os traficantes de hoje, também cantados pelo hip hop. Analisadas as músicas de ambas as épocas, os alunos deverão debater, em sala de aula, as mudanças no conceito de marginalidade.

Fonte: Rede Pitágoras - ANASTASIA, Carla Maria Junho, História: ensino médio, 2º ano, livro 1. 1ª ed. - Belo Horizonte: Editora Educacional, 2010. (Manual do Professor, pp. 29-30)





Confira um super resumo do capítulo Sociedade, Cultura e Cotidiano no Brasil Imperial






Leia o texto.


É difícil saber se a "missão artística" foi um plano estratégico da Corte de D. João ou uma espécie de afastamento compulsório de artista ligados a Napoleão. Parece ter existido uma convergência de interesses. De um lado, artistas formados pela Academia francesa inesperadamente desempregados.
De outro, uma monarquia estacionada na América e carente de representação oficial. Foi a partir da conjugação dessas situações que surgiu aquela que é hoje conhecida como a "Missão Francesa de 1816".
A versão oficial sustenta que em 1815 o governo encarregou D. Pedro José Joaquim Vito de Menezes Coutinho (c. 1775-1823) o marquês de Marialva, embaixador extraordinário de Portugal na França, de contratar diversos artistas reconhecidos em seu meio, a fim de criar uma escola para a formação artística e de trabalhadores industriais. Mas por que a Corte selecionaria justamente os franceses, ainda mais os ligados a Napoleão, responsável direto pela tranferência da família real para o Brasil? Mesmo que as relações entre os dois países fossem oficialmente amigáveis desde 1814, havia no mercado artistas italianos, paisagistas holandeses, retratistas ingleses e pintores portugueses e nacionais à disposição. Com certeza, trariam menos embaraços políticos.
Além do mais, o marquês de Marialva mal teve tempo de se inteirar do tema, uma vez que deixou o cargo em 1815, sendo substituído por Francisco José Maria de Brito. Sabe-se qua o novo ministro trocou intensa correspondência com Joachim Lebreton (1760-1819), administrador das obras de arte no Museu do Louvre e secretário perpétuo da Classe de Belas-Artes do Instituto de França. A iniciativa de formar um grupo de artistas para servir à Corte portuguesa pode ter sido toda do influente Lebreton, e não do Estado português.
De onde veio, então, a teoria de uma "missão" convocada por D. João? Começou com um membro do grupo, Jean-Baptiste Debret, que no terceiro volume da Viagem pitoresca e histórica ao Brasil se refere a um "convite". A versão virariam tese quando Araújo Porto Alegre, discípulo dileto de Debret, sustentou a interpretação do mestre. Em diversos textos mencionou a "colônia artística", inspirando outras análises consagradas, como o artigo de Araújo Viana "Das artes plásticas no Brasil em geral e na cidade do Rio de Janeiro em particular" (1915)


Mas o grupo ainda não era definido como uma "missão". Foi Afonso Taunay quem adotou a expressão em seu longo artigo "A Missão Artística de 1816", na edição de 1912 da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Bisneto de Nicolas Taunay, o historiador afirma que "a colônia americana vivia abandonada, esquecida e ignorada pelo mundo culto", e só contava com pintores e escultores "medíocres". A vinda dos pintores franceses tiraria "a colônia da modorra secular". Em 1916, o próprio IHGB promoveria uma série de comemorações por conta do centenário da chegada do grupo. Juntava-se o prestígio da família Taunay com a tradição do IHGB, e a "colônia de artistas" passou a ser entendida como uma "missão". Tal interpretação receberia estatuto de verdade com a publicação do ensaio de Taunay em livro, em 1956.



SCHWARCZ, Lília. Eram os franceses mercenários? Revista de História. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, nº 36, set. 2008.

1. A historiografia tem afirmado que a "Missão Francesa" veio para o Brasil contratada por D. João. Hoje, essa tese é discutida.
a) Apresente quais eram as razões para que D. João não contratasse ou convidasse artistas franceses para vir ao Brasil.



resposta: Com tantos artistas no mercado - italianos, holandeses, ingleses, portugueses - era inexplicável que D. João fosse convidar ou contratar logo franceses, próximos de Napoleão, responsável direto pela transferência da família real para o Brasil.

b) Explique de onde veio a ideia de uma "missão" convocada por D. João.

resposta: Essa ideia começou com Debret que se referiu a um "convite" no 3º volume da Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. A versão virou tese, quando seu discípulo Araújo Porto Alegre, sustentou a interpretação do mestre, inspirando outras análises consagradas como a de Araújo Viana.

Construindo habilidades e competências






Leia o texto



[...] No Rio de Janeito, a imensa maioria das pessoas que vivia na pobreza era constituída de negros e mulatos, originários da própria cidade ou vindos principalmente do Vale do Paraíba. Desde a decadência da produção cafeeira naquela região, por volta de 1860, um número considerável de negros se dirigia à capital em busca de trabalho. Assim, no Rio Rio de Janeiro, a pobreza era logo identificada com a cor da pele dos ex-escravos, criando na cidade uma íntima relação entre pobreza e população negra. As condições de trabalho para essa gente, mesmo para quem tinha emprego regular na indústria ou no setor terceário, eram extremamente difíceis e penosas. Por isso, de acordo com Fernando Henrique Cardoso, "o negro livre tinha de optar entre continuar trabalhando nas mesmas condições que antes, com status formal de cidadão, ou reagir a tudo o que o trabalho desqualificado pela própria escravidão significava, passando a viver na ociosidade e no desregramento". Assim, muitos iriam optar justamente pelo desregramento e pela ociosidade, produzindo uma espécie de "marginal" tipicamente carioca do início do século, o malandro. Sem trabalho formal, esse sujeito, vivendo de pequenos expedientes (jogos, carteados, bicho, pequenos golpes, etc) foi cantado de diversas maneiras por inúmeros compositores da nossa música popular [...]



MORAES, José Geraldo V de. Cidade e cultura na Primeira República. São Paulo: Atual, 1994. p. 42-3.



O tema em foco

Observe a tela "Autorretrato em aquarela, numa estalagem, 1816", de Jean-Baptiste Debret.



MORAES, José Geraldo V de. Cidade e cultura na Primeira República. São Paulo: Atual, 1994. p. 42-3.

De olho no vestibular



1. (UFV-2009) Observe a imagem abaixo:




Escravos serradores.

A escravidão urbana, no Brasil do século XIX, apresentou algumas singularidades, quando contrastada com os padrões de organização da escravidão rural. Sobre a escravidão urbana no Brasil, é CORRETO afirmar que:
a) os escravos de ganho, que circulavam livremente pelas cidades realizando tarefas manuais e de ofícios, eram uma de suas mais visíveis manifestações.
b) os proprietários urbanos de escravos detinham um número de escravos muito maior do que nos campos, em função da disponibilidade trazida pelo tráfico negreiro.
c) na ausência de trabalhadores livres, os escravos foram mobilizados para o trabalho nas fábricas nas cidades do litoral.
d) os escravos urbanos tinham chances menores de atingir a liberdade, pois a produtividade do trabalho era muito maior na lavoura cafeeira.

resposta: [A]



2. (UFU 2007) O trecho a seguir, escrito na década de 1850, refere-se à proliferação de anúncios comerciais na mídia escrita e em espaços urbanos do Brasil, especialmente na corte do Rio de Janeiro.
“[...] O anúncio [...] esse agente do industrialismo, esse representante vivo do "make money", triunfa até mesmo nas límpidas esferas onde outrora reinava soberana a inspiração”.
"Novo correio das Modas", ago-set 1854. APUD: MAUAD, Ana Maria. Imagem e autoimagem do Segundo Reinado. In: "História da Vida Privada no Brasil". Vol. 2, São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 202.
Considerando a citação apresentada e o contexto da época, marque a alternativa INCORRETA.

a) Os anúncios que proliferavam na mídia e nos espaços urbanos do Rio de Janeiro na década de 1850 eram financiados por comerciantes norte-americanos. Tais anúncios faziam propaganda abolicionista, pregavam a respeito da necessidade da industrialização e divulgavam idéias liberais.
b) A década de 1850 representa um momento da História do Brasil em que o liberalismo e os valores burgueses começavam a seduzir setores da elite imperial. Sintomas disso são as primeiras tentativas de industrialização e a construção das primeiras estradas de ferro no Brasil.
c) A partir da década de 1850, o processo de introdução de idéias liberais e valores capitalistas no Brasil imperial foi intensificado. O fim do tráfico negreiro, o desenvolvimento das lavouras de café e o advento da literatura romântica, por exemplo, são alguns fenômenos articulados a esse processo.
d) A ideologia da industrialização, as idéias antiescravistas e o liberalismo, que ganhavam força no Brasil a partir da década de 1850, ora disputavam espaço ora se conjugavam com os valores tradicionais das elites do Império, fundados no ruralismo, nas relações senhoriais, no poder patriarcal, no clientelismo e na distinção social.

resposta:[A]

3. (UFSM) "Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá; / As aves que aqui gorjeiam, / Não gorjeiam como lá. // Nosso céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas têm mais flores, [...]./ Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá [...]"
("Canção do exílio", de Gonçalves Dias.)

Esses versos, escritos por Gonçalves Dias quando estudava em Coimbra e publicados em livro em 1846, relacionam-se com o seguinte momento da história política brasileira:

a) consolidação do escravismo a partir da exuberância tropical e do Estado imperial.
b) luta pelo estabelecimento de uma sociedade agrária, latifundiária e baseada no trabalho assalariado.
c) manutenção dos vínculos culturais com Portugal e exaltação de aspectos europeus da paisagem americana.
d) construção do Estado nacional brasileiro e formação de uma identidade própria.
e) construção de um passado místico no Brasil, enraizado na figura do seu primitivo habitante: o índio.
resposta:[D]

4. (Fatec 2007) O problema que nós queremos resolver é o de fazer desse composto de senhor e escravo um cidadão. (Joaquim Nabuco, 1883.) Essa frase expressa o anseio
a) por uma divisão racial clara e que deveria ser mantida.
b) por uma reforma agrária imediata.
c) pela liberdade dos indígenas, até então escravizados.
d) por uma sociedade livre e que integrasse os escravos como seus cidadãos.
e) pela liberdade dos escravos e sua deportação para a África.

resposta:[D]

Questões extras





1. (ENEM-2009) O suíço Thomas Davatz chegou a São Paulo em 1855 para trabalhar como colono na fazenda de café Ibicaba, em Campinas. A perspectiva de prosperidade que o atraiu para o Brasil deu lugar a insatisfação e revolta, que ele registrou em livro. Sobre o percurso entre o porto de Santos e o planalto paulista, escreveu Davatz: “As estradas do Brasil, salvo em alguns trechos, são péssimas. Em quase toda parte, falta qualquer espécie de calçamento ou mesmo de saibro. Constam apenas de terra simples, sem nenhum benefício. É fácil prever que nessas estradas não se encontram estalagens e hospedarias como as da Europa. Nas cidades maiores, o viajante pode naturalmente encontrar aposento sofrível; nunca, porém, qualquer coisa de comparável à comodidade que proporciona na Europa qualquer estalagem rural. Tais cidades são, porém, muito poucas na distância que vai de Santos a Ibicaba e que se percorre em cinquenta horas no mínimo”. Em 1867 foi inaugurada a ferrovia ligando Santos a Jundiaí, o que abreviou o tempo de viagem entre o litoral e o planalto para menos de um dia. Nos anos seguintes, foram construídos outros ramais ferroviários que articularam o interior cafeeiro ao porto de exportação, Santos.

DAVATZ, T. Memórias de um colono no Brasil. São Paulo: Livraria Martins, 1941.

O impacto das ferrovias na promoção de projetos de colonização com base em imigrantes europeus foi importante, porque

a) o percurso dos imigrantes até o interior, antes das ferrovias, era feito a pé ou em muares; no entanto, o tempo de viagem era aceitável, uma vez que o café era plantado nas proximidades da capital, São Paulo.
b) a expansão da malha ferroviária pelo interior de São Paulo permitiu que mão-de-obra estrangeira fosse contratada para trabalhar em cafezais de regiões cada vez mais distantes do porto de Santos.
c) o escoamento da produção de café se viu beneficiado pelos aportes de capital, principalmente de colonos italianos, que desejavam melhorar sua situação econômica.
d) os fazendeiros puderam prescindir da mão-de-obra europeia e contrataram trabalhadores brasileiros provenientes de outras regiões para trabalhar em suas plantações.
e) as notícias de terras acessíveis atraíram para São Paulo grande quantidade de imigrantes, que adquiriram vastas propriedades produtivas.
resposta: [B]

2. (UFV-2006) Segundo Renato Ortiz, em meados do século XIX, o movimento romântico brasileiro tentou construir um modelo de
"ser nacional", porém faltavam àqueles escritores condições sociais que lhes possibilitassem discutir de forma mais abrangente a problemática proposta.
(ORTIZ, Renato. Cultura brasileira & identidade nacional. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 37.)
Com base nessa interpretação e nos conhecimentos sobre a sociedade brasileira do século XIX, assinale a afirmativa CORRETA:

a) Os escritores românticos brasileiros fundiam o índio idealizado com o branco de origem europeia, descartando o negro, na tentativa de aproximar o país do padrão europeu de civilização.
b) A pressão exercida pelos abolicionistas contra a escravização de índios e negros fez com que a sociedade brasileira se caracterizasse, desde o período colonial, pela ausência de desigualdades étnicas.
c) A existência de um amplo público leitor no Brasil do século XIX permitiu que os literatos estabelecessem em suas obras uma crítica contundente à dominação exercida pelas elites agrárias.
d) A construção da identidade nacional era uma questão superada em meados do século XIX, uma vez que a colonização portuguesa não criara obstáculos ao desenvolvimento do sentimento de brasilidade.
e) A economia brasileira se caracterizou, desde o período colonial, pela dependência em relação ao mercado europeu, mas em termos artísticos e culturais o país sempre preservou sua soberania.

resposta: [A]








3. (UNIFESP-2009) Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí para cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas todas que ele recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre.



(Machado de Assis. “Bons dias!”, in Obra completa, vol. III. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.)

O fragmento é de uma crônica de 19 de maio de 1888, que conta o caso, fictício, de um escravista que se converteu à causa abolicionista poucos dias antes da Lei Áurea e agora se gabava de ter alforriado Pancrácio, seu escravo. O ex-proprietário explica que Pancrácio, além de continuar a apanhar, recebe um salário pequeno. Podemos interpretar tal crônica machadiana como uma representação da:



a) ampla difusão dos ideais abolicionistas no Segundo Império, que apenas formalizou, com a Lei Áurea, o fim do trabalho escravo no Brasil.
b) aceitação rápida e fácil pelos proprietários de escravos das novas relações de trabalho e da necessidade de erradicar qualquer
preconceito racial e social.
c) mudança abrupta provocada pela abolição da escravidão, que trouxe sérios prejuízos para os antigos proprietários e para a produção agrícola.
d) falta de consciência dos escravos para a necessidade de lutar por direitos sociais e pela recuperação de sua identidade africana.
e) persistência da mentalidade escravista, que reproduzia as relações entre senhor e escravo, mesmo após a proclamação da Lei Áurea.

resposta: [E]

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