Questão 13
O filósofo Aristóteles (384-322 a.C.) definiu a cidadania em Atenas da seguinte forma: A cidadania não resulta do fato de alguém ter o domicílio em certo lugar, pois os estrangeiros residentes e os escravos também são domiciliados nesse lugar e não são cidadãos. Nem são cidadãos todos aqueles que participam de um mesmo sistema judiciário. Um cidadão integral pode ser definido pelo direito de administrar justiça e exercer funções públicas.
(Adaptado de Aristóteles, Política. Brasília: Editora UnB, 1985, p. 77-78.)
a) Indique duas condições para que um ateniense fosse considerado cidadão na Grécia clássica no apogeu da democracia.
b) Os estrangeiros, também chamados de metecos, não tinham direitos integrais, mas tinham alguns deveres e
direitos. Identifique um dever e um direito dos metecos.
resposta da questão:
a) Entre as condições para que um ateniense fosse considerado cidadão na Grécia Clássica, o candidato poderia indicar:
- ser homem, maior de 21 anos, nascido em Atenas, filho e pais atenienses; essas condições, em conjunto, garantiam que o cidadão deveria participar da vida publica da cidade – sendo assim considerado cidadão político.
b) O texto oferece indicativos de alguns direitos e deveres dos metecos – os estrangeiros, considerados não cidadãos em Atenas: sendo considerados homens livres, tinham o direito de gozar de “um mesmo sistema judiciário”, tendo assim condições de igualdade com aqueles considerados cidadãos. Também poderiam cumprir o serviço militar e exercer atividades comerciais. Em relação aos deveres, o candidato poderia mencionar o pagamento de impostos - sobretudo o de residência – obrigatório para a permanência de um estrangeiro em Atenas. Vale lembrar que, apesar de ter alguns direitos, os metecos não tinham direito à participação política e à vida publica, conforme indica Aristóteles no fragmento.
Questão 14
“Guerreiros a pé e cavaleiros fizeram um caminho através dos cadáveres. Mas tudo isso ainda era pouca coisa. Fomos ao Templo de Salomão, onde os sarracenos tinham o costume de celebrar seus cultos. O que se passou nestes lugares? Se dissermos a verdade, ultrapassaremos o limite do que é possível crer. Será suficiente dizer que, no Templo e no pórtico de Salomão, cavalgava-se em sangue até os joelhos dos cavaleiros e até o arreio dos cavalos. Justo e admirável julgamento de Deus, que quis que este lugar recebesse o sangue daqueles que blasfemaram contra Ele durante tanto tempo.”
(Raymond d’Aguiller, Historia Francorum qui ceperunt Jerusalem. http://www.fordham.edu/halsall/source/raymondcde.asp#jerusalem2. Acessado em 01/10/2014.)
O texto acima se refere à Primeira Cruzada (1096-1099).
Responda às questões abaixo.
a) Identifique um motivo econômico e um motivo político para o movimento das Cruzadas.
b) Que grupo social liderou esse movimento e como o cronista citado identifica o apoio de Deus ao empreendimento
cruzadístico?
resposta da questão:
a) O motivo econômico causador do movimento cruzadista foi a tentativa dos comerciantes, sobretudo das cidades de Gênova e Veneza, de retomar o controle sobre as rotas comerciais do Mar Mediterrâneo, que estava controlado pelos islâmicos desde a Alta Idade Media. Já em relação à motivação política se pode identificar a ajuda da Igreja católica ao Império Bizantino, que estava sofrendo ataques de povos islamizados.
Essa ajuda era vista pelo clero católico como uma forma de acabar com o Cisma do Oriente (1054 d. C) e, desse modo, reunificar o cristianismo na Europa, aumentando o poder da Igreja Católica e do papa no continente.
b) A nobreza foi o grupo social que liderou o movimento cruzadista. O cronista identifica o apoio de Deus as Cruzadas como um ato de reparação ou mesmo de vingança, pois afirma que seria uma forma de punição aos que invadiram e blasfemaram os locais sagrados do cristianismo, sobretudo na terra santa de Jerusalém.
Questão 15
É na segunda metade do século XV que a África negra descobre os portugueses. Ela se compõe de um mosaico de povos, Estados e impérios (animistas ou islamizados) que nem a coroa nem os marinheiros de Lisboa jamais conseguirão dominar. O fim do século é marcado, entre outras coisas, pela expansão do Império de Gao e pela ascensão da dinastia Askya no Sudão ocidental. Mas é preciso lembrar as inúmeras redes comerciais que não haviam esperado os europeus para promover a circulação de escravos.
(Adaptado de Serge Gruzinski, A passagem do século 1480-1520. As origens da globalização. São Paulo: Companhia das Letras,
1999, p. 56-57.)
a) Que elementos do texto acima indicam que o continente africano tinha, naquele período, formas de organização complexas?
b) Como os agentes portugueses organizaram a economia do tráfico na Era Moderna?
resposta da questão:
a) A partir do texto, podemos aferir que o continente africano possuía uma complexa organização política e econômica. Politicamente, podemos citar a consolidação de Estados e impérios que congregavam diversos povos. Economicamente, identificamos vastas redes comerciais que antecedem a presença europeia. Além disso, podemos verificar a presença de religiões como a islâmica e animista.
b) A partir do estabelecimento de feitorias na costa africana, os agentes portugueses realizaram contato com diversos povos nativos. Aproveitando-se das disputas locais pré-existentes, os portugueses se aliaram a alguns grupos para promover o domínio de outros. Assim, a escravidão implementada na África contou com ação de africanos, mas organizou-se e intensificou-se a partir da presença europeia.
Questão 16
Com a partida de D. João VI, permaneceu como regente do reino do Brasil o príncipe herdeiro. Contrário à ideia de submissão do monarca a uma assembleia, que ele considerava despótica, mas incapaz de deter o rumo dos acontecimentos, D. Pedro habilmente se aproximou de uma facção da elite brasileira, a dos luso-brasileiros.
(Adaptado de Guilherme Pereira das Neves, “Del Imperio lusobrasileño al imperio del Brasil (1789-1822)”, em François-Xavier Guerra (org.), Inventando la nación. México: FCE, 2003, p. 249.)
Considerando os processos de independência no continente americano,
a) apresente duas diferenças importantes entre o processo de independência no mundo colonial espanhol e o processo de independência do Brasil.
b) explique a importância dos luso-brasileiros no governo de D. Pedro I e por que eles foram a causa de diversos conflitos no período.
resposta da questão:
a) Podemos apontar como diferenças entre os dois processos de independência: a fragmentação territorial e política da América Espanhola e a instauração de repúblicas, em oposição à manutenção da unidade territorial e permanência da monarquia no Brasil.
b) Após o processo de independência, os luso-brasileiros formaram a base de sustentação do novo governo, apoiando o projeto centralizador de D. Pedro I, exemplificado pela Constituição de 1824 e pela instauração do poder moderador. Em torno do projeto político luso-brasileiro, podemos identificar oposições feitas principalmente por brasileiros que não compactuavam com as posturas e convicções do monarca. Dividiram-se, assim, dois projetos distintos: o defendido pelo Partido Português (apoiador de D. Pedro) e o do Partido Brasileiro (defensor da soberania do país partilhada entre cidadãos-proprietários e imperador). Podemos citar
como conflitos do período que envolveram ambos os grupos: A Noite das Garrafadas e o Ministério dos Marqueses.
Questão 17
Observe o gráfico e responda às questões.
(Adaptado de Adam Hart-Davis, History: the definitive visual guide. London: DK, 2007, p.385.)
a) Qual a relação existente entre as duas linhas apresentadas no gráfico?
b) Apresente dois motivos para a crise financeira de 1929.
resposta da questão:
a) A relação existente e que antes da crise de 1929 a produção industrial superava o numero de empregados nos Estados Unidos, o que evidencia um panorama de superprodução e subconsumo , um dos motivos da crise. Contudo, após 1929 as linhas se invertem, ocorrendo uma queda da produção industrial e uma elevação do numero de empregados, sobretudo através do New Deal. Apenas entre os anos de 1937 e 1938, como gráfico evidencia, há um equilíbrio entre produção e emprego, demonstrando uma recuperação relativa da economia estadunidense.
b) A crise de 1929 foi causada por diversos motivos, tais como superprodução industrial, subconsumo, grande desigualdade social nos Estados Unidos, aumento do desemprego, recuperação econômica da economia europeia e especulação financeira. Desses motivos, interessante ressaltar a recuperação da economia europeia, abalada pela Primeira Guerra Mundial (1514-18). Essa recuperação ocorreu em meados da década de 1920, sobretudo através dos empréstimos estadunidenses. Com a melhoria da economia europeia, as exportações estadunidenses diminuíram, causando o problema de superprodução industrial e subconsumo nos Estados Unidos, sobretudo causado pela grande desigualdade social e ampliação do desemprego (algo evidenciado pelo gráfico). Devido o problema de superprodução e subconsumo, as empresas estadunidenses começaram a acumular prejuízos. Para não terem suas ações desvalorizadas nas bolsas de valores, essas empresas começaram a apresentar balancetes falsos, causando grande especulação financeira. Ao serem desmascarados, os preços das ações despencaram, causando a quebra da bolsa de Nova Iorque e, com isso, a crise de 1929.
Questão 18
As duas imagens fazem parte de um trabalho do artista plástico Cildo Meireles, intitulado “Inserções em Circuitos Ideológicos - Projeto Cédula (1970-2013)”.
a) Como as inscrições produzidas pelo artista se relacionam aos momentos históricos a que as obras se referem?
b) Cite e explique a principal diferença, do ponto de vista da divulgação das obras, entre os anos 1970 e 2013.
resposta da questão:
a) Os anos 1970 são marcados pelo recrudescimento do regime militar. Um episódio de grande repercussão midiática foi o assassinato do jornalista Vladmir Herzog (opositor ao regime), a respeito do qual os militares alegaram suicídio. Em 2013, o pedreiro Amarildo Dias de Souza desapareceu durante uma ação policial na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. O artista Cildo Meireles faz referência aos dois casos, contextualizando-os nas cédulas contemporâneas aos acontecimentos, fazendo uma crítica ao arbítrio e repressão estatal.
b) A principal diferença é a liberdade de expressão, que em 1970 era restrita pela censura do regime militar, diferentemente de 2013, em que o Estado de direito garante, pela Constituição de 1988, a liberdade de imprensa, expressão e pensamento.
Fonte: Oficina do estudante
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