segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Vestibular Unesp 2013/2

Confira a resolução das questões de História do Vestibular 2013/2 da Unesp



Questão 31
[Na Mesopotâmia,] todos os bens produzidos pelos próprios palácios e templos não eram suficientes para seu sustento.
Assim, outros rendimentos eram buscados na exploração da população das aldeias e das cidades. As formas de exploração eram principalmente duas: os impostos e os trabalhos forçados.
       (Marcelo Rede. A Mesopotâmia, 2002.)
Entre os trabalhos forçados a que o texto se refere, podemos mencionar a
(A) internação de doentes e loucos em áreas rurais, onde deviam cuidar das plantações de algodão, cevada e sésamo.
(B) utilização de prisioneiros de guerra como artesãos ou pastores de grandes rebanhos de gado bovino e caprino.
(C) escravidão definitiva dos filhos mais velhos das famílias decamponeses, o que caracterizava o sistema econômico mesopotâmico como escravista.
(D) servidão por dívidas, que provocava a submissão total, pelo
resto da vida, dos devedores aos credores.
(E) obrigação de prestar serviços, devida por toda a população livre, nas obras realizadas pelo rei, como templos ou muralhas.





Resposta:[E]
  
Resolução
A Mesopotâmia e o Egito constituem os melhores modelos do Modo de Produção Asiático, praticado por determinadas civilizações da Antiguidade Oriental. Nesse sistema, além das comunidades camponesas submetidas ao regime de servidão coletiva, o restante da população pertencente aos estamentos inferiores podia ser mobilizado pelo Estado para a realização de obras de interesse comum.



Questão 32

“Servir” ou, como também se dizia, “auxiliar”, – “proteger”: era nestes termos tão simples que os textos mais antigos resumiam as obrigações recíprocas do fiel armado e do seu chefe.
(Marc Bloch.A sociedade feudal, 1987.)
O mais importante dos deveres que, na sociedade feudal, o vassalo tinha em relação ao seu senhor era:
(A) o respeito à hierarquia e à unicidade de homenagens, que determinava que cada vassalo só podia ter um senhor.
(B) o auxílio na guerra, participando pessoalmente, montado e armado, nas ações militares desenvolvidas pelo senhor.
(C) a proteção policial das aldeias e cidades existentes nos arredores do castelo de seu senhor.
(D) a participação nos torneios e festejos locais, sem que o vassalo jamais levantasse suas armas contra seu senhor.
(E) a servidão, trabalhando no cultivo das terras do senhor e pagando os tributos e encargos que lhe eram devidos.




Resposta:[B]
 Resolução
No sistema feudal, as relações de suserania e vassalagem eram tão importantes, no plano político-militar, quanto as relações servis de produção o eram no plano socioeconômico. Suserano e vassalo juravam apoio recíproco e o vassalo assumia alguns com promissos específicos, como conceder hospedagem ao suserano ou pagar parte de seu resgate, caso ele fosse aprisionado. As relações feudo-vassálicas permeavam todo o universo senhorial, pois a prática da subenfeudação alcançava até os mais modestos cavaleiros.
Obs.: A alternativa menciona o termo “senhor” no lugar de “suserano”, esquecendo que o vassalo também era um senhor.



Questão 33
Podemos afirmar que as obras A divina comédia, escrita por Dante Alighieri no início do século XIV, e Dom Quixote, escrita por Miguel de Cervantes no início do século XVII,
a) parodiaram as novelas de cavalaria e defenderam a hegemonia da Igreja Católica e da aristocracia, respectivamente.
b) derivaram de registros orais e foram apenas organizadas e sistematizadas na escrita de seus autores.
c) contribuíram para a unificação e o estabelecimento da forma moderna dos idiomas italiano e espanhol.
d) assumiram forte conotação anticlerical e intensificaram as críticas renascentistas à conduta e ao poder da Igreja Católica.
e) retrataram o imaginário da burguesia comercial ascendente na Itália e na Espanha do final da Idade Média.
 



Resposta:[C]
Resolução
Considerando que tanto a Itália na época de Dante como a Espanha na época de Cervantes apresentavam numerosas variedades linguísticas locais, é inegável a importância da Divina Comédia e do Dom Quixote para firmar o florentino e o castelhano como padrões vernáculos em seus respectivos países.

 
INSTRUÇÃO: Leia o texto para responder às questões de números 34 e 35.
Com a vinda da Corte, pela primeira vez, desde o início da colonização, configuravam-se nos trópicos portugueses preocupações próprias de uma colônia de povoamento e não apenas de exploração ou feitoria comercial, pois que no Rio teriam que viver e, para sobreviver, explorar “os enormes recursos naturais” e as potencialidades do Império nascente, tendo em vista o fomento do bem-estar da própria população local.
(Maria Odila Leite da Silva Dias. A interiorização da metrópole e
outros estudos, 2005.)

Questão 34
A vinda da Corte portuguesa para o Brasil, ocorrida em 1808 e citada no texto, foi provocada, sobretudo,
a) pelo fim da ocupação francesa em Portugal e pelo projeto, defendido pelos liberais portugueses, de iniciar a gradual descolonização do Brasil.
b) pela pressão comercial espanhola e pela disposição, do príncipe regente, de impedir a expansão e o sucesso dos movimentos emancipacionistas na colônia.
c) pelo interesse de expandir as fronteiras da colônia, avançando sobre terras da América Espanhola, para assegurar o pleno domínio continental do Brasil.
d) pela invasão francesa em Portugal e pela proximidade e aliança do governo português com a política da Inglaterra.
e) pela intenção de expandir, para a América, o projeto de união ibérica, reunindo, sob a mesma administração colonial, as colônias espanholas e o Brasil.
 



Resposta:[D]
Resolução
Quando Napoleão decretou o Bloqueio Continental contra o comércio britânico, Portugal viu-se numa situação difícil: sua fraqueza militar não permitia desobedecer à determinação francesa; mas, por outro lado, sua dependência econômica em relação à Inglaterra impedia que pusesse fim aos contatos econômicos com Londres. Tendo Napoleão se decidido pela invasão do território luso, o governo inglês colocou, à disposição do príncipe regente D. João, os recursos navais necessários para que a Corte Portuguesa se transferisse para o Brasil.



Questão 35
A alteração na relação entre o governo português e o Brasil, mencionada no texto, pode ser notada, por exemplo,
a) na redução dos impostos sobre a exportação do açúcar e do algodão, no reforço do sistema colonial e na maior integração do território brasileiro.
b) no estreitamento dos vínculos diplomáticos com os Estados Unidos, na instalação de um modelo federalista e na modernização dos portos.
c) na ampliação do comércio com as colônias espanholas do Rio da Prata, na reurbanização do Rio de Janeiro e na redução do contingente do funcionalismo público.
d) na abertura de estradas, na melhoria das comunicações entre as capitanias e no maior aparelhamento militar e policial.
e) no restabelecimento de laços comerciais com França e Inglaterra, na fundação de casas bancárias e no aprimoramento da navegação de cabotagem.
 



Resposta:[D]
Resolução
A alternativa contempla aspectos importantes da administração joanina no Brasil, embora se atribua maior destaque às medidas de caráter administrativo (Banco do Brasil, Casa da Moeda, Escolas de Medicina e a elevação do Brasil à condição de Reino Unido).



Questão 36


As redes de comércio, os fortes costeiros, as relações tecidas ao longo dos séculos entre comerciantes europeus e chefes africanos, continuaram a ser o sustentáculo do fornecimento de mercadorias para os europeus, só que agora estas não eram mais pessoas, e sim matérias-primas.
(Marina de Mello e Souza. África e Brasil africano, 2007.)
 
O texto refere-se à redefinição das relações comerciais entre europeus e africanos, ocorrida quando
a) portugueses e espanhóis libertaram suas colônias africanas e permitiram que elas comercializassem marfim, café e outros produtos livremente com o resto do mundo.
b) norte-americanos passaram a estimular a independência das colônias africanas, para ampliar o mercado consumidor de seus tecidos e produtos alimentícios.
c) ingleses e holandeses estabeleceram amplo comércio escravista entre os dois litorais do Atlântico Sul.
d) ingleses e franceses buscaram resinas, tinturas e outros produtos na África e desestimularam o comércio escravista.
e) portugueses e espanhóis conquistaram e colonizaram as costas leste e oeste da África.
 




Resposta:[D]
Resolução
A partir do século XVIII, com o advento da Revolução Industrial, a Inglaterra passou a desestimular o tráfico de escravos, substituindo-o pela comercialização de insumos e matérias-primas exigidos pela nova realidade produtiva europeia. Com isso, o comércio dos europeus com as populações africanas litorâneas, iniciado no século XV, reorganizou-se em novas bases, até dar lugar
ao imperialismo neocolonialista, em fins do século XIX.



Questão 37
[...] até a década de 1870, apesar das pressões, os escravos continuavam a ser a mão de obra fundamental para a lavoura brasileira, sendo que nessa época todos os 643 municípios do Império [...] ainda continham escravos.
               (Lilia Moritz Schwarcz. Retrato em branco e negro, 1987.)
 
A redução da importância do trabalho escravo, ocorrida após 1870, deveu-se, entre outros fatores,
a) ao aumento das fugas e rebeliões escravas e ao crescimento das correntes migratórias em direção ao Brasil.
b) ao desinteresse dos cafeicultores do Vale do Paraíba
em manter escravos e à intensa propaganda abolicionista direcionada aos próprios escravos.
c) à firme oposição da Igreja Católica ao escravismo e ao temor de que se repetisse, no Brasil, uma revolução escrava como a que ocorrera em Cuba.
d) à pressão inglesa e francesa pelo fim do tráfico e à dificuldade de adaptação do escravo ao trabalho na lavoura do café.
e) à diminuição do preço do escravo no mercado interno e à atuação abolicionista da Guarda Nacional.
 



Resposta:[A]
Resolução
A partir de 1870, ganhou impulso a imigração europeia – sobretudo italiana – para a lavoura cafeeira do Oeste Paulista, reduzindo a necessidade de mão de obra escrava. Por outro lado, a intensificação da campanha abolicionista estimulou a fuga de escravos, muitas vezes sob proteção de militantes como os “caifazes”, atuantes na província de São Paulo.



Questão 38
A disputa pelo Acre, entre Brasil e Bolívia, na passagem do século XIX para o XX, envolveu
a) guerra entre os dois países, que durou mais de dez anos e provocou a destruição de boa parte das áreas de plantio e extrativismo na região.
b) atuação militar e política da Grã-Bretanha, que mediou as negociações entre os países sul-americanos e estabeleceu a hegemonia britânica na região amazônica.
c) interesses dos dois países relacionados à exploração do látex, que atraíra grande contingente de brasileiros para a região, na segunda metade do século XIX.
d) intervenção dos Estados Unidos, que aproveitaram o conflito entre os países sul-americanos para assumir o controle sobre a exploração do gás natural boliviano.
e) conflitos armados, que se alastraram por toda a região amazônica no princípio do século XX e dos quais participaram, também, a Colômbia e a Venezuela.
 




Resposta:[C]
Resolução
O início da Segunda Revolução Industrial criou novas necessidades, com destaque para a borracha, cuja grande área produtora era a Bacia do alto Amazonas.
O Acre, então território boliviano, tinha importância nesse contexto, devido à abundância de seringueiras. Numerosos brasileiros penetraram na região, entrando em confronto com forças bolivianas. Liderados pelo engenheiro Plácido de Castro, chegaram a proclamar o “Estado Independente do Acre”, em 1901.
Finalmente, pelo Tratado de Petrópolis, o Brasil comprou o Acre da Bolívia, incorporando-o ao território nacional.




 INSTRUÇÃO: Leia o texto para responder às questões de números 39 e 40.
 
Enquanto a economia balançava, as instituições da democracia liberal praticamente desapareceram entre 1917 e 1942; restou apenas uma borda da Europa e partes da América do Norte e da Austrália. Enquanto isso, avançavam o fascismo e seu corolário de movimentos e regimes autoritários. A democracia só se salvou porque, para enfrentá-lo, houve uma aliança temporária e bizarra entre capitalismo liberal e comunismo [...].
Uma das ironias deste estranho século é que o resultado mais duradouro da Revolução de Outubro, cujo objetivo era a derrubada global do capitalismo, foi salvar seu antagonista, tanto na guerra quanto na paz, fornecendo-lhe o incentivo — o medo — para reformar-se após a Segunda Guerra Mundial [...].
                                      (Eric Hobsbawm. Era dos extremos, 1995.)



Questão 39
Segundo o texto, a economia balançava e as instituições da democracia liberal praticamente desapareceram entre 1917 e 1942, devido
a) à crise financeira que culminou com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque e à ascensão de projetos totalitários de direita.
b) ao avanço do socialismo no continente africano e ao armamentismo alemão após a chegada dos nazistas ao poder.
c) à ascensão econômico-financeira dos Estados Unidos e à Guerra Fria entre Ocidente capitalista e Oriente socialista.
d) ao desenvolvimento do capitalismo industrial na Rússia e à derrota alemã na Segunda Guerra Mundial.
e) ao fim das democracias liberais no Ocidente e ao surgimento de Estados islâmicos no Oriente Médio e Sul asiático.
 



Resposta:[A]
Resolução
É um consenso quase unânime entre os historiadores considerar o Período Entre-guerras (1919-39) como de crise profunda não só do sistema capitalista, mas também da democracia liberal. A superação dessa crise só foi possível por meio da Segunda Guerra Mundial e da reordenação sistêmica que se seguiu a ela.

 


Questão 40
 
Ao mencionar a aliança temporária e bizarra entre capitalismo liberal e comunismo, o texto refere-se
 
a) ao esforço conjunto de União Soviética, França, Inglaterra e Estados Unidos na reunificação da Alemanha, após a Segunda Guerra Mundial.
b) à articulação militar que uniu Estados Unidos e União Soviética, na Segunda Guerra Mundial, contra os países do Eixo.
c) à constituição da Entente que, na Primeira Guerra Mundial, permitiu que países do Ocidente e a Rússia lutassem lado a lado contra a Alemanha.
d) à corrida armamentista entre União Soviética e Estados Unidos, que estimulou o crescimento econômico e industrial dos dois países.
e) aos acordos de paz que, ao final das duas guerras mundiais, ampliaram a influência política e comercial da Rússia e dos países liberais europeus.
 



Resposta:[B]
Resolução
A coalizão formada entre as democracias liberais capitalistas (Estados Unidos, Reino Unido e outros) e a Rússia socialista foi uma circunstância conjuntural relacionada com a política externa de Hitler, que rompeu um acordo de não agressão com Stálin e invadiu a URSS em 1941.




Questão 41
 
Os caminhões rodando, as carroças rodando,
Rápidas as ruas se desenrolando,
Rumor surdo e rouco, estrépitos, estalidos...
E o largo coro de ouro das sacas de café!...
Na confluência o grito inglês da São Paulo Railway...
Mas as ventaneiras da desilusão! a baixa do café!...
       (Mário de Andrade. Paisagem n° 4. Poesias completas, 1987.)
 
O poema de Mário de Andrade, escrito em 1922, revela características da cidade de São Paulo na época. Entre elas, podemos citar
a) o desinteresse dos cafeicultores em controlar o preço do café no mercado internacional.
b) o limitado crescimento econômico, que eliminou o peso e a influência da capital paulista nas decisões do governo federal.
c) a harmonização social, após o período de revoltas sociais do início da República.
d) a hegemonia do capital estrangeiro, que impedia o crescimento da burguesia nacional.
e) a persistência de aspectos tradicionais durante o processo de modernização e reurbanização.
 




Resposta:[E]
Resolução
Interpretação de texto, com a presença simultânea de carroças e caminhões, representando a persistência de “aspectos tradicionais” em meio ao processo de modernização vivido por São Paulo.

 



Questão 42
Eu acho que a anistia foi a solução, mas ela não foi completa. Quer dizer, não podiam ser anistiados aqueles que mataram torturando, porque esse é um crime inafiançável. Quem mata calmamente, friamente, tem de sofrer um processo e tem de sofrer também as consequências do seu ato. Isso nunca foi executado no Brasil como foi executado na Argentina com todos os generais. O Brasil fez uma anistia pela metade, mas nós ficamos contentes porque não houve derramamento de sangue.
                                 (D. Paulo Evaristo Arns. Cult, março de 2004.)
 
Segundo a declaração de D. Paulo Evaristo Arns, Arcebispo de São Paulo entre 1970 e 1998, a Lei da Anistia no Brasil, de 1979,
a) perdoou opositores e defensores do regime militar e, a despeito de suas imperfeições, impediu confrontos e mortes entre setores políticos rivais.
b) inspirou-se na lei de anistia argentina, que julgou e condenou militares que mataram e torturaram durante o regime militar.
c) foi inútil, uma vez que não puniu aqueles que atuaram, durante o regime militar, nos órgãos de repressão política e policial.
d) foi equivocada, pois determinou o posterior levantamento, análise e julgamento dos crimes cometidos durante o período do regime militar.
e) beneficiou os opositores do regime militar e condenou aqueles que os reprimiram por meio da violência e da tortura.
 




Resposta:[A]
Resolução
Alternativa escolhida por eliminação, pois estabelece pressupostos (evitar “confrontos e mortes entre setores políticos rivais”) que não passam de meras suposições. Aliás, o examinador assume uma postura ambígua, vendo defeitos na Lei da Anistia, mas também aspectos positivos.

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