quarta-feira, 11 de maio de 2011

Conheça os motins, sedições e resistência escrava no período colonial brasileiro

CNDL - Colégio Notre Dame de Lourdes


História do Brasil - Segundo Bimestre


Capítulo 4 - Primeiro Ano


Motins, sedições e resistência escrava








Guerra dos Emboabas, obra de Carybé.









Problematização do tema





1. Quais as motivações das revoltas que eclodiram na América Portuguesa?





Algumas das revoltas que eclodiram na América Portuguesa estão intimamente ligada às políticas metropolitanas adotadas para a colônia. Outras derivaram de interesses específicos dos colonos, tais como disputas de terras, por territórios de mando, enfrentamento de grandes potentados, reações às políticas das câmaras, entre outros motivos.





2. Quais são as interpretações historiográficas acerca das relações entre colônia e metrópole?





Na visão reducionista acreditava-se que a colônia estava totalmente submissa em relação à metrópole e não possuía vida própria. Essa interpretação dizia que as colônias só faziam responder os interesses econômicos metropolitanos, essa tese torna difícil explicar a razão da eclosão das revoltas. Uma outra versão revisionista aponta que havia interesses específicos dos colonos em jogo, ou seja, a colônia possuía uma dinâmica interna baseada nas relações de poder, de trabalho e na sociabilidade entre as populações coloniais, essa perspectiva torna fácil explicar a ocorrência de revoltas. Ainda, há uma outra versão historiografia que aponta para a existência de uma espécie de convenção entre o Rei de Portugal e seus vassalos na América Portuguesa com o objetivo de manter a paz na colônia, entretanto muitas vezes, essas convenções foram desrespeitadas.





3. Na sua opinião, qual dessas interpretações historiográficas explica melhor a eclosão das revoltas na América Portuguesa?





Resposta pessoal, entretanto espera-se que o aluno argumente que a visão revisionista das revoltas coloniais é a que melhor explica a ocorrência das mesmas.





4. Por que não se usa mais opor movimentos de contestação dos movimentos de oposição?





Todas as revoltas coloniais tiveram muitas faces. Elas não foram só de contestação ou só de oposição. É importante estudar os movimentos nas suas especificidades, sem construir tipologias que engessem a análise de cada um deles.





5. Por que a análise da resistência escrava é diferente daquela feita para as revoltas dos vassalos?





No que se refere à resistência escrava, a análise é bem diferente. Não havia convenções entre o soberano e os cativos que, embora tivessem direitos, muitas vezes eram vítimas de extrema violência de seus senhores. Não obstante seja preciso relativizar a posição de vítima que a historiografia marxista conferiu ao escravo e relevar as negociações e as acomodações entre os cativos e seus senhores, muitos escravos negaram o sistema escravista e procuraram formas de escapar da escravidão ou enfrentá-la de forma violenta.



Conheça a história da Guerra dos Bárbaros





Um índia velha cachimbeira conta à seus netos a História de luta de seus antepassados contra as invasões dos colonizadores do Nordeste do Brasil, provocadas pela expansão da pecuária bovina. A historiografia oficial denominou os confrontos de “Guerra dos Bárbaros”. Resta-nos saber se são bárbaros os índios ou os europeus que os exterminaram.





Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversos







Aldeia dos tapuias, Rugendas.





1. Um dos resultados da Revolta de Beckman está representado na imagem acima. Apresente a leitura da imagem, destacando qual foi o resultado da revolta.





A imagem mostra os índios em uma redução (missão) sob a tutela dos padres jesuítas. Após a Revolta de Beckman, os jesuítas que haviam sido expulsos do Maranhão pelos revoltosos retornaram e continuaram fiéis aos seus princípios de não escravização dos indígenas pelos colonos.





O tema em foco











2. Leia o texto a seguir.



Quem eram os mascates?



Da expulsão dos holandeses (1654) até o fim do século, muitos portugueses imigraram para o Brasil. Alguns vinham morar na colônia a conselho de parentes que já estavam aqui. Outros vieram como comissários volantes, isto é, como comerciantes temporários que, ao fim de várias viagens, resolveram fixar residência no Brasil. Muitos também chegavam como funcionários da Coroa, empregados na cobrança de impostos e em outras funções da administração colonial. Havia ainda, aqueles que se transferiram para cá como militares de tropas pagas pela metrópole. Aos poucos, essas pessoas foram ocupando posições de destaque na sociedade colonial, sobretudo através do comércio. Muitos desses comerciantes portugueses passaram a financiar a produção açucareira e vender açúcar para a Europa. Outros começaram a trazer produtos de Portugal para revendê-los na Colônia. E outros ainda, passaram a explorar o tráfico de escravos africanos para o Brasil.



3. Em que medida essas novas funções dos comerciantes portugueses foram determinantes para a eclosão da Guerra dos Mascates?







A importância cada vez maior adquirida pelos comerciantes moradores do Recife que desejavam a elevação à condição de Vila. Os olindenses não concordavam com isso pois poderiam perder a condição de centro de poder em Pernambuco. Esse foi um dos principais motivos da eclosão da chamada Guerra dos Mascates.





A guerra dos Emboabas ocorrida em Minas Gerais



A palavra emboaba, de origem tupi, significava “pinto calçudo”, aquele que usava calçado. Era a alcunha empregada pelos paulistas constituíam um grupo muito peculiar, dotado de uma identidade cultural formada ao longo de dois séculos. Naturais das vilas de São Paulo, orgulhavam-se de ter descoberto as primeiras minas de ouro em ao sertão inóspito, e por essa razão reivindicavam para si o direito de conquista – isto é, a posse e o domínio sobre a região mineradora. Em meio à multidão de forasteiros vindos de todas as partes da América Portuguesa, os paulistas preservavam a identidade de grupo. Falavam a língua geral, de origem indígena, tinha práticas culturais mestiças, como a arte de sobrevivência nos matos, vestiam-se de forma estranha, recusando-se a usar calçados, e mais importante, pautavam-se por um código de valores assentado em ideais de bravura e honra.



Isolados pela Serra do Mar, desligados do circuito da economia açucareira e voltados para o apresamento de índios, os homens da vila de São Paulo e Campo de Piratininga se organizavam em clãs e parentelas, que disputavam entre si a honra e o prestígio social.



Mas não era só isso que fazia dos paulistas um grupo à parte. Desde o início do século XVIII, eles encarnavam a mais formidável máquina de guerra da América portuguesa, acionada nos momentos em que a Coroa necessitava de sertanejos, experientes nas artes de sobrevivência e luta no mato. Adeptos das técnicas de guerrilhas, apreendidas com os índios, sabiam como poucos derrotar inimigos insidiosos como quilombolas de Palmares e bárbaros das Guerras do Açu – grande levante de índios, ocorrido no Nordeste durante a segunda metade do século XVII.





ROMEIRO, Adriana. Uma guerra no sertão. Revista Nossa História. Rio de Janeiro: Ed. Vera Cruz, nº 25, Nov. 2005. P. 71 (fragmento)



5.



a) Defina o "direito de conquista" reivindicado pelos paulistas.



Os paulistas reivindicavam a posse e o domínio da região das minas uma vez que eles a haviam descoberto.



b) Apresente os traços definidores da identidade cultural peculiar dos paulistas.



Os paulistas falavam a língua geral do Brasil, de origem indígena, tinham práticas culturais mestiças, como a arte da sobrevivência nos matos, vestiam-se de forma estranha, recusavam-se a usar calçados e pautavam-se por códigos de valores assentados em iedais de bravura e honra.



c) Em que circunstâncias os paulistas eram requisitados pela Coroa Portuguesa?



Eles eram requisitados pela Coroa no momento em que esta precisava de sertanejos, experientes nas artes de sobrevivência e lutas no mato.





De olho no vestibular





1. (Fatec) No século XVIII, a colônia Brasil passou por vários conflitos internos.



Entre eles temos a



a) Guerra dos Emboabas, luta entre paulistas e gaúchos pelo controle da região das Minas Gerais. Essa guerra impediu a entrada dos forasteiros nas terras paulistas e manteve o controle da capitania de São Paulo sobre a mineração.



b) Revolta Liberal, tentativa de reagir ao avanço conservador da monarquia portuguesa, que usava de seus símbolos monárquicos e das baionetas do Exército da Guarda Nacional, como forma de cooptar e intimidar os colonos portugueses.



c) Revolta de Filipe dos Santos, levante ocorrido em Vila Rica e liderado pelo tropeiro Filipe dos Santos. O motivo foi a cobrança do quinto, a quinta parte do ouro fundido pelas Casas de Fundição controladas pelo poder imperial.



d) Farroupilha, revolta que defendia a proclamação da República Rio-Grandense (República dos Farrapos) como forma de obter liberdades políticas, fim dos tributos coloniais e proibição da importação do charque argentino.



e) Cabanagem, movimento de elite dirigido por padres, militares e proprietários rurais, que propunham a proclamação da república como forma de combater o controle econômico exercido pelos comerciantes portugueses.



resposta: [C]





2. (Fatec 2008) Naquela época, a sociedade da América Portuguesa já era suficientemente complexa para abrigar tensões e conflitos variados, nem sempre redutíveis a meras oposições. Assim, colonos se engalfinharam com colonos, e autoridades da metrópole se opuseram a companheiros de administração. O século (XVIII) começava tenso, e seus primeiros vinte anos seriam marcados por uma sucessão de revoltas e motins, constituindo um conjunto em que, pela primeira vez, a dominação portuguesa na América do Sul corria sério risco.



(L. de Mello e Souza e M. F. B. Bicalho, 1689-1720. O império deste mundo.)





O texto faz referência aos movimentos



a) pela independência do Brasil, tais como a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana.



b) políticos separatistas, como a Farroupilha e o Movimento Constitucionalista paulista.





c) pela instituição da república no Brasil, denominados pelos historiadores de Cabanagem e Balaiada.





d) pela abolição da escravidão, tais como a Guerra dos Palmares e a Guerra dos Malês.





e) de insubordinação à autoridade metropolitana, como os Motins do Maneta e a Guerra dos Mascates.





Resolução



O texto refere-se a um período em que ocorreram no Brasil Colonial agitações, motins e conflitos variados. Os principais deles (incluindo a Guerra dos Mascates) fazem parte dos chamados “Movimentos Nativistas”. Outros, de caráter episódico e menos significativos, incluem os “Motins do Maneta”, em Salvador, e a “Revolta de Nosso Pai”, em Pernambuco.





3. (FGV) Antunes voltou ao capão e transmitiu a seus companheiros as promessas de Bento. Os paulistas saíram dos matos aos poucos, depondo as armas. Muitos não passavam de meninos; outros eram bastante velhos. Sujos, magros, cambaleavam, apoiavam-se em seus companheiros. Estendiam a mão, ajoelhados, suplicando por água e comida. Bento fez com que os paulistas se reunissem numa clareira para receber água e comida. Os emboabas saíram da circunvalação, formando-se em torno dos prisioneiros. Bento deu ordem de fogo. Os paulistas que não morreram pelos tiros foram sacrificados a golpes de espada.



(Ana Miranda, "O retrato do rei")





O texto trata do chamado Capão da Traição, episódio que faz parte da Guerra dos Emboabas, que se constituiu





a) em um conflito opondo paulistas e forasteiros pelo controle das áreas de mineração e tensões relacionadas com o comércio e a especulação de artigos de consumo como a carne de gado, controlada pelos forasteiros.





b) em uma rebelião envolvendo senhores de minas de regiões distantes dos maiores centros - como Vila Rica - que não aceitavam a legislação portuguesa referente à distribuição das datas e a cobrança do dízimo.



c) no primeiro movimento colonial organizado que tinha como principal objetivo separar a região das Minas Gerais do domínio do Rio de Janeiro, assim como da metrópole portuguesa, e que teve a participação de escravos.



d) no mais importante movimento nativista da segunda metade do século XVIII, que envolveu índios cativos, escravos africanos e pequenos mineradores e faiscadores contra a criação das Casas de Fundição.



e) na primeira rebelião ligada aos princípios do liberalismo, pois defendia reformas nas práticas coloniais e exigia que qualquer aumento nos tributos tivesse a garantia de representação política para os colonos.







resposta:[A]





4. (UFMG 2010) O século XVIII foi palco de uma série de movimentos e sedições, nos quais, em diferentes graus e a partir de diferentes estratégias, os vassalos da América Portuguesa procuraram redefinir o formato de suas relações com a Coroa Portuguesa.



Considerando-se esse contexto, é CORRETO afirmar que







A) a revolta de Filipe dos Santos, em Minas Gerais, na primeira metade desse século, reforçou os mecanismos de controle sobre os vassalos.



B) a revolta do Vintém e a do Quebra-quilos, na segunda metade desse século, ao desafiarem a Coroa, colocaram em crise a sede do Vice-Reinado.



C) a revolta dos Távora procurou estabelecer novos limites para a cobrança do Subsídio Literário, destinado à educação dos vassalos.



D) os conflitos entre paulistas e emboabas, nas Minas Gerais, levaram à instalação das casas de fundição nessa Capitania.





resposta: [A


]



5. (UEMG/2010) Leia atentamente o trecho selecionado, a seguir:





“... decadência em que se [achava] o povo das Minas, vexação em que se [via] causada da multidão de negros fugidos e aquilombados que [havia] em todas elas, de que [resultavam] os extraordinários casos que continuamente [estavam] sucedendo nos cruéis assassínios e roubos violentos que a cada instante [estavam] fazendo...”





Representação da Câmara de Vila Rica ao Rei de Portugal de 31 de agosto de 1743. Arquivo Público Mineiro. Seção Colonial. Códice CMOP 49 fl.81. Citada no livro Vassalos Rebeldes, de Carla M.J.Anastasia, Belo Horizonte: C/Arte, 1998. p.130



O aumento da violência nos sertões mineiros, durante o século XVIII, a que se refere o fragmento acima, é considerado resultado histórico





a) da substituição do trabalho escravo em Minas Gerais pelo trabalho imigrante italiano, após a proibição do tráfico negreiro.





b) do declínio da comercialização da cana-de-açúcar no território mineiro, em virtude da concorrência do produto oriundo das Antilhas Holandesas.



c) das crises de fome e abastecimento provocadas pela corrida do ouro ao território mineiro, constantes fugas de escravos e o aumento da cobrança de impostos sobre os alimentos.



d) dos abusos cometidos pelos jagunços contratados pelos senhores de engenhos, para matar os negros reconhecidos como assassinos profissionais.





resposta: [C]



6. (UPE 2009) Olinda e Recife viveram momentos históricos diferentes desde os tempos da colonização portuguesa. Chegaram, inclusive, a ter conflitos que assinalavam divergências de interesse. Um deles, a Guerra dos Mascates, que





a) mostrou a decadência econômica de Olinda que sofria com suas dívidas financeiras em crescimento.





b) afirmou a importância política do Recife, com seu rico porto, independente até das ordens vindas de Portugal.



c) consagrou o poderio da aristocracia olindense, com amplo domínio da produção do açúcar na colônia.



d) consolidou o governo de Castro e Caldas, aliado dos recifenses e líder político no conflito.



e) criou condições para recuperação de Olinda, dificultando as atividades comerciais do Recife.



Resolução:





Em 1710 Recife foi elevada a categoria de vila, chegando ao nível de Olinda. Nesse período, vila do Recife era povoada por muitos comerciantes portugueses. O comércio tornou-se forte devido ao porto, que era a porta de entrada dos produtos europeus em Pernambuco. A crise da economia do açúcar provocou a decadência dos senhores de engenho e, conseqüentemente, da vila de Olinda (residência da aristocracia pernambucana). No contexto do final do século XVII e início do século XVIII, os senhores de engenho dívidas cada vez maiores junto aos comerciantes portugueses do Recife. Com isso, a Guerra dos Mascates foi muito mais um conflito entre credores (comerciantes do recifenses) e devedores (senhores de engenho olindenses).







Gabarito: letra A







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