sábado, 27 de novembro de 2010

Saiba mais sobre a população escrava de Minas Gerais no século 18

Minas Gerais concentrava a maior população de negros no século 18.
Homens e mulheres chegaram com técnicas para extrair ouro e pedras preciosas. Muitos compraram a própria liberdade.

Golpe na Costa do Marfim

Pio Penna Filho
Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com

Mais um país africano está passando pelo teste da democracia e as perspectivas não são das melhores. O resultado das eleições na Costa do Marfim indicaram a vitória de um dos setores da oposição, liderado por Alassane Ouattara. O atual presidente, Laurent Gbagbo, é rival antigo de Ouattara e não quer aceitar o resultado das eleições. Aliás, por influência direta de Gbagbo e em comunicado oficial, o presidente do Conselho Constitucional do país, Paul Yao N’dré, já declarou que o pleito foi oficialmente considerado inválido.
A Costa do Marfim é um ex-colônia francesa que obteve a independência em 1960, no contexto do processo de descolonização. Se destacou durante a maior parte de sua existência como país soberano pela estabilidade política e relativo sucesso econômico no difícil cenário africano.
No plano regional tinha uma das economias mais dinâmicas e era candidato a líder, rivalizando com a outra potência regional, a Nigéria. Ambos participam de um bloco econômico, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (ECOWAS, em inglês).


A economia da Costa do Marfim segue o padrão geral dos Estados africanos, ou seja, é predominantemente primário-exportadora, com grande concentração nas atividades agrícolas, setor que emprega em torno de 60 a 70% da mão de obra do país. Dentre os seus produtos de exportação destacam-se cacau, café, borracha, milho, arroz e frutas tropicais. Também possui petróleo e ouro. Em termos de indústria, esta é ainda incipiente e com pouca diversificação, com ênfase na indústria alimentícia e têxtil.
Desde o Golpe de Estado ocorrido em 1999, o quadro politico do país se complicou. A partir daí grupos políticos lutaram violentamente pelo controle do Estado e não conseguiram estabelecer um modus vivendi democrático e baseado no diálogo. Registre-se que o processo foi extremamente violento, levando à morte milhares de pessoas e deixando um país dividido entre o norte e o sul.


Outra consequência da instabilidade política que se seguiu ao Golpe de 1999 foi a intervenção estrangeira, uma vez que capacetes azuis das Nações Unidas e tropas francesas foram enviadas à Costa do Marfim, as quais até hoje permanecem no país.
A crise política e o clima de guerra civil teve um importante impacto negativo na economia marfinense, fragilizando ainda mais a sua precária condição econômica. Mesmo com a retomada das atividades econômicas nos últimos anos, o crescimento tem sido modesto. Em 2008 o crescimento do PIB foi de apenas 2,3%, uma taxa baixa para o padrão de crescimento africano verificado na última década.


A atual crise, que pode levar a uma nova guerra civil, é um complicador a mais para a Costa do Marfim. Se o atual presidente insistir em desrespeitar a constituição e levar adiante o seu Golpe de Estado, ele certamente será o principal responsável pela catástrofe que provavelmente virá. O Golpe não é ruim apenas para a Costa do Marfim, uma vez que ajuda a arranhar a imagem de um continente inteiro que luta justamente para demonstrar ao mundo que está mudando e tem um compromisso com a democracia.

O som da história
Eu quero ver quando Zumbi chegar
Zumbi é o senhor das guerras, Zumbi é o senhor das demandas, quando Zumbi chega é Zumbi quem manda

"Angola, Congo, Benguela Monjolo, Cabinda, Mina Quiloa, Rebolo"
(Jorge Ben, África/Brasil-Zumbi)
O texto refere-se a grupos africanos escravizados e trazidos para o Brasil durante a colonização.
Zumbi foi o chefe do maior quilombo construído no Brasil, o de Palmares.Em 1694, tropas comandadas pelo paulista Domingos Jorge Velho destruíram o quilombo de Palmares, que havia se formado desde o início do século XVII. Poucos sobreviveram ao ataque final, refugiando-se nas matas da Serra da Barriga sob a liderança de Zumbi, morto em 20 de novembro de 1695, depois de resistir por quase dois anos.A luta de Zumbi representa o episódio maior da resistências negra contra a escravidão.

Esta canção de Jorge Benjor é ótima para se abordar a temática da escravidão negra no Brasil.

Jorge Benjor
Zumbi
Angola Congo Benguela
Monjolo Cabinda Mina
Quiloa Rebolo
Aqui onde estão os homens
Há um grande leilão
Dizem que nele há
Um princesa à venda
Que veio junto com seus súditos
Acorrentados num carro de boi
Eu quero ver
Eu quero ver
Eu quero ver
Angola Congo Benguela
Monjolo Cabinda Mina
Quiloa Rebolo
Aqui onde estão os homens
Dum lado cana de açúcar
Do outro lado o cafezal
Ao centro senhores sentados
Vendo a colheita do algodão tão branco
Sendo colhidos por mãos negras
Eu quero ver
Eu quero ver
Eu quero ver
Quando Zumbi chegar
O que vai acontecer
Zumbi é senhor das guerras
È senhor das demandas
Quando Zumbi chega e Zumbi
É quem manda
Eu quero ver
Eu quero ver
Eu quero ver
O som da história
Música de Jorge Benjor fala sobre o carro de boi que fez parte da história do Brasil como meio de transporte de carga e de pessoas num passado remoto de nosso país



Oé Oé (Faz O Carro De Boi Na Estrada)
Jorge Ben Jor
Composição: Augusto de Agosto / Jorge Ben Jor
Oé oé, faz o carro de boi na estrada
Oé oé, faz o carro de boi na estrada
Bota pouca carga mas rica carga
Pois o boi nem o carro são de carga
O boi e o carro são de estimação
Preparar eles para exposição
Não esquecendo de passar carvão na roda
Nem de lavar o carro, nem de enfeitar o boi
Pois eu quero ver o boi mugir e o carro cantar
Oé oé, faz o carro de boi na estrada
Oé oé, faz o carro de boi na estrada
Bota pouca carga mas rica carga
Pois o boi nem o carro são de carga
O boi e o carro são de estimação
Preparar eles para exposição
Não esquecendo de passar carvão na roda
Nem de lavar o carro, nem de enfeitar o boi
Pois eu quero ver esse carro campeão
Pois eu quero ver todo o pessoal dizer com emoção
Que carro de boi!
Ou é o gemedor
Que carro de boi!
Ou é o cantador
Oé oé, faz o carro de boi na estrada
Oé oé, faz o carro de boi na estrada
Tradições que movimentaram o Brasil Colônia são fontes de rende até hoje




Tradições de três séculos de história permanecem nos caminhos da Estrada Real. Atividades artesanais que movimentaram a economia do Brasil no passado ainda hoje são fonte de renda para famílias.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Conheça a história da primeira capital de Mato Grosso
O professor Edenilson Morais faz uma abordagem sobre o processo de formação histórica de Vila Bela da Santíssima Trindade, fundada junto às margens do rio Guaporé, na fronteira com o domínio espanhol na América do Sul, foi escolhida estratégicamente para sediar a recém criada Capitania de Mato Grosso e se tornou o antemural da colônia no momento histórico em que as coroas ibéricas estabeleciam os limítes de suas possessões coloniais no Novo Mundo.
Confira a aula em video.
Coreia versus Coreia

Pio Penna Filho*
*Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com

Um só povo, a mesma tradição, a mesma cultura, a mesma língua e dois países. Um povo que tem uma das civilizações mais antigas que se tem notícia na face da terra. Sua civilização remonta a séculos antes de Cristo e é considerada, em termos de continuidade, como a mais remota. É esse povo que está, atualmente, em pé de guerra, dividido em dois Estados que não se entendem.
Os últimos acontecimentos na península coreana dispararam o alerta de guerra. Parece de difícil solução o problema da divisão da Coréia, essa herança maldita dos anos da Guerra Fria e das injunções e interferências estrangeiras no continente asiático.
Embora não tenha sido o único caso de um país dividido em termos ideológicos, o diferencial da Coréia com relação a outros casos é que essa divisão permaneceu, mesmo com o fim da era bipolar. A Alemanha, por exemplo, conseguiu retomar a sua unidade e segue adiante, apesar dos traumas e dos desequilíbrios regionais.
A divisão do país ocorreu logo após o final da Segunda Guerra Mundial. Em 1948 dois governos se estabeleceram, um no norte, de feição comunista, e outro no sul, pró-capitalista. Em 1950, os norte coreanos tentaram unificar os dois governos a partir de uma atitude de força, invadindo militarmente o sul. A guerra se estendeu até 1953, deixando um saldo de mais de um milhão de mortos e um país realmente dividido, com ódios mútuos entre as regiões.
O que garantiu a divisão do país foi a interferência estrangeira. Sob o abrigo das Nações Unidas, os Estados Unidos lideraram uma ampla coalizão de forças que impediram a praticamente certa vitória militar do norte sobre o sul. Até o Brasil foi convidado a participar dessa coalizão, mas o presidente Vargas sábia e diplomaticamente negou o envio de tropas brasileiras para um cenário de guerra tão distante dos nossos interesses.
Não fosse, portanto, a intervenção estrangeira, motivada por questões ideológicas, a Coréia teria permanecido um país unificado, mesmo que sob regime dito comunista.
Não é à toa que os Estados Unidos dedicaram grande atenção para a região, se envolvendo diretamente na guerra. Vale lembrar que a China havia passado, na época, por um processo revolucionário que levou os comunistas ao poder. Alguns anos depois seria a vez da antiga Indochina entrar em efervescência revolucionária, ampliando ainda mais, mesmo que gradativamente, a presença norte-americana no contexto asiático.
Enfim, a questão coreana é complexa e quem mais sofre, como sempre, é o povo coreano. Certa vez conversei com um coreano e ele me observou, com a típica calma e paciência asiática, que o seu povo e o seu país tinham uma história de mais de cinco mil anos e que essa divisão, inevitavelmente, cederia aos fundamentos da civilização coreana, voltando o seu povo a ser um só. Pena que para isso uma geração inteira de coreanos tenha que pagar um preço tão alto.