Terceiro bimestre - História do Brasil
Os vassalos contra a Metrópole: as Conjurações
Problematização do tema
Domingos Vidal de Barbosa, solteiro, formado em Medicina pela Universidade de Bordeux, filho do capitão Antônio Vidal e de Thereza Maria de Jesus, já falecidos, natural e assistente na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Caminho do Mato, de idade de vinte e oito, que vive das suas lavouras, testemunha a quem o dito desembargador deu o juramento dos Santos Evangelhos, e debaixo dele prometeu dizer a verdade, do que soubesse.
E perguntado pelo contéudo no auto, disse que sendo em dias do mês de março deste presente ano, estando ele testemunha em casa de seu primo Francisco Antônio de Oliveira Lopes a contar e exagerar as belas qualidades deste continente, dizendo que não só tinha ouro e diamantes, mas ferro, lãs e algodão, e que seria um país de felicidade para viver, se fosse livre [...]
Depois disto, passados dois ou três dias tornou o dito Francisco Antônio de Oliveira Lopes a encarecer as comodidades da América e a representar a boa situação da Capitania de Minas para a sua defesa e subsistência sobre si, e logo passou a dizer-lhe que lhe queria comunicar um segredo e, dizendo-lhe, ele testemunha, que dissesse, principiou, contando, que o filho do capitão-mor Álvares Maciel, que tinha vindo da Inglaterra, fizera conhecer aos deste país que nela havia, quanto era necessário para a sua substistência independente, e que ele se obrigava a pôr prontas manufaturas necessárias, e ferro, e pólvora, e que à vista disto se tratava de fazer nesta Capitania uma República, que já o cônego Luís Vieira, o desembargador Thomas Antônio Gonzaga, o doutor Cláudio Manoel da Costa tratavam de fazer as leis para o governo dela, sendo uma que os diamantes seriam livres, e outra que os dízimos seriam para os vigários, e que o mesmo cônego Luís Viera tinha o papel em que mostrava a segurança deste país, e o modo por que se devia fazer a rebelião.
Depoimento de Domingos Vidal de Barbosa. Autos da Devassa da Inconfidência Mineira (1789)
Pense sobre o que você acabou de ler e discuta:
1. Segundo o testemunho de Domingos Vidal de Barbosa, qual era a opinião de Francisco Antônio de Oliveira Lopes sobre a América Portuguesa?
2. Qual era o segredo que tinha o mesmo Oliveira Lopes a contar a Domingos Barbosa?
3. Em que contexto se inseriu a Inconfidência Mineira?
4. Quais foram as particularidades desse movimento?
5. Por que a Coroa viu posta em xeque sua soberania nas últimas décadas do século XVIII?
Comentário
1. De acordo com o texto, Francisco Antônio de Oliveira Lopes acreditava que o Brasil possuía belas qualidades, grandes potencialidades econômicas e que seria um país de felicidade, caso fosse livre.
2. O segredo era justamente o plano dos Inconfidentes de promover a independência da Capitania, a adoção da República e a implantação de manufaturas na região.
3. A inconfidência mineira se insere no quandro de crise do antigo sistema colonial, entre o final do século XVIII e o ínicio do século XIX, momento em que ocorria uma conflito de interesses entre os colonos e Metrópole dentro do contexto de uma nova ordem política, filosófica e rebelde que veio da Europa e influenciou os movimentos da América Portuguesa.
4. A Inconfidência Mineira foi o primeiro movimento a manifestar a clara intenção de rompimento dos laços de dominação metropolitana, foi liderado por elementos da elite de Minas Gerais e almejava implantar uma República e manufaturas na região.
5. Porque ocorreram movimento que tinham o objetivo de tornar o país independente, tais movimentos ocorreram em razão das lutars econômicas e políticas entre os vassalos da América Portuguesa e os interresses metropolitanos, e também porque houve a disseminação de ideais iluministas na Colônia, e ainda em razão do sucesso da Independência dos EUA e do processo revolucionário francês.
Muito legal sabermos como foi construida a imagem de herói de Tiradentes.
ResponderExcluirAmigo Edenilson, Resumo muito bom de um trecho da História de nosso Belo País. Abraço.
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