segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

UNICAMP 2ª FASE 2013

 Confira a correção da segunda fase 2013 da UNICAMP
 

HISTÓRIA
Questão 10
Por que as pessoas se casavam na Roma Antiga? Para esposar um dote, um dos meios honrosos de enriquecer, e para ter, em justas bodas, rebentos que, sendo legítimos, perpetuassem o corpo cívico, o núcleo dos cidadãos. Os políticos não falavam exatamente em
natalismo, futura mão de obra, mas em sustento do núcleo de cidadãos que fazia a cidade perdurar exercendo a “função de cidadão” ou devendo exercê-la.
(Adaptado de P. Ariès e G. Duby, História da Vida Privada. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. v. 1, p. 47.)
a) Por que o casamento tinha uma conotação política entre os cidadãos, na Roma Antiga?
b) Indique dois grupos excluídos da cidadania durante a República romana (509-27 a.C.).
 



 resposta:
A) Segundo o texto, o casamento tinha uma conotação política, porque perpetuava o “corpo cívico” da República já que resultavam em filhos “legítimos” de Roma. Além disso, o casamento poderia possibilitar o enriquecimento dos cidadãos por meios “honrosos”.
 
B) Entre os grupos excluídos podemos citar:
- Escravos
- Libertos
-Mulheres


Questão 11
Tradicionalmente, a vitória dos cristãos sobre os muçulmanos na Batalha de Covadonga, na região da Península Ibérica, em 722, foi considerada o início da chamada Reconquista. Mais do que um decisivo confronto bélico, Covadonga foi uma luta dos habitantes locais por sua autonomia. A aproximação ideológica desta vitória, feita mais tarde por clérigos das Astúrias, conferiu à batalha a importância de um fato transcendente, associado ao que se considerava a missão da monarquia numa Hispânia que tombara diante dos seus inimigos.
(Adaptado de R. Ramos, B. V. Sousa e N. Monteiro (orgs.), História de Portugal. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2009, p. 17-18.)
 
a) Explique o que foi a Reconquista.
b) De que maneiras a Batalha de Covadonga foi reutilizada no discurso histórico e político pelos clérigos das Astúrias?



resposta:
A) Denomina-se Reconquista o longo processo bélico entre cristãos e muçulmanos para “recuperar territórios” na Península Ibérica a partir do século VIII. O Último território reconquistado pelos cristãos foi o de Granada em 1492.
B) De acordo com o texto, a Batalha de Covadonga foi considerada um marco fundador da “Hispânia” monárquica e foi qualificada pelo clero asturiano como um evento de importância “transcendental”, cujo significado estava relacionado à fundação do Estado Nacional absoluto. Assim, a vitória cristã na Batalha de Covadonga serviu, no momento final da Reconquista, século XV, para conferir legitimidade à Monarquia espanhola que estava atrelada à Igreja Católica.

Questão 12
 Observe a imagem abaixo: 
 


Adriaen Van de Venne, A pesca de almas 1614. Amsterdã. Holanda

 a) A imagem representa a disputa entre calvinistas e católicos. Como estão representados os calvinistas na obra do artista holandês?
b) Explique a importância econômica da Holanda como potência marítima no contexto europeu do século XVII.


resposta:
a) São representados com uma indumentária típica, composta por uma veste negra de golas altas e brancas. A uniformidade das vestimentas sugere uma ausência de hierarquia, uma prerrogativa do calvinismo. A simplicidade, os gestos contidos e elegantes, a austeridade, a ausência de drama e a presença dos livros também fazem parte dos recursos estilísticos utilizados pelo artista na representação do ideário calvinista, o que pode simbolizar a modéstia, a clareza, o trabalho e a intelectualidade sem sofisticação.

b) Historicamente associada às atividades comerciais com outras regiões da Europa e adeptos do credo calvinista, a elite mercante holandesa se notabilizou pela eficiência na constituição de companhias marítimas de comércio, tais como a Companhia das Índias Ocidentais (WIC) e a Companhia das Índias Orientais (WOC), responsáveis por auferir grandes lucros para seus acionistas atravessando os oceanos em busca de oportunidades na América, África e Ásia. Deste modo, a Holanda se tornaria a maior potência marítima de fins do século XVI e início do século XVII até sua derrota nas guerras contra a Inglaterra desencadeadas pela adoção dos Atos de Navegação em 1651.




Questão 13

1549 e 1763 são os anos do estabelecimento de Salvador e Rio de Janeiro, respectivamente,
como capitais da área que viria a ser o Brasil. Em 1960, a terceira capital foi inaugurada.
Em relação ao estabelecimento das capitais, responda:
a) Quais os objetivos políticos do estabelecimento das duas primeiras capitais?
b) Por que a mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília pode ser vista como uma mudança política e estratégica?
 




resposta:

a) O estabelecimento da cidade de Salvador como capital brasileira em 1549  está relacionado à produção de cana-de-açúcar no Nordeste e à tentativa de aproximar a administração da colônia ao centro de produção econômica no período. Vale destacar também a criação do Governo Geral (1548), no sentido de centralizar as decisões relativas à colônia.
Por sua vez, a cidade do Rio de Janeiro se torna capital da colônia no momento em que a região sudeste se mostrava economicamente em evidência, por conta das explorações das minas, a decisão pombalina visava ampliar o controle sobre os carregamentos de ouro exportados.
b) O discurso oficial do governo de Juscelino Kubitschek apontava a mudança da capital  – prevista pela Constituição de 1891- como maneira de promover uma maior integração entre todas as regiões do país. A região central, nesse sentido, ficaria responsável pela irradiação das decisões federais. Além disso, o Rio de Janeiro era notado como frágil a ataques estrangeiros, uma vez que se localizava na costa brasilera.
Estrategicamente, a mudança da capital para Brasília  – cidade planejada e construída durante o governo de JK – contribui para o afastamento  entre o centro político do Brasil e os centros urbanos, evitando, assim,  que manifestações e revoltas de grande porte pudessem interferir no funcionamento do aparelho de Estado. Além disso, a construção de uma cidade planejada e exemplo de arquitetura inovadora contribuia para a tentativa de consagrar o presidente Kubitschek como responsável pelos “anos dourados” brasileiros.





Questão 14

Observe a distribuição de custos dos camponeses franceses, em percentual da colheita, às vésperas da Revolução de 1789. Esses custos referem-se ao arrendamento da terra, ao custo das sementes e aos impostos pagos ao rei, ao senhor da terra e ao clero.

a) Relacione os dados apresentados com as condições vividas pelos camponeses na França do final do Século XVIII.
b) Por quais motivos a questão econômica foi um elemento importante para o Terceiro Estado durante a Revolução Francesa?
 



 resposta:

a) O gráfico deixa clara a situação precária do camponês francês que consegue se apropriar somente de 35% da colheita de suas terras, uma vez que é forçado a dividir a maior parte dela entre os custos com sementes e obrigações devidas na forma de impostos
ao primeiro e segundo estados da sociedade (rei, clero e senhor). Sendo obrigado a destinar 45% de tudo que produz aos grupos da sociedade que sobre ele possuíam privilégios, o camponês se via impossibilitado de melhorar suas condições de vida. Em resumo, o gráfico reproduz a estrutura estamental da sociedade acesa às vésperas da Revolução Francesa.
 b) Às dificuldades econômicas enfrentadas pelo clero e pelos sans-culottes, que os mantinha em uma situação de miséria, juntava-se o descontentamento da burguesia francesa que protestava contra a intervenção estatal na economia marcada pela pratica mercantilista típica dos regimes absolutistas. Apesar de viver em uma condição econômica muito mais favorável que seus outros pares do terceiro estado, a burguesia se sentia explorada pelo peso dos impostos cobrados pelo Estado francês para manter os  privilégios das duas primeiras ordens, defendendo a adoção do liberalismo como forma de concederlhes maior autonomia para desenvolver seus negócios. De certo modo, os problemas de ordem econômica acabaram por aproximar os diferentes elementos que compunham o terceiro estado apesar das grandes diferenças que os marcavam.  




Questão 15
  No fim do século XIX, Frederick Jackson Turner elaborou uma tese sobre a “fronteira” como definidora do caráter dos Estados Unidos até então. A força do indivíduo, a democracia, a informalidade e até o caráter rude estariam presentes no diálogo entre a civilização e a barbárie que a fronteira propiciava. As tradições europeias foram sendo abandonadas à medida que o desbravador se aprofundava no território em expansão dos Estados Unidos.


Em relação à questão da fronteira nos Estados Unidos, responda:
a) De quais grupos ou países essas terras foram sendo retiradas no século XIX?
b) O que foi o “Destino Manifesto” e qual seu papel nessa expansão?
 


resposta:
a) O processo de expansão territorial estadunidense comumente denominado de "Marcha para o Oeste" contribuiu para expandir consideravelmente o território do país através de três estratégias principais: conflito militar, compra e negociação diplomática. As guerras levaram os Estados Unidos a incorporarem territórios indígenas, bem como parcelas de terras antes pertencentes ao México e aInglaterra. Através de compra os estadunidenses obtiveram territórios da Rússia, Espanha e França.
b) O "Destino Manifesto" se tratou de uma ideologia surgida na imprensa norteamericanos no início do século XIX que acabou sendo apropriada pelas autoridades políticas como argumento de defesa para a marcha para o oeste. De acordo com ela, cabia à nova nação a missão de difundir os ideais de liberdade e democracia por todo o território a oeste, devendo por isso expandir suas fronteiras
sobre territórios privados de tais valores. Baseado em preceitos religiosos que consideravam os norte-americanos iluminados por Deus para servir  de exemplo aos outros povos, o Destino Manifesto apresentava em sua essência a concepção de disseminação dos valores morais cristãos.


Questão 16

            Após a queda da monarquia, a República tentou ligar-se à memória da abolição. Seu principal argumento era a recusa do Exército em capturar os escravos fugidos. Reivindicava-se, assim, o reconhecimento dos republicanos militares como atores da abolição e redentores da pátria livre.
Nas comemorações oficiais da abolição, o 13 de maio e o 15 de novembro eram apresentados como datas complementares de um mesmo processo de modernização do país, abrindo as portas do Brasil ao progresso e à civilização. De modo complementar, ligava-se o sistema monárquico à escravidão e ao atraso do país.
(Adaptado de Robert Daibert Jr., “Guerra de Versões”. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, jun. 2008.
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/guerra-de-versoes. Acessado em 30/09/2012.)
 
a) Explique por que o regime republicano associou a monarquia à escravidão.
b) Como a questão militar contribuiu para o fim do Império do Brasil?
 

resposta:
A) Segundo o texto, o regime republicano associou a monarquia à escravidão como forma de desqualificar o regime anterior, associando-o ao “atraso do país”. Para os republicanos era imprescíndivel criar e legitimar uma memória do novo regime, associado ao “processo de modernização” que abriria ao Brasil as portas do “progresso”, “civilização”.
B) A chamada “questão militar” refere-se a um conjunto de episódios conflituosos entre militares e os políticos do império. Tais atritos multiplicaram-se a partir da Guerra do Paraguai e ganharam contornos de nítida insubordinação na década de 1880, quando o exército declarou que não capturaria mais escravos fugidos. Assim, ao longo da última década do Império, os militares foram retirando gradativamente o apoio ao regime monárquico, aliando-se a outros grupos de políticos,  efetivando o golpe republicano em 15 de novembro de 1889 e contribuindo decisivamente para a consolidação do novo regime.




Questão 17

 Em janeiro de 1932, o aniversário de São Paulo foi comemorado com enorme comício na Praça da Sé. A multidão empunhava bandeiras do Estado, além de cartazes com palavras de ordem como “Tudo pelo Brasil! Tudo por São Paulo!”, “Abaixo a ditadura!”, ou ainda “Constituição é Ordem e Justiça!”.
(Ilka Stern Cohen, “Quando perder é vencer”. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, jul. 2012.http://www.revistadehistoria.com.br/secao/dossie-imigracao-italiana/quando-perder-e-vencer. Acessado em 05/10/2012.)
a) Aponte dois aspectos que contribuíram para a tensão entre o governo Vargas e o Estado de São Paulo, em 1932.
b) Explique por que a Constituinte era uma reivindicação dos paulistas.
 



 resposta:

a) O candidato poderia citar o descontentamento dos paulistas com relação à destituição do governador do Estado de São Paulo e sua substituição por João Alberto Lins de Barros, vinculado ao movimento tenentista e nomeado interventor por Getúlio Vargas. Além disso, Vargas colocou fim à antiga política de valorização do café, estabelecendo novas relações com a oligarquia cafeeira, ressaltando a superioridade do papel do Estado nas diretrizes econômicas, e substituiu os comandos do Exército Paulista.
b) As camadas urbanas paulistas alegavam que o governo estabelecido por Vargas a partir de 1930 era incostitucional e autoritário, uma vez que suspendeu a Constituição de 1891 e não convocou, imediatamente, uma assembléia constituinte. O PRP, por sua vez, aliado ao PDP, utilizava deste argumento na tentativa de derrubar Getúlio Vargas e reestabelecer o poder das antigas oligarquias paulistas.

         

 Questão 18              


Na foto abaixo reproduzida, o presidente Jânio Quadros condecora o líder da Revolução Cubana, Ernesto Che Guevara.
 
a) Como essa condecoração pode ser explicada no contexto das propostas do governo Jânio Quadros para as relações externas do Brasil?
b) Quais grupos, no Brasil, criticaram esse acontecimento?




resposta:

   a) Após assumir a presidência da República em 1960, Jânio inicia diferentes programas voltados a atender às promessas que havia assumido durante a campanha ao mesmo tempo em que enfrentava sérios problemas  econômicos herdados da gestão JK. Uma das metas de Jânio para atender a necessidade de obter superávit primário para o país foi ampliar o mercado externo para produtos brasileiros voltando-se para uma aproximação com os mercados consumidores dos países do  bloco socialista. Chamada de "Política Externa Independente", a iniciativa de Jânio visava manter o Brasil no bloco dos países não-alinhados, permitindo que o país estabelecesse um comércio direto com componentes dos dois blocos ideológicos. A condecoração de Che Guevara, então ministro do novo governo socialista cubano, visava justamente aproximar o Brasil de Cuba e, deste modo, também da URSS.
b) Os grupos políticos de direita no Brasil, que já haviam se oposto à política nacionalista de Vargas e de JK, reunidos em torno da liderança de Carlos Lacerda então maior representante da União Democrática Nacional (UDN), protestaram contra a condecoração acusando Jânio de estar abraçando a doutrina socialista e repudiando a ligação histórica do Brasil com o bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos. Também setores militares criticaram duramente a condecoração dada por Jânio a “Che”.             

fonte:  CURSO E COLÉGIO OFICINA DO ESTUDANTE
www.oficinadoestudante.com.br



Nenhum comentário:

Postar um comentário