Cuba: o fim de uma era?
Pio Penna Filho*
* Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com
Pio Penna Filho*
* Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com
O regime cubano é um dos poucos da velha ordem bipolar, ideologizada, que sobreviveu ao fim da Guerra Fria. O recente anúncio de reformas pode ser um indicativo de que o regime de Fidel Castro está chegando ao fim e, com ele, o socialismo cubano.
A divulgação que cerca de 500 mil pessoas serão demitidas do serviço público é um sinal forte de que há um desejo de parte dos dirigentes cubanos de rever o sistema construído após a Revolução de 1959. Muitas pessoas estão indignadas com essa guinada, professada por ninguém menos que o próprio Fidel Castro.
No final dos anos 1960, Fidel imprimiu uma política de estatização geral, chamada de “grande ofensiva revolucionária”, por meio da qual estatizou quase todas as atividades econômicas da Ilha. Enquanto existiu a União Soviética, o grande patrocinador externo do regime, a economia, bem ou mal, funcionou. O grande problema para os cubanos veio com o fim do regime soviético, uma vez que lhes tirou uma fonte segura de receitas que ajudava a manter em funcionamento o modelo castrista.
Logo após a desintegração da União Soviética graves problemas econômicos atingiram em cheio a população cubana, mas o regime sobreviveu. Muitos analistas pensaram que seria o fim, que Cuba não resistiria aos impactos negativos da crise econômica, dos racionamentos, da falta de perspectiva no médio e longo prazos, tudo agravado pela política de sanções aplicada pelos Estados Unidos.
Mas estavam errados. Fidel demonstrou uma capacidade política impressionante na condução do Estado cubano. Mesmo com toda a adversidade internacional e repulsa dos países capitalistas, capitaneados pelos Estados Unidos, ele conseguiu manter-se à frente do governo sem que sequer ocorressem grandes distúrbios populares motivados pela falta de perspectiva de melhoria das condições de vida.
Isso só foi possível porque a Revolução trouxe ganhos sociais importantes e reforçou os laços entre a sociedade e o Estado. Por mais que se queira criticar o regime ditatorial produzido pela Revolução, não se pode negar os avanços sociais nos campos da educação e da saúde, por exemplo. Isso criou vínculos que ajudam a explicar o comportamento social da população cubana.
Mas é inegável que o mundo mudou muito com o fim da guerra fria e continua mudando numa intensidade e complexidade cada vez maiores. Tudo indica que Fidel e seus companheiros da jornada revolucionária querem tentar controlar a adaptação da Ilha a esse novo mundo. Sabem que não é possível manter o perfil do Estado que vigorou durante todas essas décadas.
Pelo que se pode deduzir dos discursos e das medidas anunciadas, acontecerá em Cuba uma transição gradativa para um regime mais aberto do ponto de vista econômico, ou seja, gradativamente o capitalismo retornará ao país. E é bem provável que essa transição será controlada ao máximo pelo Estado, justamente para evitar que se perca o controle político do processo. Mas o fato básico é evidente: o “socialismo” cubano parece estar com os dias contados.
A divulgação que cerca de 500 mil pessoas serão demitidas do serviço público é um sinal forte de que há um desejo de parte dos dirigentes cubanos de rever o sistema construído após a Revolução de 1959. Muitas pessoas estão indignadas com essa guinada, professada por ninguém menos que o próprio Fidel Castro.
No final dos anos 1960, Fidel imprimiu uma política de estatização geral, chamada de “grande ofensiva revolucionária”, por meio da qual estatizou quase todas as atividades econômicas da Ilha. Enquanto existiu a União Soviética, o grande patrocinador externo do regime, a economia, bem ou mal, funcionou. O grande problema para os cubanos veio com o fim do regime soviético, uma vez que lhes tirou uma fonte segura de receitas que ajudava a manter em funcionamento o modelo castrista.
Logo após a desintegração da União Soviética graves problemas econômicos atingiram em cheio a população cubana, mas o regime sobreviveu. Muitos analistas pensaram que seria o fim, que Cuba não resistiria aos impactos negativos da crise econômica, dos racionamentos, da falta de perspectiva no médio e longo prazos, tudo agravado pela política de sanções aplicada pelos Estados Unidos.
Mas estavam errados. Fidel demonstrou uma capacidade política impressionante na condução do Estado cubano. Mesmo com toda a adversidade internacional e repulsa dos países capitalistas, capitaneados pelos Estados Unidos, ele conseguiu manter-se à frente do governo sem que sequer ocorressem grandes distúrbios populares motivados pela falta de perspectiva de melhoria das condições de vida.
Isso só foi possível porque a Revolução trouxe ganhos sociais importantes e reforçou os laços entre a sociedade e o Estado. Por mais que se queira criticar o regime ditatorial produzido pela Revolução, não se pode negar os avanços sociais nos campos da educação e da saúde, por exemplo. Isso criou vínculos que ajudam a explicar o comportamento social da população cubana.
Mas é inegável que o mundo mudou muito com o fim da guerra fria e continua mudando numa intensidade e complexidade cada vez maiores. Tudo indica que Fidel e seus companheiros da jornada revolucionária querem tentar controlar a adaptação da Ilha a esse novo mundo. Sabem que não é possível manter o perfil do Estado que vigorou durante todas essas décadas.
Pelo que se pode deduzir dos discursos e das medidas anunciadas, acontecerá em Cuba uma transição gradativa para um regime mais aberto do ponto de vista econômico, ou seja, gradativamente o capitalismo retornará ao país. E é bem provável que essa transição será controlada ao máximo pelo Estado, justamente para evitar que se perca o controle político do processo. Mas o fato básico é evidente: o “socialismo” cubano parece estar com os dias contados.
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